Autoria de Lu Dias Carvalho
Haja falsidade, hipocrisia ou fingimento nos tempos de hoje. Os crocodilos não mais habitam somente os rios, lagos e lagoas, ao contrário, estão espalhados por aí, na maioria das vezes em volta de nós mesmo, nos mais diferentes lugares e situações, mesmo quando não existe água por perto. Os mais perigosos são os bípedes, porque nunca compreendemos de fato os sentimentos que deles emanam, prestando-se a quaisquer atos para atingir seus objetivos, ainda que escusos, sem jamais dizerem a que vieram. Agem ao contrário dos rastejantes que já mostram o que querem, sem usar de nenhum artifício, ainda que as lágrimas escorram pela cara.
Segundo o escritor Reinaldo Pimenta, em seu livro “A Casa da Mãe Joana”, existem três explicações sobre a origem da expressão “lágrimas de crocodilo”:
O historiador Plínio, o Velho, dizia que os crocodilos presentes nas margens do rio Nilo choravam para atrair a atenção das pessoas que por ali passavam, para depois devorá-las. Aqueles répteis, acreditava Plínio, eram excelentes fingidores e, consequentemente manipuladores, sempre na tocaia, de olho nos humanos desacautelados.
Já uma lenda medieval conta que os crocodilos choravam após degustar uma pessoa. Que estranho! Tal comportamento se daria em razão do arrependimento, prazer ou porque a refeição fora insatisfatória? Nada mais do que um mito!
A Ciência, contudo, comprova que ao mastigar, o animal pressiona o céu da boca e comprime suas glândulas lacrimais que fazem com que lágrimas rolem por sua cara de poucos amigos. Ainda bem que a Ciência impede os prudentes de saírem contando lorotas por aí. É a responsável por desbancar as asneiras criadas a bel prazer dos humanos para validar suas tolas crenças. Estão desbancados, portanto, o historiador Plínio assim como a lenda medieval. Como não tirar o chapéu para a Ciência? Agora os répteis crocodilianos podem chorar à vontade sem que ninguém os perturbe.
Como está comprovado que o crocodilo não é capaz de sentir emoção, não estando nem aí para os queixumes de sua presa, é certo que jamais derramaria uma gota de suas lágrimas por ela. Mas o crocodilo bípede, no entanto, sente emoções e sabe muito bem o que está fazendo. Fique de olho nele, pois, embora possa chorar, suas lágrimas nem sempre demonstram solidariedade ou sofrimento, não passando do mais puro e refinado fingimento. Neste caso, dê-lhe o endereço de uma escola de dramaturgia e tenha um “amigo” que chora lágrimas de crocodilo, mas que é também um tremendo artista. Mas fique de olho aberto em suas encenações.
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