Ticiano – A MADONA DAS CEREJAS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Ticiano Vecellio (1490 – 1576), também conhecido como Tiziano, Titian ou ainda como Titien, encontra-se entre os grandes nomes da pintura italiana. Ainda pequeno, retirava suco de flores para desenhar toalhas e lençóis. O pai, Capitão Conte Vecellio, reconhecendo o pendor artístico do filho, envia-o para Veneza, acompanhado do irmão mais velho. Ali é apresentado por um tio aos mais importantes pintores venezianos da época.  Passa pelas mãos de Gentile Bellini e depois nas de Giorgione que o acolhe com entusiasmo. Sorve com tanto interesse os ensinamentos de Giorgione que, com 20 anos incompletos, tem uma de suas pinturas confundida com a obra do mestre. Oportunidade em que o aluno percebe que não existe mais nada a ser aprendido com ele e passa a caminhar por conta própria.

A composição A Madona das Cerejas, também conhecida como Madona das Cerejas com José, São Zacarias e João Batista, é uma obra do artista. Embora seja de inspiração religiosa, ela foi criada com grande naturalismo. Apresenta a Virgem com seu Menino, São José e Zacarias – pai de João Batista – e o pequeno João Batista. Estudos mostram que as figuras dos dois santos foram introduzidas posteriormente com a finalidade de equilibrar a composição. Há uma atmosfera de grande afetuosidade entre os personagens.

Sobre o parapeito, onde se encontra de pé o pequeno Jesus, nu, seguro por sua mãe, está um galho com cerejas. O Menino segura outro galho em suas mãozinhas, como se o mostrasse à Virgem que traz um terceiro na mão esquerda. O pequeno João Batista, usando sua capa de pele, fita Mãe e Filho. Na sua mãozinha esquerda traz um rolo de papel com uma inscrição. Atrás da Virgem está um painel, comum aos quadros de Madonas entronadas.

Esta pintura foi influenciada pelo trabalho de Giovanni Bellini. Em seu original tratava-se de um óleo sobre madeira que foi posteriormente transferido para tela. Também teve um pouco de seus lados recortados.

Ficha técnica
Ano: c.1515
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 81 x 100 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Views: 7

POLUIÇÃO – PROVOCA E PIORA A DIABETES

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

Sobre a relação do desenvolvimento do diabetes tipo 2 com o sobrepeso e a obesidade já temos o conhecimento há bastante tempo. Entretanto, a associação do diabetes com a poluição do ar é uma novidade que até a pouco não se conhecia bem. Neste texto vamos ver os efeitos da poluição como fator de desencadeamento e de piora do diabetes mellitus do tipo 2.

Algumas pesquisas já apontam a poluição do ar como fator desencadeante do diabetes. Por exemplo, a revista Lancet Planetary Health publicada no final do mês passado demonstrou que um em cada sete novos casos de diabetes é causado pela poluição do ar. De igual forma, em outra pesquisa, com 397 alemães de 10 anos de idade, descobriu-se que viver perto de uma estrada em contato com a poluição aumenta a resistência à insulina em 7% e pode elevar o risco do desenvolvimento de diabetes. No estudo, as crianças fizeram exame de sangue para medir glicose e insulina. O nível de exposição à poluição foi estimado de acordo com o endereço e dados de tráfego na região entre os anos de 2008 e 2009. Foram levados em conta também fatores como índice de massa corporal (IMC) e exposição ao fumo passivo em casa.

A poluição contribuiu para o desenvolvimento de 3,2 milhões de novos casos de diabetes no mundo no ano de 2016, o que representa cerca de 10% do total dos casos. Essa foi à conclusão a que chegou o estudo da faculdade de medicina de Washington em Saint-Louis, nos Estados Unidos, onde foram acompanhados por oito anos e meio e escolhidos por não terem diabetes no começo da pesquisa. Os pesquisadores acreditam que a poluição reduz a produção de insulina e provoca inflamações, impedindo o corpo de transformar a glicose do sangue em energia. Uma das causas implicadas no aumento da glicose no sangue é o chamado estresse oxidativo, em que os poluentes em contato com nossas células provocam uma resistência à insulina levando, com o passar dos anos, ao diabetes. A pesquisa concluiu que os níveis de resistência à insulina foram maiores em crianças com maior contato com a poluição do ar.

Portanto, você caro leitor, caso relacione o diabetes apenas ao consumo excessivo de açúcar e obesidade, está na hora de rever seus conceitos. A poluição do ar também tem sua parcela de culpa no surgimento e piora da doença. É preciso melhorar a qualidade do ar que respiramos. O diabetes é um caso de saúde pública não somente devido ao aumento da ingestão de açúcar como também pelos altos índices de poluição.

Os dados ora expostos devem ser analisados à luz da ciência, envolvendo todas as áreas do conhecimento, principalmente a da saúde. As decisões devem ser voltadas à melhoria das condições de saúde de uma população que clama por um ar passível de ser respirado, bem como ter alternativas que redundem em melhoria da qualidade de vida das pessoas. Como não podemos estocar ar limpo, esperamos que as políticas públicas – como já são feitas nos países desenvolvidos – tenham um olhar atento para este tema.

Nota: imagem copiada de Aprobio.

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Mantegna – SÃO SEBASTIÃO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor e gravador Andrea Mantegna (1431-1506), filho do carpinteiro Biagio, é tido como um dos artistas mais importantes do Pré-Renascimento no norte da Itália. Sua aprendizagem teve início aos 10 anos de idade, sob a tutela de Francesco Squariciona que o levou a conhecer a arte da antiguidade clássica. Ao travar contato com as esculturas de Donatello e com as pinturas de Andrea del Catagno e Jacopo Bellini, ele sentiu uma grande admiração por esses artistas e seus trabalhos. Tornou-se genro de Jacopo Bellini. Teve grande sucesso como artista, tendo influenciado inúmeros outros, desde seu cunhado Giovanni Bellini a artistas como Albrecht Dürer que imitou a interpretação que ele fazia da arte antiga.

A composição intitulada São Sebastião — tema comum a muitos outros pintores — é uma obra do artista. Como a maioria dos humanistas, Mantegna era atraído pelas ruínas do mundo antigo. Ele usou modelos da arte grega e romana para representar figuras e espaço. A obra aqui mostrada apresenta um rico detalhamento escultural, assim como um piso em losangos em perspectiva, onde são vistos fragmentos de esculturas antigas. Os fragmentos arqueológicos são minuciosamente talhados e os rochedos, vistos ao longo da estrada, à esquerda, mostram-se  magnificamente corroídos pelo tempo.

O santo é retratado na entrada da cidade, amarrado a uma coluna do arco triunfal em ruínas, decorado no alto com uma figura da Antiguidade clássica. Ele se parece com uma estátua de pedra em forma tridimensional, como se fosse uma escultura antiga, pois possui os mesmos matizes da arquitetura. Traz quatorze flechas encravadas em seu corpo, sendo que uma delas entra pelo seu pescoço e vara-lhe a testa, mas, ainda assim, continua vivo, com seus olhos langorosos voltados para o céu. Na estrada que conduz à cidade é possível vislumbrar três figuras, possivelmente os flecheiros retornando.

Um cavalo e seu cavaleiro com uma foice na mão são vistos no alto, à esquerda, em meio a um monte de nuvens, o que pode ser uma referência à peste que grassava naquela época. O Cavaleiro do Apocalipse — interpretado como Saturno, o deus do Tempo — usa a foice para avançar em meio às nuvens. Na coluna, à direita do santo, encontra-se a inscrição em grego: “TO ERGON TOU ANDREOU” (O trabalho de Andrea). Ao fundo avista-se uma cidade montanhosa de aparência clássica. O céu mostra-se azulado com nuvens brancas esparsas.

Ficha técnica
Ano: c.1459
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 68 x 30 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, ÁustriaFontes de pesquisa

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.worldsbestpaintings.net/artistsandpaintings/painting/170/

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Ticiano – DIANA E CALISTO 2

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Ticiano Vecellio (1490 – 1576), também conhecido como Tiziano, Titian ou ainda como Titien, encontra-se entre os grandes nomes da pintura italiana. Ainda pequeno, retirava suco de flores para desenhar toalhas e lençóis. O pai, Capitão Conte Vecellio, reconhecendo o pendor artístico do filho, envia-o para Veneza, acompanhado do irmão mais velho. Ali é apresentado por um tio aos mais importantes pintores venezianos da época.  Passa pelas mãos de Gentile Bellini e depois nas de Giorgione que o acolhe com entusiasmo. Sorve com tanto interesse os ensinamentos de Giorgione que, com 20 anos incompletos, tem uma de suas pinturas confundida com a obra do mestre, oportunidade em que o aluno percebe que não existe mais nada a ser aprendido com ele e passa a caminhar por conta própria.

A composição mitológica intitulada Diana e Calisto é uma obra do artista e faz parte de um conjunto de telas célebres do pintor (Poesies), baseadas nas Metamorfoses de Ovídio. Retrata o momento em que a gravidez de Calisto é revelada à deusa Diana que se encontra sob um dossel vermelho, próxima a uma fonte, com os olhos voltados para a ninfa que perdera a virgindade com Júpiter, o deus dos deuses. Na verdade trata-se de uma réplica de outra obra do pintor com o mesmo nome, porém, muitos detalhes foram alterados durante sua execução.

A ninfa Calisto está sendo obrigada por três companheiras a tirar as vestes diante de Diana, para que essa tome conhecimento de sua gravidez. A deusa encontra-se de pé, apoiada no mastro de seu dossel, com o braço direito estendido, apontado o dedo indicador para Calisto, acusando-a de ter perdido a virgindade. Diana é a maior do grupo, o que a identifica como a figura principal. A composição divide-se em dois grupos separados por um chafariz que traz uma figura clássica no alto e de cujo corpo jorra água.

O séquito de Diana é composto por oito ninfas, um grande cão de caça e um cãozinho. A ninfa, com vestimenta verde-claro, segura o arco da deusa caçadora; a que se encontra virada para ela traz uma flecha apontada para o alto; a ninfa de vestido vinho traz a aljava pendurada no corpo e uma quarta ninfa, sentada de costas para o observador, apoia-se numa enorme flecha.

Conta o mito que a ninfa Calisto havia jurado amor eterno à deusa Diana, mas Júpiter sentiu-se seduzido por sua beleza. Para aproximar-se dela, o deus dos deuses tomou a forma da deusa que ela venerava, possuiu-a e engravidou-a. Mesmo tendo ela sido violentada por Júpiter que usou sua capacidade de metamorfosear-se, Diana não aceitou o acontecido, expulsando-a de seu séquito. Ela foi depois transformada por Juno (esposa de Júpiter) numa ursa, sendo quase morta por seu filho que não a reconheceu e elevada até às estrelas por Júpiter, compadecido com seu sofrimento.

Ficha técnica
Ano: c.1568
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 183 x 200 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Tintoretto – CRISTO NA CASA DE MARTA E MARIA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada Cristo na Casa de Marta e Maria é uma obra religiosa do pintor italiano Jacopo Robusti, porém conhecido como Jacopo Tintoretto em razão da profissão de tintureiro (tintore) do pai. Ele é tido como o mais importante artista do maneirismo veneziano. A temática usada na composição é relatada unicamente no Evangelho de Lucas (10:38-42). Pintores como Diego Velázquez, Rembrandt, Jan Vermeer, Caravaggio e Rubens também retrataram esta passagem bíblica. Neste quadro, o uso da luz e da perspectiva chama a atenção.

O Mestre Jesus encontra-se na casa das irmãs Marta e Maria, num espaço muito pequeno, o que dá mais intimidade ao grupo. Os principais personagens da cena são Jesus Cristo e as duas irmãs, embora haja outras pessoas, estando quatro delas dentro da casa e cinco do lado de fora, mas voltadas para o interior da habitação. A proximidade entre as três figuras principais configura uma estrutura piramidal, sendo a cabeça de Marta seu ápice.

Jesus, usando uma túnica avermelhada e um manto esverdeado, encontra-se de perfil, na cabeceira da mesa. Um foco de luz dourada banha o lado esquerdo de seu rosto e também suas mãos. Ele inclina sua cabeça para baixo em direção a Maria que se encontra a seus pés, ávida por suas palavras. Suas mãos trazem o gestual de quem explica algo. Outro personagem está à mesa, de frente para Jesus. Marta está de pé, atrás da irmã.

Marta preocupa-se com os afazeres, enquanto Maria senta-se aos pés do Mestre, como faziam os discípulos no Oriente, ao se sentarem aos pés de seus mestres. A cena mostra o momento em que Marta repreende Maria, para que essa a ajude nos preparativos da casa, pedindo a intervenção de Jesus. Vistas sob tal ângulo, as duas irmãs simbolizam dois modos diferentes de vida cristã: Maria, voltada para a vida contemplativa, e Marta personificando a vida ativa.

Ao fundo, em segundo plano, à direita, está a cozinha, separada da sala por uma luxuosa cortina recolhida. Uma criada trabalha ao fogão. Inúmeros pratos estão dispostos na prateleira, enquanto quatro caldeirões de cobre encontram-se dependurados na parede.

Ficha técnica
Ano: 1570/75
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 200 x 132 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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OS PERIGOS DA SOLIDÃO

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

Todos nós sentimos em algum momento uma sensação de solidão. Para a maioria é um sentimento passageiro e eventual, mas que pode se tornar crônico e sofrível, em especial na turma dos mais idosos. Este sentimento de vazio leva com o tempo a graves problemas de saúde.

A solidão de forma isolada é causadora real de doenças. Viver só e conviver com poucas pessoas aumenta o risco de se morrer de infarto e de acidente vascular cerebral (AVC). É o que revela um estudo realizado na Grã-Bretanha e publicado em março deste ano. Este e outros estudos têm vinculado essa solidão crônica e o isolamento social a uma maior incidência de doenças e a um risco maior de morte prematura.

O problema da solidão é tão assustador que um em cada três solitários irão desenvolver doenças cardiovasculares, evoluindo com problemas de coração e derrames cerebrais. Certamente alguns mecanismos estão implicados como fator de agravamento da situação. Um deles é o fator psicológico, pois as pessoas que se sentem sós, com mais frequência, têm mais chance de desenvolver ansiedade e depressão. De igual forma, a pessoa solitária costuma ter hábitos comportamentais pouco saudáveis, como fumar, apresentar compulsão alimentar, não se exercitar e, por fim, experimentarem noites de sono de baixa qualidade. Excluindo todos os riscos aqui citados se concluiu que a solidão aumenta, de forma isolada, em 32% o risco de morte por infarto ou AVC.

Um estudo das universidades da Califórnia, publicado em 2015 em uma revista especializada, investigou o efeito sobre as células em humanos e macacos solitários, e concluiu que o sentimento de isolamento pode reduzir a eficiência do sistema imunológico. Com um sistema imune enfraquecido o advento de infecções oportunistas é dado como certo. Outro estudo publicado em 2010 na revista Psychology and Aging, da Universidade de Chicago, concluiu que as pessoas que sofrem de solidão têm maior probabilidade de ter pressão sanguínea mais alta no futuro. A hipertensão arterial está associada a um maior risco de derrame, ataque do coração, problemas renais e demência.

O isolamento social e a solidão estão associados a um aumento de 30% no risco de morte prematura, segundo um estudo da Universidade Brigham Young, dos Estados Unidos, publicado em 2015 na revista da Association for Psychological Science. A investigação analisou 70 estudos diferentes com a participação de 3,4 milhões de pessoas. Eles concluíram que, ao contrário do que poderia parecer, idosos e adultos de meia-idade têm um risco maior de mortalidade quando sofrem de solidão crônica em comparação com a mesma classe de pessoas que tem uma rede social bem estabelecida.

Especialmente os idosos estão muito vulneráveis à solidão. Com famílias menores, com menos filhos e já aposentados, a solidão e o isolamento social certamente irão cobrar sua fatura. Josh Billings, humorista americano do século 19, certa vez disse que a “solidão é um lugar bom de visitar vez ou outra, mas ruim de adotar como morada”.

Nota: Chuva, xilogravura de Oswaldo Goeldi.

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