DEPRESSÃO E TERAPIA ROBINSON CRUSOÉ

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Autoria de Lu Dias Carvalho

 

Assim deduzi que conseguiria me sentir mais feliz na minha lamentável situação de desamparo do que possivelmente já me havia sentido em qualquer outro lugar do mundo… (Fala do personagem)

 Em seu livro “A Fórmula da Felicidade”  o biofísico alemão Stefan Klein fala sobre a terapia que permitiu que Robinson Crusoé, personagem do livro do mesmo nome, obra do escritor e jornalista inglês Daniel Defoe, conseguisse sobreviver numa ilha deserta, após a morte de seus colegas, durante o naufrágio de seu navio.

É claro que o herói da literatura inglesa inicialmente se viu em depressão, como qualquer outro ser humano, apanhado naquelas circunstâncias. Porém teve a noção de que, para sobreviver, teria que racionalizar a situação e escolher um caminho a seguir, caso não quisesse sucumbir à solidão e ao desespero. Munido de um lápis encontrado nos destroços do navio jogados à praia, ele  começou a listar as coisas ruins e as boas que lhe aconteceram em vez de ficar apenas lamentando o ocorrido:

1. encontrava-se numa ilha deserta, sem ter um só vislumbre de como dali se safar, mas, ao mesmo tempo, não havia se afogado, encontrava-se vivo;
2. era ruim estar ali sozinho, desprovido de qualquer contato humano, levando uma vida de extrema solidão, contudo ele fora escolhido em meio a toda a tripulação de seu navio para permanecer vivo;
3. não tinha roupas para usar, mas a região era quente e ele não precisava delas…

Após listar todas as suas condições negativas e positivas, Robinson Crusoé chegou à conclusão de que poderia sobreviver naquele lugar deserto, se assim o quisesse. Pôs mãos à obra para conseguir tudo o que lhe fosse possível e propiciasse-lhe a continuação de sua jovem vida.  Buscaria viver da melhor maneira possível. O personagem, portanto, foi salvo por analisar a situação em que se encontrava e por optar pelo caminho do otimismo. Sua escolha foi a de sobreviver em vez de morrer debilitado pela desesperança. Se cruzasse os braços, caindo na depressão, não ficaria vivo por muito tempo.

Segundo Stefan Klein, “O Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA destinou dez milhões de dólares para investigar o método de Robinson Crusoé, o que resultou em um dos maiores estudos da eficácia terapêutica já realizados, sendo denominado terapia comportamental cognitiva. O estudo durou seis anos e envolveu centenas de participantes, todos com depressões de gravidade média a alta. Sessenta por cento deles descartaram a depressão, o que correspondeu a um nível de eficácia tão alto quanto os obtidos com os tratamentos por medicação. Combinando remédios e terapia comportamental cognitiva, o percentual de cura aumentou e os riscos de recaída diminuíram.”

Stefan Klein também afirma que “O método bem mais dispendioso da psicanálise mostrou-se menos eficaz. Depois de longas e caras sessões no divã, apenas um em cada três pacientes com depressão apresentou melhoras”.

A terapia de Robinson Crusoé – na verdade não tem esse nome, mas o de terapia comportamental cognitiva – prova, segundo Klein, que muitas vezes o bom senso traz mais resultados efetivos do que construções de raciocínio elaboradas, como as do divã. Este tipo de terapia, extremamente fácil e de eficácia comprovada em que o objetivo é ajudar o indivíduo a mudar de perspectiva, pode ser usado por qualquer pessoa. Portanto, se você se encontra numa fase depressiva, que tal começar este processo agora?

Nota: Leia o artigo que complementa este:
DEPRESSÃO – USANDO A TERAPIA DE R. CRUSOÉ

Obs.: Recomendo a leitura do livro em questão.

Fonte de pesquisa:
A Fórmula da Felicidade – Stefan Klein – Editora Sextante

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4 comentaram em “DEPRESSÃO E TERAPIA ROBINSON CRUSOÉ

  1. Hernando Martins

    Lu

    Na vida nada se transforma se não houver atitude! É fundamental colocar nossas ideias em prática para que nosso pensamento seja revelado e materializado de forma que seja efetivo para resolver nossos problemas.A inércia impede que sejamos proativos para resolução dos problemas. Conflitos são inerentes à vida humana, pois viver é administrar conflitos.

    Para sair da depressão é necessário lutar contra todos os monstros que criamos no imaginário da psique, que nada mais é que ilusão que a mente cria quando está doente, tornando exclusivamente regida pela emoção e total ausência de razão.Quando as pessoas estão aprisionadas na escuridão, elas ficam frágeis e desanimadas para enfrentar a realidade que muitas vezes é dura e cruel.

    Sabemos que a depressão é uma doença da alma, biologicamente é a falta de substâncias hormonais que são responsáveis pelas conexões entre os neurônios promovendo estímulos cerebrais. Por algum motivo, as pessoas param de produzir esses neurotransmissores e há um curto circuito cerebral, levando a um blecaute psíquico.

    É vital que as pessoas acometidas por esse transtorno façam um esforço hercúleo para romper a barreira, ou seja, o escudo que as impede de alcançar a luz tão necessária para clarear a mente, permitindo um maior entendimento e fortalecimento psíquico,imprescindível para enfrentar as adversidades da vida.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      Quanto mais conhecimento tivermos sobre um determinado assunto, melhor será a nossa compreensão sobre o problema e a capacidade de resolvê-lo.

      Sempre digo aos meus leitores que conhecer o funcionamento de nossa mente (naquilo que nos é possível), transforma-se em poder no trato com ela. Quando você explicita que “nada se transforma se não houver atitude”, posso comprovar sua afirmação ao observar as pessoas que aqui chegam desesperadas por serem portadoras de doenças mentais. À medida que vão tomando conhecimento dos textos sobre o assunto, elas vão se fortalecendo. Sempre lhes digo que, além do conhecimento sobre o assunto, é preciso ser POP (paciente, otimista e persistente. É incrível a mudança que se opera!

      Abraços,

      Lu

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