NOVO ESTILO – ARTE NAÏF (Aula nº 108)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Muitas mudanças aconteceram na arte do século XX, o que contribuiu para que gêneros, antes preteridos ou refugados, fossem revistos e ganhassem destaque, como aconteceu com a pintura naïf, palavra que significa “ingênuo” ou “inocente” em francês e que tem naïve como sua forma feminina. Os pintores que se incluíam em tal gênero não eram levados a sério até então, sob o argumento de que não possuíam formação acadêmica, ou seja, não carregavam em seu bojo a educação formal exigida pelo universo artístico. Contudo, o que foi visto durante muito tempo como um defeito, tornou-se uma qualidade e a suposta deficiência desses artistas passou a ser vista como espontaneidade e sinceridade.

A arte Naïf, portanto, só foi aceita quando houve o florescer do Primitivismo, no início do século XX, quando artistas com ideias mais avançadas se voltaram para culturas não ocidentais e passaram a admirar a inocência presente nesse tipo de arte.

É sabido que sempre existiram artistas sem formação (amadores, artistas populares e de culturas “primitivas”) no que diz respeito à tradição artística ocidental, mas a visibilidade do trabalho dos artistas naïfs somente começou a aparecer no final do século XIX, quando Henri Rousseau participou do Salão dos Independentes mediante um pagamento simbólico, em 1886, com quatro pinturas, no qual eram expostas obras rejeitadas pelo júri do Salão oficial.

Duas obras chamaram a atenção no evento: “Tarde de Domingo na Ilha La Grande Jatte”, obra de Georges Seurat, e “Uma Noite de Carnaval” (obra ilustrativa acima) de Henri Rousseau, ambas recebendo poucas críticas positivas, principalmente a obra de Rousseau, tido como um pintor ignorante com a capacidade artística de uma criança de seis anos, sendo rejeitado até mesmo entre os excluídos do Salão oficial. Ainda assim, sua arte foi se tornando cada vez mais conhecida. Contudo, personalidades de vanguarda do final do século XIX viram nele muito mais do que um pintor simplório, mas uma espécie de mascote contra a ignorância burguesa e os valores estabelecidos.

A arte Naïf carrega características baseadas na simplificação dos elementos e costuma ser muito rica em cores. Dá destaque à representação de temas do cotidiano e de manifestações culturais do povo. Normalmente é produzida por artistas autodidatas, os seja, aqueles que não possuem conhecimento formal e técnico de arte. Não significa a mesma coisa que a arte Primitiva, embora muitas pessoas façam tal confusão.

A arte Naïf diz respeito à obra de artistas com pouca ou quase nenhuma formação artística formal. Após a sua transformação numa tendência dominante nas artes plásticas, mesmo artistas com educação formal passaram a fazer uso da arte Naïf, como foi o caso do pintor L.S. Lowry, cuja classificação condizente com sua formação seria o de “pseudonaïf”. Tal arte acabou abrangendo a Inglaterra e os Estados Unidos nos anos de 1930, quando artistas como Alfred Wallis e Grandma Moses foram descobertos.

Os artistas naïfs, embora vivessem indiferentes às tendências da arte mundial, passaram a impressionar e a inspirar essa mesma arte que os recusara por muito tempo. Suas composições são muito simples e de natureza instintiva, mostrando-se muitas vezes desestruturadas em razão da ausência de perspectivas científicas. Normalmente as pinturas são cheias de detalhes que se contrastam com campos lisos. As figuras são quase sempre grosseiramente desenhadas e há o uso de cores brilhantes e pouco naturais, o que dá a esse tipo de arte um grande vigor e beleza, impregnando-a de uma ingenuidade infantil.

Segundo alguns estudiosos do assunto, a aparência infantil contida na arte Naïf é muitas vezes enganosa no que diz respeito ao uso de cores vivas, ao desprezo pela perspectiva, às camadas de formas e elementos planos e à atenção cuidadosa aos detalhes, como mostra Henri Rousseau, genial autodidata e único pintor de estilo Naïf que conseguiu exercer influência sobre outros estilos, como o Surrealismo e o Simbolismo. Dentre os artistas deste gênero podem ser citados: Alfred Wallis, Henri Rousseau, André Bauchant, Séraphine de Senlis, Wilson Bigaud, Gandma Mosese, Beryl Cook e Hector Hyppolite.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

4 comentaram em “NOVO ESTILO – ARTE NAÏF (Aula nº 108)

  1. Adevaldo R. de Souza

    Lu

    A arte Naïf foi marginalizada no seu surgimento, utilizada também por pessoas à margem da sociedade como prisioneiros e doentes mentais. Esse estilo é bastante interessante sendo utilizado por artistas sem aprendizado técnico, entretanto possui liberdade estética e livre de conversões. Seus artistas pintavam com a alma de uma forma simples e espontânea, diferente da arte desenvolvida por artistas acadêmicos que pintavam apenas com o cérebro, não expressando sentimento. As obras desse estilo me lembram nossos artistas da Literatura de Cordel.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Adevaldo

      Encanta-me a pureza da arte Naïf, pureza essa nascida do desconhecimento de técnicas ou conceitos, o que a aproxima das criações infantis. Eu, particularmente, sou apaixonada por esta arte. Eu me delicio com as suas obras e perco-me diante de suas obras pictóricas.

      Abraços,

      Lu

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  2. Hernando Martins

    Lu

    O texto acima sobre arte a arte Naïf é muito explicativo e objetivo, mostrando a origem e características desse novo estilo que surge no sec XX. Arte Naif é também chamada de arte ingênua, porque seus representantes utilizam a intuição para fazer sua composições, sem nenhuma pretensão, nao seguindo paradigmas acadêmicos estabelecidos, utilizando do primitivismo para desenvolver seus trabalhos artísticos.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      Eu, particularmente, sou apaixonada pela arte Naïf. A sua ingenuidade encanta-me.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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