A ARTE NATURALISTA DE MARIANNE NORTH

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A arte de retratar a natureza, já conhecida desde o Renascimento, foi de suma importância para a ciência, pois reproduzia com precisão as estruturas dos organismos, num grau tal de perfeição, que nem mesmo a fotografia poderia oferecer. O século XIX foi, sem dúvida, o apogeu da pintura naturalista. E, como não poderia deixar de ser, o Brasil foi um cenário propício para os artistas envolvidos com esse tipo de arte. Artistas famosos, como o alemão Rugendas e francês Dubret, aqui aportaram, não conseguiram deixar um acervo tão rico sobre a natureza de nosso país como o de Marianne North.

Marianne North, após a morte de sua mãe, em 1855, passou a viajar com seu pai, então membro do parlamento inglês e, com a morte desse, optou por seguir o seu desejo inicial de pintar a flora e a fauna de países distantes. Assim, a pintora inglesa, solteirona convicta, depois dos seus 40 anos tornou-se uma artista itinerante, dando volta ao mundo por três vezes, retratando as maravilhas naturais que encontrava: paisagens, vegetação e animais.

Marianne começou suas viagens pelo Canadá, depois Estados Unidos e Jamaica. A seguir veio para o Brasil. Em uma excursão por Minas Gerais, nos idos de 1870, ouviu de um padre o desejo que ele nutria por criar um museu de história natural e dar aulas sobre o assunto. O apelo tocou-a, pois um país que tinha diante de si tamanha exuberância em relação ao número de plantas e animais, muitos deles ainda desconhecidos, não poderia ignorar a importância do tema, cabendo a tarefa a estudiosos estrangeiros.

Foi no nosso país que a artista inglesa sentiu o desabrochar de sua arte na representação da natureza tropical com desenhos meticulosos e de cores vibrantes, realizados em cabanas, no meio das florestas. Mas, infelizmente, seu trabalho permaneceu oculto por mais de um século, enclausurado numa galeria do jardim botânico de Kew, próximo a Londres, galeria essa construída sob a supervisão da artista.

As pinturas de Marianne sobre a natureza tropical brasileira foram feitas entre os anos de 1872 e 1873, num total de 112 obras que agora, depois de uma restauração geral, ganharam uma edição. No livro, já presente no mercado brasileiro, o historiador Júlio Bandeira apresenta as andanças da artista pelo Brasil e trechos de sua autobiografia que referem ao país: impressões sobre a fauna e a flora em suas passagens por Minas Gerais e pelo Rio de Janeiro, assim como os modos do povo. Margaret Mee foi outra artista inglesa que trabalhou na Amazônia, a partir de 1956.

O cânone da pintura naturalista rezava que a representação de plantas e de animais deveria ser estática, contudo, Marianne não se prendeu a essa regra, ao dar movimento ao que pintava, sendo seu trabalho elogiado pelo amigo naturalista Charles Darwin. Inclusive, foi por sugestão do amigo que ela partiu para a Oceania, em 1880 e, por um ano, retratou imagens da Austrália e da Nova Zelândia.

Marianne North também se destacava dos artistas naturalistas ao usar tinta a óleo em suas pinturas, ao invés de guache ou aquarela. A sua opção pela tinta, além de salientar as cores de seus trabalhos, ainda permitiu que sua obra tivesse um desgaste pelo tempo bem menor.

Um dos lados tristes da história dessa singular artista itinerante foi o fato de que a sua arte foi também foi responsável pela sua morte. Marianne morreu envenenada, aos 59 anos, em 1890, pela tinta a óleo.

Os diários da artista foram publicados após sua morte. Neles, ela fala sobre suas viagens através das “estradas lamacentas” do Brasil. Nem todos os seus escritos foram revelados, estando os originais ainda sob a guarda da família.

Pintura
ma das imagens que ilustram este texto traz beija-flores sugando o néctar de uma paineira-rosa. À época, ver um passarinho enfiando o bico numa flor era tido como “pura pornografia”. Coisa que Marianne não levou em conta.

Livro: A Viagem ao Brasil de Marianne North
Editora Sextante

Fontes de pesquisa:
Revista Veja/ 23-01-2013
Wikipedia

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