Filme – BONNIE E CLYDE – UMA RAJADA DE BALAS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Eles eram jovens… eles se amavam… e assassinavam cidadãos.

E mais do que tudo, o filme é uma obra-prima de harmonização, na qual os atores e o cineasta estão todos sincronizados, transitando seguramente entre a comédia e a tragédia. Foi a primeira obra-prima que tive a oportunidade de assistir na minha profissão. (Roger Ebert)

O filme policial Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas (1967) conta de maneira romanceada a história real de Bonnie Parker e Clyde Barrow, um jovem casal de assaltantes de banco e assassinos que aterrorizaram os estados centrais dos Estados Unidos durante a Grande Depressão. Foi idealizado e produzido pelo ator Warren Beatty, sob a competente direção do cineasta Arthur Penn. O filme possui o mesmo tom e a independência de Jules e Jim – Uma mulher para dois de François Truffaut sobre amantes também condenados, sendo influenciado pela nouvelle vague francesa.

Na sua pré-estréia no Montreal Film Festival, Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas foi execrado pela crítica que via nele, além da violência, a glorificação de uma dupla de ladrões e assassinos. O chefão da Warner Bros odiou-o tanto, a ponto de relegá-lo a uma cadeia texana de drive-ins. Foi lançado em 1967 e, no outono do mesmo ano, retirado de circulação, arrasado pelos críticos, tendo tido apenas a crítica favorável de Roger Ebert (hoje reconhecidamente o maior crítico de cinema) que à época estava na profissão havia apenas seis meses. Ele comentou sabiamente:

O filme é um marco na história do cinema dos EUA, um trabalho honesto e fulgurante e, daqui a alguns anos, Bonnie & Clayde – Uma Rajada de Balas será, sem dúvida, reconhecido como o melhor filme da década de 1960.

Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas acabou sendo relançado e se transformou num dos maiores sucessos da Warner Bros, para surpresa de seu aturdido manda-chuva Jack Warner, recebendo dez indicações para o Oscar. Levou a estatueta de atriz coadjuvante (Estelle Parsons) e a de fotografia (Burnett Guffey). A vivacidade juvenil dos marginais agradou imensamente o público, que se deliciou com sua mensagem antissistema. Os críticos, que torceram o nariz para o filme, tiveram que mudar radicalmente de postura, tendo muito deles se desculpado publicamente. O filme, inclusive, ajudou a tirar os cinemas americanos do vermelho, tamanha foi a sua popularidade.

A história se passa no início dos anos 30, numa pequena cidade do interior do Texas. Começa com a garçonete Bonnie Parker (Faye Dunaway) visivelmente aborrecida ao ter que se preparar para mais um dia de trabalho. Ao chegar à janela de seu quarto, depara-se com um homem estranho que observa o carro de sua mãe de uma maneira duvidosa. Logo conclui que o moço está com a intenção de roubá-lo. Ao travar conversa com o desconhecido Clyde Barrow (Warren Beatty), esse lhe diz que acabara de sair da prisão por assalto. Bonnie então o desafia a provar que realmente era capaz de fazer um roubo. Imediatamente Clyde assalta uma mercearia, tendo os dois que saírem correndo do local. Na fuga, eles roubam um carro e dão vida ao casal de gângsteres Bonnie e Clyde. Tornam-se uma famosa dupla de fora-da-lei, consagrada pela imprensa como populares assaltantes de banco, quando os Estados Unidos eram atingidos pela Depressão. Mas, apesar da vida marginal do casal, fica visível o desejo de Bonnie de se casar com Clyde e viver perto de sua mãe já idosa, apesar das disfunções sexuais apresentadas por ele.

O diretor Arthur Penn além de apresentar um ritmo ágil e cenas sensacionais de ação, mistura no filme cenas que, de certo modo, traduzem um olhar cômico sobre os filmes de gângsteres, como as de tiroteios, com outras violentas nunca antes vistas no cinema, como quando Clyde alveja um homem dependurado no estribe do carro em que a gangue se encontrava. No filme também foram usados os squibs, novidade na época, que eram pequenas cargas explosivas, algumas vezes cheias de sacos de sangue artificial, camufladas sob a roupa dos atores, que demonstram o impacto dos tiros. O filme é famoso tanto por sua montagem acelerada quanto por suas rápidas mudanças do tom da narrativa, passando rapidamente do humor para a violência mais exacerbada.

O roteiro não segue com fidelidade a história real do casal de assassinos (à época foram celebrados como heróis populares), pois muitas passagens da vida deles ficaram fora da película, mas o impacto causado sobre a indústria norte-americana do cinema foi muito grande. Dele descendem Terra de Ninguém, Cinzas no Paraíso, Thelma & Louise, Drugstore Cowboy, Assassinos por Natureza, entre outros. Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas abriu caminho para o “renascimento de Hollywood” nos anos 70, abrindo caminho para obras-primas como O Poderoso Chefão e tantas outras. É considerado um dos mais importantes filmes da época, responsável pela mudança na linguagem cinematográfica de Hollywood na década seguinte.

Cenas imperdíveis:

• A fuga de um frentista de um posto de gasolina com a gangue que o assaltara.

• Bonnie atravessa uma plantação de trigo, tentando fugir de Clyde que corre atrás dela. No mesmo instante uma nuvem obscurece o céu, cobrindo-os de sombras.

• Clyde empresta a sua arma a um espoliado meeiro negro, para que esse possa furar a placa do banco que o despojara de suas terras.

• Bonnie envia para o jornal “A Balada de Bonnie e Clyde”.

• As cenas que em Bonnie pousa para fotografias.

• O comportamento de Blanche (Estelle Parsons) antes de entender o que se passava com o grupo.

• O comportamento desvairado de Blanche, quando os agentes cercam um dos esconderijos do grupo e ela corre pelo quintal aos berros.

• O acampamento Okie, onde fazendeiros desalojados, que tiveram suas terras tomadas pelos bancos, estão sendo aquecidos por fogueiras.

• O assalto ao banco em que tudo dá errado, em razão da estupidez de C.W. ao estacionar o carro.

• A surpresa de Clyde ao ser atacado, durante um assalto, pelo cutelo de um açougueiro e por um saco de farinha.

• A briga com um oficial da polícia montada, obrigado a tirar fotos com o casal.

• A revolta do pai de C.W, porque o filho havia feito uma tatuagem.

• O balé em câmara lenta mostrando a execução do casal.

Curiosidades:

• Os carros usados pela gangue foram alugados de um colecionador de veículos antigos, que pediu que os mesmos não fossem perfurados a tiros.

• Quando Clyde mostra seu revólver a Bonnie, ela o toca numa clara insinuação sexual.

• O volume das músicas aumenta durante os tiroteios.

• C.W. diz que sua estrela de cinema favorita é Myrna Loy que, na verdade, era a atriz favorita do fora-da-lei John Dellinger. Ele foi baleado na porta de um cinema em Chicago, depois de ter assistido a Vencido pela Lei, estrelado pela atriz.

• Na vida real, Blanche Barrow não saiu correndo do apartamento, gritando com uma espátula na mão. Ela ajudou Clyde a tirar uma das viaturas da polícia do caminho e entrou no carro de fuga na frente ao prédio.

• Durante um dos assaltos a banco, Buck Barrow pula por cima do caixa. Esse era um dos truques de John Dillinger, que teria se inspirado em Douglas Fairbanks em seus papéis de Zorro.

• A mãe de Bonnie foi escolhida entre o público que assistia à filmagem.

• Na vida real, Bonnie já era casada, mas se encontrava separada, ainda não legalmente.

• Na cena final, em que Bonnie é morta, a perna direita de Faye Dunaway foi amarrada ao câmbio do automóvel, para impedir que ela caísse do veículo.

Fontes de Pesquisa:
A Magia do Cinema/ Roger Ebert
Cinemateca Veja
1001 Filmes para…
Wikipédia

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