VIAJANDO PELA HISTÓRIA DA ARTE (Aula nº 22)

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Autoria de Lu Dias Carvalho    

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 O estudo da História da Arte exige o conhecimento dos períodos da História, ou seja, a  divisão criada pelos historiadores no que diz respeito às épocas, a fim de facilitar a compreensão e análise dos acontecimentos históricos e, como consequência, as mudanças ocasionadas na arte. Tal periodização não é consenso entre eles, mas é a que usaremos em nossas aulas por serem as mais seguidas. Diz respeito às seguintes fases: Pré-História, Idade Antiga (ou Antiguidade), Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Segundo o Prof. E. H. Gombrich, “as datas são cabides indispensáveis para pendurar a tapeçaria da história”, por isso, postei à direita, no final da página principal de nosso blogue, um esquema bem explicativo dessas épocas com suas subdivisões, mostrando quando começaram e terminaram cada uma delas, de acordo com a visão da maioria dos historiadores. Sempre que houver necessidade de maior compreensão, revejam-nas.

Em nossa viagem pela História da Arte já passamos pela Pré-História, quando tivemos contato com as pinturas rupestres. A seguir navegamos pela Idade Antiga, também conhecida como Antiguidade, período que nos reportou à arte do Egito, da Grécia, da Roma Antiga e de Bizâncio — cidade que recebeu o nome de Constantinopla em homenagem ao Imperador Constantino e atualmente é conhecida como Istambul, situando-se na Turquia. A partir de agora iremos estudar a arte da Idade Média que é dividida pelos historiadores em duas fases: Alta Idade Média e Baixa Idade Média.

Durante a Alta Idade Média a Europa passou por grandes mudanças em razão, sobretudo, do esfacelamento do Império Romano. O feudalismo teve seu início, o cristianismo espalhou-se pela Europa ocidental e o Império Bizantino transformou-se numa grande potência. Na Baixa Idade Média o feudalismo alcançou o seu auge. Grandes transformações surgiram em razão do renascimento urbano e comercial, com o surgimento de técnicas que propiciavam maior produtividade relativas às colheitas.  Também aconteceram as Cruzadas — tentativa dos cristãos em recuperar o domínio sobre a Terra Santa que se encontrava em mãos dos muçulmanos. No primeiro período da Idade Média diferentes tribos (godos, saxões, vikings, etc.) destroçaram a Europa em razão da fragmentação do Império Romano do Ocidente, destruindo tudo que encontravam e saqueando as riquezas, enquanto formavam novos reinos, usando a estrutura deixada pelo outrora poderoso império.

Essas tribos eram chamadas de “povos bárbaros” por aqueles que prezavam as criações gregas e romanas na literatura e na arte. O que não significa que não possuíssem uma arte própria. Elas contavam com artistas hábeis e experientes, principalmente na criação de obras de metal maravilhosamente trabalhadas. Eram também habilidosos entalhadores. De sua arte fazem parte complexos padrões que abrangiam corpos contorcidos de dragões ou de aves enlaçadas. É possível que tais imagens tivessem ligações com a prática de magias e de exorcismo de espíritos. A arte produzida por essas tribos trouxe novas influências para a arte ocidental, fazendo surgir algo novo.

A Idade Média foi também chamada de “Idade das Trevas” — termo que deriva do latim (hoje língua morta) “saeculum obscurum” — pelos humanistas do século XVII, pois, segundo a análise feita por eles, não passou de um tempo de ruínas e flagelos para a humanidade. É fato que esses séculos foram muitas vezes caóticos, marcados por constantes levantes, motins e guerras, forçando as migrações das pessoas de um lado para outro do continente europeu, surgindo daí inúmeras diversidades tanto entre as classes sociais como entre os povos. As pessoas mostravam-se perdidas em meio ao obscurantismo da época, uma vez que o conhecimento era precário em quase todos os campos e as multidões pobres eram também analfabetas. Ainda assim houve progresso no campo das artes, por exemplo.

Os dois últimos séculos da Baixa Idade Média foram terríveis. O século XIV foi um dos piores no que diz respeito aos acontecimentos catastróficos. Foi caracterizado pelo surgimento de uma crise sem limites, ocasionada pelas guerras que aniquilavam tudo, gerando carestias e fome, o que culminou com a terrível Peste Negra — surto de peste bubônica que matou um terço da população europeia entre 1347 e 1350. Houve também o chamado Grande Cisma do Ocidente — crise religiosa ocorrida no seio da Igreja e que ocasionou inúmeras guerras entre estados. A vida cultural desse período foi dominada pela escolástica (filosofia que buscava unir a fé à razão) e pela fundação das primeiras universidades. Dentre os mais importantes feitos dessa época encontram-se a obra de Tomás de Aquino, a pintura de Giotto, a poesia de Dante Alighieri e Geoffrey Chaucer, as viagens de Marco Polo e a construção das suntuosas catedrais góticas.

Obs.: As abreviações a.C. (ou A.C.)  e d.C. (ou D.C.) significam respectivamente: “antes de Cristo” e “depois de Cristo”. As datas relativas ao tempo antes de Cristo obedecem a uma ordem decrescente e as relativas ao tempo depois de Cristo obedecem a uma ordem crescente. A abreviação A.D. (Anno Domini) refere-se à expressão latina que significa “Ano do Senhor”, utilizada para marcar os anos seguintes ao ano 1 do calendário mais comumente utilizado no Ocidente, designado como “Era Cristã” ou ainda, como “Era Comum” que se refere ao ano de nascimento de Jesus Cristo (ver ilustração acima). Outro ponto importante é aprender a relação entre século em numeral e em algarismos romanos. Veja a tabela na página principal do blogue, à direita, acima dos períodos históricos.

Exercício

  1. Quais são os períodos da História e em qual deles o mundo se encontra?
  2. Quais tipos de arte estudamos na Idade Antiga?
  3. Por que o século XIV (Idade Média) foi um dos mais brutais para a humanidade?

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich

12 comentaram em “VIAJANDO PELA HISTÓRIA DA ARTE (Aula nº 22)

  1. Marinalva Dias Autor do post

    Lu
    A arte sempre esteve presente na alma de seus artistas, desde as obscuras cavernas pré-históricas aos grafites das cidades modernas. A história da arte nos leva ao passado num resgate histórico, social e político, vivenciado em todos os tempos. Políticas, períodos de guerra ou paz e religião, dentre outros fatores, influem na expressão artística de cada época, trazendo à tona o caráter mais importante da arte: a sensibilidade. Portanto, o pensamento predominante de cada tempo influencia a expressão do artista, pois faz parte de sua história como pessoa. Entender melhor a arte, suas técnicas, seus estilos e aprimorar o nosso olhar, leva-nos compreender melhor a história do homem e a do mundo.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      Por mais simples que seja uma cultura ela sempre terá a sua arte. Todas elas possuem seus artistas que se expressam de uma maneira ou de outra, como vimos até mesmo na Pré-História. É possível até silenciar a criatividade de um povo durante um tempo, mas não por todo o tempo. Quero reafirmar a frase escrita por você, pois se trata de uma verdade indiscutível:

      “A história da arte nos leva ao passado num resgate histórico, social e político, vivenciado em todos os tempos.”

      Abraços,

      Lu

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  2. Moacyr Autor do post

    Lu
    Sua explicação sobre as divisões dos períodos históricos é muito importante para uma melhor compreensão da história da arte, ao formar uma espécie de elo entre os diferentes acontecimentos e estilos.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Moacyr

      Realmente é necessário a compreensão dos períodos da história e da contagem dos séculos. Sem ela é impossível compreender os fatos históricos e, em consequência, os estilos artísticos. É por isso que tenho insistido no assunto. Eu me lembro que, quando estudante de Ensino Médio, fazia a maior mistureba com isso. Essa linha do tempo é fundamental.

      Abraços,
      Lu

      Responder
  3. Antônio

    Lu

    É muito bom, num texto curto criar a possibilidade de curtir a dinâmica dos tempos artísticos nas diferentes épocas. A visão histórica temporal nos possibilita analisar, comparar e correlacionar através da arte, costumes, influências e motivações. A sensação de “abarcar” o tempo histórico, seja qual for a área cultural, dá satisfação e segurança na multiplicação do conhecimento. Este texto deverá ser relido algumas vezes, pois cada uma nos reportará às mais diferentes imagens dos povos.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Antônio

      Para se estudar arte faz-se necessário situar-se no tempo, pois a arte está viceralmente ligada à história da humanidade com seus avanços e retrocessos.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  4. Hernando Martins

    Lu

    Foi na Alta Idade Média que surgiu o feudalismo, organização administrativa e política que tinha a terra como elemento preponderante na sua subsistência. Houve uma parceria dos senhores feudais com agricultores, denominados de servos, que recebiam frações de terras para trabalhar e pagavam taxas específicas,como se fosse arrendamento. Em contrapartida recebiam proteção contra as invasões dos inimigos. A arte nesse período tinha um cunho religioso muito acentuado e finalidade didática.

    A Baixa Idade Média é caracterizada pela decadência do império romano, marcada pela tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453,também chamada de Bizâncio, importante região política e economicamente em virtude de ser uma região estratégica para o comércio com o Oriente.

    O Império Romano do norte foi invadido pelos bárbaros, povos germanos que não falavam latim, considerados guerreiros sanguinários e cruéis. A arte nesse período teve uma característica diferente, caracterizada por trabalhos entalhados e desenvolveram obras com metais, já que eram guerreiros implacáveis. A igreja os considerava pagãos,pois tinham crenças próprias e rituais não convencionais para a igreja.

    Foi um período tenebroso, com muitos conflitos e batalhas. Esse período foi marcado pelo teocentrismo (deus era o centro de tudo) e havia o negacionismo como forma de alienação, já que o analfabetismo era avassalador, com concentração de riquezas nas mãos do rei, igreja e nobres, sendo o povo os servos de toda essa estrutura. Foi um período sombrio para a arte, foi um retrocesso em muitos aspectos, mas mesmo assim os artistas deixaram obras importantes na pintura, arquitetura (estilo gótico), literatura, escultura e demais campos artísticos.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      Apesar de todos os conflitos acontecidos na Idade Média, ela deu vida a dois estilos artísticos: 0 românico e o gótico. Isso é uma prova de que a arte, apesar dos entreveros, sempre encontra uma saída para avançar, ainda que seja através da crítica, como veremos no início da Idade Contemporânea. O que nos prova que ela é dinâmica, ainda que lhe imponham regras rígidas como fizeram os governantes egípcios, os cristãos e os islâmicos. Não há como sufocar a criatividade do artista. Pode tolhê-la por um tempo, mas depois ela irrompe como uma cascata, como veremos no Renascimento.

      Você escreveu: “Esse período foi marcado pelo teocentrismo (deus era o centro de tudo) e havia o negacionismo como forma de alienação, já que o analfabetismo era avassalador, com concentração de riquezas nas mãos do rei, igreja e nobres, sendo o povo os servos de toda essa estrutura.”.

      Será que o Brasil está voltando à Idade Média? Há muitas semelhanças lamentáveis….

      Beijos,

      Lu

      Responder
      1. Hernando Martins

        Lu

        Apesar de estarmos no terceiro milênio, vivemos num país com um índice de analfabetismo ainda elevado e com uma das mais altas taxas de concentração de riqueza no mundo, criando um nível de pobreza elevadíssimo. Realmente temos a impressão de que estamos em plena Idade Média, convivendo com os nobres e com a expansão desenfreada de crenças as mais diversas que fazem uma lavagem cerebral nas “ovelhas”, explorando a fé, mas que tem como objetivo maior o enriquecimento dos dirigentes de sua instituição. Os poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, assim como as Forças Armadas, negam-se a fazer parte de qualquer forma de controle que venha a reduzir seus salários em benefício dos mais pobres. A população brasileira sempre foi refém de corporações institucionalizadas, pois a lei, assim como as serpentes, não morde os que estão calçados e, sim, os descalços!

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        1. LuDiasBH Autor do post

          Hernando

          Ao ver a conduta de países que participaram de uma Idade Média cheia de tormentos e crueldades, mas que hoje funcionam com extrema dignidade e respeito a seu povo, a exemplo da Itália, França e Alemanha, penso que ainda há esperança, uma vez que toda a história da humanidade é cíclica. Nela não existe o “para sempre”. Penso que o fator de maior atraso em nosso país diz respeito à vergonhosa pirâmide social. Ela é a causa maior de nosso atraso moral, intelectual, econômico e cultural.

          Abraços,

          Lu

  5. Mário Mendonça

    Prezada Lu Dias

    Percebi que tu citaste Marco Polo em seu artigo. Gostaria de saber qual foi a influeêcia da Rota da Seda na história da arte, principalmente na idade das trevas.

    Abração

    Mário Mendonça

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Mário

      O mais importante foi o fato de ligar uma diversidade de culturas, favorecendo o intercâmbio cultural entre elas (China, Índia, Pérsia, Egito Antigo, Mesopotâmia e até Roma). Era uma série de rotas que funcionavam como um rio e seus afluentes, permitindo que as influências artísticas se processassem através delas, principalmente na Ásia Central, onde envolveu os estilos helenísticos, iraniano, indiano e chinês.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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