NOVO ESTILO – DADAÍSMO I (Aula nº 102)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O Dadaísmo foi um fenômeno cultural, originado entre os anos de 1915 e 1922. Surgiu como um movimento contrário à Primeira Guerra Mundial e tinha como objetivo destruir todos os valores em vigência tanto no dia a dia da sociedade quanto na arte. Não se tem uma explicação exata para o nome que recebeu, porém a mais plausível é a referente aos artistas Hugo Ball e Richard Huelsenbeck que, ao revisarem um dicionário alemão-francês, depararam-se com a palavra francesa “dadá” (cavalinho de brinquedo). Tomados pelo som estranho da palavra e também pela sua associação com a liberdade da infância, eles acabaram por a adotar o termo em questão.

O movimento dadaísta foi em si um paradoxo, pois ao mesmo tempo em que trazia uma vertente destrutiva era também uma inventividade sarcástica. Ganhou espaço primeiramente em Nova Iorque (EUA) e Zurique (Suíça) — territórios liberais e neutros. Para Nova Iorque foi levado pelos artistas franceses Marcel Duchamp e Francis Picabia que lá contaram com a presença de Man Ray. Somente após o fim da guerra alcançou Paris (França) e a Alemanha. Hugo Ball em suas explanações dizia que o Dadaísmo tinha como objetivo “atravessar as barreiras da guerra e do nacionalismo”. E George Gross e Wieland Herzfelde – ambos membros do grupo de Berlim – expuseram a causa política original que levou à formação desse movimento e de sua postura contra a arte:

“O Dadaísmo não era um motivo ‘pré-fabricado’, mas produto orgânico nascido da reação contra a tendência distraída da chamada arte sagrada, cujos discípulos meditavam sobre cubos e a arte gótica, enquanto os generais faziam pinturas com sangue O tiroteio continuava, o mercantilismo continuava, a fome continuava. Qual o sentido de toda essa arte? Acaso a falácia de que a arte criava valores espirituais não era o auge da fraude?”

Os artistas dadaístas acreditavam que a arte tinha traído a humanidade e, por isso, adotaram uma atitude essencialmente antiartística. Atacavam vários alvos que acreditavam ser responsáveis por inibir e corromper o mundo artístico. Os principais eram: 1. os burgueses que viam na arte o bom gosto e a decoração admirável; 2. os que se achavam muito entendidos, carregando em sua bagagem os preconceitos acadêmicos; 3. os marchands e colecionadores com sua ganância costumeira, preocupados apenas com os valores do mercado. A tudo isso os dadaístas reagiram, criando obras que ironizavam deliberadamente os modelos definidos de beleza e que se mostravam nem um pouco comerciais, tanto no que dizia respeito ao tema e estilo ou pelas técnicas e materiais utilizados.

O poeta romeno Samuel Rosenstock que se autodenominou Tristan Tzara — em protesto contra o tratamento dados aos judeus na Romênia, passando a viver na França — escreveu no Manifesto Dadaísta de 1918: “Que a arte seja então uma monstruosidade que assuste as mentes a serviço e não um adoçante para decorar os refeitórios de animais vestidos com roupas romanas”.

Os artistas dadaístas refutaram o código rígido de moralidade, introduzido à força no indivíduo, o qual atribuíram às forças mancomunadas da família, da Igreja e do Estado. Para eles o indivíduo deveria ser senhor absoluto de sua pessoa e, consequentemente, dono de sua liberdade total, de seu próprio nariz. Também nutriam repulsa pela razão e pela lógica, enquanto louvavam a superioridade das forças antirracionais. Para os dadaístas fazia-se necessário transformar tudo numa folha de papel em branco, ou seja, fazer tábula rasa, antes de dar início à tarefa de reconstrução do mundo da arte.

O Dadaísmo ofertou muitos elementos ao Surrealismo – estilo que viria a seguir – que foram de grande importância para a sua estrutura poética. Podem ser citados: 1. a rejeição à tradição da cultura ocidental e sua postura no que diz respeito à arte; 2. o modelo de agitação política e a posição comprometida com os temas da época; 3. e a defesa dos direitos do inconsciente e das forças irracionais. Além disso, o Surrealismo usou técnicas do movimento dadaísta, tais como: automatismo, colagem, fabricação de objetos e também toda a maquinaria publicitária.

Nota: Fonte (1917), obra de Marcel Duchamp, um urinol colocado sobre um pedestal com a assinatura “R. Mutt”, tributo irônico ao fabricante. O original foi perdido.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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Mestres da Pintura – ANNIBALE CARRACCI

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Annibale Carracci (1560-1609), nascido em Bologna, era oriundo de uma família de artesãos. Seus ancestrais eram alfaiates. Seu irmão Agostino (1557-1602) formou-se como gravador e pintor. Annibale começou trabalhando na alfaiataria, mas depois seguiu os passos do irmão mais velho, com quem trabalhou na oficina do primo Ludovico Carracci em Bolonha, o que leva a crer que esse tenha sido seu professor. Os três fundaram uma escola artística chamada Academia degli Incamminati (Academia do Caminho), sendo Ludovico o dirigente da escola conhecido por sua rejeição ao estilo maneirista. Os três Carracci trabalhavam ativamente com tudo o que lhes fosse encomendado, sendo Annibale o mais criativo do grupo. Os três artistas trabalharam juntos na decoração do Palazzo Fava em sua cidade natal. Em muitas das primeiras obras de Bolonha, é difícil distinguir as contribuições individuais de cada um deles, pois carregam apenas a assinatura “Carracci”, o que pode sugerir que os três participaram.

Annibale Carracci viajou para Parma, onde estudou o estilo de Correggio e depois para Veneza, onde se encontrou com o seu irmão Agostino. Estudou a arte de Veneza e encantou-se em Roma com as obras de Rafael. Conheceu as obras de Corregio, Ticiano e Michelangelo, tendo se inspirado no trabalho desses artistas.  Fez um profundo estudo da natureza, ao qual agregou novas ideias. Criou um estilo direto, claro e harmonioso. Foi rival de Caravaggio, tendo sido, à sua época, o principal pintor de Roma. A sua obra reflete o conhecimento da arte da Antiguidade e do Alto Renascimento, tendo se libertado da corrente maneirista, seu ponto de partida. Sua obra possui um arranjo simples e harmonioso que lembra a arte renascentista, contudo está imbuída de grande apelo emocional

Os mais importantes trabalhos de Carracci estão em afrescos. Entre os seus primeiros contemporâneos ele é visto como um inovador, ao reviver o visual de afrescos de Michelangelo e postular uma paisagem pictórica vividamente brilhante que vinha sendo progressivamente esquecida por um emaranhado de maneirismos. Se Michelangelo era capaz de curvar e contorcer o corpo humano em qualquer perspectiva possível, Carracci, nos afrescos de Farnese, ensinou como fazê-lo dançar. As fronteiras do “teto”, grandes extensões de parede a serem decoradas, durante as décadas posteriores seriam preenchidas pelo brilhantismo monumental dos seguidores de Carracci.

Carracci possuía uma temática incrivelmente diversificada: paisagens, cenas e retratos, incluindo uma série de autorretratos. Foi um dos primeiros pintores italianos a produzir telas nas quais a paisagem tinha prioridade sobre as figuras, como na sua encantadora composição intitulada A Fuga para o Egito. Nesse gênero Carracci foi acompanhado por Domenichino, seu aluno predileto, e Lorraine. É descrito por seus biógrafos como descuidado com as vestimentas e obcecado pelo trabalho. Segundo uma carta do cardeal Odoarde Farnese, Carracci, o artista possuía um “pesado humor melancólico”. Não se sabe o que o levou a aposentar os seus pincéis tão cedo. Faleceu em 1609.

Annibale Carracci foi muito importante para a história da pintura, não somente pelos seus afrescos, mas também como pintor de retábulos barrocos. Recebeu elogios de grandes nomes da arte como Bernini, Poussin e Rubens. Entre os seus assistentes e alunos surgiram grandes nomes, como: Domenichino, Francesco Albani, Giovanni Lanfranco, Domenico Viola, Guido Reni, Sisto Badalocchio e outros mais.

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Konemann
Obras-primas da pintura ocidental/ Taschen

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QUEM NÃO QUER BUIA, NÃO AJUNTA CUIA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

cuias

É muito comum a omissão do dígrafo “lh” em relação à língua portuguesa no falar das gentes mais simples (moia, foia, muié, moio, paia, toaia, etc.). Assim sendo, para decifrar o provérbio sertanejo em questão faz-se necessário trocar “buia” por “bulha” que dentre os muitos sinônimos pode significar “barulho”, “gritaria”, “altercação”, “ruído” e “azáfama”. Enquanto a palavra “cuia” diz respeito ao fruto da cuieira que, depois de maduro, tem o seu miolo esvaziado, transformando-se numa grande variedade de recipientes – até mesmo em instrumentos musicais – usados principalmente na zona rural e nas cidades interioranas.

A cuia é também conhecida em algumas regiões brasileiras pelo nome de cuitê ou cuité, cabaça-amargosa, cabeça-de-romeiro, cabaça-purunga, cabaço-amargoso, cocombro e taquera. Por ser um objeto leve e sonoro, muitas cuias juntas – umas batendo contra as outras – produzem uma confusão de sons. E se alguém não gosta de barulho, deve evitar ajuntar tais objetos, pois são capazes de fazer doer os ouvidos.

Tal provérbio ensina-nos que somos muitas vezes responsáveis por aquilo que nos acontece de ruim, porque não evitamos os caminhos que nos levam ao agente provocativo de nossos problemas. Sendo os nossos aborrecimentos frutos de nossos atos inconsequentes. Aquele que não age de acordo com o bom senso, estará, portanto, buscando sarna para coçar. É sabido que quem não quer buia, não deve ajuntar cuia! Não quer confusão, permaneça no seu quadrado.

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MACIEIRA EM FLOR (Aula nº 101 B)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Macieira em Flor é uma obra do artista holandês Piet Mondrian. Com esta pintura ele dá um grande passo em relação ao abstracionismo de seu trabalho, afastando-se cada vez mais do objeto realista, adentrando no estilo cubista.

Mondrian, ao contrário das obras “A Árvore Vermelha” e “A Árvore Prateada”, nesta obra, através de indicações tênues das formas vegetais da árvore, assim como de uma vaga recordação da cor dos pomos e das folhas (verde, ocre, cinza e levíssimos tons rosáceos) é que indica o objeto em evidência. O artista reduziu a paleta de cores em benefício das linhas.

O pintor elimina a função descritiva da linguagem pictórica. Mas apesar de toda a abstração que Mondrian consegue em seu trabalho, restando apenas aquilo que ele considera essencial, sua composição denota grande suavidade e lirismo relativos a uma macieira em floração. Isso porque o pintor trabalhava a partir de uma impressão da natureza, apenas adaptando-a à sua busca para a “abstração pura”.

Apesar da tendência da pintura do artista para a abstração, sua obra possui grande delicadeza lírica, ao associar-se a uma árvore de maçã em florescência. Por essa razão, não devemos nos esquecer de que Mondrian, nesse período, embora fortemente inclinado à abstração, continuou a trabalhar a partir de uma impressão da natureza, traduzindo-a em sua rigorosa, mas ainda figurativa linguagem.

Ficha técnica
Ano: 1912
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 78 x 106 cm
Localização: Gemeentemuseum, Haia, Holanda

Fontes de pesquisa
Gênios da pintura/ Abril Cultural
http://www.piet-mondrian.org/the-flowering-apple-tree.jsp

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POR QUE CARGAS D’ÁGUA…?

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Autoria de Lu Dias Carvalho

agua

Nada mais gostoso do que uma boa chuva que chega refrescando, lavando e dando vida a tudo. Confesso que ainda gosto de tomar banho de chuva, como fazia na minha infância, junto a um bando de primos, embora ouvíssemos sempre a costumeira admoestação de que íamos ficar doentes, coisa que entrava por um ouvido e saía pelo outro, apesar da vara de marmelo se fazer presente muitas vezes:

– Saia da chuva, cambada, vocês todos vão acabar pegando um resfriado!

Até hoje ainda não me conformei com o medo de chuva que minha amiga Marluce diz ter. De uns tempos para cá, venho “piscologiando” sobre esse seu comportamento esdrúxulo. Mal a danada levanta-se da cama, vai logo abrindo a janela para perscrutar o tempo. Se estiver caindo uns pinguinhos à toa, ela desmarca todos os compromissos assumidos, e caso se trate de chuva torrencial (cargas d’água), some durante dias a fio.  Confesso que ainda não sei por que cargas d’água ela mostra ter tanto medo de chuva.

A expressão “Por que cargas d’água…” é usada para questionar alguma coisa. Trata-se de um questionamento diante de algo sobre o qual não se tem conhecimento. O inquirido deve ficar com a orelha em pé, pois o questionador não irá aceitar qualquer resposta, pois a pergunta já vem acompanhada de certa indignação. Se chuva fina já nos impede de fazer muita coisa, imaginemos cargas d’água! É preciso dar trato à cachola para encontrar uma boa resposta, se não quiser entrar numa quizila dos diabos.

Alguns dizem que esta expressão originou-se nos fins do século XIII, quando se iniciaram as primeiras navegações portuguesas em águas do Atlântico norte. Sendo a região sujeita a súbitas tempestades, era comum que os navegantes dirigissem com suas naus para as ilhas açorianas ou de Madeira em razão das cargas d’água.

A expressão em evidência  vem sempre acompanhada de uma entonação inquisitiva e um semblante de perplexidade, significando desconhecer como algo aconteceu, podendo “cargas d’água” ser substituída por “motivo” ou “raios”.  Geralmente se utiliza a frase para questionar uma situação ou ação.

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AMARELO, VERMELHO E AZUL (Aula nº 101 A)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Amarelo, Vermelho e Azul é uma obra abstrata do artista russo Wassily Kandinsky que se encantou com a associação entre cor e música. É tida como uma das mais importantes da Arte Abstrata. Seu título enumera as três cores primárias (amarelo, vermelho e azul), cores essas presentes em grande escala no quadro, acompanhadas de muitas outras. Aí também se encontram triângulos, quadrados, retângulos e círculos, além de elementos abstratos.

Os elementos presentes na tela estão flutuando. As formas coloridas. assim como os sinais pretos postados acima delas, flutuam diante de um espaço fulgurante. Algumas formas são transparentes, enquanto outras sugerem uma ordem especial, principalmente à esquerda. O fundo é também colorido. A metade esquerda do quadro apresenta-se clara e leve, enquanto a metade direita mostra reflexos pictóricos, cores escuras e densas. Uma nuvem de cor púrpura espalha-se pelas laterais do lado esquerdo.

Uma pequena grade de cores (contendo todas as cores presentes na pintura) é vista à direita, embaixo. O que aparenta ser um sol nublado ocupa a parte superior central da composição. Uma grande linha preta sinuosa aparece à direita. Um grande círculo à direita – a forma mais perfeita e harmoniosa das figuras geométricas elementares – está pintado com a cor azul. E um retângulo luminoso à esquerda recebe um amarelo-claro. As cores não obedecem a um padrão específico na composição e os objetos presentes não são claramente reconhecíveis.

A música foi muito importante na busca dos artistas abstracionistas que sabiam que os compositores eram capazes de levar seus ouvintes a outras dimensões, sem fazer uso da representação direta da natureza. E se a música era capaz de ser abstrata, ordenada e emocional, a arte também poderia ser. A pintura poderia se uma espécie de música visual, pensavam eles. Kandinsky foi o maior exemplo dessa aplicação, inclusive usou a terminologia musical (composições, improvisações e impressões) para nomear muitos de seus quadros.

Ficha técnica
Ano: 1925
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 1,27 m x 2 m
Localização: Coleção de Nina Kandinsky

Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

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