Autoria de Antônio Messias Costa
A palavra “preguiça” nos reporta à falta de vontade para fazer qualquer coisa, morosidade e desmotivação para se movimentar. Nossa primeira ideia seria a de que dificilmente um bichinho, com todos estes atributos, sobreviveria às várias ameaças que a floresta impõe. Mas não é bem assim ou é quase assim. A preguiça é um animal extremamente frágil, de respiração lenta e tem todas as justificativas para ser como é, ou seja, não é preguiçoso, mas extremamente econômico, fazendo o uso de suas poucas energias, chegando mesmo a dormir até 14 horas, quando a temperatura cai.
Diferentemente da maioria dos mamíferos, a temperatura desse animal é muito baixa, o que o impossibilita de tremer para produzir calor. Quando a temperatura externa cai, a preguiça fica em estado de letargia e, quando se eleva, o animal vai aos poucos se ativando, lembrando-nos os répteis. Quando sob ameaça, fica simplesmente paralisado. Sob estresse, a preguiça é altamente suscetível a problemas respiratórios, vindo a óbito com facilidade.
Existem duas espécies de preguiças de dois dedos, denominadas preguiça-real, que são as mais resistentes e podem chegar até 9 quilos. As outras quatro espécies, todas com três dedos anteriores, são extremamente frágeis, alimentando-se basicamente de folhas, brotos e frutos imaturos, e podem chegar a 4 kg. Curiosamente, existe a preguiça pigméia, também com três dedos no membro anterior, mas com a metade do tamanho das outras do mesmo gênero, isolada das áreas de ocorrências das demais espécies, existente na Ilha do Caribe. Este fato leva-nos a compreender as alterações geológicas e climáticas dos continentes, que levaram ao isolamento dos animais e à formação de novas espécies, através dos milhares de anos.
Ao cair das árvores, a preguiça encurva o pescoço como uma bola, e dificilmente se machuca quando cai no chão da floresta. E se está com filhotes, esses ficam agarrados em seu peito, evitando assim que traumatismos aconteçam. Seus ancestrais eram iguaizinhos aos indivíduos atuais, só que gigantescos, atingindo até 500 kg. Curiosamente, a preguiça raramente cai das árvores, graças aos seus fortes tendões fixos em grandes unhas. Até mesmo quando morta, ela pode passar várias semanas dependurada.
O bicho preguiça é um fantástico exemplo de economia e de adaptação à vida na floresta, consumindo basicamente folhas, pobre em energia, daí o seu baixo metabolismo, tornando-a dependente do calor externo para aumentá-lo. É um animalzinho muito interessante e injustamente chamado de preguiçoso. Passa o maior tempo de sua vida nas árvores, onde se alimenta, reproduz e se esconde, camuflada pelas algas alojadas em seu corpo provido de pouca massa muscular, longos braços e unhas, pelos e diminuta cauda.
A preguiça desce ao pé da árvore ou toca na superfície de rio ou lago, apenas uma vez por semana, para defecar, estimulada pela refrigeração da sua pseudo-cloaca (genital externo parecido com o das aves) e seu anus. O seu sistema digestivo lembra-nos o da vaca, com câmaras fermentativas, onde o alimento continua verdinho, mas ela não rumina. Gira sua cabeça a mais de 270 graus para olhar e alcançar as tenras folhas, inflorescências, frutos imaturos, base de sua alimentação.
Por ser tão frágil e vagarosa, a preguiça é vitima fácil, principalmente na época de queimadas. Pelo estresse de captura e transporte, ela tem seu estado imunológico comprometido, morrendo quase sempre de problemas respiratórios.
Nota: Foto do autor
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Patricia,
Isto é o que dá quando usam o meu computador.
Pessoal, a Patricia é nossa estagiária de Biologia.
Olá Patrícia,
Que bom que tenha aparecido. Tem alguma sugestão para o próximo animal?
Abs
Messias
Olá Messias,
Muito legal o texto, qual vai ser o próximo animal? Estou aguardando!
Messias,
Viajo com frequência à Amazônia, mas nunca presenciei uma preguiça na natureza. Só em cativeiro. Entretanto, esse bicho sempre me intrigou. Agora, o seu artigo esclareceu muita coisa a respeito do assunto e útil, pois trabalho com Sistemas de Gestão Socioambiental junto às Organizações. Sabemos o quanto ao bicho homem, em nome do progresso e pela ganância sem limites, está causando de impacto ambiental, principalmente no Meio Biótico daquela região.
Um grande abraço,
Beto
Beto,
Este é o animal que mais nos sensibiliza, muito embora ainda sofra muito pela caça predatória. Quando você aparecer em Belém, nos procure no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi, onde existem animais soltos e em áreas restritas. Será um prazer mostrá-las, aí você a conhecerá por inteiro.
Concordo com você sobre a ganância humana a qualquer preço. Ainda bem que nem todos pensam compartilham estes desatinos.
Grande abraço,
Messias
Ah…se pudesse eu traria um desses prá casa. Amo-os e reverencio Deus em toda a natureza!
Foto lindíssima, Messias !
Tereza,
Concordo plenamente, eles tem um olhar muito piedoso. É o animal que mais fotografo, tenho muito material sobre ele. Mas em regiões frias morrem com facilidade.
Grande abraço,
Messias
Moá
Os animais estão sempre a nos surpreender.
Beijos,
Lu
Lu,
Breve falaremos do tamaquaré, muito engraçado e interessante.
Abs
Messias
Muito interresante, é impressionante o poder de adaptação dos animais às condições ambientais.
Abraços,
Moacyr.
Moá,
Na realidades eles dependem da enrgia solar, tem o metabolismo muito baixo e são muito sensíveis ao frio.
Abs
Messias
Não sabia que ele era tão sensível assim.
Tão fraquinho!
😉
Então Jovi,
O que é pior são caçados com facilidade e há o costume de comê-los, tanto pelos caboclos quanto pelos indios. Brevemente falaremos mais destes interessantes animais.
Abs
Messias