Filme – O EXORCISTA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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O exorcismo é um ritual estilizado em que o rabino ou padre tenta expulsar tal espírito invasor. Não é mais aceito hoje em dia, exceto pelos católicos, que o ocultam como algo embaraçoso. De fato dá resultado, não pelas razões que eles supõem. Trata-se de um efeito de sugestão. (Explicação de um dos médicos de Regan)

Para conseguir um exorcismo, Regan teria que voltar na máquina do tempo ao século XVI. Essas coisas não existem mais, desde que sabemos a respeito da paranóia, da esquizofrenia. Jamais conheci um padre que tenha feito um. Para aprovar um exorcismo a Igreja investiga. E isso leva tempo (Padre Damien Karras)

O Exorcista (1973), filme de suspense e horror americano do diretor William Friedkin, é baseado no livro homônimo escrito por William Peter Blatty, publicado em 1971. Segundo o autor do livro, ele havia se inspirado num caso de exorcismo ocorrido em 1494 e num outro caso apresentado por um padre numa sociedade de psicologia, onde dizia ter realizado exorcismo num garoto de 13 anos. Ao ser lançado, o filme dividiu a crítica. Alguns críticos consideraram-no um excelente filme de horror, enquanto outros achavam que era mais uma das bobagens lançadas todos os anos pelo cinema. Eles só não esperavam que fosse se transformar num tremendo sucesso de bilheteria e trouxesse o tema para o debate nos mais diferentes lugares do mundo. É impossível descrever o impacto cultural causado pelo filme, que desafiou as regras sobre o que se podia mostrar ou não no cinema.

O filme inicia-se com um grande prólogo, mostrando escavações no norte do Irã, quando uma medalha e uma pequena estatueta são encontradas pela equipe do padre arqueólogo Lankester Merrin (Max von Sydow). Na medalha encontra-se a inscrição: O mal contra o mal. A pequena escultura trata-se de uma figura demoníaca conhecida como Pazuzu. O padre resolve partir, ao pressentir que existe um sinal estranho no ar. Chega a quase ser atropelado e vê cães brigando ferozmente antes de partir. Esse início do filme é de certa forma incompreensível para o espectador, que o vê sem conseguir ligar à história, a não ser quando ela já se encontra bem adiantada. Contudo, o diretor está apenas preparando o terreno para o que virá a contar.

Após a partida do padre Merrin, uma casa é focada em Washington, onde vive a atriz de cinema Chris McNeil (Ellen Burstyn) com sua filha Regan (Linda Blair) de 12 anos. Antecipando ao que virá acontecer com a garota, ela começa a ouvir barulhos estranhos, mas supõe que sejam causados por ratos. Pede a um dos empregados para que arme ratoeiras no sótão. A relação entre as duas é de muito carinho e amizade, apesar da ausência do pai, de quem a mãe já havia se separado, mas confessa ainda amar. Por motivos de trabalho, a atriz deixa sua cidade para trabalhar temporariamente em Washington. Mas, logo após se mudarem, começa a notar mudanças estranhas no comportamento da filha.

Um homem com vestes escuras, o padre e psiquiatra Damien Karras (Jason Miller), começa a aparecer em várias cenas do filme, com o semblante visivelmente preocupado, mas ainda sem nenhum elo com a história, dando a entender ao espectador, apenas, que será importante na trama. Aos poucos, algumas informações sobre ele vão sendo repassadas: sua mãe idosa mora sozinha e se recusa a mudar de casa. Depois ela morre e ele se sente tão abalado com o acontecimento, que entra em crise existencial e começa a colocar em cheque a sua própria fé.

Chris encontra na sua casa um pequeno quadro com as letras do alfabeto e números. A filha explica-lhe que é um jogo onde se faz perguntas e obtém respostas. Diz à mãe que o joga com certa pessoa. Ela não leva a sério, pensando ser produto da imaginação fantasiosa da filha. Esse é mais um aviso de que coisas estranhas estão por acontecer. Mas o primeiro sinal de que algo está ocorrendo com a garota, acontece quando sua mãe acorda com ela deitada a seu lado. Regan justifica-se dizendo que não conseguia dormir, porque sua cama estava balançando. Chris acha que é mentira da filha. Mesmo assim vai até o sótão, onde percebe que a ratoeira com a isca não fora mexida.

Uma cena, até então totalmente desvinculada dos acontecimentos, mostra numa igreja a imagem da Virgem Maria violentada. Ela se encontra ensanguentada, com os seios em forma de cone e um chifre enfiado no púbis. Como podemos ver, o diretor vai preparando o espectador para adentrar num terrível mundo de suspense e horror.

A atriz começa a notar que a filha encontra-se cada vez mais abatida e seu comportamento está mudando bruscamente: dorme mal, tem crises de agressividade e faz uso de linguagem chula. Leva-a ao médico para uma consulta. No consultório a menina fica nervosa, diz palavrões e mostra um semblante aterrorizante. O especialista diagnostica seu caso como um distúrbio nervoso característico da pré- adolescência. Num outro momento Chris dá uma festa em casa para o seu grupo de trabalho. A filha aparece de camisola, urina no tapete e diz ao diretor que ele vai morrer. Depois que ela sobe para o quarto, a mãe é chamada aos gritos. A cama está pulando enquanto Regan pede socorro, desesperadamente.

A garota volta ao hospital num estado físico lastimável e bem mais agressiva, a ponto de cuspir no rosto do médico. Chris recebe a explicação de que tudo é resultado de mudanças cerebrais e que o tremor da cama fora ocasionado pelos espasmos. Diagnóstico: lesão no lobo temporal (um tipo de distúrbio convulsivo). Pode ocasionar um comportamento destrutivo e até criminoso, segundo informações médicas. Mas, ao fazer a punção para remover a cicatriz, nada é encontrado. Os exames dão negativos.

Em casa, a situação da garota agrava-se: pula na cama, revira os olhos, muda a voz, faz uso de uma força descomunal e grita palavrões obscenos. Recebe altas doses de sedativos. Novos exames e o mesmo diagnóstico médico. Regan é então conduzida a um psiquiatra. No primeiro encontro com ele, aparentemente hipnotizada, ela acaba agarrando os seus testículos e dizendo que tem no corpo o demônio. Sem obter resultados, a mãe da garota recebe a sugestão de procurar a ajuda de um padre para um exorcismo.

Depois da morte de seu amigo diretor, Burk Dennings, que ficara com a garota por alguns minutos, e fora encontrado morto no pé da escada, a mãe passa a suspeitar de que o crime tenha sido cometido pela filha. Desacredita-se dos diagnósticos médicos e passa a buscar pelo padre Damien Karras (aquele que aparece no início e que havia perdido a mãe), pedindo-lhe que faça um exorcismo com a filha. O padre recebe a ajuda de outro padre, Lankester Merrin (aquele das escavações no Irã), que conhece bem o assunto. Daqui para frente é só emoção e a necessidade de se ter nervos de aço.

O Exorcista é ainda hoje a nona maior bilheteria na história do cinema, além de ter se transformado num grande clássico, não apenas pelos incríveis efeitos especiais apresentados há 38 anos, como o vômito verde, a masturbação com o crucifixo e a cabeça que vira 360º. Foi indicado a nove Oscar, ganhando como melhor som e melhor roteiro adaptado. Foi, sem dúvida alguma, uma grande influência para o gênero de terror.

Observação para os amantes do cinema:

O filme O Exorcista foi revisto pelo diretor William Friedkin e pelo roteirista e produtor William Peter Blatty que lhe acrescentaram 11 minutos de cenas eliminadas antes do lançamento do filme, em 1973, em uma versão cujas imagens e áudio foram digitalmente restaurados. O resultado desse acréscimo deixa o filme ainda mais eletrizante. Cenas incluídas: o diagnóstico de “distúrbio nervoso”, uma expansão da sequência da chegada do padre Marrin antes do ritual do exorcismo, dúvidas religiosas durante o ritual, um epílogo com o tenente Kinderman e o Padre Dyer e, a mais extraordinária de todas, Regan descendo a escadaria de sua casa de uma maneira incomum (caminhando com braços e pernas, mas com a cabeça voltada para cima). A nova versão está imperdível.

Curiosidades

• Ellen Burstyn (a mãe da garota) aceitou fazer o filme com a condição de que seu personagem não tivesse que dizer a frase “Eu acredito no diabo”.

• Durante a filmagem, na sequência em que é atirada longe pela filha possuída, Ellen Burtyn sofreu uma lesão séria na coluna, ao cair sobre o cócix. Seu grito de dor foi usado na cena.

• A temperatura do quarto refrigerado era mantida entre 30 e 40º abaixo de zero, usando quatro aparelhos de ar condicionado.

• Foram construídas três camas diferentes, cada uma capaz de fazer um movimento específico.

• Os 75 degraus da escada foram forrados com borracha para a filmagem da morte do padre Karras. O dublê repetiu a cena duas vezes.

• Foi a contorcionista Linda R. Hager quem fez a cena da descida da escada em passo de aranha, presa por arreios e cabos instalados acima da escada. Suas mãos e seus pés não tocavam a escada, apesar da ilusão criada.

• O maquiador do filme foi o mesmo de Amadeus.

• A substância verde que Regan vomita sobre o padre Karras é sopa de ervilha.

• O som que se ouve, quando Regan vira a cabeça, foi feito com uma velha carteira de couro circundando o microfone.

• O som do demônio deixando o corpo da menina Regan vem, na verdade, de porcos sendo encaminhados para o abate.

• Na cena onde Regan bate em sua mãe no rosto, a atriz Ellen Burstyn, realmente machucou-se gravemente na cabeça.

• O polêmico diretor William Friedkin deu um tiro de pistola durante as filmagens sem aviso, para conseguir uma expressão real de susto do ator Jason Miller.

• William Friedkin frequentemente levava um padre para abençoar o set de filmagens.

• Em muitos cinemas paramédicos eram chamados para cuidar de pessoas que desmaiavam ou ficavam histéricas, afetadas pelo filme.

• Linda Blair era a favorita ao Oscar de melhor atriz coadjuvante até ser divulgado que a voz do demônio não pertencia a ela, mas à atriz Mercedes McCambridge.

• O filme deu origem a quatro continuações (o segundo conta com a participação de Linda Blair e Max von Sydon) ruins que tentam pegar carona no sucesso do primeiro. Também fez de crianças com poderes malévolos um tema constante no cinema de terror.

Fontes de pesquisa:
Cinemateca Veja
Wikipédia
1001 Filmes…

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3 comentaram em “Filme – O EXORCISTA

  1. Sofia Maror

    É muito bom, não podemos negar. Eu sinto muito medo, mas eu gostaria de ver de terror ou suspense histórias e filmes exorcismos: “Exorcistas No Vaticano” (a propósito aqui eu pendurá-los tempos de transmissão: http://www.hbomax.tv/movie/WHL230285/Exorcistas-No-Vaticano e talvez uma segunda olhada mudar a sua percepção). É uma história que é liberado em queda livre bater a cada clichês imagináveis em um filme de terror. De tudo isso, o mais interessante é uma cena em que ela cospe três ovos que representam a Santíssima Trindade. Poderíamos dizer que há material para contar uma história interessante, mas certamente com intenções não é suficiente. “As Fitas do Vaticano” poderia ter tido melhor destino se o tom geral do filme era crua e cheia de deboche.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Rafael, eu não me lembro mais muito bem do filme.
      Mas o que pesquisei diz o seguinte:

      “Um idoso jesuíta chamado Padre Merrin lidera um escavação arqueológica no norte do Iraque a fim de estudar antigas relíquias. Em seguida à descoberta de uma estatueta do demônio Pazuzu, um semideus da cultura suméria real, e uma moderna medalha de São José se justapõem curiosamente, promovendo uma série de presságios que alertam o religioso de que em breve terá um confronto com um mal poderoso que ele, até então desconhecido pelo leitor, ele havia enfrentado antes, num exorcismo feito na África.”

      Obrigada pela visita a nosso blog.
      Volte sempre!

      Abraços,

      Lu

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