Autoria de Lu Dias Carvalho
Com o tempo e a paciência a folha da amoreira transforma-se em uma roupa de seda. (Provérbio chinês)
Não restam dúvidas de que os segredos de antigamente eram muito mais bem guardados do que os de hoje. Prova disso foram as centenas de anos em que os chineses conseguiram manter oculta a fabricação da seda, guardada como segredo capital. Ninguém que não fosse alguns poucos chineses imaginava como da folha da amoreira pudesse sair a produção de tão cobiçado tecido – a seda.
Havia centenas de anos que os chineses não apenas fabricavam a seda como a exportavam, obtendo grandes lucros. O segredo era guardado a sete chaves e quiçá por milhares de dragões soltando fogo pelas ventas. A morte seria o castigo daquele que, mesmo em sonho, ousasse revelar como se obtinha um fiapo de seda. Embora em Constantinopla já houvesse o domínio do tingimento e da tecelagem de tal tecido, a seda crua só poderia ser comprada na China. E ponto final!
Justiniano, Imperador de Roma, encontrando-se em guerra com os persas responsáveis por intermediar a compra de tão valiosa matéria-prima, enviou dois notórios monges para a China, a fim de descobrir o segredo da seda. Já naquele país, os dois espertinhos obtiveram casulos do bicho-da-seda. Até aí tudo bem, o difícil seria sair do país transportando tão bizarra mercadoria. Os dois sujeitos esconderam os casulos dentro de varas ocas de bambu e, para que as larvas não sucumbissem durante a longa viagem, enterraram suas varas em estrume. E assim, o tão bem guardado conhecimento chinês ganhou vida, ou melhor, ganhou asas no Império Bizantino.
A expressão popular brasileira rasgar seda é hoje muito conhecida. Significa desdobrar-se em amabilidades, bajular excessivamente, normalmente para obter algo em troca ou por servilismo. Não se sabe ao certo se o teatrólogo Luís Carlos Martins Pena (1815-1848) – fundador do teatro de costumes no Brasil – já a conhecia antes de acrescentá-la a uma de suas peças.
Na peça, um vendedor de tecidos tenta cortejar uma moça sob o pretexto de vender-lhe sua mercadoria. Ela, contudo, descobre quais eram as reais intenções do moço e lhe diz na fuça:
– Não rasgue a seda que ela se esfiapa!
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Lu,
hoje em dia é comum a bajulação e o ” rasgar de seda “. É comum na política e também em todas as esferas da nossa sociedade. Essas pessoas querem alguma coisa e sabem que muitos gostam de ser bajulados. Por isso, dizem o que elas querem ouvir. Funciona com muita gente.
Marinalva
É verdade! Rasga-se a “seda” no intuito de aplainar o terreno e conseguir algo em troca da bajulação.
Abraços,
Lu
Lu
As vítimas dessa espécie, não aprendem a lição. Vivemos em tempos em que se é necessário rasgar a seda no bom sentido, na busca por políticos e políticas públicas abrangentes aos menos favorecidos, chega desse tal de dar um “jeitinho”. Você sempre nos enriquecendo, Lu, e quebrando nossos cadeados mentais.
Sandra
É verdade, temos, sim, que valorizar os políticos que se dedicam às políticas públicas de modo a abranger grande parte dos brasileiros situados na base da pirâmide social.
Abraços,
Lu
Lu
O que não falta são os “rasga sedas” em nosso país, principalmente em época de eleições. Existem também os “lambe sacos” e outros bichos. Conta-se que em uma cidade do vale do Mucuri o prefeito “rasgou seda” ao homenagear sua secretária particular. Quando a homenageada subiu no palanque para receber uma placa, sua calça rasgou nas partes íntimas e aí um sujeito gritou: “Agora o rasga seda ficou completo, prefeito”.
Adevaldo
Realmente em tempo de eleições os rasga sedas espalham-se por todos os cantões do país. Haja estômago para aguentar.
Abraços,
Lu