Modigliani – NUA SENTADA EM UM DIVÃ

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Figura extraordinária e arrebatadora a de Modigliani! No decorrer de sua existência desordenada, esse pintor-escultor conseguiu produzir nus maravilhosos e retratos não menos talentosos. (C. Coguiot)

Agora compreenderemos melhor o porquê uma arte preocupada principalmente pela figura humana deva atender antes de tudo ao nu, assim como a razão de que este tenha constituído o problema mais apaixonante da arte clássica de todas as épocas. Não somente é o melhor veículo transmissor de tudo aquilo que na arte corrobora e acrescenta de maneira imediata o sentido da vida, mas é também em si mesmo o objeto mais significante do mundo dos homens. (Bernard Berenso, Os Pintores do Renascimento, 1954)

A composição denominada Nua Sentada em um Divã, também conhecida como A Bela Romana, é uma obra do pintor italiano Amedeo Modigliani. Ela faz parte das 50 pinturas mais famosas do mundo.

Uma sedutora mulher morena, envolta num fino lençol branco, que lhe cobre uma mínima parte do corpo, está sentada sobre um divã, com as pernas cruzadas, estando a esquerda sobre a direita. Seus pés não estão à vista. O forte vermelho do fundo põe em evidência seu corpo alongado e a pele rosada. A cabeça inclinada para a sua esquerda, põe em destaque seus olhos amendoados, sob finas sobrancelhas. A boca vermelha e o bico do seio rosado transmitem grande sensualidade.

Modigliani era conhecido pelos seus nus alongados, como mostra o pescoço da mulher e as proporções de seu corpo, que não condizem com a realidade. Este quadro faz parte de uma série de nus pintados pelo artista, entre 1916 e 1917, e, que causou sensação na Paris daquela época, ao ser exibida, pelo fato de mostrar pelos púbicos.

Esta pintura foi vendida em 2010, em Nova York, atingindo uma cifra fabulosa, um preço recorde para uma obra do artista. O que é uma ironia, pois durante a sua vida, Amedeo Modigliani teve que conviver com o pouco caso da crítica e do mercado por sua pintura. O mais paradoxal é que, logo após a sua morte, aos 35 anos de idade, os colecionadores arrebataram suas obras, dando-lhe a atenção que não lhe dispensaram em vida. Sua pintura, dona de formas sinuosas e estilizadas, possui uma elegância ímpar. Embora o pintor tivesse tido uma existência dramática, sua obra repassa pureza formal, perfeição e calma.

Ficha técnica
Ano: 1917
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 100 x 60 cm
Localização: coleção particular

Fontes de pesquisa
Modigliani/ Abril Coleções

O MENDIGO, A DOR E A MORTE

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Autoria do Dr. Ivan Large

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Os ponteiros do relógio indicam que a minha jornada já terminou. A minha secretária confirma que eu não tenho mais pacientes para atender. Apronto-me para ir embora, mas no momento de trancar a porta da minha sala, eu o vejo aparecer. É um velhinho magro, todo enrugado, vestido com um terno sujo e rasgado, A miséria está impregnada nos seus traços e no seu vestuário.

Ele chega com a cabeça baixa, titubeando pelo corredor que dá acesso ao meu consultório. Segura com uma mão um saco de plástico, contendo todos os seus pertences, e com a outra aperta com força o seu olho direito. No rosto, uma expressão de dor que não deixa dúvida nenhuma – está procurando ajuda. Quando chega perto de mim, ele me olha com seu olho descoberto, sem falar, mas o seu olhar diz tudo, pois é como se gritasse por socorro.

Eu pergunto como eu poderia ajudá-lo. Em vez de resposta, emite um som incompreensível, uma espécie de grunhido, que me indica claramente que não adianta tentar comunicar-me com ele pela linguagem articulada ou outros meios estabelecidos pela sociedade civilizada. Ele não faz mais parte desta sociedade baseada na vida em família, no aconchego de um lar. Vive na solidão fria da rua, dorme numa esquina deserta, debaixo de um pedaço de papelão imundo.

Ele não faz mais parte desta sociedade, cujos filhos estudam, aprendem a falar mais de uma língua, a comunicar-se com o mundo através do celular ou computador. Faz tempo que não fala, e não tem ninguém com quem se comunicar. Não faz mais parte desta sociedade que se abastece no supermercado, frequenta restaurantes chiques e “shopping centers”, enquanto, para sobreviver, precisa disputar com alguns cachorros os restos de comida apodrecendo no lixo. Não faz mais parte desta sociedade, cujos membros mais perceptivos enxergam extraterrestres em seus OVNI, veem até aura em volta da gente, mas não o veem.

Eu abro novamente a porta da minha sala e o faço entrar. Quando tento examiná-lo, ele se recusa a tirar a mão da frente do olho. Tenho que puxá-la com força e segurar com firmeza as suas pálpebras. Com muita dificuldade, consigo expor o seu olho e, projetando um feixe de luz, descubro um corpo estranho, provavelmente metálico encravado na sua córnea (só Deus sabe desde quando). Com ajuda de uma pequena agulha, eu tiro com muito cuidado a causa do seu sofrimento. Instantaneamente, a dor estampada na face do meu paciente dá lugar a uma expressão de imensa surpresa, Com os olhos arregalados, parece procurar em todas as direções algum objeto misterioso, a sua dor, talvez. Menos de um segundo atrás, ele estava com uma dor insuportável, que o impedia de dormir e até de comer. E de repente, a dor some!

Para qualquer um com capacidade intelectual suficiente para entender o processo desta cura, o alívio resultante da retirada da causa do sofrimento não passaria de um fato completamente natural, suscetível de provocar sentimentos de felicidade e até de alegria, mas não de surpresa. Mas ele, vivendo enclausurado na mais profunda ignorância, tendo abdicado de sua capacidade de raciocínio, como um mecanismo inconsciente de defesa, numa tentativa desesperada de fugir de sua degradante existência, é incapaz de explicar essa mudança e só consegue constatá-la com surpresa.

É a ignorância gerando a surpresa. E nós, seres superiores, estaríamos completamente imunes a esse tipo de surpresa? Será que nenhum fato de maior importância poderia escapar a nossa insuperável capacidade de entendimento? Que tal um fato que todos tentam evitar, mas do qual ninguém conseguirá escapar? Que tal a morte? Não a do vizinho ou mesmo de um parente muito próximo, mas a nossa própria morte. Ou seriamos tão ignorantes sobre esse fato como qualquer vagabundo embrutecido?

Nós que fomos criados à imagem de Deus e recriamos Deus à nossa imagem. Nós que já andamos sobre a lua e pretendemos conquistar o universo! Nós que possuímos armas super potentes, capazes de destruir a Terra em poucos dias (apesar de não termos ainda os meios de reconstruí-la). Nós não poderíamos admitir que algum fato pudesse escapar ao nosso entendimento. Por isso, fizemos questão de explicar tudo, inclusive a morte que já foi amplamente estudada, e com um luxo impressionante de detalhes por todas as civilizações, religiões e filosofias que se sucederam desde o inicio da humanidade.

Longe de mim a pretensão de querer discutir sobre essas teorias. Gostaria apenas de relembrar as últimas palavras que foram atribuídas a Jesus no término da sua vida terrestre: “Eli, Eli lama sabbachtani?”, Essas quatro palavras foram traduzidas de diferentes maneiras, e essas traduções foram objeto de várias interpretações que geraram muitas polêmicas. Por isso, nem mencionarei os diversos sentidos atribuídos a elas. Limitar-me-ei a observar apenas o tom delas. E esse tom, na minha modesta opinião, parece ser de interrogação. Será que até o próprio filho de Deus, Ele que durante a sua vida respondeu a todas as perguntas, quando confrontado com a sua própria morte, como humano que ainda era, teria tido uma surpresa?

Vermeer – O GEÓGRAFO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada O Geógrafo é uma obra do conceituado pintor holandês Jan Vermeer. Depois dela, ele pintou “O Astrônomo” (figura menor). Os estudiosos supõem que ambas fazem par. O pintor nutria grande gosto por fazer retratos de cientistas. O Geógrafo faz parte dos três únicos quadros datados e assinados pelo artista. Os outros dois são “O Astrônomo” e “O Procurador”.

O modelo, um homem de meia idade, com seus cabelos longos, nariz reto e pontudo e lábios grossos, parece ser o mesmo nas duas pinturas, assim como muitos dos elementos presentes nos dois ambientes de O Geógrafo e de o “O Astrônomo”. Aqui, ele usa um robe japonês (quimono) de cor azul, tipo de vestuário que pode ser visto em muitas pinturas holandesas da daquele tempo.

O geógrafo, de frente para o observador, encontra-se usando uma longa túnica de estilo japonês, muito popular à época, o que leva à dedução de que se trata de alguém que lida com a investigação intelectual. Ele está rodeado por mapas, gráficos, livros e um globo terrestre. Segura na mão direita um compasso. Seu olhar dirige-se para fora do ambiente, como se estivesse a pensar, ou, se se encontrasse num momento de abstração. Uma cortina, à esquerda, recolhida, cobre parte do vidro da janela. O papel branco sobre a mesa pode se tratar de uma carta náutica, cujos desenhos e escritas foram se apagando com o tempo e com as restaurações constantes. Sobre o banquinho, ao lado esquerdo do geógrafo, está um pequeno objeto para medição.

A pintura apresenta duas assinaturas datadas, sendo uma no armário e outra na parede. Uma carta náutica, envolta por uma moldura preta, é vista na parede, às costas do geógrafo. Abaixo do quadro, está uma cadeira que traz seu estofamento decorado com motivos florais. Pode causar espanto ao observador o tapete oriental sobre a mesa. Acontece que, naquela época, eles eram muito populares nos Países Baixos e muito representados na pintura holandesa de interior, em razão de sua beleza decorativa e exótica. Contudo, dificilmente eram retratados no chão, como hoje, mas como coberturas de mesas.

Ao que consta, O Geógrafo e “O Astrônomo” são as duas únicas pinturas de Vermeer que trazem somente uma figura masculina como protagonista. Ambas as pinturas passaram por vários títulos no decorrer dos tempos.

Ficha técnica
Ano: c. 1668-1669
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 52 x 45,5 cm
Localização: Städelsches Kunstinstitut, Frankfurte, Alemanha

Fontes de pesquisa
Vermeer/ Taschen
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Geographer
http://www.essentialvermeer.com/cat_about/astronomer.html
http://www.essentialvermeer.com/catalogue/astronomer.html

Mit. – DÉDALO E ÍCARO AO FUGIR DA ILHA DE CRETA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Ainda que me barre o passo por terra e mar, eu ainda tenho o céu. Para ele, eu me encaminharei. Minos pode governar tudo, mas não é o senhor do ar. (Dédalo)

Certo pescador, que está pescando peixes com sua oscilante vara de pesca, ou um pastor, apoiado em seu bastão, ou um fazendeiro com o arado, contemplam-nos maravilhados, e pensam que se eles podem flutuar no éter devem ser imortais. (Ovídio)

Conta o mito grego que Dédalo, através de sua profissão de ferreiro, tornou-se um criativo inventor. Tinha com ele inúmeros aprendizes, mas um deles, Talos, observava o mestre com atenção desmedida, apesar de seus 12 anos. E foi assim que passou a criar coisas inimagináveis. Uma de suas primeiras invenções foi a serra, após observar a espinha dorsal de um peixe. Não demorou muito para que o garoto viesse a tornar-se muito famoso em Atenas, fato que despertou o ciúme de seu mestre.

Dédalo, irritado com a fama de Talos, levou-o à Acrópole, subindo no alto telhado do templo da deusa Atena e empurrando-o para baixo. Ainda que mentisse dizendo que o rapazinho havia tropeçado, ninguém acreditou nele, pois sua má fama corria longe. Como castigo ele foi enviado para o exílio na ilha de Creta, na corte do rei Minos. Para sua sorte, sua engenhosidade e habilidade como artesão levaram-no a ocupar ali um lugar de destaque.

Seu feito mais notório foi a construção de uma vaca de madeira a pedido da rainha que se encontrava apaixonada por um touro branco. E foi assim que, escondida dentro da vaca falsa, ela foi fecundada pelo touro. Dessa cúpula nasceu o Minotauro — monstro com corpo humano e cabeça de touro. Amedrontado, o rei Minos pediu a Dédalo que construisse um labirinto para aprisionar o monstro. Mas assim que o rei descobriu que o responsável por tudo fora o ferreiro, ao construir a vaca de madeira para sua esposa, aprisionou-o juntamente com seu filho no labirinto, como castigo. Todos os navios passaram a ser vigiados, para que a dupla não fugisse, caso conseguisse sair do labirinto, uma vez que a engenhosidade de Dédalo era impressionante.

Dédalo percebeu que sua fuga só podia acontecer através do ar. E assim pôs-se a construir dois pares de asas, um para si e outro para Ícaro. As penas maiores foram presas com corda e as menores com cera. Depois de tudo pronto, chamou o filho e deu-lhe todos os conselhos possíveis acerca do voo. Deveria voar à meia altura, distante da água e do sol. O pai saiu voando na frente, mas o entusiasmo de Ícaro fez com que ele perdesse a noção da realidade e viesse a esquecer-se das orientações recebidas. O moço com suas asas derretidas caiu no mar.

Segundo a lenda, Talos, ao ser empurrado para baixo foi salvo por Atena que o transformou numa perdiz. Esse pássaro, por se lembrar de seu passado, só voa perto do chão e bota seus ovos em arbustos. Ele assistiu à morte de Ícaro e no seu canto disse que Dédalo carregará sua culpa para sempre.

Nota: Dédalo e Ícaro tentando fugir da ilha de Creta – Mitologia Grega – A Queda de Ícaro, óleo sobre tela de J. P. Gowy a partir de um esboço de Rubens, século XVII

Fonte de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen

Courbet – O DESESPERO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Espero sempre ganhar a vida com minha arte, sem me desviar um milímetro de meus princípios, sem ter mentido à minha consciência nem por um único momento, sem pintar sequer o que pode se coberto pela palma de minha mão para agradar a alguém, ou para vender mais facilmente. (Gustave Courbet)

O artista francês Gustave Courbet foi um dos mais verdadeiros em sua arte. Entregou-se a ela inteiramente, comprometido com a sua verdade, sendo muitas vezes incompreendido, mas venerado após sua morte. É dele a composição denominada O Desespero, tida como uma de suas obras-primas. Trata-se de um autorretrato, que se encontra entre as 50 obras mais famosas do mundo. Ele foi um pintor realista, em desconformidade com os critérios do academicismo de seu tempo.

Em seu autorretrato, com o rosto quadrado em “close-up”, o pintor olha para o observador, em total estado de desespero, como se estivesse a pedir-lhe socorro. Ainda que se encontre nesse estado emotivo, ele se mostra belo, com seus grandes olhos escuros abertos, sobrancelhas grossas e bem feitas, testa contraída, bochechas coradas, que se contrapõem à palidez do rosto, bigode e barbichas negros, boca carnuda vermelha, entreaberta, e narinas dilatadas. A sua beleza ameniza o estado de desespero, sendo o observador incapaz de ignorá-la. As duas mãos sobre os cabelos escuros parecem querer arrancá-los. Os tendões das mãos e dos pulsos, assim como os do pescoço, mostram-se tensos, refletindo seu estado desesperador.

A fonte de luz, que despeja claridade sobre o retratado, vem de sua direita, como se estivesse a empurrá-lo para a frente. Ao invés de mostrar um retrato, tradicionalmente vertical, Courbet usa o formato de paisagem (retangular e horizontal), que cria um espaço maior para a abertura dos braços, envoltos por uma camisa branca, em seu gestual aflitivo.

Segundo os estudiosos de arte, Gustave Courbet era uma pessoa generosa e jovial, que tinha gosto pela vida. Mas também era melancólico e passava por momentos depressivos e de estafa. Courbet gostava tanto desse quadro, que o manteve ligado a si.

Ficha técnica
Ano: c. 1853-1855
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 45 x 54 cm
Localização: coleção particular

Fontes de pesquisa
http://www.idixa.net/Pixa/pagixa-0912171753.html
http://www.eternels-eclairs.fr/courbet-tableau-le-desespere.php
http://www.lelephant-larevue.fr/gustave-courbet-le-desespere-1844-1845/

Vermeer – O ASTRÔNOMO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada O Astrônomo é uma obra do conceituado pintor holandês Jan Vermeer. Antes dela, ele pintou “O Geógrafo” (figura menor). Os estudiosos supõem que ambas fazem par. O pintor nutria grande gosto por fazer retratos de cientistas. O Astrônomo faz parte dos três únicos quadros datados e assinados pelo artista. Os outros dois são “O Geógrafo” e “O Procurador”. Ao que consta, O Astrônomo e “O Geógrafo” são as duas únicas pinturas de Vermeer, conhecidas, que trazem somente uma figura masculina como protagonista. Ambas as pinturas receberam vários títulos no decorrer dos tempos.

O modelo, um homem de meia idade, com seus cabelos longos, nariz reto e pontudo e lábios grossos, parece ser o mesmo nas duas pinturas, assim como muitos dos elementos presentes nos dois ambientes de O Astrônomo e de “O Geógrafo”. Aqui, ele usa um robe japonês (quimono) de cor esverdeada, tipo de vestuário que pode ser visto em muitas pinturas holandesas da época. O cientista é visto de perfil, pelo observador, com a mão direita tocando o globo celeste, enquanto o observa fixamente, com o corpo reclinado para frente. Pode causar espanto ao leitor o tapete oriental sobre a mesa. Acontece que, naquela época, eles eram muito populares nos Países Baixos e muito representados na pintura holandesa de interior, em razão de sua beleza decorativa e exótica. Contudo, dificilmente eram retratados no chão, como hoje, mas como coberturas de mesas.

Embora o telescópio fosse o instrumento mais comum para identificar a astronomia, ela é representada na pintura por um globo celeste e pelo livro que se encontra aberto à mesa (Metiu’s Institutiones Astronomicae Geographicae), à frente do geógrafo. À época, os globos celestes eram sempre vendidos acompanhados de um terrestre, pois havia uma estreita relação entre a geografia e a astronomia. A janela fechada, com vidro colorido e decorado, joga luz no ambiente,  ainda que fraca, sobretudo sobre o astrônomo e seu globo celeste.

Na frente do armário de madeira está dependurado um gráfico. Pode se tratar de um planisfério, que traz dois discos rotativos que se ajustam, e, que tinha por finalidade indicar as estrelas a qualquer data e hora do dia. Na parede está um quadro envolto por uma moldura preta. Ele mostra Moisés, sendo encontrado em meio aos juncos. Esse personagem bíblico também foi tido como “o mais antigo dos geógrafos”, ao guiar os hebreus ao exílio. Sobre a mesa, próximo ao globo celeste, está um astrolábio. Também no armário, abaixo do suposto planisfério, encontra-se a assinatura do pintor e a data.

Na Segunda Guerra Mundial, após a invasão da França pela Alemanha, este quadro foi confiscado pelos nazistas. Nas suas costas foi pintada, com tinta preta, uma suástica nazista. Hitler, um pintor fracassado, pilhou diversas obras-primas europeias. Seu objetivo era construir um museu na sua cidade natal, Lins. O Astrônomo, de Vermeer, era uma das obras mais cobiçadas pelo louco ditador, assim como a “Arte da Pintura”, do mesmo artista. Terminada a guerra e com a vitória dos aliados, o quadro foi devolvido a seus verdadeiros donos e, posteriormente, adquirido pelo Estado francês, como pagamento de impostos.

Ficha técnica
Ano: c. 1668
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 51 x 45 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Vermeer/ Taschen
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Astronomer_(Vermeer)
http://www.essentialvermeer.com/cat_about/astronomer.html
http://www.essentialvermeer.com/catalogue/astronomer.html