Autoria do Dr. Telmo Diniz
Chegou mais um final de ano e, junto com ele, vêm as avaliações do ano que passou. Passam pela nossa cabeça os arrependimentos, as conquistas, as perdas, os ganhos, etc. Enfim, é uma fase de avaliar o que se fez e o que deixamos de fazer. Neste período, justamente devido a estas avaliações, a tristeza vem afligir uma parte da população. Neste texto, vamos diferenciar quem está triste somente ou deprimido e precisa de um tratamento especializado.
Ficar triste nesta época é algo natural, em especial devido às reflexões que são feitas. Algumas pessoas podem ter também lembranças da morte de um parente ou alguma perda no ano que passou, como uma separação, um emprego, uma reprovação escolar, etc. São sentimentos que, acumulados no decorrer do ano, podem se misturar e causar mais melancolia e tristeza.
Não podemos confundir depressão com tristeza. Ficar simplesmente triste não caracteriza, necessariamente, uma depressão, que é um quadro patológico. A pessoa depressiva apresenta vários sintomas emocionais e físicos que podem incluir sentimentos de culpa sem uma razão aparente, tendência ao isolamento, perda ou ganho de peso, distúrbios do sono, raciocínio lento, melancolia, perda de apetite, dores pelo corpo, etc. Quem fica efetivamente deprimido no final do ano é porque já vem carregando sintomas prévios da doença.
É normal a pessoa confundir, ainda hoje, depressão com tristeza, “baixo astral”, fossa, ou atribuir os sentimentos a uma “fase ruim” ou à “crise do país”. A tristeza é um sentimento que acontece com qualquer pessoa, mas é passageiro, não altera o funcionamento do indivíduo. A pessoa continua a “tocar a vida”, ou seja, entristecer não é ficar deprimido. Todos nós temos momentos de tristeza, isso faz parte da vida que é feita de alegrias e desilusões.
O dia de Natal, por ser considerado cultural e socialmente um período familiar de união, toca, e por ser carregado de religiosidade, é uma data em que muitas pessoas se entristecem, pois as lembranças podem ser dolorosas, algumas feridas ainda não cicatrizadas podem voltar à tona e a percepção da realidade pode não agradar. Se você faz parte deste grupo que fica mais triste nesta época do ano, aí vão algumas dicas:
- Planejar seu final de ano é de suma importância. As coisas feitas em cima da hora geram mais estresse.
- Evitar conflitos familiares e não falar em coisas desagradáveis é de bom tom. Há sempre aquele familiar que chega com temas desagradáveis (esta pessoa deve ser evitada a qualquer custo).
- Priorizar os exercícios físicos e se expor mais ao sol, pois sabidamente a não exposição solar está ligada a quadros depressivos e melancólicos.
- Não assumir compromissos acima da sua capacidade neste período. Faça aquilo que você planejou e mais nada.
- Já os casos com sintomas depressivos devem procurar ajuda médica e ou psicológica.
O ano de 2019 está chegando. Novos erros serão cometidos, entretanto, não cometa os mesmos erros de 2018. Errar duas vezes pelo mesmo motivo é sinal de pouca inteligência e isso pode gerar tristezas e depressão.
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Obrigada Lu pela sua resposta.
Eu só quero voltar a ser a menina que eu era e viver um dia de cada vez. Uma pessoa pesquisa tanto sobre o assunto que quanto mais pesquisa mais assustada fica. Há tantos relatos de pessoas depressivas ao longo de tantos anos de acompanhamento psiquiátrico e não se sentem melhores. Casos de ansiedade sem melhoras… Será que fazem o tratamento certinho, existe mais algum transtorno, ou se bebem álcool que poderá cortar o efeito da medicação… Quando o medicamento deixa de fazer efeito sentimos os primeiros sinais? A troca da medicação torna-se suportável?
Raquel
Eu sou a prova viva da importância dos antidepressivos na vida de uma pessoa. Venho de uma família com transtornos mentais (depressão e ansiedade), o que vem passando através de várias gerações. As crises de pânico apareceram ainda na minha adolescência e de lá para cá já passei por vários antidepressivos. Agradeço aos céus pela existência de tais medicamentos que têm tornado a minha existência bem melhor. É claro que tenho altos e baixos como qualquer ser humano neste mundo, pois o medicamento NÃO nos transforma em zumbis, tirando a nossa sensibilidade. Sua função principal e oferecer-nos equilíbrio para convivermos com os problemas do dia a dia. Cabe a nós, também, ajudar em nosso tratamento, sobretudo sendo POPs (pacientes, otimistas e persistentes).
Muitas pessoas possuem um organismo mais resistente aos antidepressivos e levam um tempo para adaptar-se a esta ou àquela substância, mas uma vez encontrado o medicamento certo a melhora é incontestável. Há também casos em que o tratamento não é levado a sério, muitas vezes a pessoa continua fazendo uso de álcool ou de drogas ilícitas, quando todo aquele que possui transtorno mental necessita levar uma vida saudável, ou seja, o antidepressivo responde por 50% do tratamento e a outra parte cabe ao doente.
Quando o medicamento deixa de fazer efeito é porque o organismo acostumou-se com ele. Cabe ao médico aumentar a dosagem ou mudar para outro. Sentimos, sim, os primeiros sinais alertando que nosso transtorno está voltando. Quando há a troca de medicação (ou até mesmo aumento na dosagem) pode acontecer de passarmos pelos efeitos adversos, mas isso logo passa, pois são suportáveis, sim.
Raquel, penso que você precisa olhar o antidepressivo com outros olhos. Lembre-se de que um transtorno mental é uma doença. Se você tivesse diabetes não estaria se tratando? Se fosse hipertensa não tomaria remédio pelo resto da vida? Seu cérebro está doente e precisa de tratamento. Apenas aceite isso. Advirto-a de que um transtorno mental quando não tratado transforma a vida do doente num inferno, podendo até mesmo levá-lo a tirar a própria vida, uma vez que as crises tornam-se cada vez mais constantes e mais fortes.
Abraços,
Lu
Lu
É muito bom saber que existe alguém que nos ajuda a identificar os sintomas de ansiedade e depressão. Estou pela terceira vez nos depressivos. Fiz o primeiro tratamento durante 6 meses e fui deixando gradualmente, voltei a ter outra crise passado pouco tempo e tive de reiniciar , mas assim que comecei, parei, não quis estar dependente de medicação. A minha avó teve esgotamento e depressão e a minha mãe depressão, segundo a minha médica posso ter um desequilibro químico ou seja falta de serotonina e ter de fazer medicação para o resto da vida.
E cá estou eu a iniciar o tratamento há 12 dias. Tenho dias melhores outros piores, muito apoio, mas o medo atrapalha-me todos os dias e alimenta as minhas inseguranças. Se eu tiver que fazer medicação para o resto da vida, eu faço, e quando deixar de fazer efeito? Como vai ser? Tenho medo de que o sofrimento possa a ser pior.
Obrigada por este cantinho que nos deixa desabafar!
Raquel
Seja bem-vinda a este cantinho. Sinta-se em família.
Amiguinha, doenças mentais como a depressão e a ansiedade costumam ser recorrentes. E quando não tratadas costumam apresentar crises cada vez mais fortes. Parar por conta própria é um grande erro, pois cada recomeço traz grande sofrimento.
Raquel, pesquisas mostram que os antidepressivos não viciam, fique tranquila quanto a isso. Porém, se deles necessitar, não poderá descartá-los a bel prazer sob pena de ter que passar por um sofrimento desnecessário. E, ao que me parece, tais transtornos são comuns na sua família (como no meu caso), necessitando você de levar o tratamento a sério. Não pense no tempo que terá de usar o medicamento, mas na sua qualidade de vida.
Quando o antidepressivo deixa de fazer efeito, pois o nosso organismo pode se acostumar com ele, o psiquiatra tanto pode aumentar a sua dosagem como mudar para outro. O mercado tem um sem conta de substâncias com a finalidade de tratar a depressão e a ansiedade. Todo ano medicamentos modernos são lançados. Não se preocupe quanto a isso. O uso do antidepressivo tem por finalidade melhorar a nossa vida, jamais aumentar o nosso sofrimento, acredite.
Continue tomando seu medicamento direitinho. Volte aqui sempre que necessitar. Será sempre um prazer tê-la entre nós.
Grande beijo,
Lu