Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Reynolds – Elisabeth, Sarah e Edward…

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor inglês Joshua Reynolds (1723 – 1740) era filho do reverendo Samuel Reynolds. Seu pai almejava que ele fosse médico, mas o garoto, já aos oito anos de idade, mostrava sua forte propensão pela arte, reproduzindo pinturas e gravuras. Ao tomar conhecimento do “Ensaio sobre a Teoria da Pintura” anos depois, viu que ser pintor era o que desejava. Prometeu ao pai que seria um pintor de talento. Ele veio a transformar-se no retratista oficial da nobreza e da alta sociedade inglesa, ostentosa e sofisticada, dos fins do século XVIII.

A composição cheia de artifícios e excessivamente rebuscada, intitulada Elisabeth, Sarah e Edward, filhos de Edward Holden Cruttenden é uma obra do artista. Encontra-se no acervo do MASP desde 1952.  Apresenta quatro personagens em atitudes estudadas, desprovidas de qualquer naturalidade, num jardim.

As crianças – duas meninas e um menino – estão na companhia da babá indiana. Eram filhos do diretor da “East India Company”. Quando Calcutá foi saqueada pelo nababo de Bengala, elas foram salvas pela babá, mas seus pais morreram.  Elisabeth, a garota mais velha, traz o avental cheio de flores e um buquê na mão direita. Edward, o menino, também carrega um buquê, e Sarah, a garota mais nova, traz as mãos cruzadas na barriga. As flores colhidas são para homenagear a memória do pai.

A babá indiana, com suas vestes de criada, ajuda as crianças na colheita das flores. Encontra-se de perfil e seus olhos estão voltados para baixo, numa referência à sua baixa classe social, enquanto as duas meninas encaram o observador e o menino fita algo à sua esquerda.

Ficha técnica
Ano: c. 1623
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 179 x 168 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Turner – CASTELO DE CAERNARVON

Autoria de Lu Dias Carvalho

O inglês Joseph Mallord William Turner (1775 – 1851) nasceu em Londres. Aos 14 anos de idade passou a trabalhar com o desenhista arquitetônico Thomas Malton, que chegou a concluir que o garoto jamais seria um artista, sendo no mesmo ano aceito na Escola da Academia Real de Artes, em Londres, onde ganhou a admiração de seus colegas. Aos 15 anos, expôs suas primeiras aquarelas na referida academia. Aos 25 anos já era Membro Associado, período em que visitou, pela primeira vez, outros países do continente europeu, estudando em Paris, no Louvre, os Antigos Mestres, dando destaque às paisagens holandesas e composições de Claude Lorrain. A visita de Turner a outros países, inclusive à Itália, mudou radicalmente seu estilo, quando passou para as criações visionárias.

A composição Castelo de Caernarvon é uma obra do pintor inglês, dono de uma memória visual fora do comum e tido como o maior intérprete de paisagem inglesa, cuja obra vai além da realidade objetiva, ao recriá-la em termos puramente pictóricos. Esta obra faz parte do acervo do MASP desde 1958.

O artista gostava de percorrer os mais diferentes lugares (vales, montanhas, rios…) em busca de inspiração para sua obra. Ele fez inúmeras telas usando o Castelo de Caernarvon como temática. Na pintura acima, exprime-se com poucas pinceladas, enchendo a paisagem com muita luminosidade.

Ficha técnica
Ano: 1830 – 1835
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 94 x 135 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Constable – A CATEDRAL DE SALISBURY

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Catedral de Salibury, vista do Jardim do Bispado, foi realizada a pedido do bispo anglicano de Salisbury, John Fisher, amigo do pintor, que assinalou a perspectiva e o enquadramento da cena que queria pintada.

Esta é uma versão anterior e homônima (1821 – 1822) da pintura que se encontra em Victoria Albert Museum, Londres, Grã-Bretanha. Dizem que Fisher, vendo suas cores sombrias e graves, não gostou e pediu por uma pintura mais leve e feliz. Faz parte do acervo do MASP desde 1851. Uma versão da pintura também se encontra na Coleção Frick, em Nova York. Outra pequena versão da pintura está na Biblioteca Huntington, em Samarino, Califórnia.

A grande diferença entre as versões reside, principalmente nas nuvens, na cor e na intensidade. Diferenças também podem ser notadas no formato das árvores e no estilo da pintura, sendo esta que se encontra no MASP de estilo bem próximo ao impressionista. Apesar de tais dessemelhanças, todas são belíssimas.

A cena retratada acontece no meio rural. Na parte esquerda da tela, em primeiro plano, o pintor retratou o bispo e sua esposa, próximos a uma cancela aberta, como se estivessem admirando a catedral, para a qual aponta o religioso com a sua bengala. Um pouco mais à frente, um casal observa a natureza.

A catedral de estilo gótico, com suas paredes de pedra e uma enorme torre, está sendo banhada pela luz do sol. Duas grandes árvores em forma de arco enquadram-na. Abaixo delas corre um riacho de águas límpidas, onde duas vacas bebem água, enquanto outras quatro pastam próximo. O céu azul está coberto de nuvens brancas e algumas escuras começam a aparecer.

Segundo Constable, esta foi uma das paisagens mais difíceis pintadas por ele. A obra demonstra a harmonia entre as influências naturais e as humanas. A enorme torre, que se ergue majestosa, apontando para o céu, sugere que tal harmonia é uma bênção de Deus.

Ficha técnica
Ano: c. 1823
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 90 x 114 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Romantismo/ Editora Taschen
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Könemann

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Matisse – TORSO DE GESSO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Henri-Émile-Benoit Matisse (1869 – 1954), uma das principais figuras francesas da arte moderna, nasceu no norte da França, numa família de pequenos comerciantes de cereais. Seus pais mudaram pouco tempo depois para Paris, onde seu pai tornou-se funcionário de uma loja de tecidos e sua mãe costureira em Passy. Para melhorar sua situação financeira, a família mudou-se para Bohain-en-Vermandois onde prosperou, vindo a ser dona de um armazém de tintas e grãos. Henri Matisse teve uma infância tranquila, estudando numa boa escola em Saint-Quintin, onde foi um aluno mediano.  O futuro artista nutria um especial pendor pelos tecidos, fazendo ele próprio a escolha de suas roupas, vindo mais tarde a pintar panos e a criar tapeçarias e vestuários para os espetáculos de teatro coreográficos.

A composição intitulada Torso de Gesso, e também Torso de Gesso e Buquê de Flores, foi pintada no interior da casa do artista. Trata-se de uma de suas maravilhosas criações em que ele equilibra harmonia e arte decorativa. Encontra-se no acervo do MASP desde 1958.

O quadro apresenta uma mesa simples de madeira, despojada de forro, sobre a qual se encontram um vaso de cristal com flores amarelas e cor-de-rosa e, ao lado, um torso feminino em gesso branco, meio inclinado para o observador. À esquerda, uma única cadeira de madeira compõe-se com a mesa.

Na parede azul-celeste, ao fundo, estão dois quadros. O maior apresenta o corpo de uma mulher nua (Vênus), agachada, como se fosse ela o modelo do torso, compondo, assim, um diálogo entre os elementos presentes no primeiro plano com os que se encontram em segundo. É possível observar que o corpo da mulher que se mostra no quadro da parede está na mesma posição do torso (excluindo a pequena parte das coxas), só que ao contrário,

A cortina branca e azul detrás da cadeira apresenta arranjos florais. Dois outros quadros estão no chão, recostados na parede. Não há nenhuma preocupação do artista com a perspectiva, pois para ele as cores eram a parte primordial da pintura. A representação do torso de gesso e a figura de Vênus presentes na composição são vistos como elementos clássicos da expressão realista, porém idealizada, do corpo humano, característica da arte renascentista.

Ficha técnica
Ano: 1919
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 113 x 87 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Plaster Torso with Bouquet of Flowers

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Toulouse-Lautrec – DIVÃ

Autoria de Lu Dias Carvalho

O vermelho alude à cor dos salões fechados, dos bordéis parisienses que ele frequentava. O vermelho é usado, na tradição da pintura, como a cor dos heróis, dos santos, do sacrifício, do luxo. E Toulouse-Lautrec o usa de uma forma quase irônica, frequentemente, por personagens que são quase os novos heróis da vida moderna, que de heroico tem muito pouco. (Luciano Migliaccio)

Henri-Mari-Raimond de Toulouse-Lautrec (1864-1901) foi o primeiro filho do conde Alphonse de Toulouse-Lautrec e da condessa Adèle Tapié de Celeyran, primos em primeiro grau, família abastada e ilustre, tendo nascido na cidade de Albi, no sudoeste francês. Henri cresceu num ambiente requintado. Desde pequeno gostava de desenhar, trazendo os primeiros indícios do que se tornaria no futuro. Quando tinha nove anos de idade, sua família mudou-se para Paris, onde foi matriculado numa das mais importantes instituições europeias.

Esta composição intitulada Divã é uma das obras do artista pós-impressionista que fazem parte do acervo do MASP desde 1952. Toulouse-Lautrec era um excelente desenhista, capaz de retratar com traços rápidos as figuras que encontrava pelos teatros, bailes, circos, bares e bordéis. Nesta obra ele retrata um grupo de quatro prostitutas sentadas em poltronas de veludo escarlate, de encosto alto, de um luxuoso bordel parisiense, enquanto aguardam seus clientes. Uma delas, à esquerda, joga cartas.

Não há qualquer alusão ao sexo na pintura do artista que não as julga, mas as vê como seres humanos, captando apenas o seu lado psicológico. A mulher de vermelho, voltada para o observador, parece distante, assim como a que se encontra à sua direita, usando roupa branca. A mulher de verde, também à direita, recebe um corte incomum. A mulher à esquerda, usando um vestido cor-de-rosa, quase se funde com o vermelho do sofá. O artista mostra que enquanto não chegavam os fregueses, a atmosfera no salão era de grande tédio. Ele captou brilhantemente esta sensação, mostrando a apatia das prostitutas.

Ficha técnica
Ano: 1893
Técnica: óleo sobre cartão
Dimensões: 60 x 80 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Picasso – O ATLETA

Autoria de Lu Dias Carvalho

Não procuro, encontro. (Pablo Picasso)

 Não existe arte abstrata, é necessário começar sempre por alguma coisa: mas, em seguida, pode-se retirar toda a aparência da realidade, porque a ideia do objeto deixou uma marca indelével. (Pablo Picasso)

O espanhol Pablo Ruiz Picasso (1881 – 1973) nasceu em Málaga, na Espanha. Era filho de José Ruiz Basco e Maria Picasso y Lopez. Começou a desenhar aos sete anos de idade sob a supervisão de seu pai, professor de desenho. A seguir, sua família mudou-se para La Coruña. Aos 14 anos, ele foi para Barcelona com a família, vindo a estudar na Escola de Belas Artes, firmando-se como pintor.

A composição intitulada O Atleta, também conhecida como Busto de Homem, é uma das primeiras telas cubistas do artista, pintadas em Horta de Ebro, executada dois anos antes de sua famosa composição – “As Senhoritas de Avignon”. Encontra-se no acervo do MASP desde 1958.

Em sua obra, o artista mostra a exuberância dos músculos de um jovem ginasta em que as linhas de força sobrepõem às feições naturais, sendo ele talhado em esquemas geométricos (cilindro, cone, esfera). A figura masculina, sem camisa, é vista da cintura para cima, composta por tons terrosos e o bege. Seu rosto sério é composto por maçãs proeminentes e um grosso nariz. Apresenta uma boca bem feita e os olhos voltados para o exterior. Duas grandes entradas destacam-se em sua cabeça arredondada, encimando a testa alta. O modelo da obra chamava-se Joaquim Antonio Vives Terrats.

Ficha técnica
Ano: 1906
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 93 x 72 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.unicamp.br/chaa/rhaa/downloads/Revista7

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