A CASA DA MÃE JOANA

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Autoria de Lu Dias Carvalhocajon

Joana I, rainha de Nápoles e condessa de Provença, era uma mulher bonita e muito inteligente, sendo sua residência aberta aos intelectuais e artistas da época. Segundo algumas fontes, enquanto reinava na cidade francesa de Avignon, a poderosa e permissiva mulher regulamentou os bordéis da cidade, ordenando que todos teriam uma porta através da qual os interessados adentrariam, ou seja, o local estava aberto a qualquer um que ali quisesse entrar em busca das paixões da carne. Talvez seja por isso que em seu reinado tenha havido tantas colisões com a Igreja Católica da época. Uma das normas de regulamentação dizia:

“O lugar terá uma porta por onde todos possam entrar.”

Quando a expressão de origem francesa ganhou as terras portuguesas, passou a significar “o paço da mãe Joana”, ou seja, “prostíbulo”. Ao atravessar o Atlântico, vindo para as bandas de cá, a palavra “paço”, pouco conhecida de nós brasileiros, foi imediatamente substituída por “casa”. Atualmente a expressão “a casa da mãe Joana” passou a significar “um lugar onde todo mundo entra e sai, local em que todos mandam e cada um faz o que quer”,  conhecida também como “casa da sogra”.

Fontes de pesquisa
Casa da Mãe Joana/ Reinaldo Pimenta
Dicionário de expressões populares/ João Gomes da Silva

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A DANÇA (Aula nº 85 C)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

 O primeiro elemento da construção foi o ritmo. O segundo, a vasta superfície azul (alusão ao Mediterrâneo nos meses de agosto). O terceiro foi o verde-escuro (dos pinheiros contra o céu azul). Partindo desses elementos, os personagens poderiam ser vermelhos, para obter uma concordância luminosa. (Matisse)

O que mais me interessa não é a natureza-morta ou a paisagem: é a figura… Os meus modelos são figuras humanas e não simplesmente figurantes de um interior. São o tema principal de meu trabalho… As suas formas não são perfeitas, mas são sempre expressivas. (Matisse)

Esta composição monumental intitulada A Dança, juntamente com outra de nome “Música”, foi encomendada a Matisse pelo colecionador russo Sergei Schukin que tinha predileção pela pintura francesa moderna. Da sua coleção faziam parte obras de Claude Monet, Auguste Renoir, Edgard Degas, Camille Pissarro, Paul Cézanne e em especial Paul Gauguin, de quem detinha 16 obras. Ao conhecer o trabalho de Matisse em 1906 no Salão dos Independentes, Sergei acabou comprando inúmeras obras do artista, sendo o quadro A Dança adquirido em 1910.

Inicialmente Sergei Schukin não gostou do fato de os dançarinos estarem nus, exigindo que fossem vestidos, a que se opôs o pintor. Mas ao receber um esboço em aquarela, o comprador ficou satisfeito com o que viu. Quando esta pintura foi exibida no Salão de Outono de 1910 recebeu críticas ferinas. Um crítico chegou a mencionar que o artista era demente, o que fez com que a encomenda fosse cancelada, deixando Matisse arrasado, contudo, ao refletir por alguns dias, Shchukin resolveu ficar com a obra.

Supõe-se que a ideia do artista, ao criar esta composição, tenha nascido ao observar pescadores e camponeses realizando uma dança de roda (sardana) numa praia do sul da França. O desenho é muito simples e contém apenas três elementos básicos: dançarinos, uma vastidão vazia de verde e outra de azul. No quadro a cor é o elemento principal da linguagem plástica. O azul representa o céu, o verde as colinas e o vermelho os corpos, cujos braços dão origem a um ritmo ondulado por toda a tela.

Não há limites traçados entre os campos de cores azul e verde, como comprova os pés de alguns dos bailarinos que se encontram nos dois campos de cores. O artista tomou como inspiração na escolha das cores desta obra as miniaturas persas e as cerâmicas do século XIII em que verdes, vermelhos e azuis puros foram usados em suas superfícies ornamentais. Um campo verde e azul recebe as figuras pintadas em vermelho, cuja anatomia simplificada, pintada em marrom avermelhado, amplifica o impacto da composição.

São cinco os personagens da composição, todos de mãos dadas, dispostos em um círculo oval inclinado para a direita e que não se fecha totalmente, pois alguns deles não possuem as mãos unidas, embora se mostrem bem encostadas umas nas outras. O grupo parece dançar num movimento frenético que sugere o sentido dos ponteiros de um relógio. Os corpos retorcidos repassam a sensação de uma grande energia contida neles.

O ritmo é o responsável pela união dos corpos, enquanto esses são transportados através dos movimentos da dança como em êxtase, adquirindo cada figura uma postura diferente, mas una no conjunto. Há um pequeno espaço entre duas figuras, espaço esse que é fechado com a curvatura do personagem para a frente, na tentativa de alcançar a mão do companheiro que, por sua vez, faz o mesmo ao inclinar o corpo para trás e esticar a mão que se soltara. O pequeno espaço que permanece entre os dois é fechado pelo observador. Em razão da velocidade rítmica os rostos estão ocultos, excetuando o de um dos bailarinos, o que vem a se transformar no rosto de todos eles, ou seja, como se todos tivessem o mesmíssimo rosto.

Os críticos do Salão de Outono ridicularizaram a obra, denominando-a de “cacofonia demoníaca”, mas se trata de uma das principais obras do catálogo do pintor, vista hoje em inúmeras reproduções, ornamentando casas e escritórios. Além de propagar força, dinamismo e movimento, a composição A Dança coloca em evidência a liberdade e a alegria de viver.

Ficha técnica
Ano: 19091910
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 260 x 391 cm
Localização: Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia

Fontes de pesquisa
Matisse/ Taschen
Matisse/ Abril Coleções
Matisse/ Coleção Folha
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

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A EMENDA FOI PIOR QUE O SONETO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

bocage

Nós humanos — excetuando os santos, se os há — já perdemos as rédeas do bom senso, ignorando a sabedoria popular que reza que “o melhor caminho é o do meio”, ou seja, o do equilíbrio. Muitas vezes acabamos falando mais do que devíamos, ou cometemos uma ação impensada, vindo depois aquele peso na consciência. Sentimos que é preciso consertar o malfeito. Contudo, é preciso muito cuidado no agir, pois uma emenda esfarrapada deixa-nos numa posição ainda pior, pois, como dizia Sá Jovena “a merda, quanto mais se mexe nela, mais fede”.

A expressão “A emenda saiu pior do que o soneto” nasceu, contam alguns, quando o poeta português Manuel Maria Barbosa de Bocage recebeu um soneto de um jovem que lhe pediu que marcasse seus erros com cruzes. Contudo, havia tantas incorreções na escrita do mancebo que o poeta, depois de ler o soneto, devolveu-o tal e qual o recebera, ou seja, sem nenhuma cruzinha a enfeitar-lhe a página. Incrédulo, imaginando-se o suprassumo da última flor do Lácio, o moço questionou o velho poeta sobre o porquê, pois queria ser incensado com suas palavras. Como não se deve cutucar a fera com vara curta,  não tardou  a receber a justificativa de que as cruzes seriam tantas, se ali postadas, que “a emenda ficaria pior do que o soneto”.

Manuel Maria Barbosa de Bocage era um exímio sonetista e fazia-os como ninguém, o que o tornou muito popular, principalmente quando usava sua veia satírica e espirituosa, daí a sua exigência para com o soneto do frustrado lusitano. O fato é que a expressão “a emenda ficaria pior do que o soneto” viajou no tempo, caiu na boca do mundo, chegando aos dias de hoje com força total. Chama-nos a atenção para o fato de que muitas vezes é preciso não tentar remediar certas situações, pois o remendo pode acabar ficando ainda pior, uma vez que a desculpa esfarrapada só faz piorar a situação. O melhor mesmo é tomar coragem e munir-se de um pedido sincero de desculpas.

 

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AS GRANDES BANHISTAS (Aula nº 85 B)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A obra de Cézanne foi a maior revolução na arte desde que o impressionismo greco-romano transformou-se no formalismo bizantino. (Roger Fry – crítico e historiador)

A pintura de Cézanne representa um afastamento da arte puramente visual e sensorial para uma arte mais cerebral e intelectual. As lições e o legado de sua arte são fundamentais para se compreender o desenvolvimento da pintura moderna. (David Gariff)

O desenho e a cor não são distintos, porque tudo na natureza é colorido. À medida que se pinta, desenha-se; quanto mais a cor harmoniza, mais o desenho se torna preciso. Quando a cor atinge a riqueza, a forma encontra sua plenitude. (Cézanne)

O olho não é suficiente. É preciso refletir. (Cézanne)

O pintor francês Paul Cézanne pintou uma série de banhistas, tanto homens como mulheres, sendo As Grandes Banhistas acima uma delas. É também considerada a mais importante da série. Para ele os corpos nus de seus banhistas eram parte da paisagem, vistos como elementos naturais que a ela se integravam. O tema era usado pelo artista com a finalidade de fazer estudos sobre a ordenação das figuras no espaço e sua composição cromática, o que era muito comum na história da arte.

Neste quadro as banhistas também estão divididas em dois grupos, separadas por um pequeno espaço que permite ver a paisagem do outro lado do rio, com um campo aberto, árvores e algumas edificações. Ali também estão duas outras figuras humanas. As banhistas encontram-se nas mais diferentes posições: assentadas, deitadas, de pé, de cócoras, etc., numa perfeita união com a natureza.

As figuras que compõem o grupo da direita estão bem próximas. A luminosidade do sol atravessa as folhas e reflete no corpo das banhistas, que compõem a base de um triângulo, formado por duas árvores que vergam e se encontram na parte de cima, formando o ângulo superior. As cores usadas pelo pintor passam pelo azul-claro do céu, com nuvens brancas esparsas e toques de rosa, pelo azul mais forte da água, no qual espelham o verde-escuro da vegetação. Uma luz clara irradia sobre os corpos nus.

O pintor possivelmente não usou modelos vivos na sua série de telas sobre as banhistas, preferindo os desenhos de nus de seus estudos, muitos deles da época em que era estudante, ou os realizados ao visitar o Louvre, ou ainda os encontrados em revistas. Deles retirava aquilo que lhe convinha.

Cézanne levou sete anos trabalhando nesta tela. Uma das mulheres de pé à esquerda, toma exatamente a inclinação do tronco ao seu lado.

Nota: este quadro serviu de modelo para que Matisse pintasse as suas banhistas.

Ficha técnica
Ano: c. 1898-1905
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 208 x 249 cm
Localização: Museum of Art, Filadélfia, EUA

Fontes de pesquisa
Cézanne/ Coleção Folha
Cézanne/ Abril Coleções
Cézanne/ Girassol
Cézanne/ Taschen
Grandes Pinturas/ Publifolha

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GUARDADO A SETE CHAVES

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Autoria de Lu Dias Carvalho

arca

Dizem que um segredo deve ser guardado a sete chaves, pois uma vez que alguém toma conhecimento do mesmo, o sigilo acaba caindo na boca do mundo, espalhando-se como penas ao vento. Benjamin Franklin, cientista e filósofo norte-americano, dizia que “somente três pessoas são capazes de guardar um segredo, caso duas delas estejam mortas”, mas, como o planeta encontra-se cada vez mais globalizado, com o WhatsApp a todo vapor, guardar confidências tornou-se cada vez mais difícil, ainda mais para os de língua solta. A confissão acaba virando segredo de polichinelo.

É muito comum alguém nos contar algo e pedir segredo absoluto, que façamos boca de siri. Engraçado, se o sujeito, senhor daquilo que não pode ser revelado, não consegue guardá-lo para si, como pode querer que outrem o faça? E como diz o meu amigo Alfredo Domingos, ainda vem acompanhado do  “só contei pra você, hein?!”. Se a língua do depositário de tamanha confiança coça, lá está a confidência espalhada pelos quatro cantos do mundo. Sem falar que quem guarda um segredo precisa ter memória de elefante, ou seja, lembrar-se sempre de que é preciso manter sigilo sobre o assunto a si confiado, trancando-o a sete chaves. Quanta responsabilidade! Dizem alguns mexeriqueiros que quem guarda segredo é padre e terapeuta.

O que viria a ser a expressão “a sete chaves”? Que mistérios são esses? Onde se encontram as tais chaves? Em tempos idos, quando algo era muito valioso nas terras portuguesas, o tesouro era guardado em arcas de madeira. Mas não se tratava de qualquer arca. Deveria ter quatro fechaduras. E daí — poderá indagar o leitor —, se é possível abri-las ao mesmo tempo? Calminha, amigo, vamos devagar que o santo é de barro. Não abusemos da inteligência do dono das preciosidades.

Após fechada a arca em questão, quatro pessoas da maior confiança do dono recebiam a incumbência de guardar as quatro chaves, ficando cada uma delas com uma das tais. Muitas vezes o rei era o guarda de uma delas. A arca só poderia ser aberta com a presença dos quatro portadores das chaves, juntos. Mas, com o passar do tempo, o número “quatro” perdeu o seu status, entrando o “sete” no lugar, pois se trata de um número místico e, segundo alguns, muito poderoso. Se um tesouro guardado  a quatro chaves já era seguro, imagine a sete… Vixe Maria!

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O PUXA-SACO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

saco

O puxa-saco sempre age em benefício próprio. É um bajulador por excelência, cônscio dos ganhos que virão em razão de sua sabujice. E pior, ele só exerce tal “profissão” enquanto possui uma ligação com o sujeito de sua adulação. Uma vez não mais sob as suas asas, parte para um novo ninho. Nasce daí a raiva que muitos dedicam ao puxa-saco, também conhecido como lambe-botas ou baba-ovo.

É comum alguns acharem que o puxa-saco é uma pessoa ingênua, subserviente, com a autoestima baixa, à cata de admiração. Eu, particularmente, não penso assim.  Acho que se trata de um espertalhão mal-intencionado que segue todo um cronograma para alcançar seus objetivos. Todo o servilismo que demonstra não passa de um álibi para enganar os tolos. Não passa de uma pessoa perigosíssima que remove tudo que estiver em seu caminho para atingir seus objetivos. É um sem escrúpulos. Não há meio que tenha mais puxa-sacos do que o político. Haja estômago!

Certa vez, ao ouvir a mãe chamar um dos colegas de “puxa-saco”, o filhinho de minha amiga Lúcia esbugalhou os olhos e perguntou:

— Mãe, não dói?

A criança levou a sentença ao pé da letra. Mas como nasceu tal expressão? Conta-se que ganhou vida no meio militares. Os soldados que levavam os sacos de roupas dos oficiais em viagem eram chamados de “puxa-sacos”. Daí para “bajulador” foi um pulo.

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