Caravaggio – A CONVERSÃO DE SÃO PAULO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571 – 1610) nasceu no calmo povoado de Caravaggio, próximo à cidade de Milão, e cujo nome acabou por incorporar-se a seu nome. Também existe a hipótese de que o pintor tenha nascido em Milão. Era filho de Fermo Meresi, arquiteto e decorador de Francisco Sforza, duque de Milão e marquês da pequena Caravaggio, e de Lucia Aratori. Aos cinco anos de idade vivia em Milão com seus pais, cidade ocupada pela Espanha. Além das tensões geradas pela ocupação estrangeira, a fome e a peste também se faziam presentes. Em razão da peste, a família do futuro pintor retornou ao povoado de Caravaggio, que também acabou sendo alcançado pela doença que ceifou a vida do pai, do avô e do tio do garoto. Lucia, a mãe, optou por permanecer ali com os filhos, distanciando-se do fanatismo religioso e da violência política que se espalhavam por Milão.

A composição intitulada a Conversão de são Paulo é uma obra do artista barroco. Foi criada quando ele se encontrava no ápice de sua carreira. Apresenta o momento dramático da conversão de Paulo ao cristianismo, ou seja, quando ele é derrubado do seu cavalo por uma luz divina, ao fazer uma viagem a Damasco. Esta pintura foi encomendada por Tibério Cezari, tesoureiro do papa Clemente VII, para ornar a capela da Igreja de Santa Maria del Popolo, em Roma, onde permanece até os dias de hoje.

Esta obra, a exemplo de outras do artista, despertou polêmica quando apresentada. Os críticos do trabalho alegaram que o realismo do tema pareceu grosseiro e inadequado para o fim a que se destinava. Sabiam, no entanto, que Caravaggio tinha predileção pelo suspense e por um alto grau de realismo em sua pintura, condizendo com a dramaticidade da arte barroca, o que o levou a exercer influência sobre a obra de muitos artistas, sobretudo pelo uso dramático da iluminação.

Na obra em evidência, Caravaggio faz uso do claro-escuro (tradução literal da palavra italiana chiaroscuro) o que reforça os volumes e as formas que ganham destaque com o emprego da luz e da sombra. O uso denso da luz também é responsável por adicionar solidez à composição, o que ajuda na compreensão da temática.

Em sua obra Caravaggio não se atém ao elemento divino, mas ao humano, como comprova o cavalariço, mostrando-se mais preocupado com o cavalo assustado do que com os gestos grandiosos de Paulo, ante sua conversão sobrenatural, ou seja, não chama a sua atenção para a luz que derruba o cavaleiro.

O cavalo, de costas para o observador, ocupa a maior parte da tela. A luz divinal incide sobre a parte de seu corpo, o que ajuda a definir seus contornos. A posição do casco de sua pata direita suspenso no ar, como se fosse descer sobre o corpo de Paulo, amplia ainda mais a dramaticidade da cena ao causar suspense no observador. O artista usou a iluminação nesta parte para reforçar a dramaticidade. Além de parte do corpo do animal, também se encontra iluminado o aperto nas rédeas, ocasionado pela mão firme do cavalariço, a fim de evitar um acontecimento nefasto.

São Paulo, figura central da obra, situado em primeiro plano, deitado no chão com os braços estendidos para cima, mostra grande perplexidade com o que está lhe acontecendo. Segundo as escrituras, Cristo aparece na sua frente, quando ele é cegado por uma luz intensa — momento em que se dá a sua conversão. Contudo, o artista demonstra o caráter divino de tal passagem bíblica através dos olhos cegos e fechados do santo, assim como por seu gesto expressivo em meio a uma luz dourada.

São Paulo usa um manto vermelho e sobre ela está sua espada, ambos representando a sua vida até então como soldado romano, carrasco dos cristãos. O manto estendido no chão também leva ao Jesus bebê, e a pose desprotegida de Paulo, com os braços levantados, enfatiza também a ideia de seu renascimento espiritual.

Ficha técnica
Ano:  1600/1601
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 2,30 m x 1,75 m
Localização: Capela de Santa Maria del Popolo, Roma, Itália

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte / Editora Sextante
A história da arte / E.H. Gombrich

4 comentaram em “Caravaggio – A CONVERSÃO DE SÃO PAULO

    1. LuDiasBH Autor do post

      Oziel

      Sou eu quem agradece a sua presença querida neste espaço. Você é um dos leitores que mais o enriquecem.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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