APRENDENDO A SER FELIZ

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A felicidade é a transição do espírito para um estado mais perfeito, enquanto o sofrimento é a transição para um estágio inferior. (Baruch Spinoza)

 A alegria não tem efeito apenas sobre a mente, mas principalmente sobre o corpo – a infelicidade o destrói, enquanto a felicidade o regenera e o revigora. (Stefan Klein)

Se múltiplos são os pontos de vista, inúmeras são as definições sobre o que é a felicidade. Quando olhada sob um ponto de vista mais simplificado, trata-se de um estado de espírito que se encontra atrelado à maneira como sentimos e vivemos a vida.

Com o chegar da maturidade vamos aprendendo que os problemas possuem a dimensão que damos a eles e que todos são passageiros. Aquilo que nos faz sofrer hoje, amanhã poderá provocar em nós boas risadas. Partindo desta premissa, procurar sempre minimizar os dissabores – o que não significa encobri-los com subterfúgios – é uma boa rota na busca pela felicidade.

Necessitamos encarar os aborrecimentos com sabedoria, tentando resolvê-los na medida do possível, sem fazer dos contratempos um bicho de sete cabeças ou uma tempestade. É claro que tropeços muitas vezes existirão ao perseguirmos nossos objetivos, mas sempre podemos voltar ao ponto de partida, recomeçando a caminhada incansavelmente. Não se ganha a felicidade, ela precisa ser trabalhada.

Esperar “grandes” momentos para ser feliz pode ser o mesmo que embarcar numa canoa furada ou passar a existência em brancas nuvens. Isso me faz lembrar a história de uma mulher que ganhou uma camisola do marido em seu aniversário. A peça era tão linda que ela dizia para si mesma que somente a usaria numa ocasião especial. Passaram-se dias, meses e anos sem que encontrasse uma data propícia para fazer uso de seu precioso mimo. Terminou abatida por uma doença súbita. Após sua morte a família envolveu seu corpo em sua maravilhosa camisola – única vez em que a vestira.

De igual maneira vivenciam um grande perigo aqueles que esperam momentos especiais para serem felizes. Correm o risco de tê-los muito esporadicamente ou deles jamais gozarem, se grande for a exigência. Sigamos o exemplo das crianças, pois elas sempre acham uma maneira de ficarem felizes.

Cada um de nós deve moldar o próprio cérebro a fim de que esse assimile como ser feliz através das coisas mais simples que surgem. O primeiro passo é aprender a viver apenas um dia de cada vez.  O segundo é adotar um comportamento à Poliana*, buscado olhar – através de uma janela imaginária – os aborrecimentos  com os quais a vida costuma nos brindar, por maiores que possam parecer, sempre procurando seus pontos positivos. 

É necessário desenvolver a percepção de que, de uma forma ou de outra, os contratempos também são responsáveis pelo nosso crescimento pessoal. Não devemos procrastiná-los, mas, se não é possível resolvê-los, tampouco devemos ficar a ruminá-los, pois, como diz um velho ditado, “o que não tem solução, solucionado está”. Tocar a existência para frente faz-se necessário, como nos ensina o poeta português Fernando Pessoa: “Navegar é preciso!”. 

Está comprovado cientificamente que existe uma parte do cérebro responsável por produzir as sensações de bem-estar. As nossas emoções estimulam essa região cerebral. E se “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, podemos treinar para sermos felizes. É exatamente isso que deve ser feito – treinar e treinar.

Começar o dia agradecendo pelo sol, chuva ou tempo nublado – todos são belos e importantes nos seus diferentes aspectos. Direcionar os pensamentos positivos para cada ser vivo que surge à frente. Cumprimentar as pessoas com um alegre “Bom- dia!” e as abraçá-las sempre que for possível. E o que é o abraço senão um laço de amor com o qual envolvemos as pessoas?

As atitudes positivas estimulam a nossa capacidade intelectual, pois, segundo a neurolinguística (ciência que diz respeito às relações entre a linguagem e a estrutura cerebral), as pessoas felizes são mais criativas e tendem a resolver os problemas com mais sabedoria e rapidez. E quem não quer ser feliz?

Devemos trabalhar para nos sentirmos bem diariamente e não quando algo arrebatante e fantástico acontecer – Deus sabe lá quando. Acompanhar com atenção as emoções prazerosas que inundam nosso cérebro ajuda-nos a buscá-las. Fazendo isso, estaremos exercitando a tendência natural para expandir nossos pensamentos e sentimentos positivos, modificando nossos circuitos cerebrais e fazendo surgir novas conexões na nossa complexa rede neuronal.

É fato que para sermos felizes dependemos do ambiente em que vivemos e da cultura em que nos inserimos, mas também é fato que dependemos, sobretudo, da maneira como olhamos o mundo e interagimos  com todas as suas formas de vida. Os preconceitos arraigados e doentios têm sido um dos maiores inimigos dos sentimentos positivos.

Trabalhar para ter pensamentos e sentimentos positivos não significa transformar-se numa pessoa omissa ou deslumbrada, num robô ou zumbi. O compromisso com os problemas que nos envolvem e com nossos semelhantes, país ou planeta continua. É impossível ser feliz sem se ater a eles, pois somos uma junção de elos e, quando um enferruja, põe em perigo todos os outros, pois acabará se rompendo. O que muda é o nosso tipo de ação.

Em vez de ficarmos remoendo diariamente as mazelas da vida, cheios de um azedume irritante e sem valia, passamos a colocar a mão na massa, dando o melhor de nós em prol daquilo em que acreditamos. A comunhão com o planeta Terra deve ser real e irrestrita. E se nada disso convenceu você, medite sobre as palavras do escritor Stefan Klein**:

As pessoas felizes são também mais amáveis, atenciosas e dispostas a enxergar o bem em seus semelhantes. Engajam se mais no bem-estar comum […] A felicidade é um objetivo de vida e ao mesmo tempo um caminho para uma existência melhor.

 Nota: a ilustração é uma tela do pintor brasileiro Edmar Fernandes

Obs.:
*Poliana – personagem do livro do mesmo nome, cuja autora é Eleanor H. Porter
**Stefan Klein – autor do livro “A Fórmula da Felicidade”, Editora Sextant

Fonte de pesquisa
A Fórmula da Felicidade/ Stefan Klein/ Editora Sextante

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