Courbet – A CAÇA

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

O francês Gustave Courbet (1819 – 1877) nasceu em meio a uma bem-sucedida família de agricultores. Estudou com Flajoulat que fora aluno do famoso pintor Jacques-Louis David. Aos 20 anos de idade foi para Paris, onde estudou com o pintor Steuben e também fez inúmeras cópias no Louvre. A primeira pintura de Courbet, aceita pelo famoso Salão de Paris, foi “Autorretrato com Cão Preto” , feita em 1844, aos 25 anos de idade. Quatro anos depois, o artista expôs 10 telas no Salão, chamando para si a atenção de um crítico de arte. Foi o grande líder do realismo na arte francesa, sem nenhuma queda pelo trabalho dos românticos ou classicistas.

A composição intitulada A Caça é a primeira obra do artista sobre este tema.  Nela predominam os elementos da natureza: árvores e animais. Naquela época, as caçadas eram uma temática comum na pintura, ao contrário de hoje, felizmente, pois mostra insensibilidade para com a vida animal e desrespeito para com a natureza.

O próprio pintor, vestindo roupa escura e chapéu preto, retratou-se recostado a uma grande árvore, próximo ao veado morto, dividindo a pintura ao meio. Ele ocupa o centro real e metafórico. Mostra-se retraído e pensativo. Dois grandes e vigorosos cães malhados são vistos em frente a Courbet. Um rapaz, assentado num tronco de árvore, toca uma corneta.

A pintura em foco era inicialmente menor, acabando um pouco acima da cabeça de Courbert, quando foi exposta no Salão de 1857. Em razão das críticas, o artista resolveu ampliá-la. Ele fez um acréscimo na parte superior e acrescentou 15 cm do lado esquerdo.

Ficha técnica
Ano: 1856
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 210 x 183,5 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Views: 2

CONTROLANDO OS SENTIDOS

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Autoria do Prof. Hermógenes

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental.  Neste texto retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos ensina a trabalhar com os sentidos.

O candidato à saúde mental, à paz e à realização espiritual não pode se descuidar de uma higiene estética. Ele deve selecionar a qualidade e controlar a quantidade das impressões externas e internas, a fim de que seus sentidos, ávidos eles mesmos de cada vez mais satisfações, não o desviem da meta. Aqui, como em todos os campos e aspectos da vida, o homem só terá saúde se souber manter-se senhor e jamais se deixar dominar.

Ser senhor quer dizer ter controle. Ter controle sobre uma ação significa poder, conscientemente, começar, acelerar, retardar, parar, recomeçar quando quiser, portanto, dirigir a ação. Desde que perca o controle de seus sentidos, tornando-se um sensual, o homem pode descer aos abismos da infelicidade e da degradação. No controle da sensibilidade, o candidato à felicidade deve:

a) saber e poder escolher as impressões que contribuam para isto e usá-las na medida certa;
b) reconhecer e poder obstar as impressões adversas e delas se defender;
c) saber distinguir entre as benéficas e as que são somente agradáveis;
d) saber discernir as que podem vir a se tornar obsessivas, a fim de evitá-las.

Como se já não bastassem os dramas, sofrimentos, apreensões, decepções e mesmo tragédias que o destino semeia em cada vida e que acarretam enorme desgaste nervoso e, portanto, distúrbios, a indústria das emoções, através do cinema, da telenovela, do teatro, da tevê, bem como dos espetáculos desportivos violentos, como as lutas, as corridas, os campeonatos, diariamente submetem o público a perniciosos impactos. Tanto mais bem elaborados sejam tais espetáculos, tanto mais eficientes, e tanto mais capazes de contribuir para desordens nervosas. E o público, fascinado, inconscientemente, se entrega aos forjadores de emoções. Estas devem ser cada vez mais excitantes, profundas e dominantes.

Na Roma antiga eram os gladiadores que atendiam às necessidades malsãs do sensualismo do público sádico. Hoje são os lutadores de “catch” que se esmeram, por todos os modos – desde os nomes (Carrasco, Drácula…) até ao aspecto físico – para infundir terror e ódio em milhões de inadvertidos, imaturos, e viciados espectadores. Quanto mais “proibida pela censura”, mais preferida é a película de cinema. A fórmula de violência, terror e sexo é a mais comercial e, portanto, a preferida por produtores, diretores e exibidores de filmes. As frases com que tais filmes são anunciados bem demonstram um clamoroso quadro de saúde mental do grande público. Apregoam o que o povo deseja: violência e erotismo. Desgraçadamente isto é o “normal”, o mais frequente. O normal patológico do qual já temos falado.

O “normal” é isto, esta busca irracional e patética de cada vez maior prazer, sensações mais perturbadoras e divertimentos com alto poder estressor. Por que as pessoas pagam para se meterem numa montanha russa? Por que multidões se alinham nas margens de uma pista de corrida de carros, esperando que um deles se despedace? Por que o teatro e a televisão estão cada vez mais explorando o mórbido e o erótico? Por que as músicas da juventude estão se tornando mais barulhentas, mais à base de ritmo e mais carentes de melodia e harmonia? Por que a poesia deu lugar à novela sexo/policial? Por que o Carnaval, cada ano, é mais bacanalizado? Por que até crianças uivam de entusiasmo com o estrangulamento que um lutador está fazendo no outro? Por que os jovens com seus carros suicidamente “voam”? Por que, a cada dia, novos divertimentos são inventados, desencadeando sensações novas, que “enlouquecem” seus participantes? Por que o jovem, em todo o mundo, está empenhado na corrida psicodélica?

Você que quer ter paz; você que não deseja e nem precisa se sentir ajustado e mesmificado com esta alarmante “normalidade”, tome consciência do fato, analise-o, com distância, e defenda-se contra a corrupção sensual coletiva, contra a esquizofrenização da sensibilidade. Você não precisa destas sensações. Deixe-as para os que não têm como desfrutar das suaves e sadias sensações espiritualizadas, patrimônio de quem empreende a vida redentora do Yoga.

Se, por acaso, você já é um sensual, pode começar a desconfiar de que seu distúrbio nervoso tem raízes nesta distorção estética, isto é, neste estado patológico de sua sensibilidade. Se você tem dado rédeas à sua sensualidade, ou melhor, a seus jnanaindriyas (os sentidos), comece já a formular um plano para corrigir-se disto que o escraviza ao mundo e o afasta de Deus. Resista à alucinofilia crescente que está arrebatando os fracos de todo mundo.

*O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF no Google.

Nota: imagem copiada de englishonline.tv

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Chardin – NATUREZA-MORTA E CACHIMBOS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O francês Jean-Baptiste-Siméon Chardin é tido como um dos mais importantes pintores de naturezas-mortas da arte europeia, sendo suas obras muito estudadas pelos artistas do gênero, posteriores a ele. O gênero usado por Chardin surgiu como uma grande novidade na pintura do século XVIII, embora as academias torcessem o nariz, achando que se tratava de uma arte menor. As suas naturezas-mortas, assim como sua pintura de gênero, são elementos importantes da arte francesa.

A composição acima, conhecida como Natureza Morta e Cachimbos, ou ainda Natureza Morta com Cachimbos e Jarros, é uma das obras-primas do artista. Trata-se de um trabalho relativo aos seus últimos anos de carreira, que mostra a evolução de sua pintura. Diderot, filósofo e escritor francês, escreveu sobre Chardin: “A magia de seu trabalho é difícil de compreender-se. Usa espessas camadas de cores, uma sobre as outras, com o efeito final filtrando do interior. Alguma vezes parece que uma nuvem de vapor foi soprada através da tela, outras como se espuma de luz tivesse sido arremessada contra ela… Se se olha de perto, tudo se torna confuso, comprime-se, desaparece; quando se afasta, as formas reaparecem e revivem.”.

Sobre uma mesa retangular de madeira, com o tampo aparentemente de mármore, estão dispostos vários objetos de diferentes texturas: uma mala aberta com o fundo da tampa azul, cheia de inúmeros objetos aparentemente de vidro; um jarro pintado de branco com flores, destampado, e o copo e a tampa do mesmo jarro; dois cachimbos, um à esquerda, maior, e outro à direita, menor; um cálice cheio com o que parece ser uma substância cremosa; um recipiente de metal e um copo do mesmo material. Os elementos verticais contrastam com os horizontais. A impressão que se tem é que os objetos foram arrumados sem obedecer nenhum critério.  Os elementos verticais contrastam com os horizontais. Uma luz delicada banha-os, gerando uma sensação aprazível.

Ficha técnica
Ano: c. 1762
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 32 x 42 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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A EXCELÊNCIA DA AÇÃO

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Autoria do Prof. Hermógenes

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental.  Neste texto, retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos fala sobre a “excelência da ação”. Vale a pena lê-lo:

Uma das definições clássicas de Yoga é “a excelência da ação”. A ação eficaz, bem sucedida, completa, sem resíduos, sem defeitos e também desgastes desnecessários pode ser chamada de ação perfeita ou ação yóguica. As ações a realizar em nossa existência devem ser perfeitas, sem o que ficamos endividados e, portanto, presos a elas, obrigados a repeti-las. Se nos demais aspectos da vida, temos de agir com perfeição, libertando-nos, que dizer de nosso comportamento em relação à coisa?! Chamemo-la de angústia, neurose, servidão, conflito, imperfeição, dependência, sofrimento, ansiedade, condicionamento, inferioridade, fobia, obsessão… dela é fundamental que nos libertemos.

Creio ser indispensável que você mantenha incessantemente, como fundamento, a fonte de inspiração, como orientadoras da ação, uma determinada atitude mental, a ser por você mesma definida (além das muitas técnicas e comportamentos especiais sugeridos neste livro). O segredo de sua ação eficaz parece estar em:

  1. Serenidade, indispensável ao controle de si mesmo;
  2. Concessão voluntária, inteligente e estratégica à “vontade do adversário” (a coisa);
  3. Utilização inteligente, objetiva e na hora exata dos esforços e dos meios certos.

A forma de agir diante de uma crise qualquer é inteiramente diferente daquela do afoito lutador, que se mete no mar disposto a vencer, de frente, a pancada das ondas e que, provavelmente, sairá do embate de costelas fraturadas. O esperto nadador jamais comete tal imprudência. Faz o corpo mole e, serenamente, apenas se abaixa ou fura a onda e sai ileso.  Experimente o mesmo da próxima vez, quando se vir numa situação adversa, numa crise de qualquer espécie. Nunca se meta a enfrentar as ondas do sofrimento com peito aberto e pé atrás. Relaxe. Negaceie. Deixe passar a onda.

Quando se aprende a relaxar, o resultado é impressionante. O nervosismo cede. O pavor é substituído pela calma. A respiração é minimizada até que, semblante sereno, parece adormecer. Não há mais a luta inglória, estafante e desastrosa. Quaisquer que sejam os sofrimentos psicossomáticos, quaisquer que sejam os sintomas neurovegetativos, utilize esta estratégia. Sempre irá dar certo, pois a coisa, sem ser combatida, sem ser temida, acaba por sentir-se desmoralizada, deixando sua vítima em paz.

*Esse livro é encontrado em PDF no Google.

Nota: Mulheres e Frutas, obra de Di Cavalcanti

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Tintoretto – A NATIVIDADE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição A Natividade é uma obra do pintor italiano Jacopo Tintoretto (1518 – 1594), cujo nome de batismo era Jacopo Robusti. Embora não haja clareza em relação a seus mestres, presume-se que entre eles estejam Ticiano, Andrea Schiavone e Paris Bardone. Além de ser considerado o mais importante pintor do estilo maneirista, Tintoretto também se apresenta entre os melhores retratistas de sua época.

A obra em estudo é monumental (ver dados abaixo). As figuras de São José, da Virgem Maria, de uma mulher e a de um pastor adorando o Menino Jesus saltam à vista. São imensas. Halos circundam a cabeça das figuras divinas. Não se sabe quem seja a mulher ali presente com a aparência de uma sibila. Ela tanto pode ser Santa Ana, ou uma pastora, ou a parteira da lenda segundo a qual ela atendeu Maria. De qualquer forma foi uma das ousadas criações do mestre Tintoretto.

À esquerda da composição, em segundo plano, observamos a comitiva dos Reis Magos que se aproxima do local, onde se encontra a Sagrada Família. Eles chegam a cavalo. Já no lado direito da pintura, ao fundo, os pastores, ao lado do rebanho, recebem a visita de um anjo que lhes dão a notícia do nascimento do Menino Jesus.

Muitos animais domésticos apresentam-se na cena: ovelhas, coelho, cachorro, galo, boi, burro, cavalos, etc. Contudo, o cordeirinho que aparece próximo ao Menino Jesus em sua manjedoura tem um significado especial: é o símbolo do sacrifício pelo qual a criança que acabara de nascer irá passar.

É interessante notar que Tintoretto foge à tradição, ao mostrar o estábulo com alguns postes, sendo reforçado pela presença do boi e do burro. A influência de Michelangelo na obra é visível, principalmente na modelagem das mulheres e na grandiosidade dos participantes do nascimento.

Uma radiografia desta obra mostrou que ela é muito complicada, pois o artista aproveitou a parte inferior de uma pintura que ele fizera cerca de vinte anos antes. As duas cenas de fundo esboçado (a chegada dos Reis Magos e a anunciação do Anjo aos pastores) foram adicionadas à pintura, quando a tela ganhou um formato horizontal, por um assistente do pintor. Não se sabe o porquê da mudança do formato.

Ficha técnica
Ano: 1567
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 155,6 x 358 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.mfa.org/collections/object/the-nativity-32992

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DIVERSÃO: A ESCOLHA É SUA

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Autoria do Prof. Hermógenes

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental.  Neste texto retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos fala sobre a escolha do entretenimento.

Você não ignora que a ansiedade, a tensão e as emoções se expressam no fígado, nas glândulas suprarrenais, na hipófise, na área cardíaca, ou seja, em todo o organismo. Sabe o quanto a ira e os temores danificam a saúde. Não é verdade? Ora, sem você querer e por serem impostos pela própria vida e forçados pelos pressões sociais, os motivos de apreensão têm o assaltado. Desejando livrar-se de tais situações, você tem dado muito de seu esforço e também perdido saúde.

Não vai me dizer que lhe agrada a ansiedade, enquanto espera a resposta de um negócio que propôs ou o resultado de um exame clínico ou mesmo das provas do concurso. Ninguém se sente bem quando está sentindo medo, ou ira, ou vergonha, ou remorso. A ninguém agrada viver debaixo de drama, ameaça e vicissitude. Todos almejam tranquilidade, vida suave e espaço social bem desimpedido para expandir-se. Os gregos antigos tinham a ataraxia (completa ausência emocional e mental) como um objetivo muito alto na vida do filósofo.

Você que não gosta das emoções que o destino espalha em seus dias; que estimaria desfrutar horas de tranquilidade e quietude, por que vai se meter num cinema para assistir a um filme do estilo suspense? Pode ser tédio, o motivo de buscar excitação em divertimentos ou como torcedor apaixonado de qualquer esporte. É possível que esteja praticando uma forma de fuga. Divertindo-se, assim, tem conseguido livrar-se do tédio? Se já se livrou do sentimento de vazio graças a tantos entretenimentos excitantes, seu exemplo vai ajudar a resolver o problema de milhões de pessoas. Será de alto interesse para a psiquiatria, para a medicina psicossomática, para os educadores, para os líderes religiosos, para todos que procuram o caminho certo para salvar do tédio o ser humano.

Se, no entanto, você ainda está precisando “divertir-se” e cada vez mais, se ainda não pode passar sem se contorcer de emoção nas arquibancadas, enquanto seu time está jogando, saiba que o “remédio” falhou. Escapismo nunca salvou ninguém. Na verdade, cada vez que o espetáculo termina, os sentidos que estiveram sendo gratificados começam a pedir mais alimento, mais excitação. Há um vício de excitar-se, de ocupar os sentidos, de emocionar-se, de características semelhantes ao tabagismo, ao alcoolismo, ao psicodelismo e outros.

Todos estes vícios se caracterizam por uma vinculação obsessiva a seu objeto particular, seja à “tragadinha”, ao “traguinho”, aos comprimidos, “às picadas”, ao vídeo, à tela de cinema, ao alto-falante do rádio. Outra característica de tais vícios é a de que nunca se consegue quietude, a não ser enquanto se está atendendo às imposições do tirânico objeto obsedante. Relativamente à sensibilidade, desde o berço somos ensinados a distrair-nos. Pela vida afora – infância, adolescência e vida adulta – os entretenimentos “indispensáveis” vão frustrando um acontecimento que “normalmente” todos evitam: um encontro a sós consigo mesmo, em silêncio.

“Suponhamos – diz Fromm (Psicanálise da Sociedade Contemporânea) – que em nossa cultura ocidental, os cinemas, as emissoras de rádio, as televisoras e os acontecimentos esportivos deixem de existir por apenas quatro semanas. Fechados esses principais canais de fuga, quais seriam as consequências para as criaturas, reduzidas repentinamente aos seus próprios recursos? Não tenho dúvida alguma quanto a que mesmo nesse curto período de tempo ocorressem milhares de perturbações nervosas, e muitos milhares de criaturas fossem lançadas em um estado de ansiedade aguda que não difeririam do quadro diagnosticado clinicamente como neurose.”

Vejo nesta educação para o esvaziamento, para a saída de si mesmo, para a alienação de si mesmo, um dos fatores causativos do quadro que o mesmo Fromm assim descreve: “Hoje em dia encontramo-nos com criaturas que agem e sentem como autômatos; que jamais experimentam algo realmente seu; que sentem o seu eu inteiramente como pensam que supostamente seja; cujo sorriso artificial substituiu o sorriso espontâneo; cuja tagarelice vazia substituiu a palestra comunicativa; cujo surdo desespero substituiu a dor autêntica.” (Opus cit.)

“Tudo é necessário”, ensina Suddha Dharma. É necessário que continuem existindo “esses canais de fuga”, e que poderiam também ser veículos sadios de cultura e instrumentos de educação. Cinemas, esportes, literatura, teatro, televisão e rádio não constituem fatores de desordens nervosas a não ser pela forma irracional, inconsequente e amoral em que hoje em dia são “explorados”. Na mesma tela em que milhares de adolescentes “aprenderam” como assassinar ou estuprar uma jovem, as crianças recebem uma daquelas maravilhosas mensagens de Walt Disney e saem do cinema felizes e enriquecidas, depois de terem degustado, pelos sentidos, momentos de poesia.

O mesmo aparelho televisor que exibe as brutalidades de “catch” ou as banalidades do humorismo calhorda apresenta outros espetáculos ética e esteticamente admiráveis. Num cardápio você escolhe os pratos que lhe convém. Faça o mesmo quanto a programas de divertimento. Eduque-se esteticamente. Desenvolva, não somente bom gosto, mas o discernimento. Não escolha somente o agradável, mas o que lhe proporcione mais equilíbrio, paz e segurança psíquica e saúde orgânica.

Você já sabe das alterações profundas que se processam no organismo em consequência das emoções. Conhece como o simpático e as glândulas endócrinas sob os impactos ou estresses emocionais provocam rebuliço nos órgãos e em suas funções. Não ignora também que emoções suaves, delicadas, belas repercutem convenientemente em nossa felicidade na mesma medida em que as emoções violentas, alarmantes negativas minam a saúde e o equilíbrio. Então, como é que ainda vai entrar numa fila, pagar caro, para assistir a um filme cheio de atrocidades, suspense e aflição? Você está “comprando” as más emoções dos personagens do filme, com os quais se identifica.

Seja dono de si mesmo. Use o cinema, a boa música, os programas de televisão, o bom teatro, a literatura inteligente, com fins educativos e terapêuticos. Os mesmos veículos que tanto mal têm feito, também têm o enorme poder de construir, de enriquecer a personalidade e melhorar a saúde. A escolha é sua.

*O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF no Google.

Nota: imagem copiada de Associação dos Magistrados do Maranhão

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