A NOVA GRAMÁTICA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A briga entre aqueles que defendem o português culto que deve ser ensinado nas escolas e o português oral, cheio de erros e gírias, falado cotidianamente, continua na trama da língua portuguesa, hoje chamada de brasileira por muitos.

O linguista Ataliba de Castilho acaba de lançar A Nova Gramática do Português Brasileiro, onde não entra regência verbal ou análise sintática. Contudo, ele mostra a importância de se ensinar os verbos tafalano, sisquecer, etc. Sugere que o mais-que-perfeito do indicativo, que ninguém fala ou escreve, sofra uma mudança, como por exemplo, em vez de andara, deveria ser usado eu tinha andado, comum em todas as partes do país. Ou seja, deve siscrevê como sifala.

A gramática de Ataliba de Castilho propõe que a língua falada deva estar de acordo com a escrita, pondo de lado as regras e as exceções, de modo que não exista nem o certo e nem o errado. O importante é que a comunicação aconteça. Assim, como há distintos modos de escrever ou falar, dependendo da pessoa com quem nos comunicamos, ele acha que devemos ser bilíngues ou trilíngues dentro de nosso próprio idioma. Cada forma em seu contexto, pensa ele. O linguista acha ainda que, em 200 anos, portugueses e brasileiros não mais se entenderão, pois existem diferenças verbais, morfológicas e sintáticas enormes, entre os dois países. E, como somos mais pessoas a falar o português, o Brasil terá preponderância sobre a língua.

Não resta a menor dúvida de que a língua é dinâmica. E é exatamente por isso que se torna necessário termos uma base firme, para qual possamos voltar sempre. Caso contrário, a língua será mudada a cada geração e, ao final, estaremos falando um idioma totalmente desconhecido, ou muitos dialetos. Acredito que as boas gramáticas funcionam como um poço de água limpa, para que os povos não percam a identidade com a língua de seu país,  com o passar dos anos.

O linguista acima diz que falamos “tafalano”, “ceisvão”, “As pessoa”, “viagi”, “Hoje tem aula”, “Isto é para mim fazer”, por exemplo. E que tais mudanças deveriam ser agregadas à língua escrita. É fato que muitos falam assim, principalmente as classes mais pobres, que não tiveram acesso aos bancos escolares. Mas, se aceitas tais mudanças, outras virão. Basta pegarmos o “vosmicê”, você, “ocê”, “cê”, para vermos que a idéia proposta pelo famoso linguista não é tão viável assim. A língua passaria a ser refém de cada época, perdendo a sua unidade e a sua identidade. Chegaria um tempo em que não nos entenderíamos, num vasto país como o nosso.

Para os jovens “doido/sinistro/da hora/demais” significam “bonito/ charmoso/muito bom”. E que “véio” significa “irmão”. Tudo bem, essa é a linguagem incorporada por eles como grupo. Mas todos entendem o significado da palavra “bonita” ou “irmão”. Caso contrário, cada grupo teria uma língua própria. A língua nacional perderia o seu fator agregador, apesar das diferenças geográficas, socioculturais e individuais. Penso eu que a exclusão e o preconceito seriam ainda maiores.

Para mim, o trabalho do linguista Ataliba é importante como ajuda no ensino da língua portuguesa, mostrando aos educadores onde residem os erros mais comuns, para que os professores possam melhor trabalhá-los, mas usá-lo como base para se ensinar português é um desserviço ao idioma pátrio.

Afastados da língua portuguesa falada em Portugal já estamos há muito tempo. A começar pela pronúncia das palavras e entonação da voz. O país lusitano está tornando a língua portuguesa cada vez mais consonantal, enquanto a nossa é cada vez mais vocálica. Tanto é que, segundo alguns turistas estrangeiros, o português falado no Brasil é açucarado, romântico e sensual, bem diferente do falado em Portugal, que é bastante áspero.

Sabemos que as línguas neolatinas (derivadas do latim), como o português, o francês, o espanhol, o italiano, etc., são vocálicas, enquanto certas línguas, como o alemão, o inglês, etc., são consonantais. O português falado em Portugal tem eliminado as vogais na linguagem oral.

Fico imaginando, se a proposta do linguista Ataliba de Castilho pega e passamos a considerar correto o “gerundismo” cultuado pelos operadores de marketing:

– Nós vamos estar oferecendo mais vantagens…

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RANKING DOS 100 MELHORES FILMES / MUSICAL

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Autoria de Moacyr Praxedes

canchuVários amantes do Cinema escolheram os melhores filmes de todos os tempos do gênero Musical, dando-lhes uma nota de 1 a 10. E assim surgiu o Ranking dos Melhores Filmes de Musical de Todos os Tempos, conforme explica o blog Melhores Filmes.

Para chegar a esta lista de filmes, foi realizada uma pesquisa minuciosa com livros de cinema, em sites e revistas internacionais especializadas, e levou-se em consideração também a premiação em festivais e críticas em importantes veículos mundiais. A cada filme, foi atribuída uma nota, de acordo com a média formulada a partir da pesquisa inicial e do peso que cada obra contém na história do cinema mundial. (http://melhoresfilmes.com.br/generos/musical)

Ranking / Filme / Diretor

1º – Cantando na Chuva  (Stanley Donen)
2º – Amadeus  (Milos Forman)
3º – O Mágico de Oz  (Victor Fleming)
4º – Nashville  (Robert Altman)
5º – Amor, Sublime Amor  (Robert Wise)
6º – A Nós a Liberdade  (René Clair)
7º – A Noviça Rebelde  (Robert Wise)
8º – Branca de Neve e os Sete Anões  (Walt Disney)
9º – Diabo a Quatro  (Leo McCarey)
10º – Minha Querida Dama  (George Cukor)
11º – O Pianista  (Roman Polanski)
12º – Os Sapatinhos Vermelhos  (Michael Powell)
13º – Sinfonia de Paris  (Vincente Minnelli)
14º – Ama-me Esta Noite  (Rouben Mamoulian)
15º – O Milhão  (René Clair)
16º – Cabaret  (Bob Fosse)
17º – Fantasia  (James Algar)
18º – Sob os Tetos de Paris  (René Clair)
19º – O Picolino  (Mark Sandrich)
20º – O Anjo Azul  (Josef von Sternberg)
21º – A Canção da Vitória  (Michael Curtiz)
22º – Pinóquio  (Hamilton Luske)
23º – Uma Noite na Ópera  (Sam Wood)
24º – Nasce uma Estrela  (George Cukor)
25º – Agora Seremos Felizes  (Vincente Minnelli)
26º – Woodstock – 3 Dias de Paz, Amor e Música  (Michael Wadleigh)
27º – Rua 42  (Lloyd Bacon)
28º – Os Guarda-Chuvas do Amor  (Jacques Demy)
29º – A Roda da Fortuna  (Vincente Minnelli)
30º – Oliver!  (Carol Reed)
31º – Pyaasa  (Guru Dutt)
32º – Belezas em Revista  (Lloyd Bacon)
33º – Os Reis do Iê-Iê-Iê-Iê  (Richard Lester)
34º – Cada um Vive como Quer  (Bob Rafelson)
35º – Uma Mulher É uma Mulher  (Jean-Luc Godard)
36º – O Cantor de Jazz  (Alan Crosland)
37º – Por Volta da Meia-Noite  (Bertrand Tavernier)
38º – Dançando no Escuro  (Lars Von Trier)
39º – Uma Hora Contigo  (Ernst Lubitsch)
40º – Um Dia em Nova York  (Stanley Donen)
41º – Caçadoras de Ouro  (Mervyn LeRoy)
42º – Stop Making Sense  (Jonathan Demme)
43º – Um Coração no Inverno  (Claude Sautet)
44º – Bonita como Nunca  (William A. Seiter)
45º – Sete Noivas para Sete Irmãos  (Stanley Donen)
46º – Buena Vista Social Club  (Wim Wenders)
47º – A Caminho do Leste  (D.A. Pennebaker)
48º – O Último Concerto de Rock  (Martin Scorsese)
49º – A Alegre Divorciada  (Mark Sandrich)
50º – Shine – Brilhante  (Scott Hicks)
51º – Gigi  (Vincente Minnelli)
52º – A Bela e a Fera  (Gary Trousdale)
53º – Paper Flowers  (Guru Dutt)
54º – Porgy e Bess  (Otto Preminger)
55º – O Violino Vermelho  (François Girard)
56º – O Rei Leão  (Rob Minkoff)
57º – Heima  (Dean DeBlois)
58º – Retratos da Vida  (Claude Lelouch)
59º – A Viúva Alegre  (Ernst Lubitsch)
60º – A Festa Nunca Termina  (Michael Winterbottom)
61º – O Show Deve Continuar  (Bob Fosse)
62º – Sonata de Outono  (Ingmar Bergman)
63º – Um Homem de Sorte  (Lindsay Anderson)
64º – Never Give a Sucker an Even Break  (Edward F. Cline)
65º – Victor ou Vitória  (Blake Edwards)
66º – Alta Fidelidade  (Stephen Frears)
67º – A Flauta Mágica  (Ingmar Bergman)
68º – Vendedor de Ilusões  (Morton Da Costa)
69º – Carmen  (Carlos Saura)
70º – Priscilla, a Rainha do Deserto  (Stephan Elliott)
71º – A Partida  (Yojiro Takita)
72º – Gimme Shelter  (Albert Maysles)
73º – O Vagabundo  (Raj Kapoor)
74º – Todas as Manhãs do Mundo  (Alain Corneau)
75º – French Cancan  (Jean Renoir)
76º – Aplauso  (Rouben Mamoulian)
77º – Um Violinista no Telhado  (Norman Jewison)
78º – Quem Quer Ser um Milionário?  (Danny Boyle)
79º – Quase Famosos  (Cameron Crowe)
80º – Vamos Dançar  (Mark Sandrich)
81º – O Rei e Eu  (Walter Lang)
82º – A Dama e o Vagabundo  (Clyde Geronimi)
83º – A Voz do Coração  (Christophe Barratier)
84º – O Homem de Palha  (Robin Hardy)
85º – Cinderela em Paris  (Stanley Donen)
86º – Diva – Paixão Perigosa  (Jean-Jacques Beineix)
87º – O Baile  (Ettore Scola)
88º – Topsy-Turvy – O Espetáculo  (Mike Leigh)
89º – O Destino Mudou Sua Vida  (Michael Apted)
90º – Ama-me ou Esquece-me  (Charles Vidor)
91º – Funny Girl – A Garota Genial  (William Wyler)
92º – Devdas  (Sanjay Leela Bhansali)
93º – As Bicicletas de Belleville  (Sylvain Chomet)
94º – Tango, o Exílio de Gardel  (Fernando Solanas)
95º – Epopéia do Jazz  (Henry King)
96º – La Traviata  (Franco Zeffirelli)
97º – Isto É Spinal Tap  (Rob Reiner)
98º – Os Contos de Hoffman  (Michael Powell)
99º – Amor Proibido  (Im Kwon-Taek)
100º – O Gênio e Excêntrico Glenn Gould  (François Girard)
Vejam também RANKING – MAIS 100 BONS FILMES / MUSICAL

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A ARTE CRISTÃ MEDIEVAL (2ª Parte)

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Autoria do Prof. Pierre Santos

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No esforço sem trégua de simbolizar o êxtase pretendido pela igreja nos elementos componentes da arquitetura, o construtor medieval desenvolveu um plano de paulatinas conquistas, nas quais o arrojo e a audácia foram as notas dominantes. Este esforço fica bem demonstrado, quando comparamos a altura a que, a partir dos sistemas empregados, os templos se alçaram, desafiando a lei da gravidade.

A antiga Basílica de São Pedro – em cujo lugar hoje se eleva a famosa Basílica do Vaticano, o maior tempo da cristandade – construída na fase basilical a mando de Constantino, após o reconhecimento do culto cristão como o oficial do Império, mesmo tendo sido sua construção inspirada na basílica romana, portanto no sistema de peso e sustentação, com o predomínio da horizontalidade, disposta em dois lances conjugados, conseguiu erguer-se a trinta e seis metros de altura; a tinta e quatro a Igreja de São Paulo Extramuros. Para se fazer ideia, a elevação da cúpula da antiga Igreja de São Pedro equivalia à de um edifício atual de doze andares, ou seja, de trinta e seis metros de altura.

A Igreja de Santa Sofia, síntese da arquitetura bizantina, construída pelo sistema de cúpula sobre pechinas ou pendentes (pechinas, a título de recordação, são os triângulos curvilíneos resultantes do encontro dos arcos de plena Cintra ou meia circunferência, que vinham das colunas mestras, com o tambor de trinta e um metros de diâmetro, onde são abertas quarenta janela, simolizando os dias passados no Cristo em retiro no deserto), eleva-se a cinquenta e quatro metros de altura desde o centro da cúpula, equivalendo, portanto, a um edifício de dezoito andares.

O estilo desenvolvido pelo artista românico, ao acrescentar ao quadrilátero que era usado pela arte bizantina, vários outros quadriláteros, opondo-lhes um transepto, deu à cobertura a forma de abóbada e, à planta, a forma de cruz latina. Entretanto, no cruzamento da nave longitudinal com a transversal, ao invés da cúpula, ergueu uma torre-lanterna que, desde o nível do transepto, sobe no interior acima dos sessenta e cinco metros (tamanho de um edifício de vinte e dois andares) e, dos cem (tamanho de um edifício de 34 andares), as torres externas que lhe completam as fachadas, harmonizando-as.

O coroamento de toda essa tenacidade medieval se dá com a Arte Gótica – seu momento de maior esplendor. Tirando à parede a função de sustentar o peso das partes superiores e de neutralizar as pressões da gravidade, simplesmente quebrando o arco de plena Cintra, agora tornado ogival, e criando o arcobotante, que passa por cima das naves laterais e vai apoiar-se em leves contrafortes externos, o arquiteto pôs sob controle o peso dos materiais sujeitos à força da gravidade. Os grossos muros de antes se tornaram agora meros tapumes de vedação e puderam ser substituídos pelo material mais leve que existe: o vidro. E as igrejas góticas encheram-se dos mais belos vitrais. Com este sistema, a cobertura por abóbada ogival chegou, em Beauvais, perto dos sessenta metros (como um edifício de 20 andares), em Milão, aos oitenta (como um edifício de 27 andares), e, em Chartres, a cento e cinquenta e dois metros (como um edifício de 51 andares) as torres externas.

Poderíamos ter feito esta pesquisa também em relação à área interna útil desses templos, os quais foram crescendo à medida que também crescia o número de fiéis – e os resultados iriam ter o mesmo sentido, causando o mesmo impacto. Nos dois últimos períodos as comunidades adquiriram o costume de construir as próprias igrejas, pagando em cotização geral as despesas e fornecendo a mão de obra, porquanto cada pessoas dava dois ou três dias de sua semana ao trabalho comunitário. Durante o gótico, principalmente, houve comunidades de oito a dez mil habitantes que edificaram matrizes para abrigarem até trinta ou quarenta mil fiéis, como se todos estivessem de olho bem aberto nas futuras expansões demográficas! Para não irmos longe e não perdermos tempo com números, basta somente compararmos, por exemplo, o Duomo de Milão em sua grandiosidade (praticamente o último monumento gótico construído) ou a Catedral de Beauvais, o mais amplo dos templos franceses, com as demais igrejas anteriores – e teremos perfeita idéia desse vertiginoso crescimento.

Contudo, por mais que possamos sentir a par e passo todas as evoluções técnicas dadas de um período ao outro, a verdade é que jamais a opulência da construção posterior diminuiu, seja em que aspecto for, a opulência da anterior. A emoção, que sentimos, ao visitarmos as capelas e os arcossólios tão singelos das catacumbas, é a mesma que sentimos, ao entrarmos na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, na Catedral de Santa Sofia, de Constantinopla, ou na Catedral de Notre-Dame, de Paris, porque em todas sempre vamos encontrar, seja ela um templo grande como o de Nossa Senhora das Graças, de Milão, ou um templo pequeno como a Sainte-Chapelle, de Paris, a presença indelével do impulso criador que as gerara: a grandiosidade, essa grandiosidade espiritual que as embalsama e em nós incute o sentido de enlevo e de prece.

O historiador alemão Lutzeler, estudando a arte criatã em suas características e objetivos, dividiu-a de maneira muito significativa em dois ciclos: o da Epopéia e o da Tragédia. Ora, a arte é um instrumento de raciocínio e expressão. O artista, durante o primeiro ciclo, procurava Deus, sacrificando o homem, pelo que sua arte era essencialmente espiritualista, fugindo ao corpóreo. Toda a Arte Medieval se desenvolveu no âmbito do ciclo da epopéia, procurando expressá-la num crescendo de conquistas. Giotto, ao intuir a possibilidade de fazer com que a arte se voltasse para a vida e para o mundo, nele valorizando o homem, ao mesmo tempo em que cavou todos os alicerces sobre os quais se ergueria o edifício do Renascimento, deu também início ao ciclo da Tragédia, em que o artista continuou a procurar Deus, mas agora sem sacrificar o homem, donde ter surgido uma arte voltada para a realidade presente aos seus olhos, pulsante e sensual. É por isto que não fico convencido quando vejo alguns estudiosos filiarem Giotto ora ao bizantinismo ora ao goticismo. Pode ser que tenha tido influência daqueles períodos, mas suas prospecções estéticas foram muito além dessa filiação.

Assim, a Arte Gótica significou a chegada ao ponto extremo do ciclo da epopeia,dando oportunidade a que a Igreja, para subsistir, mudasse de rumo, tanto material, quanto espiritualmente, mudando seus objetivos. Era chegado o momento de o suor e a lágrima humanos se elevarem à condição de tema e base artística.

Ilustrações:
1.Iluminura do Livro de Horas de Bedford
2. Vitral da Sainte-Chapelle, Paris

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Piero della Francesca – FLAGELAÇÃO DE CRISTO

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Autoria de Lu Dias Carvalho piero12345

A Flagelação de Cristo, obra do pintor Piero della Francesca, é tida como uma das mais importantes obras-primas da pintura italiana do século XV em razão da delicadeza com que foi feita, do uso da perspectiva linear e do ar de tranquilidade visto na pintura. O pintor retrata a distância entre a cena da flagelação e os três personagens — vistos no primeiro plano — de forma realista através da perspectiva. O tema da composição é a flagelação de Cristo, executada pelos romanos durante sua Paixão.

A composição retrata as duas cenas separadas, o que torna mais difícil a compreensão da obra. Em primeiro plano, à direita do observador, encontram-se três personagens, muito bem vestidos, de pé, possivelmente numa praça, enquanto que, à direita, num pátio ladrilhado do palácio de Pôncio Pilatos em Jerusalém, Cristo é flagelado por dois algozes.

A sala de julgamentos situada à esquerda está separada do local onde Cristo é flagelado por uma coluna. Dali Pôncio Pilatos, assentado em seu trono, assiste à flagelação de Jesus, executada por dois soldados que cumprem as ordens do poderoso líder. Um personagem não identificado, usando um turbante — tido como um turco — e de costas para o observador, também assiste à cena. Cristo tem os braços amarrados a uma coluna e o olhar direcionado ao soldado que se encontra à sua direita, empunhando um chicote em posição de ataque.

Na parte direita da composição em primeiro plano, três personagens conversam entre si, sem prestar atenção ao que acontece às suas costas, como se a cena não tivesse nenhuma importância para eles. Não se trata de pessoas ligadas ao Novo Testamento, ainda que o personagem flagelado tenha sido associado ao longo do tempo a Jesus Cristo, ao apóstolo Pedro e ao próprio Judas arrependido.

Vários estudiosos acreditam que a figura da direita é um retrato do Marquês de Mântua e a da esquerda o de seu astrólogo Ottaviano Ubaldini. A identificação da figura do meio — um jovem loiro que tem a cabeça emoldurada por um laurel — ainda é um enigma. Poderia se tratar da perda de um filho, tendo aí reproduzido o seu retrato, ou de uma figura alegórica ou de um símbolo de significação mais universal. Porém, segundo a interpretação tradicional, os três homens seriam o Duque de Urbino, patrono de Piero e seus dois assessores. De acordo com o ponto de vista de outros mais conservadores, a figura no meio representaria um anjo, ladeado pelas Igrejas latina e ortodoxa, cuja divisão criou conflitos em toda a cristandade.

Ficha técnica:
Autor: Piero della Francesca
Data: c. 1455-1460
Técnica: Óleo e têmpera sobre tela
Dimensões: 58,4 cm × 81,5 cm
Localização: Galleria Nazionale delle Marche, Urbino

Fontes de pesquisa:
A arte romântica e gótica/ Folio
Os pintores mais influentes do mundo/ Girassol
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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A MORTE DE UMA ÁRVORE

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Autoria de Beto Pimentel

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Ontem eu assisti à morte de uma árvore. Uma morte lenta. Primeiro cortaram os galhos superiores. Depois os localizados mais próximos do tronco. E por fim, ela jazia mutilada junto ao solo, vítima da ganância sem medida dos homens.

Deleitava-me todas as manhãs ao passar perto dela no outono, quando as suas folhas multicoloridas caiam pelo chão, voavam ao vento e nos forçava a meditar sobre a nossa existência no planeta Terra e que só temos uma certeza: tudo está em constante mudança.

As águas do rio que passam ligeiro nunca são as mesmas que tínhamos visto momentos antes. O ciclo eterno do mistério da vida é a nossa certeza.

No meu caminho existem centenas de árvores, mas a morte de uma delas afetou-me profundamente. O inverno passaria logo e começaria a primavera. As flores que dela brotavam, sinalizando a possibilidade de novas vidas, não brotariam mais. Não se ouviria o canto e o alvoroço dos pássaros que nela habitavam. Tudo substituído pelo vazio. De repente, senti um calafrio na espinha. Lembrei-me dos milhares de árvores nativas que são assassinadas todos os dias, transformando as nossas florestas em terra árida ou em reflorestamentos de uma só espécie de árvores exóticas, onde impera o silêncio causado pela quebra do equilíbrio com a fauna.

Naquela noite fiquei acordado madrugada adentro, ouvindo o pio melancólico da coruja. No dia seguinte, fui até um parque ecológico perto de casa. O administrador daquela área pública ficou atônito quando lhe pedi autorização para ficar o dia todo plantando árvores. Portava um saco com sementes e mudas. Exatamente da espécie da minha árvore assassinada.

Após eu muito insistir, o homem, incrédulo, autorizou-me a plantar. E não resistindo à tentação, ponderou:

– Mas senhor, essas sementes e mudas são de árvores que demoram mais de trinta anos para atingirem seis a oito metros de altura e só então gerarem flores e frutos.

Sem olhar para ele, continuava a abrir pequenas valas no solo onde colocava uma semente e a cobria com terra.

Muito incomodado, ele insistiu:

– O senhor falou que gostava muito dessa árvore que cortaram. Desculpe, mas nós temos mais de sessenta anos e quando as árvores plantadas estivem adultas, já estaremos mortos.

Continuando o meu trabalho, lhe respondi:

Estou consciente disso meu amigo, mas para as próximas gerações faremos a diferença!

(*) Imagem copiada de gollnick.blog.terra.com.br

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A FLORESTA AMAZÔNICA E A RÃ AZUL

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Autoria de Lu Dias Carvalho

qi12

O dia amanhece exuberante na selva amazônica.
Vista de cima a mata é uma colcha em alto relevo,
com retalhos coloridos que vão do verde ao negro.
Nuvens de vapor ascendem lentamente aos céus.
A floresta se estende até onde os olhos alcançam.

A mata ergue-se faceira sobre o relevo acanhado,
deita sobre as rochas expostas nos desfiladeiros,
esparrama-se no meio de vales sinuosos e verdes
com seus rios ágeis, caudalosos e encachoeirados.
A espuma das correntes marca os cursos certeiros.

Nas margens verdes cresce uma vegetação densa,
seguindo soberba para o coração frágil da floresta.
Ao longe, serras azuladas circundam a bela mata.
Pelas copas das árvores escoam  a luz do sol que
brinca com a fauna e a flora numa festa mágica.

A cantoria maviosa das aves anuncia a vesperata.
A vegetação varia, conforme a luz e o teor do solo.
A angelim, ouro da  indústria madeireira, ondula-se.
Coatás-de-cara-vermelha esmiúçam tudo em volta.
Um bando de mutum-poranga voa em retirada.

A noite amazônica é uma sinfonia das mais belas:
o som ritmado dos insetos, a percussão dos grilos,
a orquestra melódica das rãs e o som dos jacarés…
o coaxar de sapos e pererecas no  acasalamento…
Um cardume estelar ilumina a encantadora selva.

Flora e fauna preparam-se pra um baile à fantasia,
tamanha é a beleza, por onde que se dirija o olhar.
Maria-leque, papa-formiga-de-topete,  e as cobras
multicoloridas compõem o ornamento do folguedo,
Mas a rã azul é a musa mais exuberante da folia.

Nota: Imagem copiada de biopvh.blogspot.com

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