TERRA E LUA BRINCANDO DE CORRUPIO (II)

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Autoria do Prof. Rodolpho Caniato

Desde a antiguidade sabe-se e percebeu-se que as marés mais altas e também as mais baixas, ocorrem tanto na lua cheia quanto na lua nova. Essas marés são chamadas de marés de sizígia. Esta palavra, usada até hoje pelas marinhas, já era usada pelos gregos e mais tarde pelos romanos, antes da nossa era. Sizígia que dizer conjunção ou alinhamento. Tanto na lua cheia quanto na nova, Terra, Sol e Lua estão em conjunção, isto é, aproximadamente alinhados. Quando se olha para a lua cheia, toda branca, redonda e iluminada, no horizonte, tem-se o Sol exatamente na sua nuca. Quando é lua nova, nosso satélite natural fica bem na direção do Sol e, por isso, ofuscado pelo brilho desse, a menos que passe bem na frente dele. Neste caso teremos, além de lua nova, um eclipse do Sol. Do ponto de vista da Física, com linguagem matemática, é simples a explicação para o fenômeno das marés. Aqui, no entanto, espero fazer com que o leitor possa entender este fato curioso e importante, usando a experiência que temos de nossas vidas diárias, sem o uso de fórmulas matemáticas ou físicas.

 Se não existissem a Lua e o Sol, não haveria o efeito das marés. As águas ao redor da Terra teriam sempre uma distribuição esférica. O nível do mar permaneceria sempre o mesmo. Comecemos por tratar de entender o efeito da presença da Lua como a maior causa para as marés. Você já deve ter visto ou sabido de uma brincadeira de crianças que se chama corrupio. Em meu tempo de infância, no Rio de Janeiro, essa brincadeira era comum entre pares de meninas. A brincadeira consiste em um par rodopiar de mãos dadas. À medida que as meninas rodopiam, uma ao redor da outra, as mãos dadas seguram para que elas não se separem. Se ambas têm o mesmo peso (a rigor, mesma massa), as duas farão voltas iguais, ao redor do centro (de massa) do par, exatamente na metade da distância que separa as duas. Imaginemos agora que uma delas é bem mais pesada que a outra. Agora, a menor fará voltas maiores e a maior fará voltas menores, mas no mesmo tempo. Se uma delas for muito mais pesada, elas continuarão a fazer suas voltas em tempos iguais. Também as forças com que cada uma puxa a outra são iguais. No entanto, aquela que é muito mais pesada fará um movimento muito menor, enquanto a mais leve fará uma volta muito maior.  A maior fará também voltas, só que ao redor do centro de massa que agora está muito mais perto dela. Pode até esse centro estar tão próximo dela, da mais gorda, quero dizer da mais pesada, que seu movimento vai se reduzir a uma espécie de “rebolado” ou bamboleio.

Essa brincadeira imaginária servirá para ajudá-lo a entender o fenômeno das marés. As meninas brincando de corrupio representam a Terra e a Lua.  As duas têm pesos (massas) muito diferentes. No caso, a Terra, em termos de massa, equivale a aproximadamente 80 vezes a Lua. Isso significa que seriam necessárias 80 Luas para equilibrar uma Terra, se puséssemos as duas em uma imaginária balança de pratos iguais. As meninas brincando de corrupio se mantinham unidas pela força que ambas fazem mutuamente unidas. A Terra e a Lua se mantêm unidas pelos “braços” invisíveis da mútua atração gravitacional. O fato de a Terra ter massa muitas vezes maior que a da Lua faz com que seu movimento seja muito menor, como a menina mais pesada no corrupio. Enquanto a Lua faz uma volta muito maior, a Terra faz apenas uma espécie de “rebolado” ou bamboleio ao redor do centro de massa das duas. Isso porque o centro de massa do sistema Terra-Lua está dentro da Terra, mais próximo à superfície.

Agora imagine que a “menina maior”, muito gorda, redonda, tem um “vestido”, o mar, que lhe envolve todo o corpo e dentro do qual ela pode se mover livremente. A menina menorzinha não está envolvida por nenhuma roupa (mar ou atmosfera). A atração entre as duas não tem nada para deformar na menina menor, mas tem na maior. O “vestido da maior”, do lado da menor será puxado para ela, isto é, fica com uma saliência voltada para a menor. Do lado oposto seu “vestido” fará também uma saliência, devida ao seu “rebolado” ou bamboleio. Em resumo: a menina menor não tem nenhum vestido para ser deformado. A maior, no entanto, tem um vestido que envolve todo seu corpo “gordo” e redondo. Esse “vestido” deformável, dentro do qual ela se move apresentará duas saliências iguais e opostas: uma voltada para a “menina” menor e outra em direção contrária ou “para trás”.

Entendido o corrupio das duas meninas, fica mais fácil entender o fenômeno das marés. A menorzinha das meninas, a Lua, não tem qualquer “vestido” que possa ser deformado na direção da “gorda”, a Terra. Esta, sim, é envolvida por um “vestido”, o mar que lhe cobre quase três quartas partes do “corpo” bem redondo. Se não houvesse essa “brincadeira”, o “vestido” da Terra, a água que lhe cobre quase todo o corpo teria uma distribuição esférica. A atração mútua em rodopio deforma a distribuição esférica do “vestido” de água da Terra. Com isso a distribuição das águas ao redor da Terra, em vez de esférica, assume uma forma de elipsoide cujo eixo mais longo fica na direção Terra-Lua (veja a figura no início do texto). Elipsoide é uma forma que lembra uma “bola” de futebol americano.

Nota: leia também: (links)

A IMPORTÂNCIA DAS MARÉS (I)
A LUA EXERCE EFEITO SOBRE OS SERES VIVOS? (III)

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Murillo – IMACULADA CONCEIÇÃO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição religiosa intitulada Imaculada Conceição (que ao pé da letra significa “concepção sem mancha”) é uma obra tardia do pintor barroco espanhol Bartolomé Esteban Perez Murillo, que se inspirou nos pintores Guido Reni e Van Dyck para compô-la. Trata-se de um dos melhores trabalhos de seus últimos anos de vida. Este quadro foi encomendado por Justino de Neve para o Hospital de Los Venerables Sacerdotes, em Sevilha. Murillo pintou cerca de duas dúzias de representações da Imaculada Conceição ao longo de sua carreira, mas aqui retirou alguns de seus símbolos, deixando a obra mais leve.

A Virgem encontra-se de de pé sobre uma nuvem, ocupando a parte central da tela, vestida com uma túnica branca e um manto azul-marinho, jogado à sua esquerda, mas que dá uma volta às suas costas e atinge a cabeça de um pequeno anjo, a seus pés, à esquerda. O azul de seu manto simboliza o céu e os bordados em dourado simbolizam sua realeza. Seus cabelos longos e soltos caem-lhe pelas costas. Suas mãos, unidas na altura do coração, simbolizam a oração. Seus olhos voltam-se para o alto. Debaixo de seus pés vê-se uma meia lua, cuja simbologia diz que assim como a lua que não tem luz própria, mas recebe-a do sol, a luz de Maria vem de seu filho Jesus, o Sol da vida.

A presença de uma nuvem aos pés da Imaculada Conceição e de anjos alados a rodeá-la são indicativos de que a Virgem encontra-se no céu, na glória de Deus. Ela é representada com um impulso visivelmente ascendente que a coloca num espaço celestial cheio de luz, nuvens e anjos. Nesta representação o artista eliminou alguns de seus atributos tradicionais como a serpente, a torre de Davi e a coroa com 12 estrelas.

Ficha técnica
Ano: c. 1678

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 222 x 118 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

http://www.cruzterrasanta.com.br/significado-e-simbolismo-de-imaculada-
http://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/the-immaculate-

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A LUA EXERCE EFEITO SOBRE OS SERES VIVOS?

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Autoria do Prof. Rodolpho Caniato

A quantidade total da água existente na Terra é sempre a mesma. Se se acumula água em dois lados opostos da Terra, obrigatoriamente vai baixar a água nos dois lados perpendiculares. Essa deformação na distribuição das águas fica sempre direcionada para a Lua, girando lentamente (uma volta = 1 mês).  Ao mesmo tempo, a Terra está girando: uma volta a cada 24 horas, isto é, um dia. Imagine agora que cravamos uma grande estaca no fundo do mar, na posição 1. A estaca tem divisões para que se possa verificar a fundura, o nível da água. A escala da estaca na posição 1 vai marcar “maré- cheia”. Independente da deformação da massa líquida na direção da Lua, a Terra está girando: uma volta a cada 24 horas. Então, daqui a seis horas, a Terra deu um quarto de volta e a estaca passou para a posição 2. Aí a vara vai encontrar “maré-baixa”. Depois de mais seis horas a vara passou para a posição 3. Ela vai encontrar novamente “maré- cheia”. Passadas mais seis horas, a vara cravada na Terra estará na posição 4. Aí ela encontrará outra vez “maré-baixa”. Ao completar 24 horas a vara terá voltado à posição 1, de onde partiu.

Dessa maneira, marés-baixas e marés-cheias estariam separadas por um tempo de 6 horas e se repetiriam sempre às mesmas horas. Acontece que, quando a vara tiver voltado para a posição 1, a Lua já se deslocou um pouco mais e a deformação  continua voltada para ela. Por isso, a vara, para voltar à posição de maré-cheia, terá que se deslocar um pouco mais para encontrar o topo da deformação líquida. Esse tempo a mais é de aproximadamente 1 hora. Por essa razão, em lugar de o tempo entre marés- cheias e vazantes ser de 24 dividido por 4, que daria seis horas, será um pouco maior. Será de aproximadamente 25 horas divididas por 4. Isso dará ao redor de 6 horas e um quarto.  Se esse tempo fosse de exatamente 6 horas, as marés se repetiriam sempre às mesmas horas, o que não acontece.

Agora já deve ter ficado claro como a Lua e o Sol participam do fenômeno das marés. É ainda interessante notar que o efeito produzido pelo Sol é bem menor que o produzido pela Lua. A contribuição do Sol como causa das marés é um pouco menos da metade do efeito produzido pela Lua. Isso se deve à distância brutalmente (cerca de 400 vezes) maior do Sol. Na quadratura ou quartos (crescente e minguante), Lua e Sol estão em direções perpendiculares. É quando vemos a Lua bem pela metade. Nessa ocasião, Lua e Sol produzem efeitos perpendiculares sobre a distribuição das águas ao redor da Terra. Por isso seus efeitos se subtraem. As marés de quadratura têm amplitudes menores: as marés-cheias são menos altas e as marés-baixas são menos baixas.

O efeito das fases da Lua sobre as marés fez com que muita gente acreditasse num forte efeito da Lua sobre os seres vivos. A argumentação que tenho encontrado é mais ou menos a seguinte. É verdade que a Lua exerce um forte efeito sobre as águas na Terra? – É verdade! – É verdade que o corpo humano é constituído principalmente por água? – É verdade! – Então deve ser verdade que a Lua tem uma forte influência sobre o corpo humano e sobre os demais seres vivos, por serem eles constituídos principalmente por água? – Neste caso a resposta é “Não”.  O efeito das marés é um efeito sobre a distribuição das águas ao redor da Terra. Não é um efeito devido a qualquer propriedade da água. Voltando ao exemplo das duas meninas brincando de corrupio (visto no texto II), poderíamos dizer que as saliências que aparecem no “vestido” da maior não dependem da qualidade do tecido de que ele é feito. O efeito de maré é um efeito mecânico, pelo fato de a água recobrir quase todo o planeta de forma quase contínua.

É importante lembrar esse aspecto de continuidade na distribuição da massa líquida que envolve a Terra. Num lago, todo constituído de água, não se observa qualquer variação perceptível por conta da Lua. Não há marés nos lagos. Já na atmosfera também ocorrem variações parecidas às marés. Mesmo o corpo sólido da Terra sofre um esforço que tende a deformá-lo, como numa maré. Planetas e satélites podem até ser rompidos pelo esforço devido a marés, quando num campo gravitacional muito intenso. Isso acontece quando o campo gravitacional em que está um corpo é muito forte e muito diferente de um lado e do outro. Então lados opostos ficam submetidos a forças muito diferentes, podendo levar aquele corpo à ruptura.

Tudo isso também não significa que a Lua não tenha alguma influência sobre a vida e os seres vivos de modo geral.  Mas como? O Sol é a grande fonte de energia vital na Terra. É dele que vem a energia, em forma de luz, que através da fotossíntese dá origem aos compostos que originam e alimentam as cadeias de vida na Terra. Como a luz da Lua é um pouco da Luz do Sol refletida, nas noites de luar é um pouco mais de luz do Sol que a Lua nos proporciona. E’ inegável, portanto, que há alguma influência da Lua sobre nossas vidas. Nada, entretanto, como muitas crenças populares pretendem. Em quase todas as culturas, a Lua foi a grande medida do tempo decorrido: um mês é uma lunação. Para quem vive nos lugares mais ermos ou nas florestas, faz grande diferença poder enxergar o caminho à noite. Talvez o maior efeito da Lua sobre a vida humana seja como inspiração para os poetas e para os amantes. Poucas coisas poderiam ser mais poéticas e inspiradoras que um luar no sertão.

Nota: leia também: (links)
A IMPORTÂNCIA DAS MARÉS (I)
TERRA E LUA BRINCANDO DE CORRUPIO (II)

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SÍNDROME DO PÂNICO E OPINIÃO ALHEIA

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 Autoria de Celina Telma Hohmann

Vivemos a era da aflição anímica em que nossa alma afligida, entre ser o que desejamos e descobrir que nem sempre é possível, põe-nos em conflitos que, aos poucos, afundam-nos sem que demos conta disso. Hoje é até natural assumir que estamos passando pela devassa dos transtornos mentais, mas sabemos que alguns os confundirão com falta de fé, chilique e falta de empenho. Não devemos nos preocupar com os outros e a opinião que têm sobre um mal que ainda não conhecem. São sortudos por não tê-lo, mas não imunes a ele.

Não é fácil descobrir que se está passando pela fase do pânico. Viver muito tempo dentro dessa síndrome é pior ainda. Só quem passou ou passa por ela conhece seus segredos que na verdade nem se mostram, mas vão sendo decifrados diariamente. Ela é a surpresa diária, a companheira que não é bem vista, tampouco deve ser aceita como parte da própria vida. Não é fácil livrar-se dela num estalar de dedos, mas, com o tempo, esse terror inicial vai se dizimando, virando fumaça e aí, num dia, ele some. Nunca se sabe se é para sempre, mas ele acaba. Basta que se cuide e tome consciência plena de que é preciso, muito mais que antes, aceitar que todos os seres humanos são passíveis de males inimagináveis.

Sempre uso, talvez como consolo (mas que tomo como verdade absoluta) que os sensíveis, cheios de sensibilidade genuína, são os mais vulneráveis aos transtornos mentais, problemas esses que tolhem, derrubam e assustam. Penso que se fossem indiferentes ao que os rodeiam nada disso os atingiria. Muitos indivíduos passam pela vida praticamente sem conflito algum.  Sábios, santos ou alienados? Não sei! Quem não se importa com o mundo não se defronta com os medos e a sensação de impotência diante dele. Mas nós, detentores de problemas mentais, importamo-nos com a vida! E humanos em condição, fragilizados por conta de maldades que não aceitamos, vemo-nos presas de um turbilhão de sentimentos que não entendemos e que, ao final, leva-nos a conhecer o caminho complicado das confusões mentais, do pânico, do medo absurdo daquilo que antes não nos causava temor algum.

Hoje, com a alta incidência de necessidades que não havia antes, exigências que não faziam parte do dia a dia das pessoas, a exagerada exigência de perfeição e o querer fazer tudo da melhor forma e o mais rápido possível, é impossível seguir saudavelmente nessa linha, o que acaba gerando a paralisia. Normal? Não! Ruim, muito ruim! Fazemos parte de um novo clube. Há buscas, perguntas, por vezes bem confusas e nem sempre respostas imediatas, que existem, mas descobri-las é um caminho que demoramos a descobrir. Mas existe um consolo: há um novo olhar sobre o que nos aflige, a Ciência caminha a passos largos. Tudo ficará no passado, sim, bastando dar ao tempo o tempo que ele pede.

Nós, portadores de transtornos mentais, precisamos vivenciar nossas inseguranças com tolerância, sem que as sinta como amigas, mas descobrindo que não estão aí por puro acaso. Cuidemos de nós. Apenas nos encontramos temporariamente em crise. Não estaremos submetidos a ela eternamente! Não, mesmo! Medicamentos são necessários. Nosso cérebro também é uma maquininha complexa que, por vezes, nos assusta. E como nossa alma, também precisa do bálsamo. Os remédios ajudam. Inicialmente nos deixam meio tontos, amedrontados, mas ao final tudo se acerta.

Conheço os florais e não os tomei por sempre brincar que, no meu caso, eu teria que ter plantações a perder de vista de plantas e flores com aromas e gostos variados. Algumas pessoas conseguem um bom resultado, mas é preciso considerar que a formulação é individual, devendo o médico dizer qual o melhor caminho. Onde quase sempre pecamos é no que diz respeito à medicação que precisa ser bem orientada. Ela leva um tempo mais ou menos longo, dependendo de cada caso. Os transtornos mentais não nos deixarão pelo simples fato de acharmos que estamos prontos para abandonar a medicação, sem passar pelo parecer médico. Isso é ilusório e pode trazer consequências doídas. Nosso cérebro é quimicamente programado e os antidepressivos, quimicamente desenvolvidos em laboratórios, têm por objetivo repor o que perdemos.

Nota: a ilustração é uma obra de Edvard Munch

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A TORTURANTE SÍNDROME DO PÂNICO

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Autoria de Elaine Santos

É uma pena não ter encontrado este cantinho antes!

Minha história começa como a de tantos outros. Há três meses estava eu lavando a minha louça, para começar a preparar o almoço e senti um formigamento subir pelas minhas pernas. A partir daí minha vida mudou. Depois do formigamento meu coração acelerou e não conseguia respirar. O medo tomou conta de mim. Pensei que estivesse tendo um ataque cardíaco e pedi socorro ao meu marido. Ele correu comigo para o médico.

Depois de quase um mês com uma dor nas costas que não passava de um início de pneumonia, passei uma semana tratando e fiquei bem, mas no final da semana em que me encontrava medicada, tudo voltou. Fui piorando muito. Sentia tonturas e a sensação de que eu ia morrer. Um medo terrível tomava conta de mim, toda vez que meu coração disparava. Já não conseguia nem limpar a casa devido ao cansaço. Passei uma noite em claro tendo taquicardia de tempo em tempo, mesmo depois de medicada. Foi terrível! O que me deixava angustiada é que nenhum exame dava em nada.

Após muitas idas ao hospital, um médico me disse que eu estava com crises de ansiedade e que deveria procurar um psiquiatra. De início chorei muito, pois não conseguia aceitar, mas para o meu bem fui a busca de tratamento. Como tudo demora neste país, passei 20 dias tomando floral pra controlar as crises. Ficava pensando que não havia nada para conseguir me manter calma. Passei mal todos os dias desses dois meses e meio, até ter o diagnóstico fechado de Síndrome do Pânico (SP).

Iniciei meu tratamento na semana passada. Passei pela psicóloga e pela psiquiatra que me passou um antidepressivo. O medo era tanto que só comecei a tomar no sábado, 5 mg, na segunda semana começo a tomar 10 mg. Nos dois primeiros dias só tive enjoo e as crises que me acompanham, mas estavam mais fracas. Hoje nem consegui sair da cama. Sinto um vazio na cabeça e um mal-estar terrível, quase nem consegui almoçar de tão enjoada. Espero que amanhã o dia seja melhor.

O problema desta doença é que por ser desconhecida, as pessoas pensam que é frescura. Já ouvi tanta coisa, que sou “louca”, que tenho que “pensar positivo”, que tenho que me “apegar a Deus”… Isso tudo só deixa a gente pior. Já tranquei três matérias na faculdade, pois já tinha estourado em falta de tanto passar mal. Minha vida parou, meu marido e filhos não sabem como lidar com isso. Minha pequena de três anos é quem está mais sofrendo, pois não tenho conseguido cuidar dela direito. Ela gruda em mim o dia todo, parece que percebe que não estou bem. Fico angustiada com isso, pois eu só queria voltar a ser eu mesma. Parece que saí de mim, estou tão cansada que não tenho ânimo pra nada, mas mesmo assim me forço a fazer as coisas para não ficar pior. Não sinto tristeza, a não ser pela situação, mas esse medo me consome e não vejo a hora em que possa ir embora.

Só quero voltar a viver. Ler aqui que outras pessoas passam pelo mesmo que eu, já me conforta, porque me sentia sozinha demais. Sobre os florais queria perguntar, se faz mal usá-los, enquanto se toma a medicação.

Nota: composição ilustrativa do pintor Edvard Munch

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DIA DAS CRIANÇAS – ABRAÇAR OU PRESENTEAR?

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Autoria de Celina Telma Hohmann
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Comemorar o Dia das Crianças é muito bom, principalmente para as indústrias de brinquedos que aumentam ainda mais seus robustos proventos, mas convenhamos, é tão bom um dia dedicado às crianças, mesmo que saibamos, na prática, que todos os dias são dias dessas pequenas criaturas adoráveis e algumas vezes perigosamente manipuladoras. O próprio dia dedicado a elas foi proposital. Houve oportunismo! E para variar, do lado político, claro! Um deputado esperto que só, levantou o lencinho acenando para que a data fosse proclamada como um dia especial, isso lá nos idos de 1920! Demorou um pouquinho, mas foi oficialmente declarada data nacional o “dia 12 de outubro”, como o Dia das Crianças!

O Brasil foi o primeiro a criar esta homenagem. Em outros países há diferentes datas e cada um com seu jeito peculiar de agraciar os pequenos e por vezes nem tão pequenos, mas, enfim, a data está aí e eu aqui, neste abençoado dia, relembrando os fatos da minha infância e de como não o comemorava. E filho de pobre tem Dia das Crianças? E nem fui criança pobre, apenas tive pais que só comemoravam o Natal e a Páscoa. Sorte que em idade escolar, as professoras supriam essa dolorosa falta.

Hoje temos como data importante o Dia dos Pequenos! E saímos em desabalada correria atrás dos brinquedos que já são monstros em preço e diversidade! Os pimpolhos cobram, contam quantos dias faltam para receberem os presentes que, claro, serão mais que um, afinal, pais e parentes têm a função de homenageá-los. E compramos fantásticos presentes que, por vezes, em menos de um dia já estão em frangalhos, seja pela ofegante necessidade que os pequenos têm em descobri-los, inclusive por dentro, ou pela doce habilidade dos fabricantes em construí-los com a certeza de que não serão para durar. Pobres adultos! Sorridentes, as crianças, com o sorriso em agradecimento aos presentes, ganham ainda nosso doce abraço e a sensação do “Pude agradá-los, Graças a Deus!”.

Quem fica indiferente à carência dos presentes que os pequenos tanto querem? Ninguém! Há campanhas para arrecadar brinquedos aos menos favorecidos, deslocamento de viaturas oficiais para fazer a entrega em lares onde elas estão. A festividade começa nas primeiras luzes do dia. Afinal é o dia delas! E que hoje, mais ainda que em outros dias, sintam-se amadas, queridas, realizadas e com saúde, pois se há doença, pode haver o presente, mas em nós, adultos, estará a tristeza. O pequeno doente, por vezes, estará impedido de tocar em seu brinquedo. Isso dói! E que aos pais caiba a responsabilidade de tentar incutir em todas essas puras cabecinhas, o valor do abraço, do respeito e do amor.

Crianças! Nossa certeza do sorriso puro, da bondade, mesmo que haja alguns pontapés certeiros, uns vacilos na elegância, um esbaldar-se em birras, ainda assim, crianças! Enfeites da vida! Certeza de que ainda há esperança! Parabéns a todas vocês! Hoje nem bolo é necessário. Uma boa tarde no parque (com seus brinquedos) e o cansaço à tarde, após muitas descobertas, muitos jogos nos novos celulares, iphones de última geração, ostentação aos amiguinhos das maravilhas ganhas e alguns arranhões pelos tombos na nova bicicleta, ou no chute errado do amigo/irmão!

Crianças, sejam felizes!

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