A atração entre os sexos nasce na cabeça. (Stefan Klein).
O cérebro humano permite um grande número de manifestações amorosas — da timidez romântica à dominação agressiva e cruel. (Stefan Klein)
São poucas as pessoas que nunca sofreram por amor, vivenciado uma enlouquecedora paixão em que a razão parece ter exaurido como éter, a exemplo da lenda celta de Tristão e Isolda (presente neste site). Passado o período do arrebatamento, muitos se perguntam como aquilo pode acontecer, sem entender o porquê de parecerem tão enfeitiçados e tolos. Não é à toa, portanto, que antigamente e ainda nos dias de hoje em certas culturas, esse amor tão desatinado seja creditado a algum tipo de magia. Quem nunca ouviu histórias sobre as famosas poções mágicas, o café coado numa calcinha ou cueca?
A pessoa, quando apaixonada, cria uma visão imaginária da pessoa amada, colocando-a num pedestal, vendo-a como um ente especial, ignorando seus defeitos e ansiando por sua presença, pois essa lhe traz uma grande euforia. A Ciência tem procurado estudar os efeitos da paixão nas pessoas, chegando à conclusão de que é similar ao de uma droga. Segundo os pesquisadores Barteles e Zeki, “O pensamento na pessoa amada gera no cérebro um padrão de atividade muito parecido com o que é desencadeado pelo consumo de drogas, sendo a euforia da paixão comparável aos efeitos alucinógenos da heroína e da cocaína”. A neurobiologia explica que as drogas têm a sua atuação sobre os mesmos circuitos cerebrais que os chamados elixires do amor — a oxitocina (hormônio que influencia a fêmea) e a vasopressina (hormônio que influencia os machos).
A paixão, portanto, não passa de uma dependência química e, como acontece com qualquer outra droga, seus efeitos vão se tornando menos intensos com o tempo, pois o cérebro vai se acostumando com a droga. E aquele que se encontrava tomado por um intenso arrebatamento ou cegueira — para os mais realistas — acabam por “cair na real” ou “abrir os olhos” para os defeitos do outro. Contudo, existem grandes amores que duram para sempre — principalmente os não concretizados, os platônicos —, capazes de resistirem ao esfriamento tão comum ao que acontece com a maioria dos casais. Haja oxitocina! Quanto menor for o contato, maior é a paixão, embalada pela imaginação.
Ao contrário do que reza a cartilha conservadora, o amor pode acontecer entre parceiros do mesmo sexo. O neurocientista Simon LeVay afirma que “nada impede que um corpo masculino contenha um cérebro de homem que se sente atraído por outros homens”. Tal afirmação também acontece com o cérebro feminino no que diz respeito a outra mulher. Para o neurocientista a biologia concede uma ampla margem para todas as variantes da sexualidade, o que não significa que o homossexual do sexo masculino tenha cérebro de mulher e o do sexo feminino tenha sexo de homem. As mudanças encontram-se apenas nas regiões que determinam o desejo sexual, segundo o famosos cientista.
O biofísico alemão Stefan Klein alega que “O desejo de um homem por outro homem (ou de uma mulher por outra mulher) não significa desvio de personalidade, mas, sim, uma variação natural de uma predisposição fisiológica. Da mesma forma que existem destros e canhotos e pessoas com talentos diversos, alguns indivíduos apresentam uma inclinação sexual diferente, não havendo nada de anormal nisso. Existem todas as gradações possíveis entre a homossexualidade e a heterossexualidade. Só raramente o cérebro desenvolve uma polaridade inteiramente masculina ou feminina. Na maioria dos casos, a inclinação se mantém em algum lugar entre os dois extremos”. A dedução, portanto, é de que somos “masculino e feminino” — como canta Pepeu Gomes — em proporções variadas.
Nota: ilustração – O Beijo, obra de Edvard Munch
Fonte de pesquisa:
A Fórmula da Felicidade – Stefan Klein – Editora Sextante
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Muito interessante este texto. Para a Igreja Católica, Paixão significa Sofrimento. Sexta-feira da Paixão é o dia da crucificação de Jesus. Comemora-se o dia de maior sofrimento da História.
Abraço
Matê
Realmente a paixão de nosso texto refere-se a um outro tipo de sofrimento.
Beijos,
Lu
Lu
Como sempre você nos apresenta um texto sensacional, cujo tema é bastante discutido na sociedade.
Qualquer tipo de paixão pode ser considerado como patologia, porque as pessoas ficam cegas, surdas e mudas em relação à verdade ou realidade.
A paixão doentia por ideologias nefastas levou nosso planeta a presenciar guerras mundiais nefastas, provocando muito sofrimento, pobreza e destruição generalizada.
Se as pessoas não tiverem a consciência sedimentada na vida e na realidade da existência, acabam se tornando marionetes nas mãos dos detentores do poder econômico e político que controla tudo e todos no sentido geral. É preciso estar acima desse jogo de poder que utiliza dos meios de comunicação manipuladores das grandes massas, como se elas fossem “boiadas”, usando meios sórdidos para direcioná-las para o matadouro e aprisionamento.
Outro tipo de paixão que provoca muitos danos mentais e físicos é a sexual. “Quem nunca apaixonou por outra pessoa que jogue a primeira pedra” diz o ditado popular. A paixão é algo instintivo, ausência total da razão,emoção pura. E não adianta conselhos, porque a pessoa envolvida não consegue entender, os hormônios ficam aflorados e a pessoa encontra no outro (independente de ser hétero ou homossexual) a conplementação do vazio que está vivendo. Talvez o melhor seria viver essa experiência, pois na vida aprendemos com experiência e conhecimento para que lá na frente possamos ter consciência e sabedoria, ferramentas perfeitas para nos libertarmos dos conflitos que aprisionam nossa psique.
Quando adquirimos maturidade e independência de pensamento, nós nos tornamos pessoas mais realistas sobre a vida e seus conflitos Entendemos que a “mente mente e o corpo sentem” quando não conseguimos o objeto do prazer que alimenta a paixao. A partir do momento em que há certo entendimento sobre as adversidades da vida, automaticamente ficamos mais imunes a certas patologias, como a paixão, porque a ilusão que a mente cria é um símbolo distorcido da realidade. Mentes carentes são perigosas, pois se distanciam da realidade e, portanto, do equilíbrio, paz, liberdade e do verdadeiro AMOR.
Hernando
A filosofia milenar dos chineses, tibetanos e japoneses, ensinada em especial pelo Budismo, ensina que o verdadeiro caminho da sabedoria é o do meio, porque representa o equilíbrio, na visão budista. Se você se encontra na extrema direita ou extrema esquerda, em quaisquer que sejam os momentos da vida (amorosa, política, científica…) tende a resvalar para o precipício, sem encontrar apoio para dele se safar, pois sua visão, toldada pelo fanatismo, não enxerga a realidade. Um tropeção que seja e logo descamba para o beleléu.
A sua explicação alerta-nos para os perigos tão comuns a nossos dias:
“Se as pessoas não tiverem a consciência sedimentada na vida e na realidade da existência, acabam se tornando marionetes nas mãos dos detentores do poder econômico e político que controla tudo e todos no sentido geral. É preciso estar acima desse jogo de poder que utiliza dos meios de comunicação manipuladores das grandes massas, como se elas fossem “boiadas”, usando meios sórdidos para direcioná-las para o matadouro e aprisionamento.”
O que tenho observado é que em vez de observarem a realidade, os fanáticos tendem a apelar pelo fim do mundo (Juízo Final), balela que vem sendo apregoada desde o ano 1000 D.C. e possivelmente antes disso. Não veem o que está à sua frente, sendo muito melhor jogar todo o peso dos problemas cometidos pelo homem num ser superior. É aí que entra o papel nefasto de certas religiões.
“Vida de gado, ôôô povo feliz…” – canta sabiamente José Ramalho.
Um grande abraço,
Lu
Preciso mesmo é me apaixonar…
Maria Matos
Estou torcendo para que você venha a consumir esta droga… risos, mas com moderação!
Agradeço sua visita e comentário.
Beijos,
Lu