Arquivo da categoria: História da Arte

O mundo da arte é incomum e fascinante. Pode-se viajar através dele em todas as épocas da história da humanidade — desde o alvorecer dos povos pré-históricos até os nossos dias —, pois a arte é incessante.

AMARELO, VERMELHO E AZUL (Aula nº 101 A)

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Amarelo, Vermelho e Azul é uma obra abstrata do artista russo Wassily Kandinsky que se encantou com a associação entre cor e música. É tida como uma das mais importantes da Arte Abstrata. Seu título enumera as três cores primárias (amarelo, vermelho e azul), cores essas presentes em grande escala no quadro, acompanhadas de muitas outras. Aí também se encontram triângulos, quadrados, retângulos e círculos, além de elementos abstratos.

Os elementos presentes na tela estão flutuando. As formas coloridas. assim como os sinais pretos postados acima delas, flutuam diante de um espaço fulgurante. Algumas formas são transparentes, enquanto outras sugerem uma ordem especial, principalmente à esquerda. O fundo é também colorido. A metade esquerda do quadro apresenta-se clara e leve, enquanto a metade direita mostra reflexos pictóricos, cores escuras e densas. Uma nuvem de cor púrpura espalha-se pelas laterais do lado esquerdo.

Uma pequena grade de cores (contendo todas as cores presentes na pintura) é vista à direita, embaixo. O que aparenta ser um sol nublado ocupa a parte superior central da composição. Uma grande linha preta sinuosa aparece à direita. Um grande círculo à direita – a forma mais perfeita e harmoniosa das figuras geométricas elementares – está pintado com a cor azul. E um retângulo luminoso à esquerda recebe um amarelo-claro. As cores não obedecem a um padrão específico na composição e os objetos presentes não são claramente reconhecíveis.

A música foi muito importante na busca dos artistas abstracionistas que sabiam que os compositores eram capazes de levar seus ouvintes a outras dimensões, sem fazer uso da representação direta da natureza. E se a música era capaz de ser abstrata, ordenada e emocional, a arte também poderia ser. A pintura poderia se uma espécie de música visual, pensavam eles. Kandinsky foi o maior exemplo dessa aplicação, inclusive usou a terminologia musical (composições, improvisações e impressões) para nomear muitos de seus quadros.

Ficha técnica
Ano: 1925
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 1,27 m x 2 m
Localização: Coleção de Nina Kandinsky

Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

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NOVO ESTILO – ARTE ABSTRATA II (Aula nº 101)

Autoria de Lu Dias Carvalho

A denominação Arte Abstrata diz respeito, normalmente, a certas obras da pintura e da escultura do século XX que não possuem função representativa ou simbólica, mas, ainda assim, não podem ser caracterizadas como simples desenhos. Logo, não se trata de um estilo artístico isoladamente, sendo que alguns movimentos artísticos mais explícitos, como o Neoplasticismo e o Expressionismo abstrato foram definidos em termos estilísticos. Tanto na França quanto na Inglaterra, inúmeras gerações de pintores indagavam se era necessário tornar a pintura submissa à busca das aparências e, em razão disso, escolheram um mundo imaginário, mostrando, ainda na década de 1980, que a arte também era capaz de retratar sonhos e visões.

Já no final do século XIX era possível perceber que a tendência geral da arte, principalmente no que diz respeito à pintura, caminhava para a abstração. Mesmo Claude Monet e Paul Cézanne se deram conta da função do artista como criador de imagens, de modo que, aos poucos, eles passaram a dar maior importância à natureza da percepção. Os pintores Georges Seurat e Paul Gauguin — tidos como importantes precursores da Arte Abstrata — levaram ainda mais longe as percepções dos artistas mencionados acima, através da análise da linha, da cor, do tom e da composição, chegando à conclusão de que era possível expressar os estados emocionais, usando apenas os meios formais. Gauguin passou a usar as cores de maneira abstrata, pintando não como enxergava o objeto temático, mas como o sentia. Van Gogh também fez uso da liberdade de cor, usando sempre aquela que julgava apropriada, embora levasse em conta a representação linear do objeto pintado. Henri Matisse e seus colegas, 15 anos depois, reformularam as ideias pós-impressionistas — conhecidas hoje como Fauvismo — que via na cor o elemento mais importante.

As primeiras obras realmente abstratas surgiram em Paris e Munique em 1912. Um ou dois anos depois apareceram em Moscou, Milão, Nova Iorque, Londres e em outros lugares. A princípio grande parte da pintura abstrata era de caráter experimental, representando uma fase passageira na carreira de artistas como K. Larionoff, Fernand Léger, Robert Delaunay, Francis Picabia, Franz Marc, Giacomo Balla e Wyndham Lewis. No entanto, outros artistas abraçaram-na com força total, como mostra a obra do holandês Piet Mondrian, do russo Wassily Kandinsky, do tcheco Frank Kupka e do russo Kasimire Malevich.

Kandinsky, ao escrever um texto teórico em 1910 sobre o espiritual na arte, encontrou na abstração duas vertentes: a que dizia respeito à arte pictórica dos impressionistas e pós-impressionistas que desaguou no Fauvismo e no Cubismo e aquela trilhada pelos pintores simbolistas, responsável por levar a uma arte mais religiosa, tida como de “necessidade interior”. Para o artista russo, o caminho tomado pelos simbolistas era o mais importante, pois dizia respeito à qualidade essencial que impedia que a arte abstrata fosse desprovida de significado. Kandinsky buscava uma maneira de criar um quadro sem a presença de um objeto, mas que pudesse ser observado como algo mais, em vez de um mero desenho decorativo. Para que isso acontecesse, trabalhou em dois campos: tornou sua pintura abstrata de modo que todas as formas reconhecíveis nela presentes sumissem lentamente e deu à sua arte uma justificativa filosófica.

A música foi muito importante na busca dos artistas abstracionistas que sabiam que os compositores eram capazes de levar seus ouvintes a outras dimensões, sem fazer uso da representação direta da natureza. E se a música era capaz de ser abstrata, ordenada e emocional, a arte também poderia ser. A pintura poderia se uma espécie de música visual, pensavam eles. Kandinsky foi o maior exemplo dessa aplicação, inclusive usou a terminologia musical (composições, improvisações e impressões) para nomear muitos de seus quadros.

O movimento abstrato em razão da Segunda Guerra Mundial (1939) teve grande parte de sua atividade, que se cultivava na Europa, cessada, mudando seu centro para Nova York, na década de 1940 — sua esplêndida etapa final. Atualmente a arte tornou-se livre. O artista tanto pode se embrenhar para o campo do abstracionismo ou para aquele que tenha uma referência simbólica ou figurativa. A invenção da Arte Abstrata foi um dos eventos artísticos mais importantes de nossos tempos.

Nota: Composição VII, obra de Wassily Kandinsky (ilustração do texto)

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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NOVO ESTILO – ARTE ABSTRATA I (Aula nº 100)

Autoria de Lu Dias Carvalho

   

Os artistas fauvistas e expressionistas, durante as primeiras décadas do século XX, mudaram as relações com as cores que até então eram usadas na representação da natureza. Por sua vez, os cubistas fracionaram os objetos em múltiplos planos, desafiando as dimensões do espaço e os futuristas derrubaram os conceitos que diziam respeito ao tempo. Houve também artistas que se embrenharam no campo psicológico, ao compor retratos de grande intensidade emocional. O fato é que nessas primeiras décadas, e em razão das grandes mudanças no campo da arte, o público passou a sentir dificuldade para se manter atualizado.

A Arte Abstrata surgiu em meio a um clima artístico e filosófico complexo. Existia um sentimento de que os valores da sociedade ocidental eram vazios, de que o progresso científico era ilusório e que o sistema capitalista era essencialmente auto destrutivo, apesar das riquezas e prosperidades trazidas, pois tirava bem mais da sociedade do que oferecia. Os artistas passaram a buscar nova inspiração para a arte fora da sociedade ocidental. E por isso, passaram a estudar as religiões ocidentais, as crenças religiosas como a teosofia, a arte do Oriente e da África negra e da Polinésia.

Até o ano de 1910 alguns parâmetros da arte continuavam imutáveis, como o fato de os artistas permanecerem dentro dos limites da realidade concreta, representando objetos percebíveis. Mesmo o Cubismo analítico, ao seu final, não deixou de lado a arte representacional, embora muitas vezes fosse difícil identificar o tema proposto. O maior salto na arte aconteceu quando houve a eliminação do tema, suprimindo toda e qualquer referência ao mundo de objetos reconhecíveis. Os artistas tinham ciência de que a arte reproduzia certos aspectos do mundo, como eles o enxergavam, portanto não foi fácil para pintores e escultores chegarem à abstração, ou seja, à arte desprovida de representação.

É sabido que o artista russo Wassily Kandinsky chegou muito próximo da abstração com o seu Cavaleiro Azul (Der Blaue Reiter). Piet Mondrian com sua “Árvore Cinza” também traz ínfimas referências ao título e, portanto, aproximando-se do abstracionismo que ele viria a alcançar com sua obra “Composição em Vermelho, Preto, Azul e Amarelo” (ilustração à esquerda). O russo Kasimir Molevitch apresentou seu estilo abstracionista com a “Composição Supremista” e Constantin Brancusi em sua obra intitulada “Mademoiselle Pogany” (ilustração à direita) levou a arte do retrato à essência de um rosto.

Ainda que as ideias abstratas ganhassem vida no início do século XX, quando se buscava uma arte sem tema, as ideias abstratas não eram totalmente novas, uma vez que N. M. W. Turner em 1830 já mostrava sinais da arte abstracionista em suas composições de paisagens terrestres e marinhas. Por sua vez, os impressionistas, ao se distanciar do mundo físico, muitas vezes se aproximaram da abstração, como mostram as séries “Ninfeias” e “Monte de Feno” de Claude Monet. No que diz respeito às artes decorativas, os padrões abstratos sempre se fizeram presentes na cerâmica, na tapeçaria e nos móveis. Na Arte Nova (Art Nouveau) foram usados ornamentos de padrões abstratos. Outro artista que também fez uso de elementos decorativos abstratos em sua arte foi Gustav Klimt, como vistos em sua composição “O Beijo” (presente neste blogue).

Os pintores Wassily Kandinsky, Kasimir Malevitch, Constantin Brancusi e Piet Mondrian, ao buscarem o estilo abstrato, tinham como objetivo adquirir um forte conjunto de ideais espirituais em oposição aos valores materiais que determinavam a sociedade da época. Queriam uma arte em que cada parte encerasse o seu próprio universo interior. Tomaram como abordagem a filosofia antiga, através de crenças orientais esotéricas e de novos textos míticos. Achavam que a arte deveria mostrar ao observador um caminho que o ajudasse a levar uma vida ordenada e espiritualmente enriquecedora.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

 

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DINAMISMO DE UM CICLISTA (Aula nº 99 A)

Autoria de Lu Dias Carvalho

                                                 (Clique na imagem para ampliá-la.)

O pintor italiano Umberto Boccioni (1882-1916) mudou-se para Roma, onde estudou o básico da pintura, ali trabalhando como pintor de cartazes. Juntamente com Gino Severini estudou com o pintor pontilhista Giacomo Balla. Após viajar para Paris e Rússia, ele voltou para Veneza, onde fez aulas de desenho. Conheceu em Milão Filippo Tommaso Marinetti e outros participantes do movimento Futurista, transformando-se no principal teórico do grupo. Também trabalhou com a escultura cubista. Alistou-se para servir a Itália na Primeira Guerra Mundial, morrendo um ano depois, após cair do cavalo durante um treinamento militar.

A pintura intitulada Dinamismo de um Ciclista é obra de Boccioni que tinha por objetivo, como futurista, repassar a noção de velocidade a suas criações. Isso só foi possível após conhecer os planos fragmentados do Cubismo analítico, quando sua obra atingiu uma grande sensação de dinâmica. Vemos, portanto, como o movimento cubista contribui com o surgimento dos novos estilos.

A composição em estudo é parte de uma série de pinturas dedicadas ao “dinamismo”, criadas em 1913 pelo artista. Ao primeiro olhar, o quadro parece abstrato, mas aos poucos é possível ao observador descobrir o vulto de um homem e de uma bicicleta. A obra também repassa a sensação de que o ciclista encontra-se em alta velocidade.

Uma faixa verde e um traço curvo cor-de-rosa são vistos à esquerda, próximos à borda superior, sugerindo uma paisagem montanhosa, indicativa do passeio do ciclista — uma estrada na montanha. A faixa e o traço, portanto, dão indícios do panorama topográfico da obra. O artista justapõe as cores: roxo, azul, vermelho, amarelo, laranja e verde. Ao usar cores complementares tão vivas, acaba repassando à composição uma sensação de modernidade e uma noção de luz artificial forte.

O quadro da bicicleta é composto por formas cônicas alongadas em laranja e a linha escura mais fina em ângulos retos. Atrás da bicicleta também são vistas linhas semelhantes, traçadas de maneira mais solta. A roda e seus raios girando velozmente são representados por traços brancos, curtos e circulares, misturados com cinza e índigo. As linhas diagonais criam o ritmo através de padrões e repetições.

A cabeça do ciclista tem a forma de uma curva cônica preta e aponta para a esquerda, oferecendo ao observador uma noção clara de direção. O deslocamento de planos de cor e contrastes estruturais, faz com que a figura se misture com o seu entorno, repassando a ideia de um ciclista movendo-se no espaço e no tempo.

Ficha técnica
Ano: 1913
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 70 cm x 95 cm
Localização: Acervo particular

Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

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NOVOS ESTILOS – FUTURISMO, ORFISMO E RAIONISMO II (Aula nº 99)

Autoria de Lu Dias Carvalho

     

Os anos que vieram antes da Primeira Guerra Mundial assistiram às mudanças que ocorreram nas nações e diziam respeito à distância e ao tempo em razão da chegada do aeroplano, dos automóveis e das comunicações sem fio. Foi nesse período que apareceram diversos movimentos artísticos – Futurismo, Orfismo e Raionismo – inter-relacionados que tinham por objetivo mostrar, através da arte, o ritmo inimaginável da tecnologia e de suas consequências para a sociedade. Assim como os futuristas, os orfistas e os raionistas pensavam que ao mudarem a forma da arte também se mudaria a sociedade. Embora não abraçassem as mesmas teorias, todos eles direcionavam a pintura para uma arte totalmente abstrata.

O termo “Orfismo” é derivado do poeta e músico da mitologia grega Orfeu, tendo sido cunhado pelo poeta, escritor e crítico de arte francês Guillaumee Appolinaire em 1912, para descrever o estilo de Robert Delaunay e o de seus adeptos, no intuito de descrever um Cubismo mais colorido e abstrato, ligado à música. Estava voltado principalmente para obra de Delaunay e de sua esposa Sonia. Ambos se inspiraram na teoria das cores complementares para criar pinturas abstratas, tendo como base blocos e discos coloridos. O Orfismo teve grande relevância para o grupo “Cavaleiro Azul” na Alemanha.

O Raionismo – breve movimento russo – foi criado por Mikhail Larionov e sua parceira Natália Gontcharova numa tentativa de resumir as descobertas do Cubismo, do Futurismo e do Orfismo em um estilo artístico único. A sua importância foi grande ao transformar-se no passo fundamental para o desenvolvimento da arte abstrata russa. As pinturas raionistas têm como características raios de cores contrastantes em uma interação rítmica.

Nota: 1.a ilustração à esquerda, acima, é uma obra orfista de Robert Delaunay, de 1910/1912, intitulada La Ville de Paris. O artista reuniu a Torre Eiffel — símbolo da modernidade — e as Três Graças de um antigo afresco. 2. A ilustração à direita trata-se de uma obra raionista de Natália Gontcharonova, intitulada O Ciclista (1913).

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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NOVOS ESTILOS – FUTURISMO, ORFISMO E RAIONISMO I (Aula nº 98)

Autoria de Lu Dias Carvalho

                                  

O mundo, após a Primeira Guerra Mundial, passou por mudanças dramáticas no que diz respeito às noções de distância e tempo, com a chegada do aeroplano, dos automóveis e das comunicações sem fio. Nesse período apareceram inúmeros movimentos de arte inter-relacionados que objetivavam revelar o dinamismo da tecnologia e suas consequências para a sociedade. O Futurismo, movimento sociopolítico italiano de vanguarda que englobou todas as artes de origem, aconteceu numa época em que a mecanização tornava tudo mais veloz, o que fez com que os artistas também quisessem acompanhar as mudanças provocadas pelos novos tempos, pois, como já vimos, a arte é um produto de seu tempo. Novamente a Itália encontra-se como centro da arte.

O Manifesto Futurista de 1909 de autoria do poeta e escritor Filippo Tommaso Marinetti ? tinha grande ligação com a literatura ?, inaugurou o novo estilo que apregoava a liberdade das palavras, levando em conta o design tipográfico. Já o manifesto, criado em 1910 em Milão, era mais dirigido às artes plásticas, tendo sido assinado por artistas plásticos como Umberto Boccioni e Giacomo Balla. Esse último visava representar o movimento e defender o uso de cores e de formas de modo não realista, sempre se associando à velocidade. Pedia que a Itália deixasse seu passado artístico para trás e abraçasse a vida moderna, criando uma cultura que mostrasse sua nova industrialização.

Os futuristas italianos, vivendo num país tido como símbolo das tradições artísticas, mostraram-se ainda mais comprometidos a deixar de lado o passado clássico do que as vanguardas de outros países. Os manifestos futuristas cantavam a glória e as maravilhas do dinamismo, da juventude, da velocidade, da originalidade, do perigo, da energia e dos efêmeros objetos modernos. Chegavam a pedir destruição de museus, bibliotecas e academias, assim como dos sonhos, das tradições e da moral, sendo atendidos por artistas dos mais diversos campos, principalmente no que dizia respeito ao amor pela velocidade e pela mecanização.

O movimento futurista da Itália moderna tinha como centro a cidade de Milão. A princípio foi abraçado jubilosamente pelos partidários da Primeira Guerra Mundial que viam nele uma fonte purificadora da sociedade, contudo, ao apoiar o Partido Fascista italiano por volta de 1909, caiu em descrédito. No que diz respeito às artes visuais o Futurismo teve o seu ápice de 1912 a1915.

O movimento futurista apresentou em 1910 dois manifestos assinadas pelos artistas Umberto Boccioni, Giacomo Balla, Carlo Carrá, Luigi Russolo e Gino Severini, cujas obras apresentavam tendências artísticas predominantes na época da Arte Nova (Art Nouveau), Simbolismo e Pós-impressionismo. O escultor Medardo Rosso é tido como o único artista italiano desse movimento a colaborar de forma significativa com a arte europeia, sendo sua obra amplamente elogiada. O Futurismo, com sua filosofia voltada para a velocidade e o ritmo acelerado da vida contemporânea, espalhou-se rapidamente pela Europa, impelindo a vanguarda artística de Moscou a Nova York.

As obras vistas na exposição de pintura futurista de Milão, acontecida em 1911, mostrava imagens das grandes metrópoles modernas: clubes noturnos, solares e multidões inquietas. Os artistas empregavam técnicas levemente impressionistas (pinceladas curtas e nervosas para retratar as chispas luminosas e o dinamismo e a efervescência da vida urbana) ou sugeriam o Simbolismo ou o arabesco sensual da Arte Nova (Art Nouveau). A paleta usada pelos futuristas, embora viva, se comparada à dos cubistas, era limitada e menos exata. Eles possuíam um estilo mais abstrato, angular e esquemático. Em 1911/1912 a pintura futurista amadureceu sob a ingerência do Cubismo analítico.

Umberto Boccioni publicou em 1912 um manifesto sobre a escultura futurista que tinha como pontos principais: o fim das estátuas “fechadas”, a expressão do movimento e da atmosfera e a utilização de todos os materiais de que se podia dispor, formando todas as associações possíveis. Antonio Sant’Elia publicou um manifesto em 1914 sobre arquitetura futurista em que eram destacadas todas as necessidades da vida nas cidades modernas: o funcionalismo e a efemeridade dos edifícios.

Nota: 1. A ilustração à direita é uma obra de Giacomo Balla, de 1909, intitulada Lâmpada em Arco, inspirada nas primeiras lâmpadas elétricas de rua, mostrando a influência de Georges Seurat e de Paul Signac. 2. A ilustração à esquerda é uma escultura de Umberto Boccioni, intitulada Formas Únicas de Continuidade no Espaço, 1913.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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