Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Cézanne – O GRANDE PINHEIRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Lembra-se do pinheiro plantado à beira do Arc, debruçando sua cabeça de longos cabelos sobre o abismo que se abre aos seus pés? O pinheiro que protegia nossos corpos do calor do sol com seus ramos. Ah! Possam os deuses protegê-lo do machado do lenhador! (carta de Cézanne a Zola)

A árvore abalada pela fúria dos ventos / Agita seus galhos despojados no ar / Um imenso cadáver que o mistral balança. (Cézanne) 

O pintor francês Paul Cézanne (1839–1906) era filho do exportador de chapéus Louis-Auguste Cézanne que depois se tornou banqueiro, e de Anne-Elisabeth-Honorine Aubert, tendo nascido na pequena cidade de Aix-en-Provence. Teve duas irmãs, Marie e Anne, nutrindo uma relação mais forte com a primeira que sempre tomava o seu lado, em relação ao autoritarismo do pai. Cézanne e Marie nasceram quando seus pais ainda mantinham uma relação secreta.

A composição denominada O Grande Pinheiro é uma obra do artista e encontra-se em solo brasileiro. Faz parte do acervo do MASP desde 1951. Trata-se de uma maravilhosa tela, uma das obras-primas do pintor. A composição tem como personagem central um majestoso pinheiro que ficava no parque do Jas-de-Bouffan, na Provença, já de propriedade do pai do artista.

O grande pinheiro ocupa a parte central da tela, dividindo-a verticalmente. Reina soberano sobre a vegetação que se mostra à sua esquerda e à sua direita, num terreno ligeiramente inclinado. Ele quase alcança o céu.  O vento dobra sua copa para a direita, enquanto seu tronco alto e delgado verga-se para a esquerda, oferecendo resistência. A folhagem do magistral pinheiro se parece com uma cabeleira revolta, tendo ao fundo um tocante céu azul.

O majestoso pinheiro figura na tela como se fosse um gigantesco personagem a receber o observador. Nada há que embote a sua beleza. Esta exuberante paisagem demonstra o nível de beleza a que chegou o grande mestre da pintura, com seu sincretismo maravilhoso de volumes e de tonalidades. O artista criou em sua paisagem uma harmonia de tons azuis e verdes com toques quentes ocasionais nos galhos e na folhagem que captam a tira ocre da estrada que passa à frente do pinheiro.

Ficha técnica
Ano: 1890 a 1896
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 85,5 x 92,5 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://sunsite.icm.edu.pl/wm/paint/auth/cezanne/land/great-pine/

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Ingres – ANGÉLICA ACORRENTADA

Autoria de Lu Dias Carvalho

Um detalhe importante é que apenas a versão do MASP é fiel ao poema de Ariosto, deixando claro que a criatura marinha foi dizimada pela luz do escudo mágico. Nas pinturas do Louvre e da National Gallery, no entanto, Rogério mata a fera com uma lança – e não com o escudo. (Simone Catto)

O pintor e desenhista Jean-Auguste-Dominique Ingres (1780-1867) nasceu no sul da França, em Montauban, sendo seu pai um músico amador, escultor e pintor de miniaturas. Ele muito incentivou o filho no seu ingresso no mundo das artes. Ingres passou a estudar na Academia de Arte de Toulouse, antes dos 12 anos de idade, como aluno de Guillaume-Joseph Roques. Aos 16 anos de idade mudou-se para Paris, onde estudou com o mestre Jacques-Louis David, um dos mais famosos neoclássicos franceses, e com quem ele permaneceu quatro anos.

A composição Angélica Acorrentada é uma obra do artista. Faz parte de uma série de estudos feita por ele com a finalidade de pintar “Rogério Libertando Angélica” (presente no Louvre, em Paris), tomando por base o poema “Orlando, o Furioso”, obra de Ludovico Ariosto. Este estudo está presente em solo brasileiro, fazendo parte do acervo do MASP desde 1958, enquanto os demais se encontram em outros museus.

Na referida composição, Angélica, a heroína, encontra-se acorrentada a um recife, oferecida como alimento a um monstro marinho, visto na água a seus pés, à direita. Acima, sob um pano vermelho, está o escudo mágico, responsável pela emissão de uma luz mortal. Angélica, porém, traz no dedo anelar da mão esquerda o anel, dado pelo herói, que a protegerá contra a perigosa luz. Este estudo não apresenta o herói, postado à esquerda, montando um animal fabuloso, mistura de cavalo, águia e leão, combatendo o monstro marinho com uma enorme lança, como no quadro do Louvre.

Ficha técnica
Ano: 1818
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 97 x 75 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://peneira-cultural.blogspot.com.br/2013/10/renato-brolezzi-apresenta-ingres-o.html

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Correggio – VÊNUS E CUPIDO COM UM SÁTIRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada Vênus e Cupido com um Sátiro é uma obra mitológica do pintor italiano Correggio que, para alguns, trata mais de uma alegoria. Também é conhecida, erroneamente, como “Júpiter e Antíope”. Presume-se que esta alegoria do amor terreno era acompanhada de outra, denominada “A Escola do Amor”, que celebrava o amor celestial.

A tocha flamejante que se vê entre Cupido e a mulher que se encontra dormindo é na verdade um atributo de Vênus, a deusa do amor. A tocha e as setas são também um atributo de Cupido, mostrando que o amor faz arder as pessoas acometidas por ele, afetando-as, mesmo que se encontrem distantes.

Cupido, ao lado de sua mãe, encontra-se dormindo profundamente sobre a pele de leão, símbolo da força ? que ganhara de sua vitória sobre Hércules ? e sobre seu arco vermelho. Do lado direito de Vênus está sua aljava. Vênus, por sua vez, dorme profundamente, trazendo o braço direito em volta da cabeça e o esquerdo descansando sobre o arco vermelho de Cupido. Seu corpo nu com a pele sedosa e branca a irradiar luz é de grande beleza.

O sátiro, postado atrás da deusa, é uma criatura metade homem e metade bode, tido na mitologia greco-romana como perseguidor das ninfas e participantes das bacanais do deus Baco, sempre afeito aos desejos do sexo. Ele levanta o manto azul sobre o qual a deusa encontra-se dormindo, o que faz sombrear sua cabeça, pescoço e braço direito.

Na mitologia greco-romana, não há nenhuma história referente a Vênus ser violentada por um sátiro, portanto, esta pintura deve ser vista mais como uma alegoria do que como uma história mitológica. Segundo estudos, o nome recebido por ela, no século 17, era “Venerie Mundano” (Terrena Vênus), dando ênfase ao amor carnal.

Ao fundo, a vegetação escura, dá maior destaque às figuras.

Ficha técnica
Ano: c. 1524
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 188x 125 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/venus-satyr-and-cupid

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Veronese – A DESCOBERTA DE MOISÉS

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada A Descoberta de Moisés e também Moisés Salvo das Águas ou ainda Descoberta do Jovem Moisés é uma obra-prima do pintor maneirista italiano Paolo Veronese. Ela já mostra a opção do artista pelo uso da sombra. O crepúsculo que começa a aparecer em suas pinturas coincide com o ocaso de sua própria vida. Ele passa a trabalhar de uma nova maneira na distribuição de luz e sombra, mas, ainda que a claridade diminua, a qualidade de seu trabalho permanece imutável. Existem muitas versões desta obra, contudo, somente duas são tidas como autênticas: esta, pertencente à Galeria Nacional de Washington, nos EUA, e a do Museu do Prado, na Espanha. Ambas são praticamente idênticas.

A pintura refere-se a uma passagem bíblica, expressa no Antigo Testamento. A cena mostra o bebê Moisés, salvo das águas por uma jovem mulher que o entrega a uma criada idosa com um pano para enrolá-lo. A seu lado está a filha do faraó, ricamente vestida, segundo a moda veneziana da época do Renascimento, acompanhada de suas damas que contemplam a criança com curiosidade. O grupo, banhado pela luz crepuscular, encontra-se em uma das margens do rio Nilo. O movimento das figuras está em perfeita harmonia com a paisagem. Do outro lado da ponte vê-se uma cidade egípcia imaginária.

À direita e à esquerda, em suas extremidades inferiores, o quadro apresenta dois criados vestidos de vermelho.  O da direita é um anão que leva consigo um instrumento musical. O da esquerda é um pajem negro com uma cesta. À esquerda, em segundo plano, duas moças parecem preparar-se para um banho no rio. A composição é inteligentemente estruturada. Suas cores de belíssima gradação são suaves e bem distribuídas. As duas árvores em formato de V repetem a mesma posição da velha e da filha do faraó. A margem inclina-se para o rio, à esquerda, como mostram as duas mulheres que se encontram um pouco mais distantes.

A cena acontece em meio a tons crepusculares, inerentes ao pôr do sol, com a luz banhando a paisagem veneziana ao fundo. Nota-se uma grande harmonia entre as figuras e a paisagem. O efeito atmosférico crepuscular contribui para suavizar os contornos das figuras, como podemos observar nas jovens que se banham ou na garota entre a senhora idosa e a filha do faraó.

Ficha técnica
Ano: c.1575/1580
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 58 x 44,5 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Veronese/ Abril Cultural
Renascimento/ Edit. Taschen
1000 obras primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.artehistoria.com/v2/obras/1007.htm

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Ticiano – VÊNUS COM UM ESPELHO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Vênus com um Espelho é uma obra do grande mestre italiano Ticiano Vecellio. O artista pintou várias telas com esta mesma temática, muitas delas com a ajuda de seus assistentes. Presume-se que esta seja a primeira delas e também a mais original e a mais popular, além de ter sido feita unicamente pelo pintor. O fato de ter sido vendida por seu filho e herdeiro Pomponio Vecellio — cinco anos após a morte do pai — faz crer que o artista era muito apegado a ela, pois permaneceu em sua oficina por mais de 20 anos. É provável que também servisse de modelo e inspiração para outras obras.

Vênus, a deusa do amor — cuja pose parece copiada de uma estátua clássica — tem cabelos dourados, pele clara e bochechas rosada, lábios vermelhos e sobrancelhas finas e arqueadas. Ela se encontra sentada em sua cama, semi coberta por um manto de veludo carmesim, orlado de pele bordada em ouro que, juntamente com o uso inteligente da luz, criam uma atmosfera de grande sensualidade. Sua mão direita descansa em seu colo, enquanto a esquerda apoia-se acima do peito. A sensual e opulenta deusa, adornada com belas joias, parece, através de sua imagem refletida no espelho, voltar sua atenção para fora do quadro, como se se mirasse o observador que a fita.  Por trás dela desdobra-se uma pesada cortina de seda.

Um Cupido e um querubim estão presentes na cena. O Cupido, com sua asa iridescente, segura um espelho retangular, aparentemente pesado, como mostra o gestual de seu corpo voltado para Vênus e que ali se reflete. O querubim, postado atrás do espelho, tenta coroar a deusa com uma guirlanda de flores, apoiando sua mãozinha esquerda no braço dela. Aos pés de Cupido está sua aljava vermelha cheia de setas.

Ficha técnica
Ano: c.1555
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 125 x 106 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/highlights/highlight41.html
https://ilsassonellostagno.wordpress.com/2014/11/18/tiziano-e-la-sua-venere-allo-specchio/

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Perugino e Pinturicchio – CIRCUNCISÃO DO FILHO DE MOISÉS

Autoria de Lu Dias Carvalho

Os pintores italianos Pietro Perugino e Pinturricchio são responsáveis pela criação do afresco Circuncisão do Filho de Moisés, que faz parte da ornamentação da Capela Sistina, em Roma, Itália, cujo objetivo era fazer um paralelo entre a vida do profeta Moisés (Antigo Testamento) e a de Jesus Cristo (Segundo Testamento). Presume-se que Pinturicchio tenha sido o responsável pela paisagem e cenas menores.

No primeiro plano da obra encontra-se a família de Moisés que parte em direção ao Egito. O grande líder de Israel nesta pintura, como nos demais afrescos da Capela Sistina, veste uma túnica amarela e um manto verde. Um anjo com vestes brancas, postado no centro da composição, de costas para o observador, divide a cena em duas:

  • à esquerda, com seu cajado escorado no chão, Moisés recebe o pedido do anjo para que faça a circuncisão de seu filho Eliezer, como sinal da aliança entre Javé e os israelitas;
  • à direita, com o cajado escorado em seu ombro direito, Moisés acompanha a circuncisão do filho.

Em segundo plano, mais ao fundo, na parte central da obra, Moisés e sua esposa Zípora despedem-se de Jetro (sogro do profeta) e de seu povo antes de partirem. Mais acima, na colina, dois pastores dançam acompanhados por um homem que toca gaita de foles. Três outros, escorando-se nos cajados, observam a cena. Talvez os pastores dançando sejam uma alusão a Moisés que também fora pastor, tendo trabalho a serviço de seu sogro.

Uma maravilhosa paisagem serve de cenário, num perfeito equilíbrio e simetria com os dois grupos em primeiro plano. Muitas árvores espalham-se pelo local, incluindo uma palmeira que representa o sacrifício cristão. Também são vistos inúmeros animais: aves, cães, ovelhas, burros e dois camelos. Dentre as aves que esvoaçam pelo céu, vê-se um acasalamento em pleno voo, numa alusão à renovação dos ciclos da natureza. Três formações rochosas são vistas no centro, à esquerda e à direita. Bem distante, ao fundo, descortinam-se montanhas azuladas, dentre as quais é possível ver as edificações de uma cidade.

Ficha técnica
Ano: 1481/1482
Técnica: afresco
Dimensões: 350 x 572 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirado
http://www.wga.hu/html_m/p/perugino/sistina/egypt.html

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