O NU MASCULINO NA ARTE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                                  

Não apenas o nu feminino tem fascinado os artistas, mas também o nu masculino, estando o último presente na arte desde a Grécia Antiga até os dias de hoje. Mesmo em tempos remotos o nu masculino encontrava-se presente em esculturas, representando, sobretudo, a força. Enquanto a nudez feminina, além da emoção estética também pode fazer aflorar a sensualidade, a nudez masculina chama a atenção por simbolizar a força e as proporções físicas na maioria das vezes. Raramente o corpo masculino é visto na arte com cunho erótico.

Os artistas greco-romanos tinham por tradição a ideia de que a mulher era inferior ao homem, física e mentalmente, devendo esse, portanto, ser representado com a máxima perfeição possível. Ao retratá-lo, interessavam-se mais por sua anatomia, dando maior ênfase à expressão de seus músculos, veias e ossos, ou seja, à obra como um todo. Na Grécia Antiga, o corpo masculino já era representado em esculturas em pedra, como fruto de um trabalho em cima de cálculos matemáticos em que se buscava harmonia e perfeição formais. Tais estátuas ficaram conhecidas como “Apolos”. Mas, apesar da perfeição, elas não traziam qualquer naco de sensualidade, pois não eram naturais.

A que se deve a existência dos “Apolos”? Os gregos antigos julgavam que, para que uma obra de arte fosse perfeita, bastava trabalhar em cima de cálculos matemáticos, ou seja, o conhecimento intelectual supriria a criatividade.  Para servirem de modelo para os “Apolos”, eram escolhidos os homens mais bem favorecidos anatomicamente, próximos do ideal de beleza da Grécia Antiga.  Essa maneira de ver a arte durou muito tempo, chegando os artistas, para traçar o desenho do corpo humano, a fazer uso de formas geométricas. O estudo de anatomia pelos grandes artistas do Classicismo tinha por finalidade levá-los à perfeição na composição de suas obras, embora essa parecesse artificial, tamanha era a precisão dos traços.

É possível que Davi, obra do escultor italiano Donatello, seja a primeira representação de um nu masculino. E ainda assim servia a um propósito religioso. Além de ser uma obra pioneira para sua época, trata-se também de um trabalho maravilhoso. O artista esculpiu o jovem Davi, como se ele fosse um adolescente frágil, com traços delicados e belos. Não aparentava a força masculina, tão comum às figuras bíblicas, mas parecia estar ciente de sua própria beleza física.

Muitos historiadores de arte atribuem à opção de Donatello, o fato de ele ter sido homossexual, estando, portanto, mais propício a ver a formosura do corpo púbere de Davi, ao invés de repassar sua força e coragem. Contudo, Michelangelo, um dos grandes nomes do Renascimento, também era homossexual, e seus desenhos, estátuas e pinturas de nus masculinos são verdadeiras obras-primas em que chamam a atenção a constituição física do modelo. Foi responsável por outro Davi que se mostra bem diferente do de Donatello.  Seus músculos retesados parecem aguardar a luta com o gigante Golias.

Nota: pintura de Jean-Louis André Théodore Géricault (à esquerda)/ Davi, escultura de Donatello (à direita).

Fonte de pesquisa
Vida a Dois/ Editora Três

4 comentaram em “O NU MASCULINO NA ARTE

  1. Hernando Martins

    Lu

    Desde os tempos remotos já havia esta fixação com a beleza física, representada pelas belas esculturas greco-romanas, de homens e mulheres nus. Nesse período a beleza era baseada na simetria, nos detalhes e muita fidelidade ao que os gregos consideravam belos.

    A beleza está realmente sintonizada com a simetria, ou seja, com a matemática pura. Se verificarmos a natureza podemos confirmar tudo isso. Uma rosa, por exemplo, apresenta cores e disposições de de pétalas com grande perfeição. Os pássaros apresentam nuances de cores esplêndidas. Os reinos da natureza, vegetal ou animal, são sensacionais. Tudo no universo possui uma simetria extraordinária, além de haver uma conexão entre todas as partes. O homem é o único ser desse planeta capaz de desorganizar toda esta estrutura e provocar danos irreparáveis.

    É admirável a beleza plástica do ser humano quando vem acompanhada de uma harmonia interna gerada pela simpatia, inteligência, amabilidade, altruismo… É importante haver uma sintonia entre a beleza externa e a interna para que haja realmente uma harmonia verdadeira, capaz de encantar todos através do carisma. As obras greco-romanas estão até hoje conservadas e mostram como era a cultura da época. A realidade é totalmente diferente, porque a beleza física é fugaz, passa muito rápido e, por isso, é crucial que busquemos ter sabedoria e conhecimento para valorizar o que realmente prevalece: as boas amizades que conquistamos com o tempo e que nos ajudam no jogo da vida, pois os músculos são importantes para vencer algumas batalhas, mas para vencer a guerra do dia a dia é necessário ter cérebro.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      A única beleza que não é fugaz é aquela deixada pelos gregos e romanos em suas estátuas e quadros, ou seja, a que não tem vida. E mesmo ela pode ser deteriorada pelo tempo, caso o artista não tenha usado um bom e duradouro material ou os museus ponham em prática o serviço dos restauradores.

      Tudo que possui vida própria morre um pouco a cada dia. Não há escapatória. Você está correto ao dizer que:

      “… a beleza física é fugaz, passa muito rápido e, por isso, é crucial que busquemos ter sabedoria e conhecimento para valorizar o que realmente prevalece: as boas amizades que conquistamos com o tempo e que nos ajudam no jogo da vida, pois os músculos são importantes para vencer algumas batalhas, mas para vencer a guerra do dia a dia é necessário ter cérebro.”

      Abraços,

      Lu

      Responder
  2. Marcela

    Adorei a leitura:

    “Enquanto a nudez feminina, além da emoção estética também pode fazer aflorar a sensualidade, a nudez masculina chama a atenção por simbolizar a força e as proporções físicas, na maioria das vezes. Raramente o corpo masculino é visto na arte com cunho erótico.”

    Passível de muitas conexões para entendimento histórico da cultura do patriarcado e do machismo.
    Grande abraço

    Marcela

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Marcela

      Você atingiu o cerne da questão. As raízes desse diferencial está lá no passado de nossa história. Ainda que lentamente, as coisas vêm mudando, trazendo uma visão menos arcaizante. Haja vista a procura dos homens por produtos de beleza. E isso é muito alvissareiro.

      Que bom senti-la por aqui. Estava com saudades!

      Beijos,

      Lu

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