RANKING 100 MELHORES FILMES DÉCADA / 80

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Autoria de Moacyr Praxedes

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Vários amantes do Cinema fizeram uma lista dos melhores filmes da década de 1980, dando-lhes uma nota de 1 a 10. Abaixo a lista dos 100 primeiros colocados, conforme publicação do site Melhores Filmes:

Ranking / Filme / Diretor

1º – Touro Indomável  (Martin Scorsese)
2º – Fanny & Alexander  (Ingmar Bergman)
3º – Amadeus  (Milos Forman)
4º – Ran  (Akira Kurosawa)
5º – Blade Runner, o Caçador de Andróides  (Ridley Scott)
6º – ET – O Extraterrestre  (Steven Spielberg)
7º – Era uma Vez na América  (Sergio Leone)
8º – Os Caçadores da Arca Perdida  (Steven Spielberg)
9º – Asas do Desejo  (Wim Wenders)
10º – O Decálogo  (Krzysztof Kieslowski)
11º – Shoah  (Claude Lanzmann)
12º – Gandhi  (Richard Attenborough)
13º – Guerra nas Estrelas: Episódio 5 – O Império Contra-Ataca  (Irvin Kershner)
14º – Berlin Alexanderplatz  (Rainer Werner Fassbinder)
15º – O Iluminado  (Stanley Kubrick)
16º – Tootsie  (Sydney Pollack)
17º – Platoon  (Oliver Stone)
18º – Breaker Morant  (Bruce Beresford)
19º – Jean de Florette  (Claude Berri)
20º – Hannah e Suas Irmãs  (Woody Allen)
21º – O Reencontro  (Lawrence Kasdan)
22º – A Vingança de Manon  (Claude Berri)
23º – Os Intocáveis  (Brian De Palma)
24º – Aliens – O Resgate  (James Cameron)
25º – Meu Tio na América  (Alain Resnais)
26º – O Homem Elefante  (David Lynch)
27º – A Cidade das Tristezas  (Hou Hsiao-Hsien)
28º – Adeus Meninos  (Louis Malle)
29º – Lola  (Rainer Werner Fassbinder)
30º – Crimes e Pecados  (Woody Allen)
31º – O Dinheiro  (Robert Bresson)
32º – Os Eleitos  (Philip Kaufman)
33º – O Barco – Inferno no Mar  (Wolfgang Petersen)
34º – Guerra nas Estrelas: Episódio 6 – O Retorno de Jedi  (Richard Marquand)
35º – Cinema Paradiso  (Giuseppe Tornatore)
36º – Henrique V  (Kenneth Branagh)
37º – Fitzcarraldo  (Werner Herzog)
38º – Os Gritos do Silêncio  (Roland Joffé)
39º – Meu Pé Esquerdo  (Jim Sheridan)
40º – Carruagens de Fogo  (Hugh Hudson)
41º – De Volta para o Futuro  (Robert Zemeckis)
42º – Rain Man  (Barry Levinson)
43º – Brazil – O Filme  (Terry Gilliam)
44º – A Noite de São Lourenzo  (Paolo Taviani)
45º – A Festa de Babette  (Gabriel Axel)
46º – Uma Janela para o Amor  (James Ivory)
47º – Tampopo – Os Brutos Também Comem Spaghetti  (Juzo Itami)
48º – Ligações Perigosas  (Stephen Frears)
49º – Atlantic City  (Louis Malle)
50º – Apertem os Cintos! O Piloto Sumiu  (David Zucker)
51º – Veludo Azul  (David Lynch)
52º – Duro de Matar  (John McTiernan)
53º – Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos  (Pedro Almodóvar)
54º – Pixote, a Lei do Mais Fraco  (Hector Babenco)
55º – O Fiel Camareiro  (Peter Yates)
56º – A Mocinha da Fábrica de Fósforos  (Aki Kaurismäki)
57º – Minha Vida de Cachorro  (Lasse Hallström)
58º – O Exterminador do Futuro  (James Cameron)
59º – Paisagem na Neblina  (Theo Angelopoulos)
60º – O Último Imperador  (Bernardo Bertolucci)
61º – Um Tempo para Viver, um Tempo para Morrer  (Hou Hsiao-Hsien)
62º – Um Sonho de Domingo  (Bertrand Tavernier)
63º – Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios  (Emir Kusturica)
64º – Faça a Coisa Certa  (Spike Lee)
65º – Esperança e Glória  (John Boorman)
66º – Desaparecido  (Costa-Gavras)
67º – Um Assunto de Mulheres  (Claude Chabrol)
68º – Gente como a Gente  (Robert Redford)
69º – A Rosa Púrpura do Cairo  (Woody Allen)
70º – Pelle, o Conquistador  (Bille August)
71º – Gallipoli  (Peter Weir)
72º – Danton, o Processo da Revolução  (Andrzej Wajda)
73º – Meu Vizinho Totoro  (Hayao Miyazaki)
74º – Daunbailó  (Jim Jarmusch)
75º – Momento Inesquecível  (Bill Forsyth)
76º – Nascido para Matar  (Stanley Kubrick)
77º – Hotel Terminus  (Marcel Ophüls)
78º – Caçada na Noite  (John Mackenzie)
79º – O Raio Verde  (Eric Rohmer)
80º – The Times of Harvey Milk  (Rob Epstein)
81º – Entre Nous  (Diane Kurys)
82º – A Escolha de Sofia  (Alan J. Pakula)
83º – O Último Metrô  (François Truffaut)
84º – Na Linha da Morte  (Errol Morris)
85º – Asas da Liberdade  (Alan Parker)
86º – Salaam Bombay!  (Mira Nair)
87º – Por Volta da Meia-Noite  (Bertrand Tavernier)
88º – Harry & Sally – Feitos um para o Outro  (Rob Reiner)
89º – Jornada nas Estrelas II – A Ira de Kahn  (Nicholas Meyer)
90º – Kagemusha, a Sombra do Samurai  (Akira Kurosawa)
91º – Um Peixe Chamado Wanda  (Charles Crichton)
92º – Sans Soleil  (Chris Marker)
93º – A Testemunha  (Peter Weir)
94º – Gêmeos, Mórbida Semelhança  (David Cronenberg)
95º – El Norte  (Gregory Nava)
96º – Conduzindo Miss Daisy  (Bruce Beresford)
97º – Poltergeist  (Tobe Hooper)
98º – A Vida e Nada Mais  (Bertrand Tavernier)
99º – Stop Making Sense  (Jonathan Demme)
100º – Onde É a Casa do Meu Amigo?  (Abbas Kiarostami)

Fonte de pesquisa:
http://melhoresfilmes.com.br/decadas/1980

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Ticiano – BACO E ARIADNE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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              (Clique nas gravuras para ampliá-las.)

Ticiano era famoso por captar momentos cheios de intensidade psicológica, como acontece nesta obra. Ele foi o mestre renascentista da cor, e o brilho intenso desde quadro reflete seu tema apaixonado. (Robert Cumming)

Esta composição que conta a história mitológica de um grande amor foi encomendada a Ticiano pelo duque de Ferrara — Afonso d`Este — e fazia parte de um grupo de pinturas que tinha por finalidade decorar a sua casa de campo. O quadro trata de um tema mitológico: o encontro entre Ariadne — filha do rei Minos de Creta — e Baco, o deus do vinho, seguido de seu barulhento séquito de beberrões.

Ticiano pinta o exato momento em que Baco encontra Ariadne pela primeira vez, ficando os dois intensamente apaixonados. Ela fora deixada na praia por Teseu, enquanto dormia. O movimento toma conta de toda a tela: Baco saltando com seu manto flutuante; Ariadne indicando o mar onde navega a embarcação do amante traidor; os seguidores do deus do vinho tocando instrumentos musicais e dançando; o céu cheio de nuvens flutuantes, etc.

À primeira vista o grande número de personagens dispostos na tela pode levar o observador a pensar que o artista não foi cuidadoso com a sua composição, não se preocupando com a disposição dos mesmos. O que não é verdade, pois, se traçarmos duas diagonais na tela, observaremos que a mão direita de Baco está praticamente no centro do quadro, enquanto seus companheiros situam-se logo abaixo, na parte inferior  do retângulo, à direita da composição, enquanto Ariadne encontra-se sozinha no vértice do triângulo esquerdo.

Baco e Ariadne, o casal romântico da composição, estão inseridos no retângulo esquerdo do quadro. Embora Baco tenha os pés próximos de seus amigos, traz o coração e a cabeça próximos à amada. A sua figura é o ponto focal da composição, atraindo para si o olhar imediato do observador.

Baco, deus grego romano, é jovem e forte, e traz folhas de louro e videira nos cabelos, o que torna fácil a sua identificação. O manto rosa esvoaçante assemelha-se a um par de asas. Seu rosto demonstra grande surpresa e encantamento, mostrando-se imobilizado ao cravar os olhos na moça. Existe a sensação de que ele está saltando em direção a ela.

Ariadne é também bela e forte. Usa um manto azul drapeado, com uma faixa vermelha que lhe cinge o corpo e se arrasta pelo chão. A torção de seu corpo e a mão erguida demonstram que ela fitava o mar, mas virou a cabeça, surpresa, para olhar o deus romano. O manto rosa com que o deus do vinho cobre a sua nudez contrasta-se admiravelmente com a faixa vermelha usada por ela, e que chama para si a atenção do observador. O rosto de Ariadne demonstra medo e interesse simultaneamente.

A visível emoção presente no rosto de Ariadne e de Baco destaca-se no azul do céu, comprovando a dramaticidade do momento. Os dois guepardos, responsáveis por conduzir o carro de Baco, também se olham com intensidade (Ticiano substituiu os leopardos tradicionais por guepardos). No chão encontra-se uma urna que brilha ao sol, sobre o manto amarelo de Ariadne e onde se pode ler a assinatura do pintor (Ticianus F).

No centro da composição um jovenzinho sátiro (metade homem e metade bode) puxa a cabeça de um bezerro e dirige o seu olhar para o observador, como se estivesse a convidá-lo para se agregar ao grupo. É o único a olhar para fora da tela, visto na composição. Entre o sátiro e a cabeça do bezerro encontra-se uma flor de alcaparra, que é tradicionalmente tida como o símbolo do amor. No primeiro plano, próximo ao pequeno sátiro, um cachorrinho late para o grupo.

Um personagem musculoso, Leocoonte, encontra-se enlaçado por uma serpente que ele tenta dominar. Atrás dele encontra-se um personagem embriagado, empunhado na mão direita a perna de um bezerro, enquanto traz na esquerda um enorme cajado enfeitado com folhas de videira. Usa também uma coroa e cintos de videira.

No grupo de Baco encontram-se duas bacantes. A que se encontra mais próxima ao deus do vinho toca címbalos. Observem que ela tem a mesma pose de Ariadne. Uma segunda bacante toca um pandeiro e dirige seu olhar perdido ao personagem embriagado. Uma terceira mulher, postada ao lado direito do burro, toca uma corneta.

O homem idoso e gordo montado no burro e sustentado por outro é Sileno, pai adotivo de Baco e também chefe dos sátiros. O céu contém várias nuvens e oito estrelas que representam a coroa de Ariadne que foi lançada ao céu por Baco e transformada numa constelação.

Bem à direita da composição um personagem leva nos ombros um barril de vinho, lembrando a postura do mitológico Atlas. Ao fundo, à esquerda de Ariadne, está o barco de Teseu (amante da moça) que se afasta no horizonte. Ela traz o braço direito estendido em direção à embarcação. A pintura é magistralmente colorida, com predominância do azul ultramar presente no céu, nas montanhas, nas vestes de Ariadne e da mulher que toca címbalos.

Curiosidade:
Segundo a lenda, Ariadne foi abandonada por Teseu, a quem ajudou matar o Minotauro e a se safar do Labirinto onde vivia o monstro, ao dar-lhe um novelo com linha vermelha. Contudo, Teseu deixou-a sozinha nas praias gregas de Naxos, enquanto dormia. Mas ela acabou por encontrar Baco que por ali passava com o seu séquito. O amor entre os dois aflorou imediatamente. Ele lhe prometeu o céu, caso ela aceitasse se casar com ele. Após a sua resposta afirmativa, Baco pegou a coroa dela e a lançou para o céu. Imediatamente a coroa se transformou numa constelação.

Ficha técnica:
Data: 1520 -1523
Tipo: óleo sobre tela
Dimensões: 176 x 191 cm
Localização: National Gallery, Londres, Reino Unido

Fonte de pesquisa:
Arte em detalhes/ Robert Cumming
Isto é arte/ Sextante
Grandes pinturas/ Publifolha

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Vidas Secas – À SOMBRA DOS JUAZEIROS (3)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

cap baleia

Fabiano parecia o mártir da amargura.
Seus calcanhares trincados sangravam.
A embira das chinelas rasgava os dedos,
fazendo fundas e doídas rachaduras.

Acolá, viu o laivo dos juazeiros distantes,
porto de esperança pra ele e sua família.
Botou de lado a canseira e os ferimentos,
aligeirou o andar e esqueceu a fome.

Na dianteira da rota, viu um canto de cerca.
A família abandonou a margem do rio seco,
encarapitou na ladeira, beirando o cercado,
até chegar à sombra dos juazeiros.

Os guris arriaram-se como trouxas no chão;
Sinha Vitória encobriu-os com seus farrapos.
A cachorra Baleia enroscou-se com o maior,
e a sombra amainou a braba expiação.

Tudo ao redor estava morto pela estiagem.
Uma fazenda sem vida em total abandono:
casa, curral, pátio e o chiqueiro de cabras,
tudo arruinado, vazio e sem o dono.

O azulado do céu cegava  e endoidecia.
Sua tampa anilada baixava e escurecia,
só quebrada pelo vermelhão do poente,
e isso entrava noite e saía dia.

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A IMPORTÂNCIA DAS FONTES TERMAIS

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

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Estive recentemente em um balneário termal, no Estado de Goiás e, com curiosidade pude observar uma grande concentração de idosos, em número bem superior ao de crianças, jovens e adultos. Sabemos que na terceira idade as doenças crônicas como hipertensão arterial, artrites e artroses, problemas na coluna, entre outras, são bem mais prevalecentes. Essas pessoas lá estariam para tratar destes e outros males? Claro que não!

Saí fazendo uma enquete. Uma dúvida me veio à cabeça: a procura pelos balneários tem uma real função terapêutica ou seria pura crendice das pessoas? Fui atrás do tema, seus conceitos, histórico e conclusões.

“Termalismo é o conjunto de atividades terapêuticas desenvolvidas no espaço de um estabelecimento balneário e que tem como agente terapêutico as águas termais, com propriedades físico-químicas distintas das águas comuns”.

Foram encontradas citações do uso dessas águas termais desde a Antiguidade, entre os turcos e gregos, mas foi o povo romano que as popularizou como fonte de cura e descanso. No século XIX, desenvolveu-se na França o termalismo, com a criação de uma especialidade chamada hidrologia médica ou crenologia, que teria a função de pesquisar e desenvolver métodos de tratamento com as águas termais.

As primeiras fontes termais de que se tem notícia no país são as localizadas em Goiás e Minas Gerais, com a utilização de suas águas para fins medicinais. No Brasil, a primeira de várias teses sobre este tema foi defendida na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, por coincidência, onde me graduei como médico. Já se falava sobre as potencialidades terapêuticas das águas termais. Porém, com a descoberta de novos medicamentos, avanço tecnológico e por um mecanismo de ação terapêutico pouco preciso das águas, diminuiu-se de forma substancial, no Brasil, a prática do termalismo.

Benefícios

O mecanismo de ação ainda não está claro, mas considera-se que a melhora do paciente se baseie na vasodilatação periférica através da imersão em águas termais, restabelecendo o equilíbrio químico e mineral, tendo ação sedativa e melhorando a função cardiovascular. Confere também melhoria no peristaltismo intestinal, na função hepática com maior secreção de bile e da função renal.

Pelo que se observa na história do termalismo, existe uma relação entre turismo e prática terapêutica. No Brasil, esta relação é bem nítida, ao contrário de Portugal, onde, em várias instâncias balneárias, a pessoa vai com uma indicação, ou seja, vai com uma prescrição médica para tratamento de uma determinada patologia. O turismo de saúde, no qual se integra o termalismo, vem mudando de rumo procurando não só tratar as doenças, mas também preveni-las.

Ainda faltam dados científicos consistentes sobre a eficácia do termalismo, porém, com base nos relatos de satisfação, bem-estar e melhora subjetiva de vários pacientes que frequentam esses balneários, pode-se ter na prática termal uma aliada para o alívio de várias patologias médicas, em especial nas doenças reumatológicas, com melhora da qualidade de vida destes pacientes.

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Ticiano – A VÊNUS DE URBINO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Sandro Botticelli pintou o Nascimento de Vênus, uma das mais belas Vênus nuas do Renascimento florentino. Giorgione foi o primeiro a mostrar uma Vênus dormindo no campo. Ticiano transpôs a cena da natureza para uma casa. Ele a pega da natureza e a introduz em um contexto humano. A deusa foi transformada em mulher, consciente de seus encantos. Ticiano liberta o nu dos tópicos da figura mítica. (Rose-Marie & Rainer Hagen)

“Talvez Ticiano quisesse mostrar que a divisão generalizada das mulheres em duas categorias, esposas respeitáveis e servas do amor, não era definitiva e também se podia descobrir o prazer sensual no casamento” (Rose-Marie & Rainer Hagen)

Guidobaldo della  Rovere, filho do duque de Urbino, encomendou a Ticiano um retrato seu e  o da “senhora despida”, ou seja, A Vênus de Urbino. Na época ele tinha completado 25 anos e o pintor, que teria o dobro da idade do rapaz, era o artista mais apreciado do sul da Europa. Entre seus clientes encontravam-se conventos, igrejas, ricos comerciantes, príncipes e o imperador Carlos V. O futuro duque de Urbino conheceu Ticiano, provavelmente através de seu pai, Francesco Maria I della Rovere, que era um apaixonado por quadros e ambientes cultos e intelectuais, tendo encomendado várias obras a Ticiano. De modo que, após a morte do pai, Guiobaldo tornou-se o Duque de Urbino e continuou a encomendar obras ao pintor.

Algumas suposições existem acerca da personagem retratada em A Vênus de Urbino. Seria ela:

  • a amante de Guiobaldo, futuro Duque de Urbino, à época;
  • a própria amante do pintor;
  • a mitológica Vênus (mas falta-lhe os atributos, como o Cupido);
  • Eleonora Gonzaga, mãe de Guiobaldo, pois tanto na pintura em que foi retratada, como na jovem desnuda estava presente o mesmo cãozinho enrodilhado.

O fato é que nenhuma dessas hipóteses ficou provada. E mais longínqua ainda é a ideia de que fosse Eleonora Gonzaga, pois à mulher casada daquela época, vivendo em boas condições, cabia apenas dirigir a casa, assegurar a descendência, preservar a honra do marido e acompanhá-lo nas cerimônias oficiais. Ela jamais posaria nua, pois seu corpo pertencia apenas ao esposo, jamais exalaria luxúria como vista na pintura. Além disso, a Igreja, grande inimiga do corpo feminino, estava sempre a postos.

A possibilidade de que Ticiano tivesse representado Vênus, a deusa romana da beleza e do amor, também é improvável, embora se encontrem na composição dois atributos da deusa: as rosas e o vaso com murta. O que torna questionável tal representação é a presença das duas criadas. Somente a presença do filho Cupido tornaria a identificação inquestionável. Portanto, a maioria dos especialistas no assunto chegou à conclusão de que se trata de uma figura humana.

O corpo da jovem desnuda representa o ideal de beleza e gostos eróticos do Renascimento pleno. Ela se encontra totalmente nua, tendo no corpo apenas brincos, uma pulseira no braço direito e um anel no dedo mindinho da mão esquerda. Traz na mão direita um buquê de rosas vermelhas que sempre foram tidas como um atributo a Vênus. As rosas também são o símbolo do prazer e da fidelidade no amor. Ela encara o observador com naturalidade, olhando diretamente para ele. Reina calma e ordem no ambiente.

O cabelo cacheado e dourado enfeita-lhe o rosto, cujos olhos dirigem-se para o observador com certa indiferença. Seu cabelo suaviza suas feições, caindo abundantemente sobre seus ombros e travesseiros. Uma trança cinge-lhe o meio da cabeça. O seu ombro direito é mais acentuado (o ideal feminino da Renascença baseava-se num tipo mais corpulento). Os seios pequenos, redondos e rígidos também eram um ideal da beleza feminina, significando que eles ainda não haviam atingido a maturidade. A beleza da pele da figura é um espetáculo à parte, deixando o observador totalmente extasiado. Para pintar a pele da Vênus de Urbino, Ticiano empregou o branco perolado nas áreas claras, banhadas pela luz e o tom rosado nas áreas sombreadas, que aparecem em pouquíssimas partes do corpo.

A jovem não tem cintura fina, pois tal característica não era aceita naquela época. Sua barriga, ligeiramente arredondada, permanece como o centro do corpo e o símbolo da fertilidade e da reprodução. Se comparada com o modelo de beleza das modelos atuais, todas as mulheres seriam estéreis com suas barrigas planas. A mulher é retratada como costumava dormir. Sua nudez é destacada pela presença em segundo plano de duas criadas rigorosamente vestidas. Estariam elas pegando as roupas para vestir sua patroa? Alguns estudiosos sugerem que as criadas estão executando os preparativos para as núpcias de sua senhora e, portanto, o quadro seria uma alegoria ao amor marital.

A cortina verde-escuro que desce sobre a divisória do quarto destaca o rosto esplendoroso da modelo, equilibrando-se com os tons claros dos travesseiros e lençóis.  A cor vermelha vista no buquê de rosas, no vestido de uma das criadas e no colchão dá mais vivacidade à composição. Ao fundo, uma criada, usando mangas bufantes, mexe num baú de roupas. O quarto e o mobiliário são característicos da época. O pintor dá destaque à cama e às arcas, pois eram os móveis mais importantes do quarto, muitas vezes os únicos. O cãozinho sobre a cama simboliza o amor carnal, mas também a fidelidade. E no peitoril da janela, um vaso com murta indica a constância no casamento.

A ornamentação vista na parede, por detrás da criada de pé, tanto pode ser uma tapeçaria como um ornamento de couro. Embora as janelas à época fossem pequenas, Ticiano apresenta um grande vão em sua pintura, o que nos leva a supor que se tratava de uma residência de verão. Existem muitos detalhes no quadro que são bem fiéis à realidade, embora outros não o sejam. Exemplo disso é a sombra apenas esboçada de um galho na superfície escura da divisória. E esta superfície, além de destacar o corpo alvo da moça, traz equilíbrio às duas partes do quadro. Sua borda direita corta a pintura ao meio e acaba abaixo da mão esquerda da jovem, destacando seu monte de Vênus que ela esconde delicadamente.

Como vimos no texto anterior, Ticiano foi assistente no início de sua carreira do mestre Giorgione. A sua Vênus de Urbino tem muita semelhança com a Vênus Adormecida de seu antigo mestre. Mas, excetuando a modelo nu, crê-se hoje em dia que Ticiano trabalhou e acabou grande parte daquele quadro. O quadro de Ticiano apresenta muito mais do que apenas os atributos de Vênus.

A composição de Ticiano, Vênus de Urbino, a mais célebre de suas pinturas, é tida como um dos mais esplêndidos exemplos do nu, encontrados na pintura universal, onde serenidade e sensualidade convivem harmoniosamente. Atualmente a pintura é vista pela maioria dos críticos de arte  como uma alegoria ao amor conjugal e à fidelidade, tomando por base o cãozinho dormindo na cama e as duas criadas ao fundo, sendo que as duas arcas podem ser uma alusão ao enxoval da noiva.

Ficha técnica da obra:
Artista: Ticiano
Data: 1538
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 119 x 165 cm
Localização: Galleria degli Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Ticiano/ Taschen

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Vidas Secas – BALEIA E A MORTE DO PAPAGAIO (2)

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Autoria de Lu Dias Carvalho
cap baleia

Sem o guri, a cachorra Baleia segue à frente,
encurvada, costelas à mostra, língua de fora.
Vez ou outra interrompe, esperando o grupo
retardado sob a capa do sol fremente.

Baleia nem mais dá conta dos seis viventes:
Sinha Vitória, Fabiano, o menino de colo, ela,
o outro garoto maiorzinho, seu companheiro,
e o papagaio morto na areia do rio quente.

A esgana apertara e inda nem sinal de comida
pra desgraçada família dos famintos retirantes.
Baleia comera pés e ossos do estimado amigo,
mas nenhum lembramento trazia disso.

Baleia apenas sentia uma confusa lembrança,
ao lançar seu olhar cansado nos pertences, e
não ver a miúda gaiola sobre o baú de folhas,
onde a ave equilibrava naquela andança.

Depois da parada, a família emudeceu de vez.
O papagaio pelo menos alegrava a caminhada.
Aboiava, tangendo gado sem vivência, gritava,
e arremedava Baleia na rispidez da marcha.

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