Autoria de Lu Dias Carvalho

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A denominação Oriente Próximo (ou Antigo Oriente) diz respeito à região onde surgiram as civilizações anteriores às clássicas, ou seja, as relativas ao mundo greco-romano. Ali existiam grandes e poderosos impérios, sendo o Egito apenas um deles. A própria Bíblia — livro sagrado dos cristãos — relata muitos fatos acontecidos nessa parte da Terra, inclusive ao referir-se à Palestina, situada entre o reino egípcio do Nilo e os impérios babilônio e assírio, situados no vale dos rios Tigre e Eufrates — região conhecida como Mesopotâmia, cujo nome corresponde em grego a “terra entre rios” e que hoje constitui a maior parte do Iraque.
A Mesopotâmia é tida como um dos berços da civilização por ter abrigado parte das primeiras civilizações da humanidade. Inúmeros povos habitaram essa região durante a Antiguidade, dentre eles podemos destacar os sumérios, acádios, amoritas (ou babilônios), assírios e caldeus. Ali tiveram origem a roda, a agricultura, as cidades, a escrita, o direito, a medicina, a filosofia, a matemática e a astronomia. A Mesopotâmia e regiões vizinhas, mesmo tendo acolhido diferentes povos e culturas, deu origem a formas de arte bem parecidas. O corpo humano era representado de forma rígida, sem expressão de movimento e sem detalhes anatômicos pelos artistas mesopotâmicos. Pés, mãos e braços ficavam ligados ao corpo coberto com mantos, enquanto os olhos eram complementados com esmalte brilhante.
A arte mesopotâmica era voltada para os deuses, sendo alguns deles ligados aos astros, o que leva a crer que o movimento planetário fosse muito importante para esse povo, dando, assim, origem à astronomia e, em consequência, à matemática. Sua arte não gozava da mesma posição que a egípcia, sendo bem menos conhecida. Uma das causas desse desconhecimento diz respeito à falta de pedreiras no vale, sendo as construções feitas com tijolos cozidos que, com o tempo, acabavam se desintegrando, impedindo a permanência dos monumentos para a posteridade, o que não aconteceu com os egípcios. Além disso — provavelmente a principal causa —, está no fato de que os povos que habitavam essa região não comungavam da mesma crença religiosa dos egípcios no que diz respeito à conservação e à representação do corpo humano, relativas à sobrevivência da alma, embora os sumérios — habitantes da Baixa Mesopotâmia — durante um período longínquo em sua história, quando governaram a cidade de Ur, tivessem um comportamento parecido. Seus reis, ao morrerem, eram sepultados com todos os residentes da casa real — incluindo os servos —, levando muitas riquezas, sob a alegação de que precisavam de um séquito no além, como mostram descobertas feitas no cemitério real da referida cidade.
Aos artistas mesopotâmicos não era impingida a obrigação de ornamentar as tumbas mortuárias, como acontecia com os egípcios. Cabia-lhes o dever de manter os poderosos vivos, mas através da memória de seu povo. Os reis encomendavam aos artistas monumentos que festejassem suas vitórias nas caçadas e nas guerras, mostrando os inimigos capturados e os despojos obtidos, como mostra a ilustração de um monumento, acima, à esquerda, feito em pedra em que o soberano pisa sobre o corpo de um inimigo derrotado, enquanto outros, atemorizados, rogam por piedade. Obras como essa são verdadeiras crônicas ilustrativas das batalhas travadas. A mais bem conservada delas diz respeito ao reinado de Assurnasipal II da Assíria que viveu um pouco depois do bíblico rei Salomão, no século IX a. C. Na obra ilustrativa, à direita, é possível acompanhar os pormenores de um ataque a uma fortaleza, onde são vistas as armas de sítio em ação, seus defensores tombando e até mesmo uma mulher gritando do alto de uma torre, localizada à esquerda.
A arquitetura mesopotâmica era bem desenvolvida, tendo nos palácios e templos suas principais manifestações, embora houvesse falta de pedras na região. As construções das paredes eram bem grossas, feitas com tijolos. Uma característica da arquitetura desse povo eram os zigurates — templos com vários andares — que tinham função religiosa, pois os mesopotâmicos acreditavam que serviam de morada para os deuses (terceira ilustração à direita). Tais construções eram feitas com tijolos queimados, usando a sobreposição de plataformas, circundadas por uma escadaria. Ao contrário das pirâmides egípcias, elas não possuíam câmaras internas, servindo apenas como templos religiosos, cujo objetivo era servir de moradia para os deuses, sem nenhuma destinação mortuária. Em geral, o zigurate eram a construção mais alta da cidade e seu símbolo principal.
Presume-se que o zigurate (templo) da Babilônia possa ter sido a Torre de Babel bíblica. É uma pena o fato de poucos zigurates tenham resistido ao tempo. A escultura e a pintura na Mesopotâmia objetivavam decorar os espaços arquitetônicos. Dentre os materiais usados na fabricação artística estavam: argila, terracota, adobe, cerâmica, junco, marfim, ouro, etc.
Exercícios
1. Qual a importância da Mesopotâmia para a humanidade?
2. Por que a arte dos mesopotâmicos foi menos influente que a dos egípcios?
3. Como os reis buscavam se perpetuar através da arte?
Ilustração: 1. Estela da Vitória do Rei Naram-Sin, c. 2270 a.C. / 2. Exército Assírio Sitiando uma Fortaleza, c. 883 – 859 a. C. / 3. Reconstrução em 3D da aparência que teria tido o Zigurate da cidade da Babilônia.
Fontes de pesquisa:
A História da Arte/ E. H. Gombrich
Arte/ Publifolha
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