Autoria de Danilo Vilela Prado
Autopreservação é o comportamento das pessoas que gostam de si mesmas e se cuidam para viver bem, com saúde, harmonia e paz. Por isso, elas se esforçam para ter comportamentos exclusivamente saudáveis, com o objetivo claro e consciente de obter o que todos desejamos: a felicidade. De maneira oposta, a autodestruição manifesta-se em práticas nocivas, muitas vezes não percebidas pelo ser humano, porque já estão enraizadas na sociedade há anos. Parecem práticas normais, e passam despercebidas por falta de observação, causando estragos muitas vezes irreversíveis, por quem não percebe o perigo. Porém, há casos de escolhas de autodestruição “pensadas”, o que é assustador.
O neurocientista Daniel Eagleman, no livro “Incógnito”, Editora Rocco, 2011, afirma que o cérebro humano vive em permanente conflito, que tem o mérito de contribuir para a evolução da humanidade, pois possibilita intensa atividade cerebral. Resumidamente, o cientista afirma que a razão e a emoção humanas têm atritos sérios, resultando nos comportamentos autodestrutivos e de autopreservação. Graças aos conflitos, nossa raça se aprimora, pois aprende a se desenvolver. Um dos exemplos citados no livro é o da pessoa obesa, com glicose alta, que se vê diante de um bolo de casamento. Racionalmente, o melhor seria evitar a iguaria, por não ser saudável em seu caso. Todavia, saborear algo doce dá prazer a quase todo mundo. Portanto, o conflito é evidente: enquanto a parte racional do cérebro diz não ao bolo, a parte emocional diz sim. Evitar o bolo é autopreservação, comê-lo é autodestruição.
A rotina, às vezes, conduz-nos às tendências autodestrutivas, que podem ter consequências desastrosas. O perigo cresce em proporção para as pessoas que não param para analisar a própria vida com frequência. O ideal é meditar, refletir todos os dias sobre as nossas atitudes. Reservar um tempo para pensar no que fizemos e no que iremos fazer é extremamente importante para evoluir mentalmente, e manter o controle saudável de nossos comportamentos. Fazer balanço do que fizemos no dia a dia tem efeito surpreendente, porque estimula a nossa própria observação e fortalece a autocrítica. Ao analisarmos como agimos nas situações de trabalho, na escola, na família, na rua, nos momentos de lazer, de passividade e de explosão emocional, obtemos a visão completa de quem somos.
Ao observar e enxergar criticamente as nossas realizações, frustrações e desempenhos, e exercitar a visão do que possa ser o futuro, nós teremos as condições ideais para praticar corretamente a autopreservação e evitar a autodestruição. Nessa situação, o nosso controle sobre a própria vida será maior e ampliado continuamente. É o exemplo concreto do ser humano consciente, que deseja ter vida prazerosa, divertida e com perspectivas reais de longevidade. Basta ter em mente a prática saudável da autopreservação.
São inúmeros os exemplos de autopreservação conhecidos e divulgados amplamente, como dormir o suficiente, praticar exercícios físicos, rir sem limites, manter o controle do estresse, romper relacionamentos nocivos e tóxicos emocionalmente, consultar médicos e especialistas de saúde periodicamente, ter amizades que acrescentem conteúdos positivos à nossa existência, além de outras atitudes que são impossíveis de enumerar, porque são escolhas de cada pessoa. Importante é ter como hábito a reflexão do que nos faz bem ou mal. A partir da observação é possível provocar mudanças, que certamente conduzirão sempre à autopreservação.
A atenção deve ser redobrada em relação aos comportamentos autodestrutivos, por causa da influência dos costumes e da sociedade. É preciso ter em mente que maiores esforços, disciplina e coragem serão exigidos. E muitas vezes será necessário dizer “não” a quem amamos. Assumir posturas radicais diante do que achamos autodestrutivo exige enfrentamentos, que podem causar problemas de convivência. Entretanto, após reflexão profunda, se entendermos, conscientemente, que devemos eliminar determinado comportamento ou atitude, o melhor é fazer todos os esforços para concretizar os nossos planos, mesmo correndo o risco de ter desgastes.
Há muitos casos em que o desgaste é amplamente compensado pela inversão da autodestruição pela autopreservação. O vício de fumar, por exemplo, costuma escravizar os fumantes indefinidamente. Em nenhuma situação, a ciência atesta que o tabagismo é saudável. É autodestrutivo pela própria condição de envenenar o corpo humano. Mas, incontáveis fumantes dão-se por vencidos ao não conseguirem a vitória sobre o vício. A prática da autopreservação para quem deseja se livrar do cigarro deve ser diária, sem tréguas. Exige disciplina, enfretamento pessoal e contínuo. Uma das soluções pode ser a prática de caminhadas regulares ou de exercícios físicos aeróbicos, porque quanto mais oxigênio o corpo receber, menor é a tendência de aceitar o cigarro. Não é possível saber a quantidade de pessoas que venceram o vício e não fumam há muito tempo. Se alguns conseguiram, todos podem conseguir.
Nota: Nhá Chica, obra do pintor brasileiro Almeida Júnior
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Prezada Lu,
Fico muito contente em saber que você gosta dos meus textos. Obrigado pelo elogio.
Em meus textos, sempre tento inverter a tendência negativa das pessoas para uma visão positiva e otimista. Todas as semanas procuro notícias boas na imprensa. Infelizmente, são pouquíssimas. Essa cultura de divulgar praticamente só o que acontece de ruim cria ambiente horrível na sociedade e contamina as pessoas. Sem perceber que existem sempre ótimas realizações ao nosso redor, muitos ficam automaticamente pessimistas. Existem vários sites, entre eles, o “Jornal de Boas Notícias” que divulgam bons acontecimentos, mas são desconhecidos ou então não despertam a atenção do público. Na rotina do dia a dia sempre temos notícias que causam alegria. Porém, se não as observarmos, não daremos valor a elas e só valorizamos as que nos deixam tristes ou inquietos. Precisamos mudar o nosso comportamento.
Abraços
Danilo
Seus textos são sempre muito coerentes e cheios de sabedoria, impulsionando-nos para frente, mostrando-nos que é possível encontrar saídas nas mais difíceis situações, o que “Exige disciplina, enfretamento pessoal e contínuo.”.
A vigilância sobre nós mesmos é fundamental, pois “A partir da observação é possível provocar mudanças, que certamente conduzirão sempre à autopreservação.”. Concordo plenamente.
Abraços,
Lu