Siga-nos nas Redes Socias:
Autoria de Lu Dias Carvalho
(Clique na imagem para ampliá-la.)
Não estou interessado em mim como objeto de um quadro. Quanto a isso, interesso-me mais pelas outras pessoas, em particular pelas mulheres, e ainda mais por outras aparências. Estou convencido de que, como pessoa, não sou particularmente interessante. Se olharem para mim, não veem nada de especial. Sou um pintor que pinta dia após dia, da manhã à noite. Pinto figuras e paisagens, raramente retratos. (Gustav Klimt)
O artista Gustav Klimt (1862-1918) nasceu em Viena, Áustria, numa humilde e numerosa família de sete irmãos e na qual era o segundo. Seus pais Ernst Klimt e Anna Finster já traziam a arte na bagagem. Ele era um meticuloso ourives e ela desejava ser cantora de operetas, desejo não realizado em razão da difícil situação financeira da família. Além deles, os três filhos homens mostravam grande talento para a arte. Em sua arte Klimt tinha predileção pelos temas eróticos e pelas mulheres nuas em atitudes provocativas, convivendo lado a lado com motivos ornamentais, mas sem jamais vulgarizar sua obra. Morreu aos 55 anos, vitimado por uma pneumonia, quando se encontrava hospitalizado, recuperando-se de um acidente vascular que lhe paralisara o lado direito do corpo. Estudaremos hoje dois trabalhos do artista.
A composição A Vida e a Morte (à esquerda) ganhou a medalha de ouro na Exposição Internacional de Arte de Roma no ano de 1911. Após guardá-la por um tempo, Klimt resolveu retocá-la, fazendo diversas mudanças na obra, inclusive com a adição de mais figuras e rostos. O artista apresenta a Morte, à esquerda, observando um grupo de pessoas das mais variadas idades, à direita, representando a Vida. Enquanto a Morte é representada em cores frias e sombrias, a Vida possui cores quentes e exuberantes.
A Morte é representada por um esqueleto usando uma longa túnica azul, entremeada de cruzes negras em diversos formatos e tamanhos. Ela segura firmemente um cetro vermelho nas mãos que simboliza o seu poder sobre a Vida. Ao mirar o conjunto de humanos, a Morte parece rir do fim que os aguarda mais cedo ou mais tarde. Está ali como um predador feroz, à espera de sua presa, não importando o tempo que tenha de esperar. Ninguém está imune à sua foice.
As figuras humanas formam um conjunto oval. A personagem mais velha encontra-se no meio, com a cabeça baixa, como se estivesse rezando. Seu rosto revela uma certa tristeza, pois a Morte está bem mais próxima para ela. Os demais seres humanos parecem se encontrar dormindo, como se a Morte não existisse para eles. Apenas uma mulher, na parte superior esquerda da coluna, fita a Morte com visível surpresa, como se dela nunca tivesse ouvido falar. É possível perceber que a sinuosidade da túnica da Morte encaixa com a do grupo, numa junção perfeita, como se o artista quisesse dizer que Vida e Morte complementam-se.
Após a perda de seu pai e do seu irmão Ernst, grande companheiro nas artes, Gustav Klimt sentiu-se muito abalado. Afastou-se da atividade pictórica por um tempo, tentando se fortalecer através da reflexão. Ao retornar a sua carreira, o artista trazia uma nova visão sobre a vida, na qual se incluía a morte. Desse modo, o ciclo natural da vida passou a fazer parte de seu trabalho, ainda que indiretamente, como veremos a seguir. Ao voltar ao trabalho, Klimt trazia um novo estilo. Suas obras estavam imbuídas da estética simbolista: figuras femininas de olhar grave, formas planas e naturalísticas, muitos elementos decorativos e emprego do dourado.
Na composição As Três Idades da Mulher (imagem à esquerda) a temática sobre o ciclo da vida é mostrada diretamente. Para muitos estudiosos de arte, o artista inspirou-se no quadro “As Três Idades da Mulher e a Morte”, obra do pintor renascentista alemão Hans Baldung Grie, obra presente neste site.
As figuras de Klimt estão dispostas verticalmente: uma mulher idosa, uma jovem e uma garotinha, todas nuas, com o objetivo de mostrar a passagem do tempo. A mulher idosa encontra-se de perfil, com os cabelos a tapar-lhe o rosto. Além dos seios caídos, da pele flácida, das costas encurvadas e da protuberante barriga, chamam a atenção as veias que se espalham pelo braço, mão, perna e pés direitos da anciã. Próxima a ela está a jovem mãe, com seu corpo rijo e pele rósea, com sua filhinha adormecida nos braços. O enlevo que se vê na figura da mulher jovem contrasta com o isolamento em que se encontra a idosa. Como em todos os quadros do artista, a decoração cumpre o seu papel. Mãe e filha parecem unidas sob um mesmo manto.
Klimt não atribui à figura da mãe a sensualidade característica de suas mulheres, embora ela possua os mesmos atributos dessas: cabelos ruivos, lábios carnudos e rosto carmesim. A presença da criança e o seu aconchego à mãe, assim como os olhos fechados da mulher jovem, inibem qualquer tipo de sensualidade.
Ficha técnica (As Três Idades da Mulher)
Ano: 1905
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 180 x 180 cm
Localização: Galleria Nazionale d’Arte Moderna, Roma, Itália
Ficha técnica (A Vida e a Morte)
Ano: 1910-1915
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 178 x 198 cm
Localização: Leopold Museum, Viena, Áustria
Fonte de pesquisa
Gustav Klimt/ Coleção Folha
Views: 59