Autoria de Lu Dias Carvalho
O pintor Ticiano Vecellio (1485?–1576), também conhecido como Tizian Vecellio de Gregorio, Tiziano, Titian ou ainda como Titien, encontra-se entre os grandes nomes da pintura italiana. Ainda pequeno retirava suco de flores para desenhar toalhas e lençóis. O pai — Capitão Conte Vecellio — reconhecendo o pendor artístico do menino, retira-o da pequena Pieve Cadore onde nascera e envia-o para Veneza, acompanhado do irmão mais velho. Ali, ainda nos seus oito anos de idade, é apresentado por um tio aos mais importantes pintores venezianos da época. Passa pelas mãos de Gentile Bellini e depois pelas de Giorgione que o acolhe com entusiasmo. Ticiano sorve com tanto interesse os ensinamentos de Giorgione que, com 20 anos incompletos, tem uma de suas pinturas confundida com a obra do mestre. Oportunidade em que o aluno percebe que não existe mais nada a ser aprendido com ele e passa a caminhar por conta própria. Aos 57 anos, o pintor — já extremamente conhecido — faz uma visita a Roma, onde é acolhido com as honras de um monarca convidado.
O pintor, inteligente e intuitivo, compreende que determinados temas trazem-lhe uma rica clientela, pródiga em aplaudi-lo e encher-lhe os bolsos de moedas de ouro. Por isso, sua pintura é, muitas vezes, de índole adulatória, pois lisonjear os poderosos traz sempre um bom retorno. Assim, príncipes, prelado, embaixadores e toda a sociedade rica e fútil almejam ter um retrato pintado pelo famoso Ticiano. Mas, com o imenso volume de encomendas, o artista opta pelos compradores mais interessantes que se incluíam entre os mais endinheirados. Como nem todos os clientes fossem bons pagadores, o artista enviava a cobrança para aqueles que detinham os mais altos cargos, jamais ficando no prejuízo. Com o dinheiro investia em propriedades, tornando-se cada vez mais rico. Era bajulado não apenas pelo mundo da arte, mas também pela sociedade. Chegou a receber das mãos do imperador Carlos V o título de conde e Cavaleiro da Espora de Ouro.
Ticiano, artista extraordinário, possuidor de um profundo sentimento cromático, foi um dos principais representantes da Escola Veneziana no Renascimento, antecipando diversas características do Barroco e até mesmo do Modernismo, sendo igualmente bom tanto em retratos ou paisagens, como em temas mitológicos ou religiosos, impregnando sua obra de um grande lirismo. Foi o primeiro artista a obter fama internacional, recebendo encomendas de soberanos de vários países. Inspirou El Greco, Peter Paul Rubens, Diego Velázquez, Rembrandt, Eugène Delacroix, Edouard Monet e Willem de Kooning. Aos 86 anos é colhido pela peste, tendo o mesmo fim que sua esposa e os grandes amigos Sansovino (arquiteto) e Aretino (escritor). O féretro é acompanhado por um cortejo de gôndolas drapeadas de preto sob o olhar de multidões. Os sinos das igrejas são repicados em sua honra.
Nota: Autorretrato feito quando o pintor tinha 75 anos. Traz na mão direita um pincel, alusão à sua profissão. A dupla corrente de ouro ao pescoço é sinal de sua condição de cavaleiro.
Nota: Veja mais sobre a vida do artista em: Ticiano – O SOL ENTRE AS ESTRELAS
Ficha técnica da pintura:
Ano: 1566
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 86 x 69 cm
Localização: Museo del Prado, Madrid
Fonte de pesquisa:
Gênios da pintura/ Abril Cultural
1000 obras primas…/ Könemann
Os pintores mais influentes/ Girassol
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