Autoria de Lu Dias Carvalho
O pintor alemão Albrecht Aldorfer (c.1480 – 1538) foi provavelmente filho do pintor Ulrich Altdorfer. Na cidade de Rogensburg foi agraciado com o título de “Pintor de Amberg”, tornando-se um nome importante no lugar, inclusive como seu mestre construtor. Foi um dos grandes mestres da chamada “Escola do Danúbio” (nome dado a um grupo de pintores do começo do século XVI, na Baviera e Áustria, e ao longo do vale do Danúbio, e que se encontravam entre os primeiros artistas a trabalharem com a pintura de paisagens e figuras). Antes do século XVI, as paisagens na pintura europeia eram vistas como elementos secundários, servindo apenas de pano de fundo histórico ou simbólico para as figuras apresentadas na obra, que normalmente tratavam-se de cenas religiosas ou narrativas. O trabalho de Albrecht Altdorfer foi muito importante para a evolução da paisagem na história da arte.
Em sua composição denominada São Jorge na Floresta, também conhecida por São Jorge e o Dragão, ele usa as duas figuras, em primeiro plano, apenas como pretexto para criar uma belíssima floresta, tida como uma das mais encantadoras paisagens da pintura alemã. O desenho é tão minucioso que seria possível enumerar as folhas. Grossos e finos troncos levantam-se em meio à densa folhagem, ora inclinando-se para a esquerda ora para a direita. Os gigantescos carvalhos e as faias, que apresentam uma intensa variedade de tons verdes, compactos e luminosos, apenas abrem um pequeno espaço, como se fosse uma clareira na base da pintura, para servir de cenário ao santo e à fera, que mais se parece com um enorme sapo, tendo o corpo voltado para o observador e a cabeça para o guerreiro.
São Jorge veste uma armadura de metal preto, que lhe deixa apenas o rosto de fora, sendo que as esvoaçantes plumas de seu capacete incorporam-se à folhagem, sendo quase impossível divisá-las. O santo empunha uma lança com a mão direita, enquanto domina o cavalo com a esquerda. Seu corpo está tombado para frente, com os olhos fixos no bicho que se mistura à vegetação. O guerreiro monta um garboso cavalo branco, que traz as patas dianteiras voltadas para trás, ao refugar do dragão. Surpreende o fato de as patas traseiras encontrarem-se alinhadas, numa elegante postura, não denotando medo. O local, onde se trava o combate, abre-se para uma paisagem montanhosa, mais distante, que parece densa e fechada.
Ficha técnica
Ano: c.1510
Técnica: óleo e pergaminho em painel de tília
Dimensões: 28 x 22,5 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha
Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.learner.org/courses/globalart/work/270/index.html
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