Arquivo da categoria: Cinema

Artigos variados sobre cinema e a análise de filmes que se tornaram clássicos.

Filme – AS AVENTURAS DE PI

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Eu nasci e fui criado em um dos lugares mais belos do mundo. Era um tempo cheio de maravilhas que eu sempre lembrarei. Mas, quando a minha família resolveu transferir o zoológico para o outro lado do mundo, foi quando a minha maior jornada começou. (Pi Patel)

Tanto a zebra quanto o orangotango quebraram a perna. E a hiena matou a zebra e o orangotango. Então a hiena é o conzinheiro, a zebra é o marinheiro e o orangotango é a sua mãe. E você é o tigre. (Narrador)

A história do senhor Patel é um relato surpreendente de coragem e resistência sem paralelo na história da navegação. Muitos poucos conseguiram sobreviver por tanto tempo no mar. E nenhum deles na companhia de um tigre adulto de bengala. (Narador)

O filme estadunidense As Aventuras de Pi (Life of Pi), 2012, do diretor Ang Lee, taiwanês radicado nos Estados Unidos, foi sem dúvida uma das estrelas do Oscar 2013. Para quem não se lembra desse sensível cineasta, que transita com sensibilidade por variados gêneros, estilos e temas, basta se lembrar de O Segredo de Brokeback Mountain (2005) que lhe deu o primeiro Oscar de Melhor Diretor. Dirigiu também, entre outros, o belíssimo Razão e Sensibilidade e O Tigre e o Dragão, esse último bem no estilo asiático. As Aventuras de Pi trouxe-lhe o segundo Oscar de Melhor Diretor.

As Aventuras de Pi tem como base o romance do escritor canadense Yann Martel, de nome idêntico, escrito em 2001, que por sua vez baseou-se no livro Max e os Felinos, do escritor gaúcho, Moacyr Scliar, o que causou uma grande polêmica, pois não houve o consentimento do escritor brasileiro e tampouco foi feita qualquer menção a ele.

O filme As Aventuras de Pi chegou a receber onze indicações ao Oscar: Melhor Diretor, Melhor Trilha Sonora, Melhor Fotografia, Melhores Efeitos Visuais, Melhor Filme,  Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som, Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original, levando os quatro primeiros prêmios aqui citados.

A família do adolescente Pi Patel (Suraj Sharma), composta por ele, o pai, a mãe e um irmão, vivia tranquilamente na cidade indiana de Pondicherry, com seu zoológico. Após anos de trabalho, a prefeitura local retira o incentivo dado ao zoológico, obrigando-a a embarcar para o Canadá, levando junto os animais. No novo país, o pai de Pi pretende vender os animais e ali permanecer. Mas como a vida é cheia de imprevistos, durante a travessia para o novo país, o cargueiro japonês naufraga durante uma tempestade, perecendo toda a família, excetuando Pi, um tigre-de-bengala, uma zebra, um orangotango e uma hiena, sendo obrigados a dividir o mesmo bote salva-vida. Entretanto, pela ordem natural da vida na selva, os animais mais fracos vão sendo mortos, até que resta apenas o mais forte: o tigre-de-bengala, chamado de Richard Parker, em razão de um descuido no preenchimento de um formulário na alfândega indiana.

Ao ficar sozinho no bote com Richard Parker, Pi tem certeza de que sua vida corre perigo a todo instante, embora afirme ver alma nos olhos do felino. A única coisa que pode ajudá-lo, numa luta tão desigual, é o seu instinto de sobrevivência, o mesmo que também detém a fera. Vencerá o mais aguerrido. Pi e o tigre vagam pela imensidão do Oceano Pacífico durante 277 dias. O garoto tenta conviver da melhor forma possível com seu companheiro de desventura, procurando respeitar seu território dentro do bote, sem jamais menosprezar sua presença.

Não havia como As Aventuras de Pi não açambarcar o Oscar de Melhores Efeitos Visuais, pois as imagens do filme, rodadas em 3D, são belíssimas, onde coexistem realidade e fantasia, emolduradas pela vastidão do mar e do céu, que tornam o drama do jovem Pi ainda mais pungente, exaltando a pequenez humana diante da eminência do perigo, num vasto e insondável universo. É o encontro direto do homem com a natureza e consigo mesmo.

O diretor Ang Lee funde com maestria a computação gráfica com cenas reais, hipnotizando o espectador, que impregnado de emoção, muitas vezes não percebe onde começa a realidade e onde termina a fantasia. E por falar em computação gráfica, o que foi feito para impedir que o feroz Richard Parker desse fim, não à vida de Pi que é fictícia, mas à do ator Suraj Sharma? Foi feito um tigre em computador, imitando o felino real nos mínimos detalhes. Assim sendo, o ator só precisou mesmo representar, coisa que fez muito bem, vivendo os mais díspares sentimentos e repassando-os aos espectadores. Ele é responsável por tornar o filme convincente e nos levar para dentro da aventura e dela tirarmos muitos questionamentos e encontrarmos algumas respostas. Está de parabéns o jovem ator, nesse seu primeiro trabalho.

As Aventuras de Pi traz-nos certas indagações sobre a vida. Por que apesar de ter perdido a sua família e todos os seus pontos de referência com o mundo, Pi continuou lutando para sobreviver? Que ímã possui a vida a ponto de nos fazer transpor os mais árduos obstáculos para nos mantermos vivos? Por que o instinto de sobrevivência forma um escudo protetor em torno de nós, quando fora dele não enxergamos mais a esperança de dias melhores? Que crenças brotam de dentro de nós nos momentos em que a desesperança avoluma-se e por pouco não nos engole? Por que e a troco de que continuamos vivos quando o mundo não mais nos encanta? A própria sobrevivência é capaz de superar as perdas dolorosamente sofridas? Por que continuar quando todos os caminhos mostram-se obstruídos? Por que teimamos em resistir, apesar de tudo?

As Aventuras de Pi talvez queira nos mostrar que só nos tornamos realmente humanos quando nos deparamos com as dificuldades. E, se delas soubermos tirar lições, poderemos atingir o patamar de divinos. Portanto, benditos sejam todos os nossos desafios, nossos medos, nossas dúvidas, as ameaças sofridas e todas as nossas lutas, por mais árduas que sejam, ainda que percamos algumas e vençamos outras.

Parabéns ao grande cineasta Ang Lee que, com extrema sensibilidade, presenteia os cinéfilos com uma das mais emocionantes realizações da sétima arte em 2012. O filme merece ser visto e revisto.

Curiosidade:

Para criar o tigre, a equipe de efeitos digitais Rhythm & Hues modelou um animal digital como se fosse um experimento biológico:

  • construiu-o a partir do esqueleto;
  • colocou os músculos sobre os ossos, seguindo a anatomia real dos tigres;
  • prendeu a pele aos músculos;
  • e, por último, acrescentou a pelagem.

Fontes de pesquisa:
Revista Veja/ 12 de dezembro de 2012
Wikipédia
O próprio filme

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Filme – MEDO DA VERDADE

Autoria de Cristine Martin

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Com a vitória de Argo no Oscar de 2013, e o fato de Ben Affleck não ter sido indicado para o prêmio de Melhor Diretor, apesar de ter levado a estatueta para casa como produtor, minha recomendação é o primeiro filme dirigido por ele, Medo da Verdade. Desde então Affleck mostrava que seu talento na direção ainda daria bons frutos.

Este é mais um filme baseado em romance de Dennis Lehane, autor de “Sobre meninos e lobos”. Desta vez temos a história de dois detetives, Patrick Kenzie (Bem Affleck) e Angie Gennaro (Monaghan) que investigam o desaparecimento da pequena Amanda, de 4 anos.

A história reúne os dois detetives pela quarta vez. A “série Kenzie-Gennaro” já tem seis livros, e este foi o único que foi adaptado para o cinema. Além de Medo da Verdade, os filmes Sobre Meninos e Lobos e Ilha do Medo também foram baseados em livros de Dennis Lehane.

A mãe de Amanda, Helene (Ryan), é usuária e traficante ocasional de drogas e está envolvida junto com o namorado Ray no roubo do dinheiro de  outro traficante, Cheese (Edi Gathegi, o Laurent de Crepúsculo).

Além dos detetives, os policiais Remy Bressant (Harris) e Nick Poole também estão envolvidos na investigação. Cheese é o principal suspeito, pois teria sequestrado a menina para que Helene e Ray devolvessem o dinheiro. Após Ray ser encontrado morto, os detetives e os policiais montam uma cilada no alto de uma pedreira, onde Cheese morre e Amanda cai no lago profundo junto à pedreira. O corpo da menina não é encontrado e ela é dada como morta. Após o incidente ilegal, o chefe de investigação de crimes contra a criança, Jack Doyle (Freeman) pede demissão do cargo e se aposenta.

Cap. Jack Doyle: Você tem filhos, Srta Gennaro?

Angie Gennaro: Não, senhor.

Doyle: Minha única filha foi assassinada. Ela tinha doze anos. Ouviu falar a respeito? Bem, o que provavelmente não ouviu, e espero que nunca tenha que passar por isso, Srta. Gennaro, é como a gente se sente. Com o que tenho de lidar. Saber que minha garotinha provavelmente morreu chorando e querendo que eu viesse e a salvasse. E eu nunca o fiz. Minha menina morreu com medo e sozinha em uma vala rasa ao lado da estrada, a dez minutos de casa. Eu sei o que é perder um filho. Agora, droga, você me pressiona e pergunta se eu consigo lidar com isso.

Detet. Remy Bressant: Ninguém o está questionando, senhor.

Doyle: Eu honro minha filha com esta divisão. Para que nenhum pai tenha de passar pelo que passei. Esta criança é tudo o que me importa. Vou trazê-la para casa.

Mas Patrick não se conforma com o desfecho do caso e, após solucionar um caso de pedofilia (com uma ação policial em que Nick é gravemente baleado e Patrick mata o culpado após encontrar o menino morto), ele volta a investigar o caso de Amanda.

Frases soltas e detalhes que passaram despercebidos o levam aos verdadeiros responsáveis pelo sequestro; nesse momento ele se vê diante de um dilema: até que ponto a transgressão das leis é aceitável, desde que cause um bem maior em longo prazo, ou até que ponto devemos seguir as leis cegamente, correndo o risco de prejudicar a vida de uma criança no futuro? Pais biológicos irresponsáveis são melhores para o filho que pais adotivos, mesmo que ilegais, que tratem a criança com carinho e responsabilidade?

Este é um filme perturbador, cujo desfecho surpreendente pode não ser o que escolheríamos naquele caso. Vale uma visita à locadora.

Ficha:
Medo da Verdade (Gone Baby Gone), 2007
Direção: Ben Affleck
Roteiro: Ben Affleck, Aaron Stockhard
Elenco: Casey Affleck, Michelle Monaghan, Morgan Freeman, Ed Harris, Amy Ryan

Para saber mais:
– Página do filme no IMDb
– Medo da Verdade – crítica de Fábio Rockenbach no site Cinefilia
Dennis Lehane – ótimo artigo sobre o autor e seus livros, no blog Dragões de Éter (de Raphael Draccon)

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Filme – UM SONHO DE LIBERDADE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Acredito em duas coisas: na disciplina e na Bíblia. Receberão ambas aqui. (Samuel Norton)

Tive de ser preso para me tornar um vigarista. (Andy Dufresne)

Trabalhos especiais vêm juntos com privilégios especiais. (Samuel Norton)

Um Sonho de Liberdade (1994), filme estadunidense de drama, escrito e dirigido pelo cineasta Frank Darabont e que traz Morgan Freeman e Tim Robbins como atores principais, não teve uma boa acolhida ao chegar ao mercado cinematográfico. O resultado pífio das bilheterias nem mesmo cobriu os custos de produção. Em suma, foi um fiasco total. Mas, para supressa geral do diretor, produtores, artistas e críticos, o mercado de vídeo, DVD e TV transformaram-no num grande sucesso, de modo que é comum encontrá-lo na lista dos “melhores filmes de todos os tempos”.

Embora o roteiro encantasse todos aqueles que o liam, as críticas à produção do filme, por parte dos principais jornais, não foram boas. Disseram, inclusive, que a película “era piegas e ultrapassada”. Mesmo assim, Um Sonho de Liberdade teve sete indicações ao Oscar, embora acabasse não levando nenhum. A surpresa aconteceu quando o filme saiu em vídeo, tornando-se a obra mais alugada à época. A história de Um Sonho de Liberdade mostra a importância do boca a boca, capaz de derrubar qualquer tipo de crítica.

Algumas pessoas relacionadas ao mundo cinematográfico dizem que o mau recebimento de Um Sonho de Liberdade nos cinemas deveu-se ao título horroroso com que foi lançado nos Estados Unidos: The Shawhank Redemption (A Redenção de Shawhank). Outras acrescentam que, além do título, o filme foge dos atrativos comuns aos filmes norte-americanos: ação e perseguições, sexo, romance e atrizes bonitas. É fato que o título não tem apelo algum, pois Shawhank é o nome fictício da cadeia onde se passa a história e praticamente não existe a presença de mulheres. Além disso, o filme centra-se na grande amizade que liga dois homens. Amizade essa que começa na cadeia e prospera além dela. Assunto incomum nos filmes de Hollywood.

História:

Mesmo alegando inocência, o jovem Andy Dufresne (Tim Robbins), vice-presidente de um banco, é julgado e condenado pelo assassinato de sua esposa e do amante dela. Condenado à prisão perpétua, ele é enviado como prisioneiro para a temida cadeia de Shawshank, onde conhece Boyed Redding (Morgan Freeman), apelidado de Red, que ali se encontra há mais de 20 anos, cumprindo pena por ter assassinado a esposa e tem seus pedidos de liberdade condicional sempre negados. Ali, Andy sofre agressão e é violentado sexualmente pelo perigoso Bogs e sua turma.

Red é responsável pelos serviços de contrabando, conseguindo artigos inusitados para os colegas de prisão, o que o torna muito respeitado no local. No seu primeiro pedido a Red, Andy encomenda-lhe uma picareta em miniatura e, posteriormente, pede-lhe um pôster da atriz Rita Hayworth. Pedidos esses que terão uma grande importância para o prisioneiro em questão.

Certo dia, Andy ouve o violento Hadley (Clancy Brown), um dos guardas da prisão, reclamando do imposto de renda que terá que pagar sobre uma herança recebida. Aproveita então para se aproximar do guarda e lhe oferecer seus préstimos. E, assim, acaba se transformando no contador de quase todos os funcionários da prisão, incluindo o cruel e corrupto diretor Samuel Norton (Bob Guton). De modo que, aos poucos, vai conhecendo todo o funcionamento daquele sistema penal.

O local de atendimento dos clientes de Andy é a biblioteca de Shawshank, sendo Brooks Hatlen (James Whitmore) o encarregado do lugar. Brooks é o mais velho prisioneiro da penitenciária e está ali há tanto tempo, que não tem mais vontade ou coragem de ultrapassar os portões para a liberdade. Seu desejo é permanecer ali para sempre.

O sinistro e corrupto diretor do presídio vê nos conhecimentos de Andy uma oportunidade para fazer lavagem de dinheiro. Para angariar o silêncio do moço, ele faz vista grossa aos objetos contrabandeados que ele possui, incluindo o pôster de Rita Hayworth, que decora uma das paredes da cela. E também suporta a cerrada campanha que Andy empreende, pedindo ao Senado que envie verbas para a biblioteca a penitenciária, para que possa comprar mais livros.

Eis que chega à prisão o jovem Tommy Williams (Gil Bellows), que tem passagem por muitas outras, e toma conhecimento, através de Red, do motivo que levou Andy à condenação perpétua. Lembra-se então de um colega de cela, em outra prisão, gabando-se de ter cometido o crime imputado a Andy e não ter sido descoberto.

Andy, ao tomar conhecimento do assunto, pede a ajuda do diretor para que pudesse ter um novo julgamento, mas esse recusa o pedido. Quando Andy menciona suas atividades ilegais, ele o joga na solitária por sessenta dias. E providencia para que o rapaz, portador da notícia, seja assassinado pelos guardas. Ao deixar a solitária, Andy faz com que seu amigo Red prometa-lhe que, uma vez solto, irá a certo local onde encontrará algo que ele escondera ali.

Os amigos de Andy começam a se preocupar, quando percebem que ele anda muito esquisito. Temem que venha a cometer suicídio. E, no dia seguinte, quando Andy não comparece à chamada diária, percebem que ele havia fugido. Fato que deixa o diretor furioso, pedindo para que toda a prisão e área em derredor sejam varridas. Ao vasculhar a cela de Andy, o diretor Norton joga uma pedra sobre o pôster de Rachel Welch, que substituíra o de Marilyn Monroe, que por sua vez havia substituído o de Rita Hayworth. Ao perfurar o papel, ele descobre um grande buraco por trás desse, por onde Andy fugira.

Red, que também é narrador do filme, conta em flashback como Andy cavara a parede com sua miniatura de picareta, escondera o buraco com um pôster, e fugira através do tubo de esgoto, depois de vinte anos preso.

Andy, já fora da prisão, assume a identidade de um personagem fictício, Randall Stevens, que ele havia criado para acobertar os crimes de lavagem de dinheiro do diretor Norton. Usa o mesmo personagem para retirar todo o dinheiro das contas bancárias que havia forjado. Envia, a seguir, todas as provas do esquema da corrupção do diretor para um jornal. Ele é preso, mas suicida-se logo após.

Red é libertado após ficar quarenta anos encarcerado. Dirige-se ao lugar indicado pelo amigo Andy, onde encontra dinheiro e uma carta convidando-o para se encontrarem em Zihuatenejo, no México.

Curiosidade:

• A cena dos prisioneiros, trabalhando com piche no telhado da prisão, foi filmada num dia muito quente, 35 graus. O piche foi derretendo e grudando nos esfregões, tornando-os muito pesados.

• A American Humane Association, que tem como objetivo proteger animais e crianças de crueldade, acompanhou as filmagena das cenas em que aparece o corvo Jake, mascote do velho responsável pela biblioteca.

• A cena em que a ave é alimentada com um verme, a entidade pediu que fosse usado um bicho morto de causas naturais.

• O personagem que faz gestos indicando que os novatos serão “pescados” pelos veteranos é o filho de Morgan Freeman.

• Indicações ao Oscar recebidas por Um Sonho de Liberdade: melhor filme, melhor ator (Morgan Freeman), melhor roteiro adaptado, melhor fotografia, melhor montagem, melhor música e melhor som. Não ganhou nenhuma delas.

• Clancy Brown, ator que faz o guarda cruel, conta que alguns antigos guardas da prisão em que o filme foi rodado ofereceram-lhe para orientá-lo em seu papel. Mas ele educadamente recusou o favor, para não ofendê-los, já que seu personagem era “o pior entre os piores”.

• O filme é visto como uma força para pessoas que estão passando por motivos difíceis na vida, em razão dos momentos de persistência e autoconfiança pelos quais passa o personagem Andy. Além do que ele opera transformações em seus colegas. A palavra “esperança” (ou fé) está muito presente no filme.

• Referências cinematográficas marcam a passagem do tempo: Rita Hayworth em Gilda (1946), Marilyn Monroe em O Pecado Mora ao Lado (1955) e Raquel Welch em Mil Séculos Antes de Cristo (1966).

• Em 2007, dois detentos de uma prisão federal em Nova Jersey inspiraram-se no filme para fugirem da prisão.

• Um Sonho de Liberdade é baseado na novela “Rita Hayworth and Shawshank Redemption”, do escritor estadunidense Stephen King.

• Um Sonho de Liberdade ocupa o 72° lugar na “Lista dos melhores filmes estadunidenses do AFI”, mas é considerado por muitos críticos como o melhor filme da história. Na lista Top 250 do The Internet Movie Database ocupa a primeira posição, com o maior número de votos.

• No conto de Stephen King em que Um Sonho de Liberdade foi baseado, o personagem “Red” era irlandês. Este detalhe foi mantido no filme na forma de uma piada, quando Red diz a Andy, enquanto conversam e jogam baseball: “Maybe it’s ’cause I’m Irish” (Talvez seja porque eu sou irlandês).

• Boa parte de Um Sonho de Liberdade foi rodado na Penitenciária Estadual de Mansfield, em Ohio, que estava desativada na época das filmagens. Como a penitenciária estava em péssimas condições, foi necessário que se fizesse uma pequena reforma que tornasse possível rodar o filme.

Para quem gosta de filmes de prisão:

O Homem de Acatraz, Fugindo do Inferno, Rebeldia Indomável, Golpe Baixo, o Expresso da Meia-Noite, Brubaker, Em Nome do Pai, Papillon, Brutalidade, Fuga de Nova York, O Presídio, O Beijo da Mulher Aranha, Um Assaltante Bem Trapalhão, Chicago, O Prisioneiro do Rock, Inferno nº 17, À Margem da Vida, Os Últimos Passos de um Homem, O Fugitivo, etc.

Fones de pesquisa:
Cinemateca Veja/ Abril Coleções
1001 filmes para ver antes de morrer/ Editora Sextante
Wikipédia

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Filmes – TROPA DE ELITE e TROPA DE ELITE 2

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Tropa de Elite é um termo normalmente utilizado para designar unidades militares com treinamento excelente e armamento superior, destinadas a agir de forma decisiva em ações militares. Compõe unidades militares dos exércitos dos Estados, com função de manter o território nacional a salvo, guardando e fiscalizando áreas estratégicas, além de intervir em casos de emergência. Além disso, formam a inteligência e a contraespionagem.

O filme Tropa de Elite, produzido em 2007, pelo diretor José Padilha, tem como tema a violência urbana na cidade do Rio de Janeiro e as ações do BOPE (Batalhão de Operações Policias Especiais) e da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Foi o primeiro filme brasileiro a vazar para o mercado pirata e a internet, antes mesmo de seu lançamento. Mas tal fato não impediu o seu sucesso nas bilheterias dos cinemas.

O personagem principal do filme, Capitão Nascimento, vivido pelo ator Wagner Moura, tem sido uma das figuras mais polêmicas do cinema nacional, pois adota como método, para combater a bandidagem na cidade, a invasão de favelas e a tortura e morte dos criminosos.

Embora trate de uma obra ficcional, Tropa de Elite provocou acalorados debates dentro da sociedade brasileira. Uma parte do público vê o Capitão Nascimento como um herói, mesmo com seus métodos violentos, e defende que esse é o caminho, para combater a bandidagem. A outra parte vê o filme como uma apologia à violência policial e julga o comportamento do Capitão Nascimento como o de um fascista. No filme, o BOPE foi mostrado como “incorruptível”, com seus policiais honestos.

Em Tropa de Elite, as críticas tiveram como parâmetro dois argumentos embutidos no filme:

1º – Os maiores responsáveis pela proliferação do tráfico de drogas e da violência urbana são os usuários de substâncias ilícitas.

2º – A prática de tortura por parte dos policiais supostamente transformados em heróis.

A polêmica gerada sobra Tropa de Elite fez com que a sua continuação, Tropa de Elite 2, se tornasse a produção nacional mais aguardada do ano. Para não cair nas mãos da pirataria, como aconteceu com o anterior, o diretor José Padilha tomou todas as precauções. Foi armado um forte esquema de segurança, para proteger as cópias do filme, envolvendo policiais do BOPE.

No segundo filme, Tropa de Elite 2, os acontecimentos ocorrem 13 anos depois do primeiro filme. O Capitão Nascimento já se encontra mais velho e bem mais amadurecido. Nota-se com clareza que o segundo filme responde às críticas feitas ao anterior.

O Capitão Nascimento é promovido a coronel e, além de se envolver com o combate à bandidagem e com seus métodos extremos, ainda tem sérios problemas familiares. Ele se separa da esposa e tem problemas com o filho adolescente, causados pela inaceitação, por parte do garoto, da violência e do caráter explosivo do pai. Eles acabam se afastando um do outro.

Ainda no início do filme, O Cel. Nascimento dá-se mal em uma operação realizada pelo BOPE, sob seu comando. Um traficante é executado durante a operação. De modo que a população (no filme) vê-se dividida entre os que apóiam o coronel (população e programas de TV) e os que o rebatem (organizações defensoras dos direitos humanos).

Apesar de tudo, o Cel. Nascimento ascende ao poder, após ser convidado pelo governador, para assumir o cargo do subsecretário de Inteligência, na Secretária de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Convite aceito, ele deixa o comando do BOPE.

Para quem gostava de tomar decisões à sua maneira, o coronel vale-se do cargo, para transformar o BOPE numa máquina mortífera, cujo objetivo é combater a ferro e fogo o crime organizado no RJ. Mas não dura muito para que o Cel. Nascimento perceba que os políticos que o cercam “podem ser tão perigosos quanto os criminosos”.

Embora os traficantes não possuam mais poder de fogo para atuar nas favelas, o controle delas passa para as mãos das milícias, grupos armados formados por policiais corruptos, que exigem dinheiro dos moradores para lhes oferecer segurança. Os novos censores mostram-se ainda mais corruptos. Se os traficantes apenas vendiam drogas, os milicianos controlam todo o comércio da favela, incluindo o de drogas. E, como se não bastasse, passam a influenciar a política, apoiando parlamentares em troca de favores, no “é dando que se recebe”. Com a infiltração de políticos no crime organizado, Cel. Nascimento vai se tornando mais solitário em sua luta contra a bandidagem.

No primeiro filme, Tropa de Elite, os defensores dos Direitos Humanos foram seus maiores críticos. Agora, com a exposição da classe política em Tropa de Elite 2, essa, com certeza, está chiando alto.

Segundo as críticas, ambos os filmes são empolgantes na ação, mas a qualidade do enredo é superior no segundo, pois nele o problema de segurança pública é tratado com mais profundidade. E, se alguém saiu do primeiro filme com a ilusão de que a repressão é a única forma de resolver o problema da violência, verá que não é bem assim, ao assistir ao segundo. A conclusão é clara: a violência é causada por uma série de fatores que se entrelaçam: morros, governos e polícias. De modo que nenhum Cel. Nascimento sozinho tem capacidade de resolver, pois o sistema é muito mais forte.

A gente não pensava que um cara que tortura e mata pudesse ser visto como herói.

(Resposta dada por Wagner Moura, protagonista, ao ser perguntado sobre a reação do público no primeiro filme.)

O Estado converte miséria em violência. Ele transforma os pequenos criminosos em monstros e empurra os policiais para a corrupção. (José Padilha, cineasta)

Curiosidades:

Tropa de Elite 2 ultrapassou a bilheteria de Avatar aqui no Brasil. E já é o filme com maior bilheteria, ultrapassando Dona Flor e Seus Dois Maridos.

• O diretor José Padilha nega fazer parte de seus planos dirigir Tropa de Elite 3.

• O ator Wagner Moura, que interpreta o Coronel Nascimento, “pediu pra sair” e também diz não retornar para o papel de um terceiro filme.

• Além da pirataria, o longa-metragem Tropa de Elite teve de enfrentar a tentativa de pelo menos 19 policiais do BOPE de impedir sua exibição nos cinemas brasileiros, alegando que o filme denigre a imagem do BOPE, cujos integrantes seriam retratados como assassinos e torturadores.

Tropa de Elite ganhou o Urso de Ouro de melhor filme no Festival de Berlim.

Tropa de Elite 2 é o filme de maior público na estréia da história do cinema nacional. Baseia-se em histórias verdadeiras de como as milícias dominaram os morros cariocas e nas estratégias usadas para combatê-las.

• Diretor nega que Tropa de Elite 2 seja panfletário ao falar de corrupção. E

Wagner Moura conta que deputados impediram filmagens no Congresso.

Tropa de Elite 2 foi lançado sob forte esquema antipirataria, que incluiu instruções do BOPE. Além de não ter cópias digitais, somente película, a sessão première no Teatro Municipal de Paulínia, no interior paulista, incluía revista em bolsas com apreensão de câmeras e celulares de convidados, além de portas com detectores de metais na sala de exibição.

• Segundo o diretor, tanta precaução se referia ao “trauma” sofrido em 2007, quando Tropa de Elite foi pirateado e se tornou um fenômeno de vendas nos camelôs. Estima-se que 11 milhões de pessoas tenham assistido a um DVD pirata do filme antes de sua estreia.

• O livro Elite da Tropa 2 já se encontra nas livrarias e custa R$ 39,50. Embora filme e livros sejam apresentados como ficcionais ambos se inspiram em pessoas e histórias da vida real. Mostram o lado violento das milícias, com cenas de humilhação, tortura e assassinatos.

• Tanto os autores do livro quanto o diretor do filme acham que a máfia das milícias, que se encontra enraizada na polícia e na administração pública, é uma forte ameaça às UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Pois, ao tirar o tráfico armado da comunidade, permanece a polícia e, se a corporação não for separada de sua ala podre, a comunidade corre o perigo de ficar nas mãos de milicianos, tão nocivos quanto os traficantes.

• Vejam Ônibus 174 do mesmo diretor, onde ele mostra a violência urbana sob a ótica do miserável que se transforma em bandido.

Fonte de Pesquisa:
Revista Época, 4 de outubro de 2010
Revista Época, 11 de outubro/2010
Wikipédia

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Filme – SHAKESPEARE APAIXONADO

Autoria de Lu Dias Carvalho

 shapa   shapaa

Como te comparar a um dia de primavera?
Sois mais adorável e elogiável.
Em maio, os ventos ternos, os botões separam.
Duas horas de prece! (Parte do soneto 18/ William Shakespeare)

Palavras, palavras, palavras.
Certa vez tive talento.
Fazia amor com as palavras, como o oleiro faz corpos com o barro.Amor que derruba impérios, amor que une dois corações, haja vento ou tempestade.
É como se minha pena tivesse partido.
Como se o órgão de minha imaginação tivesse secado.
Como se a torre altiva de um gênio tivesse desmoronado.
Mas não posso amar e nem escrever. (Will)

A comédia romântica do diretor inglês John Madden, Shakespeare Apaixonado (1998), co-produzido por Estados Unidos da América e Reino Unido, passa na Londres de 1953, onde dois teatros disputam, entre si, o título do mais prestigiado.O Curtain Theatre é o mais tradicional e pertence ao astucioso Richard Burbage (Martin Clunes), enquanto o The Rose pertence ao comerciante Philip Henslowe (Goffrey Rush).

Henslowe, cujo teatro passa por dificuldades financeiras, pois não o administra bem, conta em seus quadros com o ator e dramaturgo William Shakespeare, apelidado pelos amigos de Will, que é a maior promessa do momento. Contudo, Henslowe deve dinheiro a Hugh Fennyman (Tom Wilkinson), um agiota ganancioso, que recebe, como pagamento da dívida, uma parceria nos lucros da montagem de Romeo e Ethel – A Filha do Pirata, obra que foi encomendada a Shakespeare.

Como se não bastassem todos os sérios problemas enfrentados por Henslowe, Will, o grande dramaturgo, não passa por um bom momento criativo e não dá conta de escrever nem mesmo o primeiro ato da peça. Alega estar sentindo falta de uma musa para lhe dar inspiração. E mais pra baixo fica o coitado, quando descobre que a sua namorada Rosaline (Sandra Reiton) está o traindo.

Henslowe pressiona Will para que termine logo a obra. E ele acaba mentindo, quando diz que o texto da peça já está no final. Por sua vez, acreditando nas palavras do dramaturgo, o empresário começa a convocar atores para o teste de composição do novo elenco.

Cristhopher Marlowe (Rupert Everett) é, também, um grande talento da dramaturgia londrina e tem em Shakespeare seu principal rival. Ele ouve a conversa, entre Will e seu patrão, e acaba dando ideias ao dramaturgo, que acaba inspirado. O que faz com que escreva a peça com entusiasmo e agilidade.

Enquanto isso, o empresário do Curtain Theatre, encena no teatro do palácio de Greenwich, para a rainha e membros da corte, uma peça de Shakespeare, da qual apossou indevidamente. Dentre os convidados da rainha encontra-se Viola (Gwyneth Paltrow) que é encantada com Will, mas que é assediada por lord Wessex (Colin Firth) que anda de olho em seu dote financeiro. Embora saiba que as mulheres são proibidas, por lei, de contracenarem, Viola, que é apaixonada pelo teatro, sonha em fazer parte de uma companhia. Mas, ao tomar conhecimento de que uma nova peça está prestes a ser encenada, ela se veste de homem e se apresenta para o teste como Thomas Kent. E, para sua surpresa, acaba sendo escolhida para o papel principal de Romeu.

Enquanto isso, os pais de Viola negociam o seu casamento com o lord Wessex, sem que disso ela tenha conhecimento. Ele receberá o seu dote e dará aos De Lesseps um título de nobreza. De modo que, no baile dado pelos Lesseps, Shakespeare acaba conhecendo Viola e os dois acabam se apaixonando.

Will, louco de amor, escreve um soneto para Viola e o mostra ao suposto Thomas Kent, assim como lhe fala de sua paixão pela moça. O que faz com que Viola revele a sua verdadeira identidade, passando os dois a viver um grande romance, ainda que totalmente inviável. O dramaturgo passa a escrever sobre as emoções e as frustrações da realidade que vivencia com a amada.

Enquanto isso, Ned Alleyn (Bem Afleck), ator londrino famosíssimo, também se oferece para fazer parte da nova peça. Mas, para proteger Viola no papel de Romeu, Shakespeare oferece ao ator o papel de primo de Mercúrio, alegando que é um dos melhores.

Juntamente com os ensaios, os encontros apaixonados, entre Will e Viola, progridem. Mesmo quando tem que se apresentar à rainha, para a aprovação real de seu casamento, a moça se faz acompanhar por seu amado, vestido de ama. Na ocasião ela revela à rainha a sua paixão pelo teatro. O casamento é aprovado, mas a rainha alerta o noivo para a infidelidade de Viola, algo de que ele já suspeitava. E, ao descobrir que Shakespeare é o motivo da traição de sua noiva, Wessex desafia-o, no teatro. Os dois lutam, mas Will vence. A vingança do noivo traído é tentar fechar o teatro, onde seu rival trabalha.

Um garoto perturbado descobre a verdadeira identidade de Thomas Kent e a denuncia para Tilney (Simon Callow), representante da rainha. E esse, a serviço do noivo traído, passa a perseguir o dramaturgo. Depois de tornar público todos os fatos, ele fecha o teatro The Rose. Com os novos acontecimentos, a peça está sujeita ao fracasso. Mas Burbage, dono do Curtain Theatre, inconformado com o autoritarismo de Tilney, oferece o seu teatro para o rival. Na ausência de Viola, Will passa a ser o intérprete de Romeu e, por sugestão de Ned, encantado com o texto final, muda o título da peça para Romeu e Julieta.

A estreia acontece no mesmo dia do casamento de Viola, que foge para o teatro, com a cumplicidade da ama, logo após a cerimônia. Como o ator, que iria apresentar Julieta, encontra-se com a voz rouca, a peça corre o risco de ser cancelada, mesmo com o teatro entupido de gente. Viola, que se encontrava na platéia assume o papel.

O público delira com o espetáculo e o está ovacionando, quando Tilney chega para fechar o teatro, que infringiu a lei, ao colocar uma mulher em cena. Mas a rainha, escondida na platéia, perdoa Viola e encomenda a Will uma nova peça e recomenda que moça acompanhe seu marido, pois nada pode desmanchar um casamento feito por Deus.

Shakespeare começa a escrever Noite de Reis em que a heroína, única sobrevivente de um naufrágio, disfarça-se de homem, para se proteger de um destino incerto. Seu nome é Viola.

Curiosidades:

• Shakespeare Apaixonado foi a primeira comédia a ganhar um Oscar de melhor filme, desde Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, em mais de 21 anos.

• Romeu e Julieta é uma das peças mais populares de Shakespeare. Sua história confunde-se com a do cinema, tantas vezes foi adaptada.

• A aventura pessoal, literária e amorosa de Shakespeare no filme é toda ficcional, mas o ambiente, onde ela se desenvolve, obedece rigorosamente aos dados históricos da época elisabetana.

• Os diálogos são inspirados, às vezes, até emprestados, de textos do próprio Shakespeare.

• A Londres de 1953 e os teatros foram construídos com materiais semelhantes ao da época, seguindo registros históricos. Assim como figurinos, maquiagem, etc.

• O resultado é uma reconstituição impecável, que reproduz a capital inglesa açoitada pela peste e a simplicidade, quase miserável, da gente comum.

• Shakespeare tinha várias versões de assinaturas.

• Os roteiristas do filme foram processados pela escritora americana Faye Kellerman sob a alegação de plágio de seu livro The Quality of Mercy.

• O filme ganhou 43 prêmios. Só do Oscar levou 7 estatuetas: melhor filme, melhor atriz (Gwyneth Paltrow), melhor atriz coadjuvante (Judi Dench), melhor roteiro original, melhor direção de arte, melhor figurino e melhor trilha sonora. E ainda teve a indicação de melhor direção, melhor ator coadjuvante (Geoffrey Rush).

• Há poucos documentos sobre a vida de William Shakespeare, considerado o maior escritor da língua inglesa. Existem até especulações em torno da verdadeira autoria de suas peças.

• Entre os seus 38 textos teatrais destacam-se Romeu e Julieta, Hamlet, Otelo, Macbeth, Rei Lear, O Mercador de Veneza, Sonhos de uma Noite de Verão, Noites de Rei e Ricardo III.

• Na época do Oscar (1999), concorria com Gwyneth Paltrow a atriz brasileira Fernanda Montenegro, indicada como melhor atriz por seu trabalho em Central do Brasil.

• Um dos heróis do diretor John Madden é Krzystof Kieslowski, diretor da trilogia: A Liberdade é Azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha.

• Madden acredita que o roteiro é o filme e não gosta de improvisação em cima do texto.

• No filme Todo Mundo em Pânico, a personagem de Regina Hall, Brenda Meeks, vai ao cinema assistir Shakespeare Apaixonado.

Cenas imperdíveis:

• Judi Dench dá um show de interpretação ao viver a rainha. Todas as cenas com ela são fantásticas. Judie Dench venceu o Oscar na categoria de melhor atriz coadjuvante embora seu personagem (Rainha Elizabeth I) tenha aparecido no filme por seis minutos e em apenas quatro cenas.

• A cena em que Henslowe, amarrado, assina um contrato com o seu agiota. Observem como é feita a assinatura.

• Shakespeare mostra como a escrita era feita na época: com pena, tinta, pó de secagem e, à noite, com luz de vela. Observem também como ficavam as suas unhas.

• A cena, na igreja, em que Will imagina ser o responsável pela morte de Marlowe.

• É interessante notar como o elenco para as peças eram feitos naquela época. Os atores, em sua maioria, eram pessoas do povo.

Fontes de pesquisa:
Cinemateca Veja
Wikipédia

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Filme – RAN

Autoria de Lu Dias Carvalho

run   runa

Há algum Deus, algum Buda? Se existir, ouça-me! Você é danoso e cruel! Você está tão chateado aí em cima, e tem que nos esmagar como formigas? Será que é tão divertido ver os homens chorarem? (O Bobo)

Chega! Não blasfeme! São os deuses que choram. Eles nos vêem matando uns aos outros mais e mais, desde que o mundo surgiu. Eles não podem nos salvar de nós mesmos. Não chore! É assim que o mundo funciona. Os homens preferem tristeza em vez de alegria, o sofrimento em vez de paz. (Tango)

Ran (1985), que em português significa Caos, é uma das belas obras do cineasta japonês Akira Kurosawa, inspirada na peça Rei Lear de Shakespeare, considerada por vários críticos como um dos melhores filmes de todos os tempos. Nele, o cineasta deixa explícito o seu talento artístico e a sua sabedoria, acumulados através de longos anos de trabalho. Na lista dos 1.001 filmes que você precisa ver, antes de morrer, Ran situa-se entre os 10 primeiros.

O filme conta a saga de um homem, que durante toda a sua vida empreendeu ininterruptas guerras para garantir o seu poderio, mas, que ao chegar à velhice, ansiando pela paz, imprudentemente abre mão de sua liderança. Divide seu reino entre os três filhos, sem incluir as filhas, e repassa para o filho mais velho o poder central, suscitando um conflito ainda maior. Guerra, orgulho e decadência dão a tônica do filme. É também a história de um grande homem desvairado pelo pecado do orgulho. Ran, na verdade, conta a história de tantos homens, que constroem sua vida sob o amparo da ganância, da intriga, do ciúme, da cobiça e da vaidade, chegando à velhice, infelizes e solitários.

Após a partilha, o filho mais novo, que se opôs a ela e é o que mais ama o pai, foi banido por ele, enquanto os dois mais velhos unem-se e se recusam a receber as tropas do velho, o que termina por jogá-lo no exílio, onde se torna senil, com vislumbres de discernimento, sendo capaz de pedir desculpas a quem prejudicou e a chorar, muitas vezes. Depois de ter passado a vida incitando a guerra e controlando tudo ao seu redor, Hiderota (Tatsuya Nakadai) torna-se marginalizado e atirado de uma tragédia a outra. O desprezo de antes vai se transformando num profundo desespero.

Até o final da vida, permanecem ao lado do velho chefe os dois fiéis servidores: Bobo e um seguidor leal, Tango. Eles o vigiam e protegem e o acompanham em todas as adversidades, vagueando de um lugar para outro. Enquanto isso, os dois filhos mais velhos lutam pelo poder, arrasando as terras com sucessivas guerras. O mais novo é acolhido por um poderoso comandante militar e se casa com sua filha, afastando-se dos dois irmãos, até que é avisado de como se encontra o pai e resolve trazê-lo para morar consigo.

Akira Kurosawa (1910-1998) está incluso na lista dos maiores diretores de todos os tempos, tendo aberto caminhos para que o mundo conhecesse os grandes diretores do cinema japonês, anteriores a ele, tais como: Yasujiro Ozu, Kenji Mizoguchi e Mikio Naruse. Mas teve tempos difíceis em sua caminhada. Durante muitos anos não conseguiu ganhar o respeito de seu país e, consequentemente, recursos para o seu trabalho. Mesmo tendo realizado obras-primas como Rashomon, O Barba Ruiva, Os Sete Samurais, entre outras, ainda sofria preconceito no Japão por ser “ocidental demais” e antiquado. Inúmeras vezes, precisou mendigar financiamento para seus filmes. Sua situação tornou-se insustentável quando fez Dodeskaden (1970), que trazia uma visão dos pobres em Tóquio. Cinco anos depois, conseguiu financiamento do governo russo para filmar o maravilhoso Derzu Uzala, que conta a história de um mongol das florestas, que serve de guia para um explorador russo. O filme acabou ganhando o Oscar de melhor filme estrangeiro.

Em 1975, Kurosawa anunciou o seu desejo de fazer um épico sobre os samurais, baseando-se no Rei Lear de Shakespeare. E, novamente, foi-lhe negado financiamento. Nesse ínterim, fez Kajemusha – A sombra do Samurai (aguardem o comentário), como se fosse uma preparação para Ran. O filme foi sucesso, mas o dinheiro ainda não era suficiente para os custeios de Ran. Enquanto isso, enchia vários cadernos com desenhos das locações e roupas das cenas de seu tão ansiado filme. Eis que um mecenas entra em sua vida: o produtor independente francês Sege Silberman, que antes havia apoiado Buñel e muitos outros, e lhe arranjou os recursos para Ran.

Kurosawa realizou sua obra prima aos 75 anos, na fase em que passou a se preocupar muito com a morte. Com a vista falhando e depois de ter tentado suicídio, o grande mestre japonês da sétima arte anunciou que Ran seria o seu último filme. Promessa não cumprida, pois ele ainda fez Sonhos de Kurosawa, que se trata dos devaneios de um idoso, onde as ideias sobre a morte são constantes, Rapsódia em Agosto e, a seguir vem seu último filme Madadayo (1993), que se trata de uma homenagem feita pelos alunos a um professor no dia de seu aniversário.

Akira Kurosawa, inspirado em Rei Lear, fez um fantástico épico sobre o Japão Medieval, além de visualmente magnífico. Embora se passe no período medieval, Ran é um filme extremamente moderno, em que um velho, depois de vencer todas as batalhas, chega ao final da vida imaginando deter o poder decisório sobre uma nova geração. Os filhos de Hidetora também tinham suas próprias ambições, cobiças, vaidades, orgulho e loucuras. De modo que a vontade do pai não tinha nenhuma relevância para eles. Estamos cansados de ver isso acontecer com os construtores dos grandes e pequenos impérios, em todas as partes do mundo. Eles se esquecem de que a vida flui sem nenhum compromisso com a continuidade histórica, pois cada tempo é seu tempo.

Cenas imperdíveis:

• A revolta do filho mais novo contra a atitude do pai em dividir o reino.

• O modo como Kaede (Mieko Harada) ameaça, a vida do cunhado e como suga o sangue do corte que lhe fizera na garganta, antes de se tornar sua amante e toda a sua participação no filme.

• Quando Kaede foge pelo palácio, com a sua túnica de seda farfalhando no áudio.

• A morte de Kaede não é mostrada diretamente, mas através de um jato de sangue contra uma parede. Cena considerada uma obra-prima do cinema.

• Um homem segurando um braço decepado, que inspirou Steven Spielberg em outra cena semelhante, em O Resgate do Soldado Ryan.

• O diálogo entre o Bobo e Tango sobre a existência de um Ser Supremo e a crueldade dos homens.

• Os momentos de lucidez do velho Hiderota no exílio.

• O reencontro com o filho que havia banido e o perdão recebido.

• A técnica usada nas sequências das cenas de batalha, que mais parecem um balé violento e sangrento, mas, mesmo assim, extremamente belo.

• O silêncio durante as cenas de batalhas.

Curiosidades:

• O figurino deslumbrante de Emi Wada conquistou um prêmio da Academia e é responsável por boa parte do visual do filme.

• Foram confeccionados, à mão, 1.400 trajes em Kioto, sede tradicional da tapeçaria japonesa.

• Cada um dos belos mantos coloridos demorou de três a quatro meses para ser feito, em trabalho simultâneo e quase três anos para todos serem concluídos.

• Para destacar a beleza estonteante do figurino foram escolhidos fundos desolados: solos áridos, pátios com lajes cinzentas, degraus de pedra, etc.

• O bobo da corte é magistralmente interpretado pelo travesti Shinnosuke Ikehata, um exímio ator de teatro Nô.

• A maquiagem e parte da história são inspiradas na tradição e no drama do teatro Nô.

• O épico é ressaltado pela trilha minimalista de Tôru Takemitsu, que faz uso da flauta de bambu japonesa e da percussão.

• O filme inteiro foi feito com enquadramentos longos, não existem closes.

• Para mostrar a influência de Akiro Kurosawa sobre outros cineastas, basta citar: A Fortaleza Escondida ajudou a inspirar Guerra nas Estrelas; Os Sete Samurais foi refeito com Sete Homens e um Destino; Yojimbo e Sajuro transformaram-se em faroestes com Clint Eastwood: por um Punhado de Dólares e Por um Punhado de Dólares a Mais.

• Kurosawa também se inspirava em outros trabalhos para compor sua obra: Trono Manchado de Sangue vem de Macbeth; Ralé vem de Gorki; O Idiota vem de Dostoievski; Céu e Inferno é adaptado de uma história policial de Ed McBain e Ran é inspirado em Rei Lear .

• Na peça de Shakespeare, Rei Lear, não se trata de três filhos, mas sim de três filhas

Sinopse:

No Japão feudal do século XVI, Hidetora (Tatsuya Nakadai) é o poderoso chefe do clã Ichimonji. Aos 70 anos, ele decide dividir, ainda em vida, o legado de sua herança entre seus três filhos: Taro Takatora (Akira Terao), Jiro Masatora (Jinpachi Nezu) e Saburo Naotora (Daisuke Ryu). O primogênito Taro, seguindo a tradição do patriarcado japonês, torna-se o líder do clã. A ele coube a chefia do feudo, bem como as terras e os cavalos, enquanto a Jiro e Saburo couberam, além de algumas propriedades, o dever de obedecer ao irmão. Hidetora retém para si o título de “Grande Senhor” para permanecer com os privilégios, sem se responsabilizar com os deveres do cargo e exige que seus filhos cedam seus castelos, onde ele possa viver, a fim de manter sua tropa particular e seus status de grão-mestre. Mas Saburo, temendo as conseqüências terríveis da resolução de seu pai, opõe-se à idéia. Critica seu plano, lembrando-o da maneira como conquistou seus domínios, chamando-o de “velho tolo”, ao esperar que seus filhos mantenham a lealdade a ele. Acaba sendo expulso dos domínios de seu clã e é acolhido por Nobuhiro Fujimaki (Hitoshi Ueki) que, impressionado pela decisão tomada pelo rapaz, casa-o com sua filha. Enquanto isso Hidetora, em visita ao feudo que agora pertence a Taro, é mal recebido pelo filho, pois a mulher dele, Kaede (Mieko Harada), passa a manipular o marido, alimentada por um forte desejo de vingança contra o patriarca do clã, responsável pela morte de seus pais num incêndio. E, durante uma visita a seu filho Jiro, Hidetora chega à conclusão de que o império não lhe pertence mais. E, assim, ele se vê isolado em seu ex-império e bem próximo da insanidade

Fontes de pesquisa:
Grandes Filmes/ Roger Ebert
1001 Filmes para…
Wikipédia
Cinemateca Veja

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