Filme – CANTANDO NA CHUVA

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

Rain

O número de dança “Singin’in the Rain” é o mais memorável desempenho de dança num filme. (Peter Wollen)

O número de dança de O’Connor, em “Make ‘Em Dance”, continua sendo uma das mais espantosas sequências já filmadas. (Roger Ebert)

Senhores e senhoras, segurem essa garota! É dela a voz que vocês acabaram de ouvir e que tanto amaram nesta noite. Ela é a verdadeira estrela deste filme – Kathy Selden. (Don Lockwood)

O filme Cantando na Chuva (1952), dirigido por Stanley Donen e com a coreografia supervisionada por Gene Kelly, é um clássicos dentre os musicais. É diferente por integrar as canções ao roteiro do filme, não interrompendo a narrativa para mostrá-los. É ambientalizado no ano de 1928, época em que o cinema falado, conhecido como os “talkies”, emergiu, deixando Hollywood baratinada, pondo um fim à produção de filmes mudos. Foi um filme feito sem grandes pretensões, sendo que apenas duas de suas canções foram criadas especialmente para ele, e seus cenários e acessórios foram retirados dos galpões, onde se armazenavam os cenários dos filmes, já produzidos, da companhia de filmagem MGM. Os principais artistas do elenco são Gene Kelly (Don Lockwood), Donald O’Connor (Cosmo Brown) Debbie Reynolds (Kathy Selden) e Jean Hagen (Lina Lamont).

A atuação dos quatro artistas citados é surpreendente. Os três bailarinos passaram por ensaios esmerados, antes de darem início à filmagem, resultando em números de dança arrebatadores. Chama a atenção o número em que Kelly dança todo molhado, embalado pela música “Singin’in the Rain”. O mesmo encantamento acontece com Donald O’Connor, ao se contorcer sob os acordes de “Make ‘Em Laugh”, fazendo piruetas incríveis, como se fosse um boneco de pano: dança com um boneco, dá cambalhotas, pula numa parede de tijolos e em apoios de madeira e transpassa parte do cenário. Outra parte muito interessante é aquela em que Kelly e O’Connor assistem aulas de dicção com um professor e dançam “Moses Supposes”, canção composta para o filme. E não podemos nos esquecer de “Good Morning”, quando o trio começa dançando na cozinha.

À época em que Cantando na Chuva foi feito, apenas Debbie Reynolds era uma novata, tendo atuado apenas em cinco filmes, fazendo papeis insignificantes. Gene Kelly e Donald O’Connor, além de serem dois grandes bailarinos, já eram conhecidos, assim como Jean Hagen. A determinação da garota, porém, colocou-a no mesmo patamar dos dois dançarinos. O filme transmite alegria do princípio ao fim. E, como acontece na imensa maioria dos musicais, o amor não poderia faltar. Kathy Selden e Don Lockwood apaixonam-se um pelo outro. Mas o mais importante no filme é mostrar a mudança pela qual a indústria do cinema teve que passar, na transição do cinema mudo para o falado, mostrando todos os problemas dos tempos iniciais: dificuldades na gravação do som com microfones ocultos nos mais inusitados lugares, a voz estridente de grandes mitos do cinema mudo, impossível de ser aceita no falado, como mostra Lina Lamont, vista na película como uma loira burra.

O filme inicia mostrando a estreia de “O Patife”, quando uma multidão de fãs aguarda a chegada dos astros, num frenesi total. A presença de Don Lockwood e Lina Lamont deixa o público histérico. Mas somente Don usa da palavra, enquanto Lina faz “caras e bocas”. Seu silêncio perdura na apresentação do filme, pois sua voz é insuportavelmente feia. Ela, até então uma grande artista do cinema mudo, fica chateada, pois é incapaz de perceber a má qualidade de sua dicção e voz. Quando a estreia acaba, Don, para fugir da multidão, acaba pulando de um ônibus dentro de um carro de uma garota – Kathy Selden. E aí que a relação entre os dois começa.

Os astros Don Lockwood e Lina Lamont estão trabalhando na filmagem do filme sonorizado “O Cavaleiro Duelante”. Ao testá-lo junto ao público, vê-se que é um fiasco total. Don e Lina estão em apuros, com a carreira ameaçada. Porém, Kathy, Don e Cosmo têm a ideia genial de transformá-lo num musical. Felizes com a ideia, o trio canta “Good Morning” e dança.

Apesar do tempo, Cantando na Chuva continua como o musical mais lembrado da história do cinema, com muitas de suas imagens sendo reproduzidas, tendo recebido inúmeras homenagens e sendo citado em várias produções posteriores. É simplesmente fantástico. Vale a pena conferir. “Que adorável sensação!”.

Curiosidades:
• Jean Hagen é quem dubla a sua própria voz, quando o filme mostra Debbie Reynolds dublando-a, enquanto canta.
Cantando na Chuva faz uma homenagem a Broadway, aos musicais…
• Ao se dar conta de que as canções eram antigas, a direção do filme optou por contextualizá-lo no passado.
• O filme faz inúmeras homenagens, lembrando que: havia realmente estrelas cuja voz tinha que ser dublada, pois não se adequavam ao cinema falado; o movimento de cabeça dos atores, ainda não adaptados aos microfones, fazia estragos; os diálogos e estreias com vozes não sincronizadas e estrelas que não aceitavam ser dubladas, etc.
• O salto de Don Lockwood para dentro do carro de Kathy Selden foi feito por um dublê – Russel Saunders.
• A atriz e dançarina Cyd Charisse recorda que Kelly agarrava-a com tanta força, durante os números musicais, que seu corpo ficava com hematomas.
• A chuva no filme é uma mistura de água com leite, a fim de sair visível na tela.
• Donald O’Connor passou uma semana no hospital recuperando-se, após o término do filme, pois a jornada chegava a 19 horas diárias.
Cantando na Chuva foi relembrado em filmes como “Quanto mais Quente Melhor”, Primavera para Hitler”, “Alien- O Oitava Passageiro”, “Laranja Mecânica”, “Intriga Internacional” e “Fama”, entre outros.

Fontes de pesquisa
A Magia do Cinema/ Roger Ebert
Folha Apresenta/ Coleção Folha

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *