A virgindade feminina sempre foi olhada com muito rigor, enquanto a masculina ninguém sabe, ninguém viu, ninguém dá notícias. O “pipiu” do macho não é da conta de ninguém. Diante da cultura machista é perda de tempo esperar que os ditos populares pendam para o gênero feminino. Um provérbio indiano afirma que “A castidade da jovem é seu dote”, enquanto um árabe apregoa que, “Se a tua filha vai à rua, assegura-te de que a honra se mantenha”. O macho não entra nesta história.
A honra de toda a família, nas mais diversas culturas, está depositada num fragmento de carne vermelha denominado hímen, que o Aurélio define como “prega formada pela membrana mucosa da vagina, cujo orifício externo oclui parcial ou totalmente, e que apresenta uma abertura de forma e diâmetro variáveis”. Jovens impúberes são dadas em casamento para que não venham a manchar o nome da família. Muitas vezes é tão exorbitante a diferença entre a idade da menina e a do marido que um provérbio russo zomba do casal: “A noiva nasceu e o marido já monta a cavalo.”.
O medo de que a filha possa perder a virgindade e até mesmo ficar prenhe, em determinadas culturas, leva os pais, muitas vezes, a entregá-las a qualquer pretendente. E sem falar no famigerado dote. Também há o temor de que fiquem solteironas, sendo mal vistas e sirvam de escárnio de todos. Quanto mais rapidamente a família se livrar das filhas, mais em paz poderá dormir, pois “As meninas são como cavalos: se não as oferece quando são jovens, perdem a sorte”, diz um provérbio italiano.
Como mercadorias “perecíveis” que são, as filhas devem deixar logo a casa dos pais, aconselhados pelo provérbio árabe: “Casa o teu filho quando quiseres e a tua filha quando puderes”. E um provérbio hebraico é imperativo: “Se a tua filha envelhece, liberta o teu escravo e casa-o com ela”, ratificado pelo indiano: “A menina com mais de 10 anos terá de casar-se com um pária, se preciso for”. Trocando em miúdos, a situação da menina e tão caótica que, se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. E tão grave que, até mesmo na casa dos pais, a virgindade da garota corre perigo, pois ali os ratos também podem fazer estrago. Motivo mais do que necessário para casá-la ainda criança.
As culturas cristãs e islâmicas, para piorar, ainda elevam a perda da virgindade à categoria de pecado: “A que peca em segredo, dá a luz em público”, pois “A virgem impaciente é mãe sem ser noiva”. Sendo que não vale a pena, pois “Cinco minutos de prazer, nove meses de desgraça”. Os pais precisam estar alertas para o fato de que “Antes mau dote do que má prenda”, ou seja, uma gravidez indesejada. Mesmo que a “pecadora” venha a se casar, isso não limpará a honra da família, já que “Um vestido bonito não tapa a vergonha”. Engraçado é que o famigerado “pecado” não diz respeito aos homens. E ainda há gente que acredita em…
Fontes de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel
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