Veronese – VÊNUS E ADÔNIS

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

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Os dois protagonistas perdem-se no mesmo encantamento, como Rinaldo e Amidad e Tasso. (R. Pallucchini)

A composição Vênus e Adônis é uma obra mitológica do pintor maneirista italiano Paolo Veronese. Ela já mostra a opção do artista pelo uso da sombra. O crepúsculo, que começa a aparecer em suas pinturas, coincide com o ocaso de sua própria vida. Ele passa a trabalhar de uma nova maneira na distribuição de luz e sombra, mas, ainda que a claridade diminua, a qualidade de seu trabalho permanece imutável. Nesta pintura é impossível não se quedar diante da sensibilidade do artista. O pintor Velázquez encantou-se tanto com este quadro, que o comprou e levou-o para o rei Filipi IV, na Espanha, onde se encontra até hoje.

A história mitológica, que narra a paixão da deusa Vênus pelo jovem Adônis e sua morte durante uma caçada, foi usada como tema por inúmeros pintores. Veronese retratou o casal em meio a um bosque, debaixo de uma árvore, sob o crepúsculo vespertino, com um céu de nuvens pesadas, como se fossem o presságio da tragédia que não tardaria a acontecer. Enquanto Adônis dorme descontraído, Vênus mostra-se resplandescente em sua beleza. Ao contrário da obra de igual temática de Ticiano, esta não inspira dramaticidade.

Vênus, semidespida, usando um manto azul florido, do umbigo para baixo, encontra-se sentada. No pescoço traz um colar de pérolas, que também enfeitam seus cabelos. Seu rosto triste, voltado para a esquerda, mostra que está perdida em pensamentos. Com a mão esquerda, acaricia os cabelos escuros do amado, enquanto traz na direita um leque com o qual abana o jovem. Ela pressente que o destemido Adônis não voltará da caça, e tenta retê-lo perto de si num esforço desesperado. Seu manto cor-de-rosa está jogado debaixo de uma gigantesca árvore, atrás de Cupido e do cão.

O intrépido Adônis dorme tranquilamente no colo de Vênus, numa difícil posição, com o corpo vigoroso tombado para a direita, tendo uma perna dobrada e elevada e a outra apoiada no chão, indicativas de que irá partir assim que terminar seu descanso. Debaixo de sua mão direita está a trompa que usará na caça. Em torno de seu ombro e torso encontra-se enrolada a corda que prenderá os cães. Entre suas pernas desce um pequeno riacho.

Cupido, filho de Vênus, com seu cetro de ouro entre as perninhas, está abraçado a um dos dois cães, como se quisesse impedi-lo de partir, enquanto o outro se encontra deitado na relva, em meio ao espaço formado pelo braço de Adônis e a perna direita de Vênus. O pequeno deus olha para longe, com o rostinho meio tenso, como se fizesse força para reter o animal que se mostra inquieto.

Ficha técnica
Ano: c. 1570/1580
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 212 x 191
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Veronese, Abril Cultural
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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