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Artigos variados sobre cinema e a análise de filmes que se tornaram clássicos.

Filme – O PLANETA DOS MACACOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

oplama   oplamaa

O que eu sei do homem foi escrito há muito tempo, pelo maior de todos os macacos.
Cuidado com o homem, pois ele é o peão do demônio, o único ser entre todos os primatas de Deus que mata por esporte, ou cobiça, ou avareza.
Ele matará seu irmão para possuir sua terra.
Não o deixe nascer em grande número.
Ele irá transformar a sua casa e a de vocês num deserto.
Combate tudo que está à sua volta, até a si mesmo.
Dirija-o de volta à sua toca no deserto.
Eu o temi como a própria morte.
Ele é o presságio da morte.
                                            (Doutor Zaius)

Bem antes de se tornar famoso com o sucesso de O Planeta dos Macacos, o cineasta Franklin J. Schaffner já era considerado uma das mentes mais criativas do início da TV americana. Prova disso é que venceu três Emmy e foi um dos primeiros diretores a usar a câmara em movimento.

O Planeta dos Macacos (1968) ainda é considerado um dos grandes clássicos da história da ficção científica, quarenta e três anos após o seu lançamento. Na época, angariou um público tão grande e uma crítica tão consagradora, que foi o primeiro filme de ficção a ter segmentos: De Volta ao Planeta dos Macacos (1970), A Fuga do Planeta dos Macacos (1971), A Conquista do Planeta dos Macacos (1972) e A Batalha do Planeta dos Macacos (1973).

O filme é uma adaptação da obra homônima escrita pelo francês Pierre Boulle em 1963. Algumas mudanças, porém, foram feitas na adaptação:

• A tripulação da espaçonave no livro é formada apenas por Ulysses Mérou, dois cientistas e um chimpanzé. No filme são quatro astronautas.

• No filme, o herói é um astronauta chamado George Taylor, enquanto que no livro é um jornalista chamado Ulysses Mérou.

• A sociedade símia é bastante primitiva no filme, mas no livro os macacos moravam em cidades como Paris e Nova York e faziam uso de carros e televisores. A mudança ocorreu para diminuir os custos da filmagem.

• No filme, os humanos vestem roupas feitas de peles de animais, enquanto no livro eles andam nus.

• No livro os símios falam um idioma próprio, mas no filme eles falam inglês.

• Taylor, o herói, demora a falar por que teve um ferimento na garganta, mas Mérou, no livro, teve que aprender a linguagem dos símios com Zira.

• No filme, o planeta dos macacos é a Terra, enquanto no livro é apenas um planeta similar a esta.

Para os produtores, não deixava de ser uma tarefa arriscada fazer um filme a partir do livro La Planète des Sings. Conduzir tantos atores vestidos com roupas de macacos era uma linha muito tênue entre o humor e a ficção. Qualquer erro descaracterizaria o filme. Por isso, os chefões do estúdio só ficaram aliviados, quando viram um teste com o humano Taylor (Charlton Heston) e o macaco doutor Zaius (Edward Robinson). Como a maquiagem era muito convincente, eles injetaram uma boa soma para caracterizar os símios no filme. E não se arrependeram do dinheiro gasto.

Os macacos, com que Taylor e seus dois colegas astronautas deparam-se, quando a espaçonave em que viajavam cai em um planeta ermo, são persuasivos e ao mesmo tempo assustadores. A surpresa é maior quando os astronautas, assim como o público, percebem que eles mandam e desmandam nos humanos que ali vivem e se portam como animais submissos.

Curiosidades

• Embora Charlton Heston passe a maior parte do filme vestindo pouco mais do que um lencinho de couro, ele faz um personagem másculo e durão.

• Os macacos só aparecem depois de 30 minutos de narrativa.

• Os atores que fazem Cornelius e Zira, os macacos amistosos, conseguem driblar o peso da maquiagem e mostram desempenhos emocionantes.

• As roupas e maquiagens do filme eram todas montadas na hora da filmagem, e feitas sob medida para todos os atores, o que fazia com que cada macaco tivesse um rosto diferente um dos outros e por isso foi muito elogiada.

• Depois de Heston, o grande astro da série foi o ator Roddy McDowall, que interpretou o macaco Cornelius.

• Charlton Heston a princípio se recusou a estrelar o papel na época, pois estava muito resfriado, mas aceitou o desafio. Há uma cena em que ele está na cela e recebe jatos d’água. Precisou depois ficar um dia em casa para se recuperar.

• Os atores chegavam de madrugada ao estúdio para enfrentar sessões de até cinco horas de maquiagem.

• O ator Edward Robinson, que interpretaria Zaius, como sofria do coração, teve que deixar o papel, por não suportar o árduo processo de maquiagem.

• Nos intervalos, atores e figurantes eram obrigados a ficar a caráter, por isso as refeições eram batidas e bebidas em canudinhos.

• Maurice Evans (Zaius) não conseguia falar por causa da pesada maquiagem. Ele finge que fala, mas todos os diálogos foram dublados no estúdio.

• Não há gorilas e orangotangos do sexo feminino no filme.

• A preocupação do diretor não é só com a caracterização dos macacos, mas também com o universo ficcional em que se passa a trama.

• A frase Tire as patas sujas de mim, seu macaco maldito! (Taylor) está na lista das 100 mais memoráveis do cinema.

• Foi o primeiro filme de ficção científica a obter continuação.

• O filme teve quatro sequências, nenhuma alcançou o êxito do filme original.

• O filme ajudou a pavimentar o caminho para Star Wars.

• Provocou impacto pela ferocidade com que criticou o homem e seu poder de destruição.

• Além da franquia cinematográfica, nos anos 70 o filme foi adaptado ainda para a televisão (série televisiva), desenhos animados e quadrinhos.

• Foi refilmado em 2001, pelo diretor Tim Burton, com o conteúdo parcialmente modificado.

• A banda Jota Quest fez uma música intitulada “De Volta ao Planeta dos Macacos”, sucesso em 1998.

Cenas antológicas

• Os momentos que antecedem a queda da nave no lago.

• As imagens dos astronautas cruzando o deserto.

• A primeira visão de Taylor sobre o novo planeta, sua captura e o final.

• O roteiro inteligente e os diálogos inesquecíveis.

• A surpresa de Cornelius com os movimentos labiais de Taylor e sua tentativa de se comunicar, mostrando inteligência.

• A perseguição aos humanos no milharal, sendo capturados com redes.

• A cena final do filme é antológica e marcou a história do cinema, sendo o filme considerado um libelo anti-Guerra Fria. Ela já vale o filme.

Os símios

Eles falam, são superiores aos humanos e convivem em um sistema de classes:

  •  os gorilas atuam como militares e caçadores;
  • os orangotangos são políticos, administradores e advogados;
  • os chimpanzés costumam ser intelectuais e cientistas;
  • doutor Zaius é o Ministro da Ciência e Guardião da Fé;
  • os macacos consideram os humanos feras sujas e transmissores de doenças.

Trilha sonora

É tida como um personagem do filme, tamanha é a sua importância. Jerry Goldsmith, compositor, concorreu ao Oscar por sua forma inovadora, traduzindo em sons o estado de espírito dos personagens. Os acordes são inquietantes. Ele empregou uma variedade de instrumentos de sopro, percussão e aparelhos musicais incomuns, entre os quais um chifre de carneiro. Até a cuíca brasileira foi utilizada para produzir o som rouco dos gorilas.

O enredo

Você, que está me ouvindo agora, é de uma geração diferente.
Eu espero que seja de uma melhor.
Será que o homem, esta maior maravilha do universo, este glorioso paradoxo que me mandou às estrelas, ainda faz guerra com os irmãos e deixa as crianças do vizinho na miséria? (Palavras de Taylor durante a viagem espacial)

A nave Icarus navega à velocidade da luz pelo espaço sideral. Os voluntários da missão tentam provar que, nessas condições, o tempo passaria mais devagar para eles do que para quem ficou no planeta. A bordo estão Taylor, London, Dodge e Stewart. Os quatro se encontram hibernados, quando a nave cai no meio de um lago, num planeta desconhecido. O cronômetro marca o ano terrestre de 3978, significando que mais de 2 mil anos já se passaram, desde o lançamento da nave em 1972, no cabo Kennedy (EUA). Apesar do longo tempo passado, a tripulação envelheceu apenas 18 meses. Somente Stewart, a única mulher da missão, é encontrada mumificada, em razão de uma falha ocorrida em seu sistema de preservação. Houve um vazamento de ar em sua máquina de hibernação.

A nave começa a se encher de água e os astronautas usam um bote inflável para se salvarem. Partem para conhecer o planeta, procurando encontrar alguma forma de vida e também comida e água, pois os suprimentos só darão para mais três dias. Depois de atravessarem uma região montanhosa e desértica, chegam a uma pequena planície, onde se deparam com estranhos espantalhos. Mesmo assim prosseguem a viagem. Ao encontrar um oásis, nadam nus na cachoeira, quando percebem que seus poucos pertences foram roubados. Vão atrás dos ladrões e notam que se trata de humanos, ainda bem primitivos, que comem frutas das árvores e não se comunicam entre si.

Repentinamente os astronautas percebem um alvoroço com os humanos em fuga. São atacados por um bando violento de gorilas vestidos com roupas pretas de couro, armados com rifles e paus, alguns montados a cavalos, e que não demonstram qualquer piedade ao matarem os humanos que encontram. Dodge, um dos astronautas, morre, enquanto Taylor e London são capturados e levados à cidade dos símios.

Durante o ataque, Taylor é ferido na garganta. Em razão do ferimento, ele não consegue falar, mas tenta se comunicar através de gestos. O que chama a atenção da doutora Zira, psiquiatra de “animais”. Ela examina o cérebro dos humanos capturados, pois desconfia que os macacos são descendentes dos homens, teoria combatida pelo doutor Zaius. Taylor acaba em seu laboratório.

Estas feras são sujas e cheiram mal e possuem doenças contagiosas.
(Fala de um colega da doutora Zira)

O astronauta Taylor descobre que corre perigo, ao se comunicar, através da escrita, com Zira e Cornelius. Escapa ao descobrir que Zaius mandou castrá-lo. Na fuga, vê o corpo do colega Dodge usado como atração num museu de humanos e ouve as pregações de um macaco em um culto religioso. Ao ser recapturado, choca os símios ao gritar:

Tire suas patas de cima de mim, seu macaco maldito!

Taylor é levado a julgamento por Zaius, que vê nele uma ameaça. Descobre que o amigo London sofreu lobotomia e virou um ser vegetativo. Sabe que terá o mesmo fim. Por defender Taylor, Zira e Cornelius também passam a ser perseguidos por Zaius.

O casal de namorados consegue tirar Taylor da jaula, que exige a libertação de Nova, uma humana capturada. Com a ajuda de um primo de Zira, os quatro fogem para a Zona Proibida, onde fica o sítio arqueológico descoberto por Cornelius, para tentar provar que as teorias negadas por Zaius são verdadeiras. Segundo as escrituras dos símios, aquela região é mortal para os macacos.

Zaius e seus gorilas vão atrás dos fugitivos, mas cai refém nas mãos de Taylor, que exige não ser seguido com Nova. Os macacos explodem a caverna para evitar futuras pesquisas, enquanto o casal foge em busca de uma nova vida. Na areia da praia Taylor encontra uma estátua em ruínas e tem uma visão aterrorizante.

Fontes de pesquisa
Cinemateca Veja
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Wikipédia

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Filme – O ILUMINADO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A história apresenta um equilíbrio extraordinário, que nos faz pensar que os aspectos psicológicos explicam os sobrenaturais. (Stanley Kubrick)

Ninguém esperava que o americano Stanley Kubrick, um dos maiores cineastas de todos os tempos, responsável pelo maravilhoso 2001 – Uma Odisseia no Espaço, também pontuasse a sua carreira com um filme de terror. O fato é que os gênios gostam de mudar de trilhas. Assim foi Kubrick, cujos filmes podem ser encaixados nos mais diversos gêneros, um dos grandes responsáveis pela evolução do cinema americano. Ele era, sobretudo, um perfeccionista naquilo que se dispunha a fazer.

O Iluminado conta a história de Jack Torrance (Jack Nicholson) que vai trabalhar como zelador no hotel Overlook, nas montanhas do Colorado, com a finalidade de manter a engrenagem do lugar funcionando em pleno inverno, quando todas as pessoas partem do local e se torna quase que impossível chegar ou sair de lá. É advertido pelo contratante que ali, o último zelador, Charles Grady, num ataque psicótico, provavelmente causado pelo isolamento, matou a mulher e as duas filhinhas com um machado e depois se matou, e que ele e sua família também correriam o risco de terem crises de claustrofobia durante a permanência naquele lugar. Contudo, nada desanima o futuro zelador, ansioso para ganhar o emprego.

Jack Torrance leva para o hotel Overlook a mulher Wendy (Shelly Duvall) e o filho de cinco anos, Danny (Danny Lloyd), assim como a ideia de escrever um livro naqueles meses de inverno rigoroso e de total isolamento.

Danny é um garotinho especial que possui o dom da telepatia. Ao conversar com seu dedo, que diz ser o seu amigo Tony, tem uma visão horrenda sobre o lugar para onde irá com os pais. Vê um mar de sangue escorrendo pelo vão das portas dos elevadores fechados. O seu amigo Tony diz que não quer ir para o hotel, pois lá existem coisas ruins.

No hotel, o cozinheiro Dick Hallorann (Scatman Crothers) descobre que Danny tem o dom da telepatia. Na conversa com o menino, Dick fala-lhe de coisas horríveis que aconteceram no hotel. Adverte-o para que nunca entre no quarto 237. Andando com um triciclo pelos vastos corredores do hotel, o garotinho começa a ver as duas garotinhas assassinadas, mas mantém o segredo só para si, nada contando aos pais.

Com o passar do tempo Wendy começa a perceber que seu marido Jack não está bem. A saúde dele piora visivelmente. Não consegue dormir, tem dificuldade para escrever e se irrita por qualquer coisa. Certo dia, ela o ouve gritar e corre para socorrê-lo. Ele lhe conta que teve um pesadelo em que a matava juntamente com o filho a machadadas. No mesmo momento, o Danny aparece desorientado com o pescoço cheio de arranhões. Wendy briga com Jack supondo que seja ele o responsável por machucar o garotinho. A partir daí, o estado de saúde mental de Jack torna-se cada vez pior e coisas absurdas e inimagináveis vão acontecendo. Wendy, mesmo à beira da histeria, percebe que é preciso tomar as rédeas da situação para salvar o filho.

Os leitores de Stephen King com certeza já devem ter visto o filme, pois é baseado em um dos livros do autor. E foi por isso que a crítica caiu de pau em cima de Kubrick que sempre foi tido como um grande intelectual. Para surpresa dos críticos, o filme teve muito sucesso com a bilheteria. Nada como o tempo, para mostrar quem estava com a razão: se os críticos ou o diretor. O Iluminado transformou-se num clássico, considerado como um dos grandes filmes de terror de todos os tempos, competindo pelo primeiro lugar com Psicose e Alien – O Oitavo Passageiro Tornou-se um dos filmes mais cultuados e copiados do gênero.

O filme deixa para o espectador a tarefa de descobrir se o que Jack Torrance e seu filho Danny vêem trata-se de projeções mentais ou de manifestações de forças sobrenaturais. Há momentos em que o sobrenatural fica claro, como na cena em que Jack é libertado da dispensa, para logo depois parecer que os fatos são produtos de sua mente doentia.

Stephen King, que já tivera uma de suas histórias adaptada para o cinema, Carrie, a Estranha (1976), não gostou do filme. Erradamente, acreditou que seria um grande fracasso. E assim se expressou:

Acho que há dois problemas básicos. Primeiro, Kubrick é um homem muito frio, pragmático e racional, um cético visceral. Além disso, tem grande dificuldade em conceber, mesmo que academicamente, um mundo sobrenatural. Ele não acreditava. Portanto não podia fazer com que o público acreditasse.

Contudo, O Iluminado não só contribuiu para alavancar a venda do livro homônimo, tornando o escritor conhecido em todo o mundo, como fez de Jack Nicholson uma superestrela.

O filme é lúgubre, afligente e claustrofóbico. O conflito cuidadosamente criado por Kubrick deixa o espectador com os nervos à flor da pele. É incrível a habilidade do diretor ao conduzir o clima de tensão sempre crescente, sem permitir que o espectador relaxe um só minuto, sem se valar de imagens bizarras. A trilha sonora é simplesmente fantástica, assim como as tomadas aéreas, cores, corredores e salas imensos, labirintos, espelhos e neve. O Iluminado é, sobretudo, um clássico do terror moderno.

Curiosidades:

• Kubrick repetiu dezenas de vezes todas as tomadas, chegando a mais de 120 vezes em alguns casos.

• O garotinho Danny Lloyd foi dirigido de tal modo que, até o lançamento do filme, ele não tinha percebido que participava de um filme de terror.

• O labirinto da sebe construído para o filme, embora não fosse tão grande quanto parece, era intrincado. Mesmo havendo um mapa de orientação, muitos membros da filmagem ali se perderam, incluindo o diretor Kubrick.

• Os diretores favoritos de Kubrick eram Elia Kazan e Max Ophüls e, segundo ele, O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, é o maior de todos os filmes.

• Kubrick tinha medo de viajar de avião, de modo que passou 40 anos sem sair da Inglaterra (para onde se mudara). Adorava animais e, certa vez, enquanto filmava Nascido para Matar houve a morte acidental de uma família de coelhos. O diretor ficou tão mal, que teve que cancelar as filmagens do resto do dia

• Segundo Kubrick, somente depois de 40 tomadas os atores param de dizer as falas mecanicamente e começam a atuar de forma convincente.

• O filme aborda assuntos como reencarnação, predestinação e previsão do futuro.

• A cena em que aparecem as irmãs (8 e 10 anos) assassinadas foi considerada uma das cenas mais aterrorizantes da história do cinema.

• A Síndrome da Cabana ocorre, quando pessoas vivendo, durante muito tempo, enclausuradas, rebelam-se umas contra outras.

Fonte de Pesquisa:
Cinemateca Veja
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Filme – O FUGITIVO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Eu não matei minha mulher! (Richard Kimble)

O Fugitivo (1993), dirigido pelo cineasta americano Andrew Davis e rodado em Chicago, é um desses filmes que deixam o espectador com os olhos e ouvidos grudados na tela, embora o tema não seja novo no cinema: um homem é injustamente condenado à morte e, para provar a sua inocência, precisa fugir e correr contra o tempo, em busca de provas que atestem a sua inculpabilidade.

O filme originou-se de um seriado americano de grande sucesso, com o mesmo nome, que ficou no ar durante quatro anos, sendo que o último episódio arrebatou a maior audiência da tevê americana, em todos os tempos.

A trama conta a história de um importante cirurgião, Richard Kimble (Harrison Ford) que é acusado de ter assassinado a sua esposa Helen (Julianne Moore). Os dois estão saindo de uma festa, quando o cirurgião é chamado para ajudar numa cirurgia de emergência. Sua esposa vai para casa, onde o aguarda. Após cumprir sua tarefa, o médico volta para sua casa, mas encontra a mulher muito ferida. Enquanto tenta socorrê-la é atacado por um estranho que usa um braço mecânico. Os dois travam uma luta ferrenha, mas o assassino consegue fugir da cena do crime, enquanto a mulher morre. A partir daí a vida do Dr. Kimble transforma-se num verdadeiro inferno, pois um somatório de casualidades indica que ele é o autor do crime:

1. não existe nenhuma marca de arrombamento em sua casa;

2. ele é o único beneficiário do seguro feito por sua riquíssima mulher;

3. um telefonema dado por Helen, já agonizante, cita o seu nome, numa infeliz coincidência.

Dr. Kimble, após ser julgado e condenado à morte, é enviado, juntamente com três outros prisioneiros, para uma penitenciária de segurança máxima, onde deverá esperar pelo dia de sua execução. Mas, durante a viagem, uma reviravolta acontece, permitindo que ele fuja no caminho. Caçado impiedosamente por uma equipe do U. S. Marshals (agência americana ligada à Justiça Federal), liderada pelo astuto e intransigente Samuel Gerard (Tommy Lee Jones). A ordem é para capturá-lo vivo ou morto. Daí para frente o enredo torna-se cada vez mais instigante.

O Fugitivo rendeu um casamento perfeito entre o público e a crítica. Além de ter sido elogiado pela crítica, foi muito bem aceito pelo público, resultando numa grande arrecadação.

Cenas imperdíveis:

• a queda do ônibus sobre uma linha férrea;

• o desastre envolvendo o trem;

• o pulo de Kimble na represa, ao tentar fugir;

• Kimble salvando a criança e o soldado, apesar de estar fugindo;

• a cor verde do rio Chicago.

Curiosidades:

• um trem de verdade foi descarrilado, e toda a ação foi filmada de uma só vez;

• o único efeito visual usado na cena do trem foi o momento em que Kimble pula do ônibus, antes do choque;

• o filme recebeu sete indicações ao Oscar: melhor filme, fotografia, montagem, som, efeitos sonoros, ator coadjuvante e trilha sonora;

• o ator Harrison Ford, que fez o protagonista do filme, jamais havia assistido algum episódio do seriado de televisão que inspirou o roteiro do filme antes de começar a filmar;

• Tommy Lee Jones levou o Oscar e o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante;

• cenas que não foram rodadas em Chicago, mas na Carolina do Norte: a do acidente do trem, a da fuga na ambulância e a da represa;

• o ator Harrison Ford usou barba nas cenas iniciais e a raspou quando se tornou um fugitivo;

• Ford rompeu os ligamentos de uma das pernas durante a filmagem da fuga pela floresta, recusando-se a fazer uma cirurgia antes do término do filme. O fato de ele mancar na cena é em função do acidente;

• a parada de São Patrício (feriado importante da Irlanda) não constava do roteiro, mas a oportunidade favoreceu sua inclusão no filme. É por isso que o rio Chicago está tingido de verde;

• os criadores da série de TV e do filme alegam não ter se inspirado no caso acontecido em 1954, quando o médico Sam Sheppard foi acusado de matar a própria mulher. Alegando inocência, ele sempre buscou encontrar o assassino. Ficou preso durante 12 anos, sendo considerando inocente poucos anos antes de sua morte.

• O sucesso do filme originou um segundo filme estrelado pelo personagem de Gerard (Tommy Lee Jones). Em U.S. Marshals – Os Federais, o tenente persegue um novo fugitivo da justiça, ao lado de um agente do FBI (Robert Downey Jr.).

Fontes de pesquisa:
Cinemateca Veja
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Filme – O FANTÁSTICO SR. RAPOSO (Stop Motion)

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Mais uma vez, o cinema brinda-nos com uma obra magnífica, tirada do mundo da literatura infantil, que tanto pode ser direcionada a crianças, como a adultos ou à criança, que cada adulto carrega dentro de si. Trata-se do brilhante e sensível filme, O Fantástico Sr. Raposo, dirigido pelo diretor americano Wes Anderson.

O filme é uma animação com bonecos, usando a técnica stop motion, feito a partir de uma história infantil (Raposas e Fazendeiros/ 1970) do escritor Roald Dahl. Mas é muito mais do que isso. É uma fábula, onde se desenrola um universo denso, com personagens com crises de identidade, de autoestima, de idade, de negação, ciúmes infantis, não aceitação de valores necessários à vida em sociedade e a tradicional dualidade: bons e maus, refletindo os problemas de relacionamento comuns à vida de muitas famílias. Além disso, possui um visual primoroso, capaz de encantar as crianças.

A história passa-se no meio rural, numa família comum, como tantas outras, sendo que os dois principais personagens são o Sr. Raposo e sua mulher Sra.Raposa, que vivem numa árvore, bem pertinho de três fazendas, habitadas por galinhas, gansos e maçãs, respectivamente. A proximidade com as propriedades rurais faz com que o casal regale-se toda noite, com tais iguarias.

Até que, certo dia, eles são pegos com a boca na botija. Os donos das fazendas se unem para lhes dar um fim. Encontrando-se num beco sem saída e tendo que viver com os filhos em túneis escavados nas três fazendas, para fugirem do cerco dos fazendeiros, marido e mulher travam um diálogo, que dará novo rumo à trama. E, como acontece na história dos homens, é na hora angustiosa, que as reflexões tornam-se necessárias. É quando se pára, para dar um balanço na vida, até então tido como desnecessário.

A Sra. Raposa aproveita-se para revelar ao marido que está grávida. Fato que a torna mais sensível, como acontece com todas as fêmeas no seu período de gestação. Ela acaba por arrancar do marido a promessa de que a vida arriscada do casal irá morrer ali, se conseguirem se safar do perigo. Acabando, portanto, com a vida de furtos, que os coloca frente a frente com o risco, constantemente.

O Sr. Raposo é obrigado a fugir de sua real natureza, que é roubar, para se transformar num novo indivíduo, para atender o pedido da mulher amada. Porém, a sua natureza de raposa fala mais alto e ele volta à vida de crimes, com conseqüências drásticas para a família de raposas.

Os personagens centrais ganham a voz de grandes atores do cinema: George Clooney, Meryl Streep, Jason Schwartzman, Owen Wilson, Willem Dafoe, Michel Gambon e Bill Murray.

Enganam aqueles, que imaginam que fazer um filme de animação stop motion seja um trabalho simples. Na verdade, trata-se de um processo bem mais demorado do que aquele feito com atores reais.

Mas, o que significa stop motion?

É um termo em inglês que pode ser traduzido como “movimento parado”, para uma técnica de animação, feita quadro a quadro. Podem-se utilizar desenhos em papel ou no computador, ou modelos reais, feitos de diversos materiais como a massinha.

O material usado na técnica de stop motion, para trabalhar com cinema, deve ser maleável e resistente, pois os modelos precisam durar bastante tempo, levando em conta o tempo necessário para a filmagem de um filme de longa metragem. Só para se ter uma ideia, para cada segundo de filme são necessários cerca de 24 quadros.

A montagem de um filme em stop motion é lenta e delicada, tendo que seguir vários passos:

1. Depois de prontos os modelos são movimentados e fotografados quadro a quadro.

2. Entre um fotograma (quadro) e outro, o animador vai mudando a posição dos objetos, lentamente.

3. Os quadros são montados em uma película cinematográfica (fase em que podem ser acrescidos os efeitos sonoros como fala, música, ruídos…)

4. Se o filme é projetado a 24 fotogramas por segundo, traz a impressão de movimento.

A técnica do stop motion é muito antiga. Pode ser vista em Viagem à Lua (1902), O Hotel Mal-assombrado (1906) ainda que bem rudimentar, até filmes atuais como Guerra nas Estrelas e Fuga das Galinhas.

Curiosidade:

O filme O Fantástico Sr. Raposo usa uma técnica de stop motion diferente, com o objetivo de captar um clima de artificialidade proposital. Em vez dos já comuns 24 quadros por segundo, o diretor Wes Anderson optou por gravar as imagens a 12 quadros por segundo, alcançando plenamente o seu intento.

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Filme – O EXORCISTA

Autoria de Lu Dias Carvalho

oexo   oexoa

O exorcismo é um ritual estilizado em que o rabino ou padre tenta expulsar tal espírito invasor. Não é mais aceito hoje em dia, exceto pelos católicos, que o ocultam como algo embaraçoso. De fato dá resultado, não pelas razões que eles supõem. Trata-se de um efeito de sugestão. (Explicação de um dos médicos de Regan)

Para conseguir um exorcismo, Regan teria que voltar na máquina do tempo ao século XVI. Essas coisas não existem mais, desde que sabemos a respeito da paranóia, da esquizofrenia. Jamais conheci um padre que tenha feito um. Para aprovar um exorcismo a Igreja investiga. E isso leva tempo (Padre Damien Karras)

O Exorcista (1973), filme de suspense e horror americano do diretor William Friedkin, é baseado no livro homônimo escrito por William Peter Blatty, publicado em 1971. Segundo o autor do livro, ele havia se inspirado num caso de exorcismo ocorrido em 1494 e num outro caso apresentado por um padre numa sociedade de psicologia, onde dizia ter realizado exorcismo num garoto de 13 anos. Ao ser lançado, o filme dividiu a crítica. Alguns críticos consideraram-no um excelente filme de horror, enquanto outros achavam que era mais uma das bobagens lançadas todos os anos pelo cinema. Eles só não esperavam que fosse se transformar num tremendo sucesso de bilheteria e trouxesse o tema para o debate nos mais diferentes lugares do mundo. É impossível descrever o impacto cultural causado pelo filme, que desafiou as regras sobre o que se podia mostrar ou não no cinema.

O filme inicia-se com um grande prólogo, mostrando escavações no norte do Irã, quando uma medalha e uma pequena estatueta são encontradas pela equipe do padre arqueólogo Lankester Merrin (Max von Sydow). Na medalha encontra-se a inscrição: O mal contra o mal. A pequena escultura trata-se de uma figura demoníaca conhecida como Pazuzu. O padre resolve partir, ao pressentir que existe um sinal estranho no ar. Chega a quase ser atropelado e vê cães brigando ferozmente antes de partir. Esse início do filme é de certa forma incompreensível para o espectador, que o vê sem conseguir ligar à história, a não ser quando ela já se encontra bem adiantada. Contudo, o diretor está apenas preparando o terreno para o que virá a contar.

Após a partida do padre Merrin, uma casa é focada em Washington, onde vive a atriz de cinema Chris McNeil (Ellen Burstyn) com sua filha Regan (Linda Blair) de 12 anos. Antecipando ao que virá acontecer com a garota, ela começa a ouvir barulhos estranhos, mas supõe que sejam causados por ratos. Pede a um dos empregados para que arme ratoeiras no sótão. A relação entre as duas é de muito carinho e amizade, apesar da ausência do pai, de quem a mãe já havia se separado, mas confessa ainda amar. Por motivos de trabalho, a atriz deixa sua cidade para trabalhar temporariamente em Washington. Mas, logo após se mudarem, começa a notar mudanças estranhas no comportamento da filha.

Um homem com vestes escuras, o padre e psiquiatra Damien Karras (Jason Miller), começa a aparecer em várias cenas do filme, com o semblante visivelmente preocupado, mas ainda sem nenhum elo com a história, dando a entender ao espectador, apenas, que será importante na trama. Aos poucos, algumas informações sobre ele vão sendo repassadas: sua mãe idosa mora sozinha e se recusa a mudar de casa. Depois ela morre e ele se sente tão abalado com o acontecimento, que entra em crise existencial e começa a colocar em cheque a sua própria fé.

Chris encontra na sua casa um pequeno quadro com as letras do alfabeto e números. A filha explica-lhe que é um jogo onde se faz perguntas e obtém respostas. Diz à mãe que o joga com certa pessoa. Ela não leva a sério, pensando ser produto da imaginação fantasiosa da filha. Esse é mais um aviso de que coisas estranhas estão por acontecer. Mas o primeiro sinal de que algo está ocorrendo com a garota, acontece quando sua mãe acorda com ela deitada a seu lado. Regan justifica-se dizendo que não conseguia dormir, porque sua cama estava balançando. Chris acha que é mentira da filha. Mesmo assim vai até o sótão, onde percebe que a ratoeira com a isca não fora mexida.

Uma cena, até então totalmente desvinculada dos acontecimentos, mostra numa igreja a imagem da Virgem Maria violentada. Ela se encontra ensanguentada, com os seios em forma de cone e um chifre enfiado no púbis. Como podemos ver, o diretor vai preparando o espectador para adentrar num terrível mundo de suspense e horror.

A atriz começa a notar que a filha encontra-se cada vez mais abatida e seu comportamento está mudando bruscamente: dorme mal, tem crises de agressividade e faz uso de linguagem chula. Leva-a ao médico para uma consulta. No consultório a menina fica nervosa, diz palavrões e mostra um semblante aterrorizante. O especialista diagnostica seu caso como um distúrbio nervoso característico da pré- adolescência. Num outro momento Chris dá uma festa em casa para o seu grupo de trabalho. A filha aparece de camisola, urina no tapete e diz ao diretor que ele vai morrer. Depois que ela sobe para o quarto, a mãe é chamada aos gritos. A cama está pulando enquanto Regan pede socorro, desesperadamente.

A garota volta ao hospital num estado físico lastimável e bem mais agressiva, a ponto de cuspir no rosto do médico. Chris recebe a explicação de que tudo é resultado de mudanças cerebrais e que o tremor da cama fora ocasionado pelos espasmos. Diagnóstico: lesão no lobo temporal (um tipo de distúrbio convulsivo). Pode ocasionar um comportamento destrutivo e até criminoso, segundo informações médicas. Mas, ao fazer a punção para remover a cicatriz, nada é encontrado. Os exames dão negativos.

Em casa, a situação da garota agrava-se: pula na cama, revira os olhos, muda a voz, faz uso de uma força descomunal e grita palavrões obscenos. Recebe altas doses de sedativos. Novos exames e o mesmo diagnóstico médico. Regan é então conduzida a um psiquiatra. No primeiro encontro com ele, aparentemente hipnotizada, ela acaba agarrando os seus testículos e dizendo que tem no corpo o demônio. Sem obter resultados, a mãe da garota recebe a sugestão de procurar a ajuda de um padre para um exorcismo.

Depois da morte de seu amigo diretor, Burk Dennings, que ficara com a garota por alguns minutos, e fora encontrado morto no pé da escada, a mãe passa a suspeitar de que o crime tenha sido cometido pela filha. Desacredita-se dos diagnósticos médicos e passa a buscar pelo padre Damien Karras (aquele que aparece no início e que havia perdido a mãe), pedindo-lhe que faça um exorcismo com a filha. O padre recebe a ajuda de outro padre, Lankester Merrin (aquele das escavações no Irã), que conhece bem o assunto. Daqui para frente é só emoção e a necessidade de se ter nervos de aço.

O Exorcista é ainda hoje a nona maior bilheteria na história do cinema, além de ter se transformado num grande clássico, não apenas pelos incríveis efeitos especiais apresentados há 38 anos, como o vômito verde, a masturbação com o crucifixo e a cabeça que vira 360º. Foi indicado a nove Oscar, ganhando como melhor som e melhor roteiro adaptado. Foi, sem dúvida alguma, uma grande influência para o gênero de terror.

Observação para os amantes do cinema:

O filme O Exorcista foi revisto pelo diretor William Friedkin e pelo roteirista e produtor William Peter Blatty que lhe acrescentaram 11 minutos de cenas eliminadas antes do lançamento do filme, em 1973, em uma versão cujas imagens e áudio foram digitalmente restaurados. O resultado desse acréscimo deixa o filme ainda mais eletrizante. Cenas incluídas: o diagnóstico de “distúrbio nervoso”, uma expansão da sequência da chegada do padre Marrin antes do ritual do exorcismo, dúvidas religiosas durante o ritual, um epílogo com o tenente Kinderman e o Padre Dyer e, a mais extraordinária de todas, Regan descendo a escadaria de sua casa de uma maneira incomum (caminhando com braços e pernas, mas com a cabeça voltada para cima). A nova versão está imperdível.

Curiosidades

• Ellen Burstyn (a mãe da garota) aceitou fazer o filme com a condição de que seu personagem não tivesse que dizer a frase “Eu acredito no diabo”.

• Durante a filmagem, na sequência em que é atirada longe pela filha possuída, Ellen Burtyn sofreu uma lesão séria na coluna, ao cair sobre o cócix. Seu grito de dor foi usado na cena.

• A temperatura do quarto refrigerado era mantida entre 30 e 40º abaixo de zero, usando quatro aparelhos de ar condicionado.

• Foram construídas três camas diferentes, cada uma capaz de fazer um movimento específico.

• Os 75 degraus da escada foram forrados com borracha para a filmagem da morte do padre Karras. O dublê repetiu a cena duas vezes.

• Foi a contorcionista Linda R. Hager quem fez a cena da descida da escada em passo de aranha, presa por arreios e cabos instalados acima da escada. Suas mãos e seus pés não tocavam a escada, apesar da ilusão criada.

• O maquiador do filme foi o mesmo de Amadeus.

• A substância verde que Regan vomita sobre o padre Karras é sopa de ervilha.

• O som que se ouve, quando Regan vira a cabeça, foi feito com uma velha carteira de couro circundando o microfone.

• O som do demônio deixando o corpo da menina Regan vem, na verdade, de porcos sendo encaminhados para o abate.

• Na cena onde Regan bate em sua mãe no rosto, a atriz Ellen Burstyn, realmente machucou-se gravemente na cabeça.

• O polêmico diretor William Friedkin deu um tiro de pistola durante as filmagens sem aviso, para conseguir uma expressão real de susto do ator Jason Miller.

• William Friedkin frequentemente levava um padre para abençoar o set de filmagens.

• Em muitos cinemas paramédicos eram chamados para cuidar de pessoas que desmaiavam ou ficavam histéricas, afetadas pelo filme.

• Linda Blair era a favorita ao Oscar de melhor atriz coadjuvante até ser divulgado que a voz do demônio não pertencia a ela, mas à atriz Mercedes McCambridge.

• O filme deu origem a quatro continuações (o segundo conta com a participação de Linda Blair e Max von Sydon) ruins que tentam pegar carona no sucesso do primeiro. Também fez de crianças com poderes malévolos um tema constante no cinema de terror.

Fontes de pesquisa:
Cinemateca Veja
Wikipédia
1001 Filmes…

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Filme – O EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS

Autoria de Lu Dias Carvalho

evama   evamaa

A ideia de tomar um dos Evangelhos como base para um filme empurrou para a sombra todas as outras ideias de trabalho que eu tinha em mente. (Pasolini)

O filme de Pasolini é um dos mais eficientes sobre temas religiosos a que eu já assisti, talvez por ter sido feito por um não fiel, que não prega, não glorifica, não enfatiza, não sentimentaliza, não romantiza a famosa história, mas se esforça ao máximo em apenas registrá-la. (Roger Ebert)

É geralmente tido como ironia que um dos filmes mais fiéis já feitos sobre a vida de Jesus Cristo – senão o mais fiel – seja obra de um comunista, o italiano Pier Paolo Pasolini. O Evangelho Segundo São Mateus (Il Vangelo Secondo Matteo, Itália, 1964), que saiu em DVD em cópia restaurada, é dedicado pelo diretor ao papa João XXIII e não tem nem uma única fala que não seja tirada tal e qual do texto do evangelista Mateus. (Isabela Boscov)

O Evangelho Segundo São Mateus (1964), obra-prima do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini é surpreendente até mesmo pelo modo como se iniciou.

E 1962, o papa João XXIII, sempre muito aberto ao diálogo, fez um convite aos artistas não católicos para que eles participassem de um encontro em Assis, cidade natal de São Francisco. Embora fosse reconhecidamente ateu, marxista e homossexual, o diretor Pasolini aceitou o convite do papa, indo para Assis. Ali, no quarto do hotel que lhe fora reservado, deparou-se com um exemplar dos Evangelhos que, segundo ele, leu do início ao fim. E, através de tal leitura, teve a ideia de escolher um deles como base para um filme.

O Evangelho Segundo São Mateus foi filmado, principalmente, no distrito italiano de Basilicata, em sua capital Matera. A região era pobre e bastante desolada à época. É narrado em branco e preto, embora já possa ser encontrado restaurado e digitalmente colorizado (as duas formas encontram-se no mesmo DVD). Essa obra magnífica recebeu três indicações para o Oscar. Ganhou o prêmio especial do júri no Festival de Veneza e recebeu o prêmio OCIC (Office Catholique International du Cinéma), que o exibiu no interior da Catedral de Notre Dame, em Paris. Trata-se de uma produção franco-italiana.

O filme é de uma simplicidade comovente. É feito como se um documentarista acompanhasse Jesus, desde o nascimento até sua morte, tendo em mãos apenas uma máquina filmadora. Essa sensação, passada pelo cineasta ao espectador, é totalmente proposital. O elenco é composto por pessoas comuns. Nessa película, Pasolini abraça a linha do neorrealismo (Movimento que aconteceu após a Segunda Guerra Mundial, principalmente na Itália, que tinha como objetivo participar da realidade, inclusive, usando a gente do povo como atores, pois se tinha a ideia de que as pessoas comuns encarnavam melhor certos personagens.).

Para representar Cristo, o diretor Pasolini escolheu Enrique Irazoqui, um espanhol, estudante de economia, que nunca havia representado. Ele representa um Jesus magro, com os ombros recurvados, sobrancelhas pretas e fartas, cabelos curtos, pele morena, barba curta e, em nada lembra o Cristo visto em outros filmes. É representado como a maioria dos judeus da época em que viveu. Normalmente é doce no falar, como no Sermão da Montanha. Mas também se mostra enraivecido em certos momentos. Jesus sempre responde a uma pergunta com outra, ou com uma parábola, ou com ironia; bem ao estilo de São Mateus, considerado o mais realista dos quatro evangelistas que estão na Bíblia.

Camponeses locais, lojistas, operários de fábrica, motoristas de caminhão, entre outros, foram contratados para os demais papéis. Para interpretar Maria, na parte em que Jesus é crucificado, o diretor escolheu sua própria mãe. O anjo, que conta a José que Maria dará à luz o filho de Deus, é semelhante a uma camponesa e aparece em vários momentos do filme. Para a filmagem, Pasolini não usou roteiro. Limitou-se a seguir São Mateus em seus evangelhos, página por página. Só usou de síntese, quando foi extremamente necessário, para impedir que o filme fosse demasiadamente longo.

Os discípulos de Jesus são mostrados por Pasolini, como um grupo de jovens que possui consciência social e que aderem a uma causa revolucionária. E, ao usar cenários mínimos e enquadramentos simples, o diretor recria um retrato convincente da época em que se a passa a história da vida de Jesus. Sendo que a simplicidade na forma com que Pasolini conta e interpreta a história, viria a mudar o conceito de épico bíblico.

Em O Evangelho Segundo São Mateus, vemos um Jesus que se posta radicalmente contra o materialismo da sociedade, que enaltece os ricos e os poderosos e menospreza os fracos e os pobres. O Cristo de Pasolini passa-nos a mensagem de que “sentia a nossa dor e nos amava”, mas que não amava “aqueles cujo reinado era na Terra”. Os escribas e os fariseus daquela época têm muito em comum com a maioria dos “cristãos” de nossos dias.

Existem pouquíssimos diálogos no filme. E muitos personagens, ao serem filmados em close-up (primeiro plano), lembram as pinturas religiosas da Idade Medieval. A trilha sonora é especial, incluindo missas de Bach, Mozart e gravações de blues.

Temos visto vários filmes sobre a vida e a morte de Cristo sob diferentes ângulos, o que nos mostra que não existe uma única versão sobre a história desta grande figura. Cada cineasta molda-o de acordo com suas ideias. Citando apenas dois exemplos: enquanto Mel Gibson deu enfoque ao sofrimento, por entender que esse era o fato principal da vida do Salvador, Pasolini já entendeu que sua essência encontrava-se nos seus ensinamentos, de modo que compreendê-los era muito mais importante.

O filme de Pasolini diz-nos que Jesus foi um radical e cujos ensinamentos, se levados a sério, contradizem os valores da maioria das sociedades humanas desde então. (Roger Ebert)

Curiosidades:

• Quarenta anos após O Evangelho Segundo São Mateus, Mel Gibson filmaria a Paixão de Cristo, exatamente nas mesmas locações que o primeiro.

• Pasolini dirigiu 25 filmes. Os mais famosos são: Desajuste Social, Saló ou Os Cento e Vinte Dias de Gomorra, Decameron, Mama Roma, Teorema e O Evangelho Segundo São Mateus. Trabalhou nos roteiros de dois filmes famosos de Fellini: As Noites de Cabíria e A Doce Vida.

• Os Três Reis Magos do filme em questão chegam montados em cavalos (e não em camelos). Eles estão acompanhados por uma multidão de crianças alegres e barulhentas.

• A cena do massacre dos primogênitos é rápida, mas mesmo assim assustadora.

• Os milagres dos pães e dos peixes e a caminhada sobre a água são tratados discretamente.

• Na cena em que Jesus debate com os anciãos do templo, as crianças estão assentadas em filas a seus pés. Muitas vezes viram-se e fazem caretas para os velhos.

• Na maior parte da caminhada até o Calvário, Simão é quem carrega a cruz, enquanto Jesus segue logo atrás.

• Existe a coroa de espinhos, mas poucas gotas de sangue são vistas. Apesar de fugir ao estilo dos épicos de Hollywood, a cena não é suavizada e nem dramatizada. Ela é apenas real e cruel.

• A crucificação é inteiramente destituída da violência vista na versão de Mel Gibson.

• Pasolini era crítico de cinema, escritor e técnico político antes de se dedicar à direção de filmes. Mas ele se considerava mais um poeta do que um cineasta.

• Inquieto com o avanço industrial na Itália (1950 e 1960), que dizia comprometer a diversidade cultural, Pasolini utiliza no filme, em contraponto, os elementos poéticos e míticos da cultura ancestral, como o sacrifício necessário à sacralização e ao renascimento.

• A obra de Pasolini vai do profano ao divino e os desvarios de sua vida privada levaram-no a morrer assassinado em um arrebalde deserto.

Fontes de Pesquisa:
Grandes Filmes/ Roger Ebert
1001 Filmes para…/ Editora Sextante
Wikipédia
Revista Veja

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