Rubens e Jan Bruegel, o Velho – ALEGORIA DO OLFATO

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

 Autoria de Lu Dias Carvalho

ALDOL

A composição, denominada Alegoria do Olfato, foi feita numa parceria entre Peter Paul Rubens e Jan Bruegel, o Velho. Trata-se de uma das alegorias referentes à série sobre “os cinco sentidos”, feitas por esses dois mestres da pintura e grandes amigos, ficando um responsável pelas configurações e o outro pelas figuras humanas. As pinturas sobre os cinco sentidos, no século XVII, eram muito apreciadas. A “visão”, desde o tempo era tida como o mais importante dos sentidos. Para Aristóteles, os sentidos eram a base do conhecimento humano, enquanto o cristianismo via-os como suspeitos, responsáveis pelos pecados do homem.

Jan Bruegel era um exímio pintor de miniaturas, tendo herdado esse talento de sua avó, importante miniaturista. Peter Paulo Rubens, por sua vez, era um perfeccionista na arte de pintar figuras humanas. Os dois fizeram vários trabalhos em parceria, produzindo obras belíssimas, como a que vemos acima. Este tipo de interação entre os artistas era muito comum na Antuérpia, nas duas primeiras décadas do século XVII, tendo Rubens feito uso de tal prática em algumas de suas obras.

A alegoria referente ao olfato foi representada do lado de fora, ao ar livre, ao contrário das outras (visão, audição, tato e paladar). Nela está presente uma bela mulher nua, tida como Vênus, a deusa da beleza e do amor, sentada sobre um manto azul-marinho, e seu filho Cupido, o deus do amor, que lhe oferta um enorme buquê de flores. Ela cheira as flores que tem nas mãos, como se lembrasse ao observador, que ali está para sentir o prazer ocasionado pelo olfato. Os objetos vistos no chão, à sua esquerda, como perfumes, âmbar, etc., induzem a essa observação. A presença de um cão, atrás da deusa, trata-se de um código que aliava o cão ao sentido do olfato, assim como as flores.

A cena acontece num paradisíaco jardim, com edificações à esquerda e à direita, e uma alameda que conduz para fora do local. Estão presentes ali os mais diferentes tipos de vasos, flores, árvores e animais, numa profusão de cores, formas e perfumes. Próximos às edificações estão inúmeros vasos contendo variadas espécies de folhagens e flores. Jan Bruegel, o Velho, que era um especialista na pintura de flores, encanta com os detalhes, cuidadosamente elaborados, distinguindo as diferentes flores com suas cores e matizes. Ele trata cada tipo individualmente, não se esquecendo das folhas.

Especula-se que Alberto, arquiduque da Áustria, e sua esposa Isabel foram os responsáveis pela encomenda da série sobre os sentidos, uma vez que muitos pormenores vistos nos quadros são referentes a eles.

Ficha técnica
Ano: 1617-1618
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 65 x 110 cm
Localização: Museu Nacional do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
https://www.museodelprado.es/…on…/el-olfato
www.scienceshumaines.com/les-cinq-sens-une-alleg…

2 comentaram em “Rubens e Jan Bruegel, o Velho – ALEGORIA DO OLFATO

  1. Edward

    LuDias

    Adorei suas explicações, que nos levam a entender melhor a arte. Você me chamou a atenção para “Vênus, a deusa da beleza e do amor, sentada sobre um manto azul-marinho, e seu filho Cupido, o deus do amor”

    Aí está um sentido profundo, inexistente visualmente no corpo humano, como a visão, o olfato, o paladar, a audição e o tato. Ele está no coração e o sentimento mais lindo de todos, que um surdo-mudo pode ter, que um cego pode com ele conviver, enfim, aquele que acho mais importante: o amor.

    A relação de Vênus e Cupido, naturalmente, é a exteriorização deste sentimento, de um sentido que o artigo colocou na tela e acontece sempre entre os humanos, que têm a felicidade de conseguir amar.

    Excelente o texto!

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Ed

      O amor é realmente a razão de nossa vida, pois é o mais belo dos sentimentos. Toda maldade é concebida quando se desconhece as transformações que o amor opera. E nisso a mitologia é muito bela, pois lega-nos muitos ensinamentos.
      O que é o trabalho de Bruegel e de Rubens senão a demonstração de um grande amor pela natureza?

      Abraços,

      Lu

      Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *