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Autoria de Lu Dias Carvalho
Reza um provérbio russo que “O amor é um anel e um anel não tem fim”, no que está coberto de razão, pois o amor, se não é, deveria ser a mola que move a vida no planeta Terra. Sem ele a existência humana não terá nenhum sentido, ainda que alguns tolos pensem que o ato de viver concentre-se na acumulação de poder e riqueza, pois só “Onde semeia amor nasce alegria”, diz um provérbio conhecido em todo o mundo. Os tolos acabam partindo bem mais pobres do que chegaram ao mundo. Quando os provérbios referem-se ao amor, eles o fazem em três sentidos: o amor a Deus, o amor entre todos os homens e o amor entre duas pessoas, que deveriam se completar em todos os sentidos. Neste texto, daremos maior relevância ao último sentido.
Os provérbios são muito criativos ao abordar este tipo de amor. Eles estão presentes em todas as culturas e em todos os tempos, desde que o homem aprendeu a expressar seus sentimentos. Ora abordam sua brandura, companheirismo e generosidade, ora mencionam sua irracionalidade, engano, ciúme, desacertos e decepções. Talvez seja por isso que um provérbio húngaro ironiza: “Em sonhos e no amor nada é impossível”. É interessante também notar que em todas as culturas o primeiro amor parece deixar marcas indeléveis. Um provérbio árabe diz que “O primeiro amor é o único verdadeiro”, enquanto um português confirma que “Não há amor como o primeiro”. Um provérbio polonês, talvez querendo expressar a força dos sentimentos contida no primeiro amor, afirma: “O primeiro amor é como uma serpente: se não destrói, paralisa”.
Os provérbios confirmam que não é fácil a vida dos enamorados, pois muitas desventuras aguardam-nos. Um provérbio indiano avisa: “Há mil desditas num único amor”, portanto, não digamos que não fomos avisados. A paixão é responsável por um sofrimento ainda maior, uma vez que “Quem depressa se apaixona, depressa se separa”, vindo a sofrer grandes mágoas, já que “Um amor ardente e uma razão fria raras vezes andam juntos”. Um provérbio senegalês vai fundo na ferida: “Se as punhaladas de amor fossem uma doença das pernas, muitos coxeariam”, no que está coberto de razão.
O bom mesmo é levar a sério o provérbio romano que afirma: “Não há doença pior que o amor”, e tentar não cair em qualquer esparrela. Primeiro é necessário não ir com muita sede ao pote, e olhar com mais calma o que se esconde dentro dele. Muitas vezes, ao invés de água limpa, pode estar escondido um escorpião. O melhor a fazer é se afastar, pois “O que os olhos não veem o coração não sente”, reza um provérbio brasileiro. Sem se esquecer de que “O amor é cego, mas os vizinhos não”, como adverte o provérbio mexicano. Todo cuidado é pouco, para que não aconteça o que é apregoado pelo provérbio surinamês: “O amor cega os olhos e só a dor os abre”
Quem pensa que os provérbios não diminuem a mulher, quando se trata do amor, pegou o bonde errado, enquanto o homem passa como vítima. Ela jamais poderá tomar a dianteira, pois “Se um homem persegue uma mulher, acaba em casamento; se uma mulher persegue um homem, acaba em ruína”, já que “A galinha não deve cacarejar”, ou “O cavalo não pode vender a si próprio”. Mas ela é também muito poderosa, pois, “Nem mesmo Deus pode segurar uma mulher apaixonada” e “Quando uma mulher quer uma coisa, pode enganar mais de cem homens”, pois “A mulher encontra o amante mesmo que ele esteja fechado num baú”. A vítima deve estar ciente de que “O coração feminino é tão instável como a água que escorre numa pétala de lótus“.
A mulher também é vista como interesseira, ao contrário do homem. Ela não se preocupa com o amor, mas com o dinheiro e a vida boa que o enamorado pode lhe proporcionar. Sendo assim “Mostra o dinheiro e a mulher aparece“, diz um provérbio árabe, enquanto um espanhol afirma que “Na guerra e no amor o dinheiro é o vencedor“. E um indiano, muito filosófico, afirma: “Se lhes deres comida, belos presentes e amor, as mulheres ficam mansas“. Mas um provérbio russo afirma que “Sem a mulher, as flores não florescem e os botões não desabrocham“.
Nos dias de hoje, o amor romântico anda cada vez mais escasso. A mulher já não tem como objetivo o casamento, e não mais se contenta em ser apenas dona de casa. Ela estuda, sai, trabalha fora e contribui com o rendimento familiar. Os laços mais fortes do amor passaram a ser o companheirismo e o respeito às diferenças.
Fontes de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel
Nota: Imagem copiada de gartic.uol.com.br
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