Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Dürer – MADONA E O MENINO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Madona e o Menino é uma obra do pintor alemão Albrecht Dürer, que também foi gravador, ilustrador, matemático e teórico de arte e, provavelmente, o mais famoso artista do Renascimento nórdico, tendo influenciado artistas do século XVI tanto em  seu país como nos Países Baixos. Foi um dos principais propagadores das ideias do Renascimento italiano para os artistas do Norte em razão de suas viagens à Itália.

Esta obra, possivelmente dedicada à devoção privada, faz parte dos trabalhos iniciais do artista e nela fica clara a homenagem do mestre alemão ao mestre italiano Giovanni Bellini, como nós podemos observar através das funções e das colocações das duas figuras que se relacionam com o fundo através de uma paisagem. Este trabalho foi, inclusive, atribuído anteriormente a Giovanni Bellini.

A Virgem Mãe, de frente para o observador, usa um vestido azul escuro e um manto também azul, mas num tom levemente mais claro, que lhe cobre  toda a testa, deixando apenas parte das sobrancelhas de fora. Ela ocupa o canto de uma sala com paredes de delicado mármore, próxima a uma janela aberta, através da qual se vê uma distante paisagem alpina, minuciosamente retratada. Muito concentrada e com o semblante fechado, parecendo triste, ela segura firmemente seu rechonchudo Menino, de pé sobre uma almofada verde. Ambos formam uma pirâmide. Atrás dos dois personagens desce uma cortina vermelha que contrasta com a cor das vestes de Maria.

A criança, nua, traz o rostinho tristonho voltado para a esquerda e o braço direito, abaixado, segurando uma maçã com o punho dobrado e a mão voltada para trás, como se escondesse a fruta, simbolicamente responsável pelo pecado da humanidade que, por isso, irá passar por grande sofrimento. A mão direita do Menino toca no decote do vestido da Mãe e recebe o peso da cabeça. O enchimento vermelho da almofada, assim como os enfeites nas pontas, pode simbolizar o sangue da Paixão de Cristo.

A paisagem arborizada traz um castelo no alto de um rochedo. Um soldado a cavalo é visto dentro da propriedade, na parte de baixo, a fazer a guarda do lugar. Um muro e um portão fechado separa a parte interna do domínio da externa. Do lado de fora vê-se uma pequena figura, parecida com um monge com seu cajado, em direção contrária à do lugar.

Na parte inferior da pintura, à esquerda, são vistas as armas da família Hallery e, à direita, as da família Koberger, ambas importantes em Nuremberg. Há quem diga que esta pintura foi encomendada por Wolf III Haller que veio a casar-se com Ursula Koberger. No verso deste painel existe uma segunda pintura, denominada “Ló e suas Filhas”, o que faz supor tratar-se de um díptico.

Ficha técnica
Ano: antes de 1505
Técnica: óleo no painel
Dimensões: 50 x 40 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.41598.html
http://www.wga.hu/html_m/d/durer/1/02/07haller.html

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Velázquez – A BORDADEIRA

Autoria de Lu Dias Carvalho

Velázquez  […] é o artista supremo, ele não me surpreendeu, ele me encantou. (Manet)

A composição denominada A Bordadeira, também conhecida como A Costureira, é uma obra do pintor espanhol Diego Velázquez, um dos mais famosos mestres da pintura europeia do século XVII, tendo criado, sobretudo, retratos. Existe a possibilidade de que a modelo seja sua filha Francesca Velázquez del Mazo. No inventário do artista, uma de suas obras está descrita como “cabeça de uma mulher que está bordando”, o que leva a crer que seja esta e, também, que só a cabeça da modelo estivesse terminada.

Esta pintura encontra-se inacabada, se intencionalmente assim foi deixada, tinha por objetivo dar-lhe mais expressividade, como aconteceu com vários retratos do pintor.  O rosto é a única parte que parece totalmente terminada, iluminado por uma luz suave. Os braços e as mãos mostram-se esboçados, o que permite ter uma ideia do processo usado pelo artista para pintar. A tela, por exemplo, está preparada com uma base cinza. É possível notar que sua textura foi usada para criar a sombra do xale. Velázquez fez uso de uma luz delicada para criar o rosto e os seios da personagem, além de lembrar o vai e vem das mãos.

Uma jovem mulher, usando um vestido escuro com decote quadrado que lhe deixa os belos seios enfunados, encontra-se sentada, inclinada sobre seu bordado (ou costura). Seu rosto  gracioso tem bochechas rosadas. Ela traz um xale branco jogado nos ombros. Sua cabeça está modelada em luz e sombras. À sua frente vê-se um travesseiro (ou almofada) sobre o qual se debruça e descansa as mãos. Seus cabelos escuros estão presos atrás, num coque com um enfeite vermelho que contrasta com o restante das cores. Ela se mostra concentrada em seu trabalho ou em seus pensamentos.

Ficha técnica
Ano: c.1640
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 74 x 60 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.88.html
http://www.diego-velazquez.org/the-needlewoman.jsp

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Gainsborough – MASTER JOHN HEATHCOTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada Master John Heathcote é uma obra-prima do pintor inglês Thomas Gainsborough, em que fica patente o virtuosismo técnico alcançado por ele em sua arte. Trata-se de uma obra de sua maturidade artística e nela fica evidente a influência de Anthony van Dick, artista que ele tanto admirava.

Antes de tudo, é preciso que o leitor saiba que se trata de um retrato de um garoto e não de uma menina, em razão de sua vestimenta, comum a uma época em que meninos e meninas vestiam do mesmo jeito até os seis anos de idade.

O garotinho encontra-se em primeiro plano, ao ar livre, de frente para o observador. Seu rosto risonho e angelical apresenta olhos verdes, bochechas e lábios vermelhos. Os cabelos dourados formam cachos nas pontas. Seu vestido branco, finamente trabalhado, desce até os pés, deixando uma ponta de seu sapato vermelho à vista. Uma larga faixa de cetim azul, amarrada à cintura, forma um enorme laço à esquerda, com as pontas tocando a barra do vestido. Na mão direita traz um delicado buquê de flores miúdas.

Atrás do pequeno John Heathcote, ao fundo, desenrola-se uma paisagem simples e rústica, mas cheia de leveza.

Imaginemos, hoje, um menino sendo retratado usando um vestido decotado, laços e sapatos vermelhos e, além disso, trazendo um ramalhete de flores… Como os tempos mudam!

Ficha técnica
Ano: 1770

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 127 x 101 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Botticelli – NASTAGIO DEGLI ONESTI

Autoria de Lu Dias Carvalho

          

         

O pintor italiano Sandro Botticelli recebeu uma encomenda, provavelmente de Lourenço, o Magnífico, que seria dada de presente a Giannozzo Pucci em razão de seu casamento com Lucrezia Beni. Trata-se de uma série de quatro painéis, ilustrando episódios do romance de “Nostaggio degli Onesti”, em Decameron, de Giovanni Boccaccio. Para melhor retratar a história de Nastagio degli Onesti, o pintor renascentista dividiu-a em quatro passagens, criando, assim, quatro painéis. Três deles encontram-se atualmente no Museu do Prado, excetuando o último, que voltou a seu lugar de origem (Palazzo Pucci).

Segundo alguns estudiosos de arte, a série de painéis são de Botticelli quanto à concepção e o desenho, mas, no que diz respeito à execução, teve a colaboração de seus assistentes, principalmente a de Bartolomeu di Giovanni e a de Jacopo del Selaio, pois o mestre encontrava-se sobrecarregado de encomendas. Todos os painéis são maravilhosos, em especial o segundo deles. São eles: (o leitor deverá acompanhá-los na ordem em que estão apresentados, ou seja, o 1º e o 2º em cima, o 3º e o 4º embaixo, da esquerda para a direita)

1º.O Encontro com os Amaldiçoados na Floresta de Pinheiros

(Deve ser lido da esquerda para a direita. Nastagio agarra um galho de árvore na tentativa de socorrer a moça.)

2º. A Caçada Infernal

(Nastagio vê o cavaleiro arrancar o coração e as vísceras da jovem e dá-las aos cães. A cena retrocede e o perseguidor está a correr atrás da mulher pela praia.)

3º. O Banquete na Floresta de Pinheiros

(Nastagio convida sua amada  família para um banquete na floresta, para que vejam a terrível caçada. Sua amada, vestida de branco, teme que o mesmo possa acontecer a ela e envia um emissário a Nastagio, concordando-se em casar-se com ele. As mulheres estão à esquerda e os homens no centro. Tudo está em desordem com a chegada dos fantasmas.)

4º. O Banquete de Casamento

(O banquete de casamento de Nastagio e de sua amada é pomposamente celebrado.)

Para que se entenda os quadros é preciso saber que Nastagio degli Onesti é o nome de um nobre de Ravenna, que se apaixona por uma jovem também de família nobre. Ele tudo faz para ganhar a atenção da mulher, mas ela não corresponde ao seu amor. Ao contrário, sente um prazer cruel em recusá-lo. Nastagio, por não conseguir esquecê-la, transforma seu amor por ela em ódio. Ele chega a tentar o suicídio, sem sucesso.

Nastagio, ao ver uma jovem nua e em lágrimas num pinhal, ao anoitecer, perseguida por dois cães e um cavaleiro, com uma espada, querendo matá-la, tenta socorrê-la, mas o perseguidor conta-lhe que a amava, mas ela o desprezava. Ele então cometeu suicídio. Ela não sentiu nenhum remorso por isso, mas, quando morreu, como punição, foi condenada a ser caçada eternamente.  Por isso, todas as sextas-feiras, ela é assassinada, sendo que o corpo dele e o dela sempre se restauram, numa eterna continuidade, pois ambos vivem no Inferno.

O jovem Nastagio compreende que aquilo é um sinal divino e na sexta-feira seguinte, prepara um banquete naquele mesmo lugar, convidado sua amada, seus pais e parentes. Ao final do jantar, a terrível cena é vista por todos. O suicida narra aos presentes o porquê da história. Com medo de vir a sofrer a mesma pena, a jovem mulher, amada por Nastagio, concorda em casar-se com ele.

 Ficha técnica
Ano: c. 1483

Técnica: painel
Dimensões: 83 x 138 cm / 83 x 138 cm / 83 x 142 cm / 83 x 142 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Miradorhttps://en.wikipedia.org/wiki/Nastagio_degli_Onesti

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Veronese – MOISÉS SALVO DAS ÁGUAS

 Autoria de Lu Dias Carvalho

mosada

A composição intitulada Moisés Salvo das Águas ou também Descoberta do Jovem Moisés e ainda A Descoberta de Moisés é uma obra-prima do pintor maneirista italiano Paolo Veronese. Ela já mostra a opção do artista pelo uso da sombra. O crepúsculo que começa a aparecer em suas pinturas coincide com o ocaso de sua própria vida. Ele passa a trabalhar de uma nova maneira na distribuição de luz e sombra, mas, ainda que a claridade diminua, a qualidade de seu trabalho permanece imutável. O pintor Velázquez encantou-se tanto com este quadro, que o comprou e levou-o para o rei Filipi IV, na Espanha, onde se encontra até hoje.

A pintura refere-se a uma passagem bíblica, expressa no Antigo Testamento. A cena mostra o bebê Moisés, salvo das águas por uma jovem mulher que o entrega a uma criada idosa que usa um pano para enrolá-lo. A seu lado está a filha do faraó, ricamente vestida, segundo a moda veneziana da época do Renascimento, acompanhada de suas damas que contemplam a criança com curiosidade. O grupo, banhado pela luz crepuscular, encontra-se em uma das margens do rio Nilo. O movimento das figuras está em perfeita harmonia com a paisagem. Do outro lado da ponte vê-se uma cidade egípcia imaginária, com templos, torres e pináculos.

À direita e à esquerda, em suas extremidades inferiores, o quadro apresenta dois criados vestidos de vermelho.  O da direita é um anão, de costas para o observador, que leva consigo um instrumento musical. O da esquerda é um pajem negro com uma cesta. À esquerda, em segundo plano, duas moças parecem preparar-se para um banho no rio.

A composição é inteligentemente estruturada. Suas cores, de belíssima gradação, são suaves e bem distribuídas. As duas árvores, em forma de V, repetem a mesma posição da velha e da filha do faraó. A margem inclina-se para o rio, à esquerda, como mostram as duas mulheres que se encontram um pouco mais distante.

A cena acontece em meio a tons crepusculares, inerentes ao pôr do sol, com a luz banhando a paisagem veneziana ao fundo. O efeito atmosférico crepuscular contribui para suavizar os contornos das figuras, como podemos observar nas jovens que se banham ou na garota entre a senhora idosa e a filha do faraó. O colorido é rico e variado.

Existem muitas versões desta obra, contudo somente duas são tidas como autênticas: esta, do Museu do Prado, na Espanha, e a que se encontra na Galeria Nacional de Washington, nos EUA. Ambas são praticamente idênticas, tendo as mesmas dimensões.

Ficha técnica
Ano: 1580

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 50 x 43
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Veronese/ Abril Cultural

Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.artehistoria.com/v2/obras/1007.htm

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Goya – A MARQUESA DE PONTEJOS

 Autoria de Lu Dias Carvalho

A extraordinária composição denominada A Marquesa de Pontejos é uma obra do pintor Francisco José de Goya y Lucientes, um dos grandes nomes da pintura espanhola. A retratada é Maria Ana de Pontejos e Sandoval, Marquesa de Pontejos. É provável que este retrato tenha sido pintado quando ela se casou com Francisco de Monino Y Redondo.

A marquesa, magra e pequena, encontra-se ao ar livre, de frente para o observador, diante de uma paisagem esmaecida, que realça a sua figura. Sua vestimenta, que para os dias de hoje parece excessivamente infantil, é composta por rendas, flores, fitas, véus, tecidos e laços, de acordo com os trajes das damas da aristocracia espanhola, à época, inspirados na moda da rainha francesa Maria Antonieta, que gostava de vestir-se como uma pastora. O enorme chapéu de palha é provavelmente inglês. Sua cintura fina está envolta por um laço de fita cor-de-rosa. Ela calça sapatos de saltos altos. Seu porte é ereto e seu olhar mostra-se distante, como se ela estivesse perdida em pensamentos.

O galho com um cravo e um botão que a marquesa segura delicadamente na mão direita é uma alusão ao amor, pois é provável que o retrato tenha acontecido na época em que se casou com o irmão do Conde Floriblanca, um dos mecenas de Goya. O cãozinho a seus pés, ornado com fitas e sinos, simboliza a fidelidade.

Ficha técnica
Ano: 1787

Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 211 x 126 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

http://www.artehistoria.com/v2/obras/1758.html
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.92.html

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