Autoria de Lu Dias Carvalho
A estátua equestre do imperador romano Marco Aurélio, feita em bronze dourado, cuja data de criação é concebida como sendo 164–166 d.C., foi feita em tamanho maior que o natural do imperador em questão, sendo de autoria desconhecida.
Infelizmente esta é a única estátua de bronze completa deste tipo a conseguir chegar à Idade Média, sobrevivendo à Antiguidade, época em que foi criada. Isto porque, após a conversão de Roma ao cristianismo, essas obras eram tidas como pagãs e, portanto, contraditórias às leis de Deus, segundo a visão da época. A maior parte delas foi derretida e transformada em moedas, autorretratos ou bustos.
Um pequeno engano fez com que esta estátua escapasse de ser desmanchada. Pensava-se que a figura montada a cavalo fosse a de Constantino — primeiro imperador cristão. Somente na Idade Média é que o engano foi desfeito.
Marco Aurélio é retratado em toda a sua pompa e glória, não apenas como um grande líder militar, mas também como filósofo estoico, autor das “Meditações” — 12 livros que glorificam as virtudes da sabedoria, da coragem, da moderação e da justiça.
Detalhes na cabeça do imperador romano indicam o seu comportamento compassivo como filósofo estoico, sendo conhecido como uma pessoa que prezava o bem-estar do povo e esforçava-se para humanizar as leis penais. A ausência de uma arma a acompanhar sua figura mostra que ele era um homem pacífico.
O estilo clássico da barba diz respeito à força e à virilidade. O gesto feito com a mão direita tem ganhado diferentes interpretações ao longo do tempo:
- Sinal de clemência para com o inimigo vencido.
- Sinal de reconhecimento e bênçãos direcionado às multidões que o aclamavam.
- Um cumprimento a seu filho Cômodo que cavalgava a seu lado.
- Um sinal de vitória sobre os inimigos do Império.
O cavalo, maravilhosamente trabalhado, mostra a importância do imperador e a força militar do Império Romano. As formas arredondas e geométricas do animal transmitem uma impressão de imponência e força.
Obs.: Alguns historiadores da arte alegam que a pata dianteira levantada do cavalo ficava sobre o corpo esculpido de um inimigo bárbaro. Caso isso seja verdade, o gesto do imperador Marco Aurélio seria de clemência pelo inimigo derrotado. Uma réplica desta estátua encontra-se na Piazza del Campidoglio, Roma, Itália.
Ficha técnica
Dimensão: 3,50 de altura
Localização: Museu Capitolini, Roma, Itália.
Fonte de pesquisa
Tudo sobre a arte/ Editora Sextante
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Lu Dias Carvalho
Muito obrigada pelo texto bem escrito e pesquisas! Muito esclarecedor! Ainda bem que devem ter pensado que a estátua era do imperador Constantino! Isso pode ser um exemplo de como os radicalismos podem ser um mal ao longo da história. Que aprendamos a manter o bom senso!
Taeko
É um grande prazer contar com a sua presença neste espaço e com o seu importante comentário. O fanatismo só tem feito mal ao planeta através dos tempos, como vimos acontecer com a arte. O equilíbrio é o melhor guia. O Budismo prega o “caminho do meio” que nada mais é do que o equilíbrio.
Grande abraço,
Lu