A MENTIRA DIMINUI A CONFIANÇA

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

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Quem nunca contou uma mentirinha? Sempre foi usada como estratégia de defesa ou, ao contrário, para ataques. A mentira faz parte do cotidiano de todos nós. Está sempre nos cercando. Porém, em alguns casos, a mentira pode ser doença. Certos distúrbios psiquiátricos têm como característica o hábito de mentir. São estes casos que devem ser identificados e tratados.

Conceitualmente, mentir é o ato intencional e deliberado de fazer uma declaração falsa. É também conhecida por mitomania ou mentira compulsiva. É alguém que mente por hábito, normalmente desde a infância. A maioria das pessoas mente por medo de que algo possa dar errado, o que é uma forma de defesa. Por outro lado, a mentira compulsiva interfere no julgamento racional, no relacionamento familiar e, especialmente, social. As mentiras podem ser pequenas ou muito elaboradas e cheias de detalhes. Os mitômanos podem esconder a verdade sobre tudo, pois dizer a verdade pode ser extremamente desconfortável para eles.

Não se sabe exatamente a causa da mitomania. Um conjunto de fatores associados pode estar por trás do problema: histórico de vida, relacionamentos, relação parental, genética, etc. Acredita-se que a baixa autoestima, somada à necessidade de atenção e à tentativa de se proteger de situações constrangedoras, marque o início da mitomania.

Há muitas consequências em ser um mentiroso patológico. Mentiras que se perpetuam destroem relacionamentos e amizades. Se a doença continua a progredir, a mentira pode se tornar tão grave que, eventualmente, pode causar problemas de ordem social, psicológica e até legal. A pessoa geralmente é excluída do grupo que frequenta por vivenciar situações sem saída, passar por situações embaraçosas e perder a confiança de todos ao seu redor. Com o tempo, é natural que as pessoas que rodeiam um mitômano percebam a mentira.

Mais importante do que identificar a ação repetida de mentir é reconhecer esse ato como um hábito patológico. Mentira excessiva é um sintoma comum de diversas doenças mentais. Por exemplo, pessoas que sofrem de transtorno de personalidade antissocial usualmente mentem para se beneficiar de outrem. Alguns indivíduos com transtorno de personalidade borderline podem mentir para chamar a atenção, alegando que eles foram mal tratados ou pressionados.

Portanto, o reconhecimento pelo indivíduo dos prejuízos que seu comportamento pode trazer para si e para terceiros é de extrema relevância para o início do tratamento, que geralmente envolve acompanhamento psicológico e, no caso de pessoas que também apresentem outros quadros psiquiátricos (como depressão e ansiedade), o tratamento medicamentoso deve ser considerando. Psicoterapia é um dos poucos métodos para tratar uma pessoa que sofre de mitomania, pois ajuda o indivíduo a desenvolver novos repertórios, reforçando relatos verdadeiros e ignorando os relatos falsos.

Na realidade, na doença de Pinóquio, a mentira não aumenta o nariz, apenas diminui a confiança.

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