Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Guido Reni – O BATISMO DE CRISTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor barroco italiano Guido Reni (1575-1642) foi aluno do artista holandês Denis Calvaert que vivia próximo a Bolonha, vindo depois a trabalhar com seu mestre. Também frequentou a Academia dos Carracci em Bolonha, onde viveu o resto de sua vida, embora tenha feito viagens a Roma, Ravena e Nápoles. Após a morte de Annibale Carracci, ele veio a tornar-se mestre da pintura barroca em Bolonha, sendo que sua obra é composta por afrescos, narrativas mitológicas, retábulos e retratos. O artista trabalhava mais com temas religiosos.

A composição denominada O Batismo de Cristo é uma das mais belas obras do artista. Mostra seu traço melancólico e poético, com um fino jogo de luz, sendo a emoção repassada pelos anjos. Aqui ele apresenta seu estilo maduro em que sobressai o domínio da composição e da perspectiva. A cena, extremamente simples, apresenta Jesus Cristo seminu, envolto na região pubiana por um lençol branco amarrado, sendo batizado por João Batista, também seminu. Atrás de Jesus estão criaturas angelicais acompanhando o ritual. Todas as figuras estão ligadas por uma grande devoção espiritual.

Jesus, com os pés dentro da água, traz o corpo curvado para baixo, para que João Batista, de pé sobre a margem, entorne da taça batismal água sobre sua cabeça. O Espírito Santo em forma de uma pomba branca envia sobre a cabeça de Cristo seus sete dons. João Batista, que parece levitar, usa uma capa de pele e carrega uma cruz na mão esquerda, seus atributos. Um dos anjos presentes à cena segura nos braços o manto vermelho de Jesus.

A posição dos corpos de Jesus e de João Batista forma um arco que emoldura dois anjos, sendo que um deles segura nos braços o manto vermelho de Jesus. A paisagem ao fundo mostra árvores, nuvens brancas e céu azul onde flutua o Espírito Santo.

Ficha técnica
Ano: c. 1623

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 263,5 x 186 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.wga.hu/html_m/r/reni/1/baptism.html

Géricault – O OFICIAL DOS CAÇADORES…

Autoria de Lu Dias Carvalho

O sensível pintor francês Jean-Louis-André Théodore Géricault (1791–1824), filho do advogado e comerciante Georges Nicolas e de Louise Jean-Marie Carruel, foi um dos mais famosos, autênticos e expressivos artistas do estilo Romântico em seu início na França. Sua mãe era inteligente e culta. Desde a sua infância Géricault demonstrava interesse pelos desenhos e cavalos. Sua família mudou-se para Paris e sua mãe faleceu quando o garoto tinha dez anos, deixando-lhe uma renda anual. Na capital francesa, o futuro artista tornou-se esportista, elegante e educado, frequentando os ambientes mais sofisticados. Embora seu pai não aprovasse sua opção pela pintura, um tio materno resolveu o impasse, ao chamar o sobrinho para trabalhar com ele no comércio, mas lhe deixando um bom tempo livre para dedicar-se à pintura.

A composição O Oficial dos Caçadores a Cavalo Durante a Carga é uma obra do artista. Com esta obra ele expõe, pela primeira vez, em 1812, no Salão, mas como a obra em nada lembrava a pintura neoclássica, recebe uma acolhida hostil por parte do júri, o que leva o pintor até a pensar em destruí-la.

A pintura apresenta um soldado montado num cavalo branco, trazendo uma espada desembainhada e levantada na mão direita. A composição é cheia de inquietação, de movimentos e de cores brilhantes, trazendo o fundo o mesmo clima.

Ficha técnica
Ano: 1812
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 53 x 40 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Gênios da pintura/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

MAINO – ADORAÇÃO DOS PASTORES

Autoria de Lu Dias Carvalho

Maino é um dos mais eminentes pintores de sua época, como pode ser visto em suas obras para a dita casa [San Pedro Mártir], particularmente o altar-mor daquela igreja com as quatro telas das quatro pêsames [quatro festas], nas quais existem excelentes nus e outras coisas pintadas em majestoso tamanho natural. (Antonio Palomino)

O artista mexicano Juan Bautista Maino (1580–1649) era filho de um italiano com uma portuguesa. É tido como o mais importante seguidor de Caravaggio na Espanha, uma vez que a maior parte de seu trabalho religioso diz respeito ao naturalismo tenebrista do pintor italiano que ele conheceu, quando estava em Roma. Tornou-se discípulo de Annibale Carracci e amigo de Guido Reni por ocasião de sua permanência na Itália. Ao mudar-se para Toldedo/Espanha foi contratado pelos dominicanos do mosteiro Pedro Mártir para pintar o retábulo dos “Quatro Festas” do altar-mor da igreja e os afrescos do interior do portal de entrada, debaixo do coro.  Também era admirado como retratista e por sua habilidade em miniaturas de efígies.

A composição religiosa intitulada Adoração dos Magos é uma das quatro pinturas – episódios mais importantes da vida de Jesus – que fazem parte do retábulo e também uma das obras mais famosa do artista. As demais são: “A Adoração dos Pastores”, “A Ressurreição” e “Pentecostes”, acrescidas de quatro pequenas paisagens com santos e retratos de meio corpo de Santa Catarina de Siena e de São Domingos (muitos críticos julgam que esse último seja um autorretrato do artista). A obra em destaque mostra o quanto Maino (ou Maíno ou Mayno) era fiel à arte de Caravaggio. Seu trabalho está próximo do que hoje é chamado de “superrealismo” em razão do cuidado que teve com a textura, forma e volume dos objetos. É uma obra bem mais colorida e luminosa.

A cena acontece entre as ruínas de um dos mais conhecidos edifícios de Roma – o Coliseu – que aqui é visto coberto por plantas. Apesar de ser uma composição simples em relação à estrutura espacial e à colocação das figuras e elementos, Maino conseguiu repassar calor e emoção para os personagens. Ao contrário da paleta de cores vista em “Adoração dos Pastores”, aqui o artista transforma-a numa profusão de cores com a finalidade de destacar o exotismo dos Magos – representantes dos três continentes (à época eram apenas três os conhecidos).

A Sagrada Família encontra-se à direita. A Virgem Maria – sentada em um bloco de pedra – traz o Menino sentado em seu colo, envolvendo-o ternamente em seu manto azul. Ela pressiona seu braço com os dedos de sua mão esquerda, para que ele mantenha o corpo firme e possa abençoar os visitantes, como mostra sua mãozinha direita levantada em postura de bênção, enquanto a esquerda aponta para Gaspar, ajoelhado à sua frente. São José apresenta-se à direita da Virgem com seu Menino. Ele aponta a criança para Baltazar.

O jovem à esquerda, atrás do mago, repete o mesmo gesto, como se estivesse dirigindo-se a alguém fora do espaço da composição, indicando-lhe o recém-nascido (as características faciais da figura podem ter sido as do próprio artista). Tal gesto tem em Caravaggio sua origem. O artista italiano usava-o a fim de criar mais linhas direcionais na composição. Nesta pintura três personagens fazem o mesmo gesto.

Belchior e Gaspar postam-se diante do Menino, enquanto Baltazar, de pé, aguarda um espaço para fazer o mesmo. Todos trazem presentes. Gaspar – o mago mais velho e mais próximo do observador – está realisticamente pintado. Usa uma suntuosa túnica de seda violeta e sobre ela um manto em ouro e brocado de seda. No chão está o presente que trouxe para o Menino – um cálice de ouro. Através da posição da mão esquerda da criança é possível deduzir que ele acabara de beijá-la.

Ela também se inclina em direção a ele e o abençoa.  Belchior – o segundo mago ajoelhado – oferece ao Menino um cálice dourado com incenso. Seu rosto demonstra encantamento diante do recém-nascido. Traz na cabeça um rico turbante branco. Seu cafetã colorido indica que veio do Oriente Médio. Baltazar – o mago negro – encontra-se de pé. Suas roupas são de seda e linho. Traz na cabeça um turbante enfeitado com penas coloridas. Segura um rico recipiente de madrepérola, decorado em ouro, com mirra que será presenteado à criança.

As cabeças alinhadas dos Reis Magos formam uma linha que direciona ao topo da tela, onde se encontra a estrela que os guiou até o Menino e sua família. A estrela possui oito pontas e dela irradia uma grande luz.

Ficha técnica
Ano: 1612/1613
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 315 x 174 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
Collection/art-work/the-adoration-of-the-magi/3f1f4d63-0476-4ac0-904f-776713defe78

Canaletto – VISTA DO DESEMBARCADOURO DA…

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Canaletto (1697–1768), cujo nome de batismo era Giovanni Antonio Canal, filho do pintor e cenógrafo Bernardo Canal, seu primeiro mestre, era também tio do pintor Bernardo Belloto. Tornou-se muito conhecido pelas paisagens venezianas que pintava. Mais tarde, quando morava em Londres, pintou inúmeras paisagens inglesas (vedute*). Também estudou com o paisagista Lucas Carlevarijs e foi influenciado por Giovanni Paolo Pannini. Segundo alguns estudiosos de sua obra, ele fez uso da câmera escura, (instrumento óptico através do qual os raios solares passam, refletindo a imagem que se deseja pintar), o que lhe possibilitava fazer desenhos mais precisos, ao reproduzir proporções e perspectivas. Porém, os desenhos ou meros esboços deixados pelo artista sugerem que ele tomava notas ao ar livre e em seu estúdio, usando réguas e bússolas para aperfeiçoá-los.

A composição denominada Vista do Desembarcadouro da Alfândega em Veneza (La Punta della Dogana) é uma das lindas obras do artista.  Esta vista é uma das mais belas da série de vistas pintadas por Canaletto. Registra ângulos pitorescos do cenário da cidade de Veneza e mostra a vitalidade do canal, onde são vistos um grande número de barcos, nos quais estão presentes vários elementos humanos.

O céu está cheio de nuvens prateadas, impulsionadas pela brisa, enquanto as águas azuis mostram-se encrespadas.

Ficha técnica
Ano: 1738-1740
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 45,5 x 63,5 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Lucas Cranach, o Velho – SÃO JERÔNIMO PENITENTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

O xilogravurista e pintor renascentista alemão Lucas Cranach, o Velho (1472-1553), possivelmente teve o pai como professor. Em Viena participou dos círculos humanistas. Trabalhou como pintor na corte de Wittenberg com Frederico, o Sábio. Ali comandou uma grande oficina. Sua posição tinha tanto destaque na cidade que alguns anos depois ele se tornou conselheiro e, posteriormente, seu presidente, tornando-se um dos homens mais ricos do lugar. Contribuiu enormemente para o desenvolvimento da pintura no sul da Alemanha, sendo considerado fundador da Escola do Danúbio. Durante uma das viagens à Holanda, recebeu inspiração das pinturas italianas e holandesas.

A composição intitulada São Jerônimo Penitente é uma obra do artista. Ela demonstra a influência da pintura da região alpina e das obras de Albrecht Dürer sobre o pintor que criou um estilo especial para sua obra, unindo a paisagem à cena narrativa, resultando num todo romântico, onde predominam a sensibilidade e o gosto decorativo.

São Jerônimo encontra-se ajoelhado, à esquerda, numa paisagem arborizada, onde se vê algumas edificações ao fundo, à direita. Está ajoelhado diante do crucifixo de Cristo, fixo sobre uma rocha. Apenas um pano branco vibrante cobre a parte posterior de seu corpo. Traz na mão esquerda uma pedra, objeto de sua flagelação, enquanto a esquerda segura a longa barba que tem a mesma cor do lençol prateado, com uma grande amarração na parte frontal. Tem a barriga protuberante, embora apresente braços musculosos.

À esquerda do santo encontra-se seu manto vermelho cardinalício e o chapéu à direita. O leão deitado à sua frente faz parte de sua simbologia e diz respeito ao fato de São Jerônimo ter curado sua pata. Também representa o próprio Cristo, chamado de “Leão da Tribo de Judá”. Na árvore atrás do santo são vistos dois animais: uma coruja e um papagaio, símbolos do planeta Saturno e do Sol. Representam a melancolia e o temperamento sanguíneo. A presença das duas aves indica que a pintura foi encomendada pelo historiador Johannes Cuspinian , reitor da Universidade de Viena, e esposa. Estes dois animais estão presentes num retrato do reitor, feito por Cranach.

Ficha técnica
Ano: entre 1502
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 55,2 x 41,3 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Nicolo dell’Abbate – RAPTO DE PERSÉFONE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor maneirista italiano Nicolo dell’Abbate (1509/1512-1571) estudou escultura com o mestre Antonio Begarelli. Foi influenciado pelas obras de Dosso Dossi, Parmigianino e possivelmente pelas de Correggio. Foi pintor de retratos, de temas mitológicos e criou projetos para edifícios, ourivesaria e tapeçarias. Foi um dos grandes nomes da Escola de Fontainebleau.

A composição denominada Rapto de Perséfone é uma obra do artista que retrata um acontecimento da mitologia grega.

Perséfone, a deusa das ervas, flores, frutos e perfumes, era filha de Zeus (Júpiter) e Deméter. Enquanto a jovem encontrava-se brincando com as ninfas, o seu tio Hades, deus do mundo inferior, raptou-a, para que ela se casasse com ele no reino dos mortos.

A pintura de Nicolo apresenta o momento em que Hade, com seu manto vermelho, tira Perséfone do meio de suas amigas que gesticulam, como a pedir-lhe que não cometa tal ação. É possível perceber a luta da deusa para se desvencilhar de seus braços.

Ficha técnica
Ano: c. 1522-70
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 196 x 216 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fonte de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch