Autoria de Lu Dias Carvalho
Eu fico cá pensando com os meus botões sobre qual será o porquê de alguns poucos indivíduos viverem no bem bom, enquanto grande parte da humanidade vive ao deus-dará, se vivemos neste planeta apenas como hóspedes, e ainda por cima por um curto espaço de tempo. Não adianta abocanharmos tudo que podemos, perdendo a noção da brevidade de nossa vida. Na verdade não somos absolutamente donos de nada. Tudo nos é emprestado por um determinado tempo. Logo deixaremos nossa bagagem para outrem. E os ladrões do erário público ainda acham que enganam a morte, ao jogar na rua da amargura tantos desvalidos, privando-os de saúde, educação e comida. Mas eles, de uma forma ou de outra, terão o que merecem. Não perdem por esperar!
A expressão “deus-dará” que o Aurélio explica como “à toa; a esmo; ao acaso; à ventura; a Deus e à ventura” possui duas explicações para a sua origem. Vejamos:
Lá pelo século XVII em Recife (PE), os soldados eram providos pela Fazenda Real. Mas, por isso ou por aquilo, alguns não eram abastecidos, de modo que os necessitados se viam obrigados a recorrer ao comerciante Manoel Álvares. E se por acaso faltava ao bom homem as mercadorias necessárias, esse consolava os soldados dizendo: “Deus dará!”. E tanto repetia a expressão – o que significa que ele estava sempre com falta de mercadorias – que foi apelidado pelos soldados de “Deus Dará”, apelido esse que, com o passar do tempo, foi agregado a seu nome próprio: Manuel Álvares Deus Dará. O mais interessante é que o acréscimo também passou para seus descendentes como sobrenome.
Outros, porém, contam que “deus-dará” tem a ver com os sovinas que se recusavam a dar esmolas. Quando um mendigo tinha o desprazer de estender a mão em busca de um auxílio a um desses unha de fome, ouvia logo a resposta: “Deus dará!”, ou seja, legavam toda a responsabilidade a Deus de modo que não tivessem de ser importunados pelos mendicantes. E assim, o coitado ficava abandonado à própria sorte, aguardando que Deus socorresse-o. Apesar de dizerem que eram cristãos, não levavam em conta o ensinamento bíblico em que Jesus estimula o socorro aos pobres.
Fontes de pesquisa:
A Casa da Mãe Joana / Reinaldo Pimenta
http://ninitelles.blogspot.com.br
Nota: Imagem copiada de tmsfrainha.blogspot.com
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Lu
O principal caminho a percorrer, releve-se, certamente será a minimização da política econômica neoliberal, o fortalecimento do Estado para que sejam priorizadas, para valer, a educação, a saúde pública e a ação garantidora dos direitos das crianças e dos adolescentes, bem como a prática de toda a malha de políticas públicas possíveis, ao lado do apoio às organizações assistenciais não governamentais, probas e honestas, permitindo-se criar melhores condições de vida e desenvolvimento do indivíduo e da sociedade.
Edward
Você é uma pessoa extremamente sensível e sábia. Tocou exatamente nos pontos centrais da questão. Enquanto do lado de fora você percebe o que é preciso fazer para diminuir as desigualdades sociais, do lado de dentro eles fingem nada enxergar.
Abraços,
Lu
Lu
Muito boa sua explicação sobre o dito popular “Deus dará”. Vou além do comportamento dos indivíduos que vivem no bem bom. Os governantes também tiveram e têm um papel negativo em relação às pessoas que possuem grandes riquezas, pois distribuem terras para os afilhados (desde à época do Império), não cobram impostos justos e por não possuem projetos adequados para melhor distribuição da renda e diminuição dos desníveis sociais.
Adevaldo
Não resta dúvida de que os maiores responsáveis são os governantes. Você tem toda a razão.
Abraços,
Lu
Lu
Existe um mesclado de cultura, políticas públicas, relações humanas e religião que fortalecem a visão do acúmulo de riquezas. Admiro muito sua maestria!
Sandra
É verdade! O acúmulo é louvado desde a infância, crescendo o novo ser com a ideia de que deve ter o máximo para si.
Beijos,
Lu
Lu
Muitos humanos são tão maus, tão ordinários que só ligam pra si mesmos. Estando bom para eles , os outros que se danem e se virem como podem. Mas o pior é usar o nome de Deus para se livrarem de qualquer coisa ou de pessoas das quais eles querem distância. Se houvesse justiça não fariam isso, pela certeza de serem punidos de imediato, fariam tudo certo. Leis q não funcionam , falta de amor ao próximo, enfim, quem pode, pode, quem não pode fica ao “Deus dará “, não tem a quem reclamar. Vale a lei do mais forte e mais esperto .
Marinalva
É assim que funciona o mundo. O ser humano continua cego quanto à sua finitude.
Abraços,
Lu
Vicente
Agradeço muitíssimo a sua presença e comentário. Será sempre um prazer recebê-lo.
Amiguinho, pelo que você diz, a Bíblia é um livro cheio de mentiras, pois nele Cristo prega em favor dos pobres em várias das passagens. Aliás, quase todos os seus evangelhos estão voltados aos miseráveis e à condenação dos gananciosos. Essa também é a temática das religiões que não são cristãs. Presumo que seu deus seja o “capital”.
Abraços,
Lu
Sou da mesma opinião, tudo que nós temos é emprestado enquanto cá andamos. Realmente há muitos unhas de fome, pois são gananciosos e querem abraçar o mundo todo para si, olhando só para seu umbigo, não tendo compaixão por ninguém. Dizer “Deus dará” é muito fácil, mas com pequenas ações bem podemos ajudar quem está ao nosso lado.
Enquanto houver gente que se acha dono do mundo e que pode tudo, este mundo não andará para a frente.
Rui
Tolos que somos, temos a impressão de que tudo que ajuntamos nos pertence. O que não é verdade. Tudo nos é emprestado apenas por um tempo. Daí a tolice de ser egoísta, querendo sempre mais. Até as forças de nosso corpo abandonam-nos depois de certa idade, assim como a beleza física. E mesmo isso não é capaz de abrir os olhos do ser humano que não mede sacrifícios para ajuntar bens. O mundo seria muito melhor, se conseguíssemos olhar com generosidade para os nossos irmãos que não possuem nada.
Você é muito sábio.
Abraços,
Lu