Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Murillo – O PEQUENO MENDIGO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Pequeno Mendigo é a primeira obra conhecida sobre um menino de rua, na pintura do artista espanhol Bartolomé Esteban Murillo. Embora ele não expressasse formalmente uma crítica de cunho social através de sua pintura e, de certa forma, mostrasse o belo na pobreza, ao trabalhar apenas com o aspecto estético, ainda assim tratava-se de uma crítica velada. A temática popular, presente em seu trabalho, deixava de lado a idealização da época, tão comum aos demais artistas. É provável que o devoto artista, que pintou várias cenas semelhantes, ao fazer uso da pintura de gênero, tenha se deixado tocar pela preocupação intensa dos franciscanos para com os pobres.

Em O Pequeno Mendigo, o artista retrata uma cena do cotidiano, no entanto, não projeta nela nenhuma intensidade dramática. Apenas alia o tema à estética. Um garoto de rua, esmolambado, com os pés sujos, encontra-se recostado a uma parede de um edifício velho e abandonado. No chão estão alguns camarões. À sua direita vê-se uma cesta de palha, deitada, que deixa à vista três velhas e estragadas maçãs. Um jarro de barro completa a cena. O garoto pode ter terminado de fazer a sua parca refeição.

O pequeno mendigo olha para baixo, segurando parte da camisa com as duas mãos, como se estivesse a matar piolhos (ou seriam pulgas, conforme afirmam alguns?). Como eram os pais os responsáveis por “catar” piolhos na cabeça dos filhos, a ação do garoto mostra que ele era abandonado, não tendo quem olhasse por ele. Chama a atenção sua cabeça raspada nuns pontos e com tufos de cabelo escuro em outro.

O pintor usa o “chiaroscuro” em sua tela, uma influência de Caravaggio e Zurbarán. Um feixe de luz, que entra por uma janela à esquerda, banha o garoto sentado num canto escurecido, como se fosse um potente holofote a projetá-lo para o observador.

Ficha técnica
Ano: 1645/55
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 137 x 115 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

 Fontes de pesquisa
Murillo/ Abril Cultural
http://www.peintre-analyse.com/jeunees.htm

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Giovanni Bellini – O SANGUE DO REDENTOR

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Sangue do Redentor é uma obra do pintor italiano Giovanni Bellini, cuja fervorosa religiosidade faz-se presente em muitas de suas obras. Cristo é visto após a crucificação, como sendo o “Homem das Dores”, cujo sangue salva o mundo do pecado.

Esta pintura, extremamente sensível, faz parte da primeira fase dos trabalhos do artista. Além de evidenciar o seu sentimento religioso, também traz impressa a influência recebida de Andrea Mantegna, seu mestre e cunhado, nos seus elementos estruturais, como nas formas e na construção do espaço, assim como nas referências apuradas dos relevos clássicos sobre o parapeito. Contudo, não é possível deixar de dizer que a sensitividade linear e o belo conteúdo espiritual são criações do próprio artista.

Jesus Cristo, com sua imensa cruz de madeira, divide verticalmente a composição ao meio. Apenas um lençol, cinge seu corpo pálido, na região dos quadris. Com o braço esquerdo, ele envolve a cruz de madeira, onde se encontra dependurada a coroa de espinhos, e usa a mão do mesmo braço para comprimir a ferida do peito, de modo a fazer o sangue jorrar no cálice. O braço direito encontra-se estendido, de modo a deixar visível a ferida do cravo na sua mão. Seu rosto está voltado para o anjo, em visível expressão de desalento e dor.

Bellini deixou à vista todas as chagas do corpo delgado de Jesus, excetuando a do pé direito, que se encontra encoberta pelo madeiro. O anjo, ajoelhado sobre a perna esquerda, levanta o cálice para receber o sangue que flui, num grosso jorro, proveniente da ferida do Mestre Jesus. O piso do ambiente, onde se encontram os dois personagens, é decorado com losangos brancos e pretos.

O parapeito, que divide a parte interior da exterior, é maravilhosamente trabalhado com relevos clássicos pagãos. A pintura faz crer que o ambiente interior encontra-se acima da paisagem abaixo, que se divide em duas partes bem diferentes.  À direita está um monte árido com construções decadentes, enquanto à esquerda vê-se uma cidade próspera com suas belas torres e montanhas azuladas. Duas pequenas figuras, aparentando ser religiosos com suas roupas pretas, aparecem ao lado direito.

Ficha técnica
Ano: c. 1460/62
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 47  x 34,3 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/giovanni-bellini-the-blood

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Giorgione Barbarelli – OS TRÊS FILÓSOFOS

 Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Os Três Filósofos é uma obra do pintor italiano Giorgione Barbarelli, com uma pequena colaboração do artista Sebastiano del Piombo, em razão da doença de Giorgione, segundo alguns. Trata-se de uma pintura cheia de simbolismo que até agora apresenta inúmeras suposições e o mesmo número de discordâncias. Assim como a temática da pintura, o nome real da obra é também desconhecido.

Barbarelli apresenta três misteriosas figuras masculinas debaixo de um bloco de árvores: um homem velho, outro de meia-idade e um jovem. Elas se agrupam de modo a dominar o primeiro plano da tela, à direita. A cor usada possui gradações luminosas, definidas por claros contornos. Seriam as figuras filósofos, mágicos? Não se sabe. Vejamos algumas das suposições:

  • tais figuras alegóricas simbolizam o conhecimento em diferentes períodos: o homem mais velho (grego) representaria Platão ou Aristóteles – simbolizando a Antiguidade; o de meia-idade (árabe) representaria Averróis ou Avicenna – simbolizando a Idade Média; o jovem anônimo (europeu) representaria a ciência do Renascimento;
  • as três figuras representam os três estágios da humanidade: juventude, meia-idade e velhice;
  • tais figuras representam três épocas da civilização europeia: Antiguidade, Idade Média e Renascimento;
  • as três figuras representam as religiões abraâmicas, etc;
  • as figuras são a representação dos Três Reis Magos (a Sagrada Família estaria na caverna, à esquerda);
  • os personagens seriam a descrição das três etapas do conhecimento: a filosofia grega, que começou a ciência; a cultura árabe-persa, que deu continuidade; a Renascença, que foi a continuação do processo;
  • a aurora emitindo raios luminosos ao fundo, também é vista como uma das alegorias da composição. Representaria um novo caminho trilhado pelo homem em relação ao saber, fruto da atividade científica;
  • a caverna simbolizaria o conceito filosófico da Caverna de Platão.

De qualquer forma podem ser encontrados na composição:

  • três idades do homem;
  • três compleições distintas;
  • três nações diferentes.

Em segundo plano vê-se uma aldeia, com algumas edificações e um vasto campo verde, e mais ao fundo são vistas montanhas azuladas. Existe também a hipótese de que tal quadro possa ter sido cortado em todos os lados.

Ficha técnica
Ano: c. 1505/09
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 121 x 141 cm
Localização: Kunsthistorisches Museum, Viena, Áustria

 Fontes de pesquisa
Giorgione Barbarelli / Abril Cultural
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.wga.hu/html_m/g/giorgion/various/threephi.html

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Murillo – A SAGRADA FAMÍLIA COM PASSARINHO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição A Sagrada Família com Passarinho é uma obra religiosa do pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo, que era um artista extremamente devoto. É do início de sua maturidade. Esta obra, que apresenta volumes contrapostos e de relações diagonais, mostra influências de Zurbarán e Ribera no trabalho do artista.

A pintura apresenta uma cena doméstica, onde se encontram o Menino Jesus, a Virgem Maria e seu esposo José. A Virgem, sentada num assento baixo, em segundo plano, à esquerda, está diante de seu tear, com o corpo de perfil, mas com o rosto voltado em direção ao  Menino Jesus, contemplando-o com alegria. À sua direita, no chão, encontra-se um cesto de junco com tecido e linha. Ela enrola um novelo de linha branca, também vista em volta do tosco tear de madeira. Sua casa é extremamente humilde.

José, em primeiro plano, sentado num banco de madeira, com o corpo ligeiramente voltado para a esquerda, traz o Menino Jesus recostado à sua perna direita, enquanto o observa a brincar. Em seu rosto há uma expressão de contentamento, sendo visto como um pai carinhoso e presente na vida do filho adotivo. Atrás dele está sua mesa de madeira. Sobre ela estão os instrumentos de seu ofício de carpinteiro.

O Menino Jesus, de pé entre Maria e José, encontra-se inteiramente vestido, mas tem os pezinhos descalços. Traz na mão direita, erguida para o alto, um passarinho, que dá título à obra. Ele brinca com um cãozinho branco que, sentado, levanta a patinha direita, como se quisesse pegar a pequenina ave. Todas as atenções estão voltadas para o Menino com sua vestimenta de cor esbranquiçada. É o personagem principal da cena.

O artista representa a cena sem dar qualquer dica da divindade dos personagens, que poderiam passar por uma família qualquer, no ambiente calmo de seu pobre lar. Vê-se que o pintor preferiu a simplicidade no intuito de aproximar a Sagrada Família do homem comum. Ele usou o efeito de luz e sombras (chiaroscuro) para modelar as figuras, dando-lhes relevo. A luz entra pelo lado esquerdo, só iluminando as figuras, enquanto deixa o resto da casa no escuro.

Ficha técnica
Ano: 1645/50
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 144 x 188 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

 Fontes de pesquisa
Murillo/ Abril Cultural
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Murillo – MENINOS COMENDO MELÃO E UVAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Meninos Comendo Melão e Uvas, também conhecida por Crianças que Comem Frutas ou ainda Meninos Comendo Frutas, é uma obra, em estilo barroco, do pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo, que nutria grande interesse pela pintura religiosa e pela de gênero, embora essa última não fosse muito conhecida em toda a Espanha à época, primando a cidade de Sevilha pelo estilo.

Embora Murilo não expressasse formalmente uma crítica de cunho social através de sua pintura e de certa forma mostrasse o belo na pobreza, ao trabalhar apenas com o aspecto estético, ainda assim ela era exposta, mas sem nenhuma ambição moral ou alegórica. A temática popular, presente em seu trabalho, deixa de lado a idealização para focar a realidade. É provável que o artista, que pintou várias cenas semelhantes, ao fazer uso da pintura de gênero, tenha se deixado tocar pela preocupação intensa dos franciscanos para com os pobres.

O artista retrata dois garotos de rua, com suas feições meigas, esfarrapados, descalços e sujos, estando um deles sentado no que parece ser um velho banco de madeira (ou seria um tronco de árvore?), e o outro mais abaixo, sentado no chão, em primeiro plano, com sua camisa habilidosamente rasgada. Os meninos divertem-se comendo melão e uvas. Apesar da condição miserável das duas crianças, elas se mostram felizes, saboreando suas frutas.

O menino, sentado à direita, traz no colo um grande melão amarelo, do qual já retirou algumas talhadas: uma na sua mão, outra na mão do companheiro e cascas de duas outras no chão. No pedaço, que traz na mão, são visíveis as marcas de duas bocadas. Sua bochecha esquerda mostra-se inflada com o pedaço da fruta ainda sem ser deglutido. Na mão direita traz uma faca. Virado para a direita, observa seu colega de banquete.

O garoto, sentado no chão, à esquerda, com o braço direito levantado, deposita um cacho de uva na boca, enquanto direciona sua cabeça e olhar para o amigo. Na mão esquerda retém uma fatia de melão, ainda não mordida. À sua direita está um velho cesto de vime, já com a alça rompida, cheio de uvas verdes e maduras. Trata-se de uma primorosa natureza-morta. No chão, o esqueleto de um cacho de uvas mostra que ele já se encontra saboreando o segundo.

Em sua tela, Murillo faz uso do “chiaroscuro”. O fundo escuro da composição projeta ainda mais as duas personagens. A luminosidade destaca as duas crianças e as frutas. A pintura é realisticamente detalhada. As unhas sujas dos garotos, assim como os pés sujos, mostram o quanto o artista foi meticuloso em sua arte.

O chiaroscuro foi magistralmente executado. O fundo escuro contrasta com a luminosidade que é projetada sobre as crianças e as frutas. E tudo isso com um realismo detalhado e meticuloso, outra das características do barroco espanhol, reforçada pela técnica extraordinária do artista.

Ficha técnica
Ano: 1645/55
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 155 x 148 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

 Fontes de pesquisa
Murillo/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Köneman

Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Jan van Goyen – PAISAGEM COM DOIS CARVALHOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Paisagem Com Dois Carvalhos é uma obra do pintor holandês Jan van Goyen (1596-1656). O artista destacou-se como um dos mais brilhantes paisagistas do período barroco, além de ser também um reconhecido pintor de cerâmica.

Jan van Goyen esteve na França para estudar. Ao retornar a Haarlem, o artista trabalhou com Esaias van der Velde, pintor paisagista. Depois ele se tornou mestre e membro da Guilda de São Lucas de Leiden. Recebia muitas encomendas, o que o levou a viajar por toda a Holanda. No começo de sua carreira, suas paisagens apresentavam cenas folclóricas e cores fortes. Mas com tempo, elas foram ficando mais abstratas e mais suaves, com tons de cinza, verde e castanho. Ele pintava paisagens tanto imaginárias quanto observadas. Seus quadros eram quase sempre monocromáticos.

A cena simples, retratada pelo artista, acontece à beira das dunas, que se estendem à esquerda, ao longo do horizonte. Na parte direita da composição existe uma elevação do terreno, onde são vistas algumas árvores. Um pouco mais abaixo, elevam-se aos céus dois grossos carvalhos, meios desfolhados, visivelmente assolados pelo vento. São responsáveis por fazer o elo entre o céu e a terra. Para impedir que a composição ficasse desequilibrada com as duas gigantescas árvores, o pintor criou uma grande área de luminosidade abaixo delas.

Duas pequeninas figuras humanas conversam debaixo dos carvalhos. Uma está assentada, enquanto a outra encontra-se de pé. Uma terceira figura, presente na encosta, traz um saco às costas e caminha em direção contrária às outras duas. Elas se mostram diminutas diante do tamanho das duas árvores e da imensidão do céu, que ocupa praticamente três quartos da tela. Há matizes na luz e na atmosfera. Uma pequena ave cruza o céu, dividindo a tela ao meio, verticalmente. Diferetemente dos demais trabalhos do pintor, esta paisagem é a que apresenta maior contraste de cores. Eles dão nome à composião.

Ficha técnica
Ano: c. 1641
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 88,5 x 110,5 cm
Localização: Rijksmuseum, Amsterdam, Holanda

Fontes de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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