Autoria do Dr. Telmo Diniz
O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado, principalmente, porque ele não apresenta necessariamente sintomas psicóticos. Na verdade, na maioria das vezes, esses sintomas não aparecem. Com a mudança de nome, esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva.
O início desse transtorno, geralmente, dá-se em torno dos 20 a 30 anos de idade, sendo mais raro em idades avançadas. O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, começando gradualmente ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos). Aceita-se a divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos:
- O tipo I é a forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os de depressão.
- O tipo II caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania (leve exaltação do humor) com depressão.
A causa, propriamente dita, é desconhecida. Porém, a genética tem grande influência, pois, em média, 85% dos casos tem algum parente na família com mesmo transtorno. No presente texto não cabe falarmos sobre tratamento, pois, o tema é extenso. O principal motivo deste artigo é abordar o que a própria pessoa, portadora do transtorno, pode fazer por ela mesma.
O paciente com transtorno bipolar do humor tem uma doença que costuma durar a vida toda, que se mantém sob controle com tratamento adequado. Cabe a ele o esforço de manter o tratamento: é ele quem toma os medicamentos. Ninguém pode forçá-lo, a não ser em situações que ponham em risco a sua segurança ou a de outros:
- Se você é portador do transtorno bipolar afetivo, comprometa-se com o tratamento, discuta dúvidas com seu médico, a eficácia e efeitos colaterais dos medicamentos.
- Mantenha uma rotina de sono adequada, pois a redução do tempo total de sono pode desestabilizar a doença.
- Evite álcool, já que além de interagir com as medicações, também age no cérebro, aumentando o risco de novas crises.
- Se tiver insônia ou inquietação, não se automedique converse com seu médico.
- Evite outras substâncias que possam causar oscilações no seu humor, como café em excesso, antigripais e antialérgicos, pois podem agir como o estopim de novo episódio da doença.
- Enfrente os sintomas sem preconceito, discuta-os com seu médico ou terapeuta.
- Lembre-se, você está bem por estar tomando a medicação, pois se parar de tomá-la, os sintomas podem voltar sem prévio aviso.
- É preciso manter-se alerta para o aparecimento dos primeiros sintomas, como insônia, irritabilidade e inquietação. Por isso, a participação proativa é de suma importância.
- Fique atento aos sintomas de uma nova crise depressiva ou maníaca e tome nota de tudo que ocorrer.
- Aproveite os períodos de “calmaria” para se redescobrir.
- A aceitação e o entendimento do transtorno é o melhor remédio.
- É o conhecimento que confere qualidade de vida aos portadores desta patologia.
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