Teste – A ARTE DO RENASCIMENTO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

(Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)

O período ocorrido entre 1300 e 1600 depois de Cristo foi de grandes transformações na história da humanidade. As mudanças aconteceram em todos os campos: religioso, político, econômico, social e cultural, sinalizando o fim do feudalismo e o início do capitalismo. Nesse período ressurgiu o interesse pelo passado clássico, passando os artistas a não mais obedecer as regras severas das instituições acadêmicas que menosprezavam qualquer criatividade fora de seus códigos. O Renascimento teve como berço a Itália, espalhando-se posteriormente pelo resto da Europa. Nessa época os governantes disputavam entre si a contratação dos mais renomados artistas que, ao invés de artesãos, como eram tidos na Idade Média, passaram a ser cotados por seu talento individual. Os papas italianos também tiveram grande importância para a arte, ao contratar os mais criativos artistas da época tanto na pintura quanto na arquitetura.

  1. A Itália é tida como o berço do Renascimento. Suas principais cidades responsáveis pelas transformações na arte foram:

    1. Veneza, Florença e Milão.
    2. Milão, Roma e Florença.
    3. Nápoles, Roma e Veneza.
    4. Florença, Veneza e Roma.

  2. As bases culturais do Renascimento são responsáveis por ter criado as raízes do Humanismo que pode ser definido como um movimento:

    1. de desvalorização do artista, obrigado a obedecer aos códigos acadêmicos.
    2. que renegava a herança greco-romana, sempre em busca do novo.
    3. de valorização da figura humana que se encontrava no centro da arte clássica.
    4. cuja visão social, religiosa e política só via respostas nas autoridades religiosas.

  3. No Renascimento a anatomia do corpo humano passou ser estudada ao vivo pelos artistas, primeiro secretamente e depois nos teatros anatômicos. O artista pioneiro nessa ciência foi:

    1. Leonardo da Vinci.
    2. Rafael Sanzio.
    3. Salvador Dalí.
    4. Filippo Brunelleschi.

  4. O pintor, escultor e arquiteto _________ foi o principal nome da arquitetura renascentista:

    1. Michelangelo Buonarroti
    2. Donatello
    3. Filippo Brunelleschi
    4. Andrea Mantegna

  5. Michelangelo Buonarroti foi um dos mais famosos escultores da arte renascentista. Dentre suas magníficas obras encontram-se:

    1. Moisés, Pietá e São Jorge.
    2. Davi, Pietá e Moisés.
    3. Moisés, Davi e Vênus.
    4. Davi, Vênus e Pietá.

  6. São características da pintura renascentista, exceto:

    1. A perspectiva que segue os princípios matemáticos e geométricos.
    2. O realismo que coloca em destaque a figura humana.
    3. O incentivo aos artistas para que tivessem o mesmo estilo.
    4. A ilusão de volume obtida através da técnica claro-escuro.

  7. São obras de Leonardo da Vinci, expostas no Museu do Louvre em Paris/França, situadas entre as pinturas mais famosas do mundo:

    1. Escola de Atenas e Assunção.
    2. Mona Lisa e A Última Ceia.
    3. Nascimento de Vênus e Leda Atômica.
    4. Guernica e A Tempestade.

  8. O uso da _______________ pelos pintores renascentistas foi de grande importância, pois os libertou da rápida secagem da têmpera do ovo:

    1.  tinta a óleo
    2.  sfumato
    3. aquarela
    4. xilogravura

  9. O Renascimento diz respeito a um período marcado por grandes transformações religiosas, políticas, sociais, econômicas e culturais marcando:

    1. exclusão de conceitos matemáticos.
    2. o alvorecer do ideal artístico no Oriente.
    3. o início do retorno à pintura bizantina.
    4. o fim do feudalismo e o início do capitalismo.

  10. A escultura renascentista buscava representar o homem de uma maneira realista.

    Marque a alternativa que não diz respeito à escultura no período renascentista:
     
    1. Não podia ser vista de todos os lados.
    2. Deixou de ser criada para ficar na parede.
    3. Foi colocada num pedestal para melhor ser vista.
    4. Tornou-se livre e independente.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
A ARTE DO RENASCIMENTO
Giovanni Bellini – PIETÀ (III)
Hans Holbein, o Moço – OS EMBAIXADORES
Piero della Francesca – POLÍPTICO DE SANTO ANTONIO
Pieter Bruegel, o Velho – JOGOS INFANTIS

 Gabarito
1d /  2c / 3a / 4c / 5b / 6c / 7b / 8a / 9d / 10a

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Murillo – A IMACULADA CONCEIÇÃO DE EL ESCORIAL

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo (1618-1682) nasceu na cidade de Sevilha, uma das mais importantes cidades da Andaluzia. Seus pais eram muito pobres, mas ainda assim queriam que o filho tivesse uma vida melhor do que a deles, embora o país passasse por uma decadência política e econômica, contrastando com sua grandeza artística e cultural. Antes que o garoto completasse 11 anos seus genitores faleceram, ficando o pequeno aos cuidados de um tio que, ao notar sua queda pelo desenho, levou-o ao estúdio do pintor Juan del Castillo, com quem ele estudou e trabalhou durante 10 anos, até que esse se mudou para Cádiz. O futuro pintor, cuja arte foi moldada em pintores e influências estrangeiras, viria a participar do clima cultural e conservador de Sevilha, imbuído de profundas raízes populares.

A composição religiosa intitulada A Imaculada Conceição de El Escolrial — obra do artista barroco — é uma personificação da Virgem Maria como Imaculada Conceição. Diz respeito a um tema que era muito procurado pelos fieis de Sevilha/Espanha, onde a adoração da Virgem era profunda. Murillo fez inúmeras representações artísticas sobre ela, sendo esta uma das mais belas e mais de acordo com o espírito da época, ou seja, reduzida ao essencial. O artista abre mão dos elementos descritivos e simbólicos comumente encontrados em versões anteriores, quando a Virgem era acompanhada de excessivos símbolos marianos com o objetivo de expressar sua pureza. Nesta pintura estão presentes apenas o quarto crescente e os anjos. Anteriormente esta composição foi erroneamente identificada como a “Imaculada Conceição da Granja”

Uma jovem e adorável Virgem ocupa o centro da tela, subindo em direção ao céu. Ela veste um vestido branco e um manto azul. Traz as mãos entrelaçadas em pose de oração e os olhos erguidos para o alto. A seus pés está uma lua crescente e quatro querubins que levam rosas, lírios e uma folha de palmeira — referências à sua pureza e martírio. Sua impressionante beleza física expressa também a sua pureza.

O pintor emprega na composição um claro-escuro esfumaçado e uma luz suave e dourada. A Virgem é banhada por uma nebulosa de luz celestial dourada que empresta à pintura um calor e doçura incomuns. Alguns putti estão presentes na parte superior e na inferior da pintura. Os querubins que se encontram na parte superior parecem diluir-se em meio à densa nuvem e à luz resplandecente, o que foi atribuído à noção de ausência de peso objetivada por Murillo que se tornou uma grande influência para muitos artistas subsequentes na maneira de retratar a Virgem.

O artista espanhol conseguiu em sua pintura, alcançar dois importantes objetivos: representar a Imaculada Conceição de acordo com as expectativas da sociedade barroca da época e também criar uma imagem belíssima da Virgem, fazendo dela um símbolo de grande importância para o cristianismo. É bom lembrar que, quando o artista começou a pintar suas telas deslumbrantes com a imagem da Imaculada Conceição, seu culto já vinha ganhando um imenso vigor na Espanha há cerca de um século e meio, sendo que a identidade coletiva espanhola defendia que seus pais São Joaquim e Santa Ana conceberam-na sem o contato físico necessário para gerar outros mortais. Tratava-se de um tema genuinamente local, sendo a Espanha sua principal defensora.

Murillo foi o pintor responsável por criar uma representação da Imaculada Conceição capaz de expressar toda a força do fervor popular, tornando-se universalmente aclamado por sua habilidade. Produziu cerca de 20 versões do tema durante a sua vida, sendo esta pintura uma das mais marcantes e emocionantes.

Ficha técnica
Ano: c. 1665/70
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 206 x 144 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/the-immaculate-conception-of-el-escorial/10a7a263-cec9-4bbc-8385-6c8c1893b4dd
https://en.m.wikipedia.org/wiki/The_Immaculate_Conception_of_El_Escorial
https://www.artble.com/artists/bartolome_esteban_murillo/paintings/immaculate_conception_of_el_escorial

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Murillo – OS MENINOS COM A CONCHA

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Autoria de LuDiasBH

Nenhum outro pintor espanhol igualou-o em expressão e doçura (Joseph Townsend).

“Os Meninos com a Concha” é um reflexo de uma forma popular de piedade que favoreceu a representação de Cristo e São João Batista como crianças, colocando ênfase em sua espiritualidade e condição humana. (Museu do Prado)

O pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo (1618 -1682) nasceu na cidade de Sevilha, uma das mais importantes cidades da Andaluzia. Seus pais eram muito pobres, mas ainda assim queriam que o filho tivesse uma vida melhor do que a deles, embora o país passasse por uma decadência política e econômica, contrastando com sua grandeza artística e cultural. Antes que o garoto completasse 11 anos, seus genitores faleceram, ficando o pequeno aos cuidados de um tio que, ao notar sua queda pelo desenho, levou-o ao estúdio do pintor Juan del Castillo, com quem ele estudou e trabalhou durante 10 anos, até que esse se mudou para Cádiz. O futuro pintor, cuja arte foi moldada em pintores e influências estrangeiras, viria a participar do clima cultural e conservador de Sevilha, imbuído de profundas raízes populares.

A composição intitulada Os Meninos com a Concha — também conhecida como O Menino Jesus e São João Batista com uma Conha – é uma obra de devoção do artista barroco, muito popular e típica das encomendas da época.  Murillo tornou-se famoso por este tipo de pintura, sendo um dos maiores artistas de todos os tempos de tal gênero. Já no final de sua vida, ele aumentou a produção dessas obras, produzindo composições graciosas e pias, como a ora estudada. O artista evitava quadros que mostrassem o lado violento da história cristã, o que agradava os compradores ricos da época que preferiam telas de fácil entendimento, sem alusões alegóricas ou referência ao mundo dos espíritos, mas, sim, ao dos negócios. É provável que este quadro tenha sido pintado para um cliente particular, uma vez que as obras religiosas do artista adequavam-se muito bem aos ambientes requintados dos ricos devotos sevilhanos.

A composição — uma das pinturas mais conhecidas e populares entre o público espanhol — refere-se à infância de Cristo. Os pequeninos Jesus Cristo e João Batista tomam água numa concha, numa combinação de realidade palpável e visão espiritual. A descrição desta cena com Jesus Menino não se trata de uma passagem bíblica (até porque, segundo alguns, os dois primos só se conheceram quando eram adultos), mas de uma invenção do artista. As duas crianças santas mostram uma beleza idealizada — ausente nas crianças retratadas nas pinturas de gênero de Murillo —, mas seus gestos e expressões são muito reais. A tela apresenta cores requintadas e tonalidades ricas. As figuras estão banhadas por uma luz transparente e prateada. Existem várias cópias conhecidas desta composição.

O Menino Jesus sorri, enquanto observa João Batista tomando a água que lhe oferta numa concha. Sua mãozinha esquerda aponta para o trio de pequenos anjos que parece se fundir com a névoa dourada que emana das nuvens. O fundo escuro da pintura mostra nuvens ameaçadoras de tempestade, como numa previsão do que seria o destino das duas crianças. Na cruz que João Batista carrega no ombro esquerdo há uma fita com a inscrição “ecce agnus dei” (eis o cordeiro de Deus). O cordeirinho, em primeiro plano, olha piedosamente para as duas crianças. O artista enfatiza a dualidade de sua presença na pintura: símbolo de Cristo e companheiro predileto das crianças. Criativamente o artista colocou o acontecimento religioso em um contexto doméstico.

Ficha técnica
Ano: c. 1675/80
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 104 x 124 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fonte de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/the-infant-christ-and-saint-john-the-baptist-with/ebb0af9e-9601-491c-b7ba-801764341b11

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Murillo – MENINOS JOGANDO DADOS

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Autoria de LuDiasBH

O pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo (1618-1682) nasceu na cidade de Sevilha, uma das mais importantes cidades da Andaluzia. Seus pais eram muito pobres, mas ainda assim queriam que o filho tivesse uma vida melhor do que a deles, embora o país passasse por uma decadência política e econômica, contrastando com sua grandeza artística e cultural. Antes que o garoto completasse 11 anos seus genitores faleceram, ficando o pequeno aos cuidados de um tio que, ao notar sua queda pelo desenho, levou-o ao estúdio do pintor Juan del Castillo, com quem ele estudou e trabalhou durante 10 anos, até que esse se mudou para Cádiz. O futuro pintor, cuja arte foi moldada em pintores e influências estrangeiras, viria a participar do clima cultural e conservador de Sevilha, imbuído de profundas raízes populares.

A composição intitulada Meninos Jogando Dados é uma obra de gênero do artista barroco. São cerca de 20 pinturas neste estilo, normalmente mostrando a pobreza dos personagens — geralmente meninos e meninas maltrapilhos. Existem provas de que Murillo teve contato com a pintura de gênero da arte do Norte, estilo incomum na pintura espanhola.

A pintura apresenta três garotos esfarrapados, dois deles envolvidos num jogo de dados ao ar livre. Um deles — aparentemente o mais novo — de pé, leva um pedaço de pão à boca, enquanto um cachorro ao seu lado espia-o. No chão está uma cesta com frutas amarelas e um cântaro de barro quebrado na boca. O grupo encontra-se num lugar em ruínas vagamente definidas, tendo ao fundo uma paisagem indefinida com nuvens delicadamente pintadas. Os dois garotos que jogam mostram-se totalmente absortos. Entre eles estão dois dados e um monte de moedas de cada lado. Nenhum dos personagens presentes na obra interage com o observador. 

Ficha técnica
Ano: c. 1665/75
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 145 x 108 cm
Localização: Alte Pinakothek, Munique, Alemanha

Fonte de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições

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POEMA PARA OS ENFERMEIROS

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Autoria de LuDiasBH

PIPI

Quem ousa dizer que não mais existem anjos,
se eles grassam por todos os cantos da Terra,
com suas mãos de luz e coração compassivo,
levando lenitivo, alívio e amor aos locais mais
diversos, onde a tristeza e a dor imperam?

Quem pode falar que não mais existem anjos,
se eles deixam para trás seus entes queridos,
para socorrer os membros de outras famílias,
e mesmo fatigados, explorados e esquecidos,
aliviam-nos no padecimento e na agonia?

Quem ousa dizer que não mais existem anjos,
se eles, com seus trajes suaves, acalmam os
doentes, acudindo-lhes o corpo com remédio,
o espírito com palavras de incentivo, mesmo
quando no próprio coração a dor impera?

Quem ousa dizer que não mais existem anjos,
se esses estão em todos os lugares da Terra,
curvados sobre o leito dos enfermos ? muitos
já renegados pela família ? minimizando-lhes  
a dor e o pranto que no rosto sofrido rola?

Quem pode falar que não mais existem anjos,
se esses socorrem todos os doentes, mesmo
correndo o risco de infectarem-se e portarem
doenças pra suas preciosas famílias, quando
os familiais desses há muito já se afastaram?

Quem pode falar que não mais existem anjos,
quando os sustenta um mísero salário e logo
são esquecidos pelo bem que fazem, lesados
por um sistema capitalista feroz e, inda assim,
estão em seus postos, faça chuva ou sol?

São tantos anjos de luz, indulgente legião do
bem. Anjos compassivos de diferentes idades,
circulando por todos os quadrantes da esfera,
sempre que o dever sagrado de salvaguardar
vidas os chama em qualquer lugar da Terra.

Alguns são bem novinhos, ainda no iniciar de
sua jornada. Outros muito experimentados na
caminhada. Todos pelejando em apoio à vida.
Anjos negros, brancos, amarelos, morenos e
ruivos, todos luzindo belos fachos de luz.

Tais anjos espalham-se por todos os lugares:
hospitais, postos de saúde, salas de cirurgias,
apartamentos, serviços de urgência, zonas de
guerra, enfermarias, casas de beneficências e
como cuidadores nas casas de famílias…

Anjos cruzam céu, terra e ar em prol da vida.
Anjos ornados das mais reluzentes auréolas.
Anjos de asas recolhidas no próprio coração.
Benditos sejam, filhos de luz, enfermeiros da
Terra, mensageiros amados do Mestre Jesus!

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MINHA ESPOSA É BIPOLAR

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Autoria de Carlos Ricardo

Até o início do ano passado eu mal sabia o que era o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), muito menos que se trata de uma doença mental terrível com graves consequências tanto para a pessoa doente quanto para aqueles que a amam.

Sou casado há 23 anos e tenho três lindas filhas.  Minha esposa tem Transtorno Bipolar. Descobrimos a doença dela no início de 2019 de uma maneira muito complicada para toda a família. Descobri que minha esposa me traía com várias pessoas online e com alguns encontros furtivos com diferentes homens, pessoas sem sentido algum que em condições normais ela não consideraria interessantes quer fisicamente ou intelectualmente, inclusive flertando com alguns conhecidos.

Meu mundo caiu, fiquei desnorteado e sem entender porque minha mulher havia feito aquilo comigo. Descobri também que, embora esse comportamento ocorresse nos últimos meses antes de eu descobrir, desde 2015 episódios isolados ocorriam, com intervalos de meses, depois recaindo no mesmo tipo de comportamento. Como nada fazia sentido, nem pra ela mesma, fomos a dois psiquiatras que a diagnosticaram com o Transtorno Bipolar. Nos últimos anos, portanto, ela teve surtos maníacos que a faziam me trair.

Desde então fomos a vários e excelentes profissionais para entender a doença, além de lermos bastante sobre o assunto. Explicaram-me que tudo aquilo que ela havia feito não era fruto de sua simples vontade, não se tratava de falha de caráter ou “safadeza”, mas, sim, de um sintoma terrível de uma doença mental grave. Compreendi como o Transtorno Bipolar faz a pessoa oscilar entre a depressão, normalidade e mania. Compreendi que os sintomas principais do estado maníaco são abuso de álcool e drogas, humor elevado, fala e pensamento acelerados, comportamento impulsivo, agressividade, hipersexualidade e traição dos parceiros.

Na maior parte dos casos, como no da minha esposa, os estados maníacos duram semanas ou até meses e depois se alternam com estados depressivos e longos períodos de normalidade. Mas existem também casos de ciclagem rápida e estados mistos em que mania, depressão e normalidade se sucedem de um dia pro outro. A forma como os sintomas aparecem também variam de pessoa a pessoa. Em alguns bipolares a hipersexualidade, por exemplo, manifesta-se na prática sexual descontrolada com qualquer parceiro e no consumo abusivo de pornografia. Na minha esposa a hipersexualidade manifestava-se pelo flerte, a vaidade excessiva, o ego inflado, a vontade de ser desejada e não pelo ato sexual em si.

É importante entender que apenas com conversas, orações e promessas as crises maníacas bipolares não serão controladas, porque as coisas que o bipolar faz em crise fogem da vontade e do controle dele próprio, sendo causadas por desequilíbrios químicos cerebrais. A doença mental só pode ser controlada com medicação correta e, enquanto isso não acontecer, novas crises virão.

De tudo o que li e das conversas que tive com os profissionais, estou plenamente consciente de que só é possível manter a relação com uma pessoa bipolar, caso ela faça um pacto com seu parceiro de seguir corretamente o tratamento para o resto da vida, tomando a medicação e consultando-se com certa regularidade. Foi o que fiz com minha esposa. Caso contrário simplesmente não há como prosseguir no relacionamento. É importante também que o parceiro de um bipolar cuide de sua saúde mental e busque terapia sempre que necessário, porque não é fácil lidar com as consequências do que essa doença mental faz com a família e com as pessoas próximas. Eu busquei esse tratamento e foi muito importante pra mim.

Atualmente minha esposa está bem medicada e plenamente consciente de sua doença. Estamos muito bem, embora eu ainda tenha de lidar com os traumas decorrentes da história toda. Decidi apostar na continuidade do nosso relacionamento, porque sempre tivemos uma relação excelente e construímos uma vida juntos. Sei que sou exceção. Quando se trata de um dos cônjuges ter uma doença mental, normalmente as mulheres apoiam seus parceiros e tentam manter o relacionamento de pé, enquanto os homens abandonam suas parceiras doentes diante da primeira dificuldade. Eu decidi continuar, porque ela se comprometeu com o tratamento, porque a conheço como ninguém e sei que ela merece todo o meu respeito.

Nota: a ilustração é uma obra de Pablo Picasso, intitulada Garota no Espelho

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