Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Dürer – NASCIMENTO DE CRISTO

 Autoria de Lu Dias Carvalho

            

A pintura Nascimento de Cristo é uma obra do pintor alemão Albrecht Dürer. Trata-se do painel central do Retábulo de Paumgartener (ver imagem menor), em cujas abas encontram-se São Jorge (com o dragão aos pés) e Santo Eustáquio, usando suas armaduras, cada um empunhando uma bandeira. Este painel ficava na nave lateral da igreja de Santa Catarina, em Nuremberg, cidade natal do pintor, tendo sido encomendado por Stephan, Lukas, Maria e Bárbara, filhos de Martin Paumgartner (nobre da cidade), em sua honra e memória. Posteriormente passou às mãos do Duque Maximiliano I.

O artista fez uma bela composição em que se agregam figuras tradicionais, arquitetura e paisagens. Neste trabalho chama a atenção o modo como ele estruturou a composição de sua obra, grande inovação à época,  destacando-se a construção da perspectiva. É interessante observar que Dürer, neste painel, ainda faz uso de certas tradições da pintura, existentes à sua época.

As figuras humanas, por exemplo, obedecem a uma ordem de tamanhos. Maria, mãe do Salvador, é a mais importante e, por isso, possui uma escala maior, seguida de seu esposo José, um pouco menor, até pela posição em que se encontra, preste a ajoelhar-se. Os doadores com seus brasões, à esquerda da Virgem, são mostrados numa escala menor do que a dos santos e anjos. É claro que a figura do Menino Jesus é a de maior importância na cena, contudo, seria esquisito se ele fosse mostrado como um bebê gigantesco. O pintor, em outros trabalhos seus, acabou por adotar um novo estilo de representação, unificando o tamanho dos personagens.

A Virgem Mãe e São José, um de frente para o outro, estão ajoelhados diante do Menino que se encontra cercado por cinco pequenos anjos que estão a levantá-lo, tendo a barra do manto da Virgem como suporte. Dois pastores (um homem idoso e outro mais jovem) adentram no pátio para visitar o pequenino Jesus. À direita, às costas de Maria, aparecem as cabeças de um boi e de um burro, enquanto à esquerda, são vistas as cabeças de dois pastores que assistem à cena que ocorre debaixo de uma cobertura de madeira, tendo, mais atrás, um imenso arco. Plantas vicejam no topo do muro. A cena acontece debaixo das ruínas de uma construção palaciana.

Um anjo esvoaça no céu azul, tocando uma corneta, anunciando aos pastores a vinda do Salvador. Uma ave voa, enquanto duas outras estão na madeira apoiada no muro. Ao fundo, são vistos uma casa, duas árvores, uma delas curvada pelo vento e, mais acima, no morro, pastores cuidando do rebanho. Embora, tradicionalmente seja esta uma passagem noturna,  uma bola dourada no céu, na parte superior esquerda da tela, ilumina a cena.

Nota:
Segundo alguns estudiosos, São Jorge seria um retrato de Stephan Paumgartner e Santo Eustáquio o de Lukas Paumgartner, estando as duas filhas do doador presentes no painel central, ao lado da mãe, esposa de Martin Paumgartner, porém, alguns estudiosos negam isso. Outros supõem que as figuras à esquerda, por trás de São José, sejam os membros masculinos da família: Martin Paumgartner, seguido por seus dois filhos Lukas e Stephan, uma figura idosa de barba, que pode ser Hans Schönbach, segundo marido de Barbara Paumgartner. E na extrema direita estaria Barbara Paumgartner (née Volckamer) com suas filhas Maria e Barbara. Presume-se que o painel central tenha sido pintado depois das duas abas, em cerca de 1502.

Ficha técnica
Ano: 1498 (ou em c. 1502)
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 155 x 126 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.wga.hu/html_m/d/durer/1/03/3paumg.html

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Hans Baldung – O NASCIMENTO DE CRISTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição O Nascimento de Cristo, também conhecido como A Natividade, é uma obra do pintor alemão Hans Baldung Grien. Em sua pintura, ele representa o tradicional episódio sobre o nascimento de Jesus, em que a cena concentra-se na parte exterior do estábulo. A Família Sagrada ocupa o extremo direito da tela, deixando metade igual para o estábulo, onde se encontram o boi e o burrinho, em maior escala, à esquerda, vistos num local mais alto. A coluna escura, centrada no meio da tela, serve de divisão para os dois cenários, postados um de frente para o outro.

A Virgem Mãe, com suas vestes azuis, encontra-se em postura de adoração, com o rosto voltado para o corpinho iluminado do Menino Jesus que está sendo suspenso num lençol por dois pequeninos anjos que compõem o grupo de cinco. O carpinteiro José, com sua túnica vermelha e pano marrom na cabeça e ombros, está sentado de costas para os animais, com seu cajado na mão esquerda, trazendo os olhos voltados para o filho adotivo. Uma luz miraculosa, que se expande através do corpo de Jesus, ilumina o ambiente, trazendo um clima de indizível beleza na Noite Santa.

A arquitetura do local em que se encontra a Sagrada Família está em visível degradação, com as paredes ruindo. As figuras apresentam-se pequenas em relação à altura da edificação. Através da porta, situada atrás de um baixo muro danificado e situada entre Maria e José, vê-se a paisagem lá fora. Como se fosse um reflexo do brilho que emana de Jesus, a lua brilha no céu escuro, na parte superior esquerda da pintura, formando um contraponto. Através da porta tem-se a visão do anjo que surge em meio a uma bola luminosa, alumiando o pastor, sentado num monte abaixo, e suas ovelhas. A fulgurância é tamanha que esse coloca a mão esquerda diante dos olhos, para diminuir sua intensidade e enxergar melhor.

Ficha técnica
Ano: 1520
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 106 x 71 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.wga.hu/html_m/b/baldung/2/08nativi.html

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Antonello da Messina – VIRGEM DA ANUNCIAÇÃO

 Autoria de Lu Dias Carvalho

                

A pintura denominada Virgem da Anunciação é uma obra do pintor italiano Antonello da Messina. Esta composição vem encantando as pessoas através dos tempos, sobretudo, pelo fato de o pintor usar uma reduzida paleta, formas bem simples e gestos comedidos e ainda assim transpor para sua obra um grande envolvimento emocional. Antonello estudou as obras de Piero della Francesca, o que fica aparente nesta composição, em relação à severidade da geometria empregada.

A Virgem usa um vestido azul-escuro, que pode ser visto através da gola e de seu braço esquerdo. Um manto azul cobre-lhe a cabeça, descendo pelos ombros, sendo que suas dobras convergem para suas mãos e para a dobra do livro. Abaixo do manto, ela usa uma touca fina que cobre seus cabelos. Seu olhar está direcionado para a esquerda, onde se encontra o Anjo da Anunciação. É esse o motivo de ter abandonado a leitura de seu livro de orações.

Um parapeito inclinado, forrado com uma faixa de damasco (tecido de seda encorpada de uma só cor com fundo fosco e desenhos acetinados) ampara o livro aberto, à direita, assim como um volume com capa vermelha, à esquerda, que repousa sobre o mármore amarelo. É possível que esta obra seja a metade de um díptico, sendo que o outro painel representava o Anjo da Anunciação. É uma pena que a superfície do quadro tenha perdido o esmalte, encontrando-se meio danificada.

Poucos anos depois desta obra, Antonello da Messina pintou a famosa “Virgem da Anunciação” (figura à direita), tida como uma das mais famosas pinturas da Sicília, Itália. Encontra-se na Galleria Regionale della Sicília, em Palermo, na Itália.

Ficha técnica
Ano: 1473
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 43 x 32 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Fra Angelico e Fra Filippo Lippi – A ADORAÇÃO DOS MAGOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição em forma circular (tondo), intitulada A Adoração dos Magos, tida como uma das mais belas pinturas florentinas conhecidas, deslumbrante em suas cores e cheia de movimentos, sendo, portanto, uma obra-prima, é atribuída a dois grandes pintores italianos: Fra Angelico e Fra Filippo Lippi, uma vez que tem sido difícil precisar qual dos dois foi o autor da obra. Os críticos de arte mais recentes preferiram creditar aos dois artistas o painel, ou seja,  acreditam que este foi feito numa parceria entre os dois grandes mestres, pois é fácil distinguir a contribuição de cada um deles, ambos donos de grande afinidade espiritual. É também possível que Fra Angelico tenha dado início ao painel que ficou inacabado e, após a sua morte, cerca de 20 anos depois, Fra Filippo Lippi tenha terminado-o. Acredita-se que assistentes da oficina dos dois mestres tenham ajudado.

Dentre os temas mais representados pela iconografia cristã está em primeiro lugar aquele que se refere à crucificação de Cristo e em segundo o nascimento de Jesus, como representado na obra dos dois religiosos dominicanos, mostrando inúmeros personagens que já se encontram ou se dirigem para o local onde se encontra o Menino Jesus. Dentre eles estão os Reis Magos. Três pastores, com suas vestes pobres, encontram-se próximos a São José, estando um atrás dele e dois à sua direita, próximos ao estábulo. São tantas as pessoas em visita ao Menino — algumas a pé, outras montadas em cavalos ou camelos — que quase se fecha o círculo.

A Sagrada Família encontra-se ao ar livre, à esquerda, estando a Virgem Mãe, com seu rosto delicado, sentada com seu Menino Jesus no colo e seu esposo José, de pé, à sua esquerda. Os Reis Magos, ajoelhados diante de Maria e de seu Filho, entregam seus presentes. Atrás deles encontra-se um imenso séquito. Mais para o centro da composição está a estrebaria, próxima a uma construção em ruínas. Ali ocorreu o nascimento do Salvador, mas a manjedoura é vista fora do estábulo. São vistos um burro e um boi ao ar livre e cinco cavalos sob os cuidados de quatro cavalariços, dentro da estrebaria. Acima, no telhado da construção, encontram-se um pavão, meio fora da escala, e um casal de faisão, que deve ser visto como se estivesse em voo. Deitado em primeiro plano, olhando para trás, está o que parece ser um cão.

Alguns significados presentes na obra:

  • O pavão simboliza a imortalidade da criança, pois sua carne era tida como incorruptível.
  • O casal de faisões simboliza a vitória de Cristo sobre a morte.
  • Os nus presentes nas ruínas, ainda não muito bem compreendidos, podem representar o acolhimento dos marginalizados pela nova fé.
  • A arquitetura em ruínas refere-se ao fim do paganismo com o nascimento de Cristo.
  • O homem de vermelho, à esquerda, com os olhos espantados voltados para o céu, alude à presença da estrela que guiou os Reis Magos.
  • As sementes de romã, presentes na mão esquerda do pequeno Jesus, simbolizam o acolhimento das almas dos crentes pela Igreja.

Ficha técnica
Ano: c.1445
Técnica: painel
Dimensões: 137 cm de diâmetro
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA


Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirado
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.41581.html

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Van Dyck – MARQUESA ELENA GRIMALDI

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Marquesa Elena Grimaldi Cattaneo é uma obra-prima do pintor flamengo Anthony van Dyck, o mais talentoso discípulo e ajudante do pintor francês Peter Paul Rubens, de quem herdou o talento na representação da textura e superfície das figuras. Ele também veio a transformar-se num dos pintores retratistas mais procurados da Europa. Esta obra é um dos muitos retratos da nobreza genovesa, pintados pelo artista, quando esse se encontrava na Itália, que chama a atenção, sobretudo, pela elegância.

A sofisticada marquesa encontra-se no terraço de seu palácio, protegida por um guarda-sol, sob um céu de nuvens densas. Seu rosto está voltado para o observador, encarando-o com certo orgulho. Nota-se que ela é extremamente alta. A sua estatura desproporcional também tem por objetivo mostrar a sua importância e sofisticação. Ela se encontra luxuosamente vestida. Usa um suntuoso e longo vestido preto, enfeitado com uma gola de rufos, botões dourados e punhos vermelhos que diminuem a austeridade de sua vestimenta, além de destacar suas finas mãos. A marquesa traz na mão direita um raminho de flores de laranjeira, numa alusão à sua castidade. Tem os cabelos presos com enfeites dourados no coque.

Um pajem negro de olhar triste e semblante fechado segura o pomposo guarda-sol vermelho brilhante, postado num ângulo oblíquo que, além de amplificar o tamanho da marquesa, formando uma espécie de auréola sobre sua cabeça, também serve para equilibrar a falta de massa da composição, em sua parte superior, e também para suavizar as verticais, presentes na colunata dourada, às costas dos dois personagens. O servo negro é também uma alusão ao tráfico de escravos que ainda existia na Itália, devendo o artista ter se inspirado nas obras de Ticiano, a quem muito admirava, e que retratou negros em suas telas.

Uma paisagem desenrola-se ao fundo, onde são vistas as montanhas e resto de edificações sob um céu nublado.

Ficha técnica
Ano: c.1460
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 37 x 27 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.1231.html

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Correggio – NOLI ME TANGERE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Noli me Tangere (Não me toque!) é uma obra do pintor italiano Correggio, cuja cena mostra o encontro de Cristo ressuscitado com Maria Madalena. Graças ao uso do claro-escuro, o pintor consegue repassar uma atmosfera de intenso lirismo e adoração silenciosa.Esta obra faz parte da maturidade do artista. O mesmo tema já foi pintado por outros pintores como Fran Angelico e Ticiano.

Na pintura, Maria Madalena encontra-se em campo aberto sob a luz da manhã, quando recebe a visita do Mestre, após esse ter ressuscitado. A princípio, a discípula pensa tratar-se de um jardineiro, pois tem perto de si uma enxada e uma pá. Ao reconhecer Jesus que a chama pelo nome, Maria Madalena lança-se no chão, emocionada e, ao ouvir sua voz para que não o toque, ela retrocede, surpresa. (João 20: 14-18): “Noli me tangere!” (Não me toque!).

Há no rosto de Maria Madalena e no gestual de seu corpo uma grande emoção no encontro com Jesus Cristo. Mesmo surpresa com o pedido para não tocá-lo, ela demonstra um grande afeto pelo Mestre. Há uma profunda troca de olhares entre o Cristo ressuscitado e Madalena, ajoelhada sob o impacto da emoção. Ao fundo, descortina-se uma paisagem verdejante.

Ficha técnica
Ano: c. 1523
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 130 x 103 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
A história da arte/ E.H. Gombrich
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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