Matisse – MULHER COM CHAPÉU

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Chap

A composição Mulher com Chapéu, obra do pintor francês Henri Matisse, foi exposta no primeiro Salão de Outono, em Paris. Embora tivesse sido aceita pelo júri que fazia a seleção das obras, foi motivo de grande deboche por parte do público e de alguns críticos, que escarneciam do pintor e de seu trabalho, tentando, inclusive, tentado arranhar a pintura, fato que deixou o artista, que à época tinha 35 anos, muito depressivo.

A obra Mulher com Chapéu tem como modelo a esposa de Matisse, Amélie, à época com 33 anos, uma morena com seu rosto comprido e boca grande. Na mão esquerda ela traz um leque. Trata-se de um quadro chamativo, típico de um retrato burguês, com a modelo usando um traje excessivo e um chapéu enorme e imponente. Ela se encontra com o corpo meio de perfil, mas traz o rosto voltado para o observador. É impossível distinguir as partes que a compõem, excetuando o rosto, pois as demais formas são diluídas numa profusão de cores berrantes, pintadas em forma de manchas. Seus olhos parecem tristes e indagativos.

Matisse, chateado com o comportamento desdenhoso do público e sua falta de educação, nunca mais voltou ao Salão, onde estava exposto seu quadro Mulher com Chapéu. Apenas a senhora Matisse ali ia, enquanto o artista permanecia angustiado e infeliz em casa.

A composição era estranha ao público, tanto pelo colorido quanto pela anatomia da mulher. Acabou sendo comprada pelos irmãos norte-americanos Gertrude e Leo Stein, que colecionavam obras de arte. Ao final, eles se tornaram muito amigos do casal Matisse. Acabaram também por ajudar o pintor, ao comprar dele um quadro tão criticado, contribuindo para elevar o preço de suas obras.

Conta-se que uma assistente da exposição, apontou para a mulher do quadro acima e, furiosa, falou a Matisse:

– Não existe uma mulher com o nariz amarelo!

Ao que o artista respondeu-lhe:

– Não é uma mulher, senhora. É um quadro!

Ficha técnica
Ano: 1905
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 80,6 x 59,7 cm
Localização: Coleção particular

Fontes de pesquisa
G. Stein – A autobiografia de Alice B. Toklas
Matisse/ Taschen
Matisse/ Abril Coleções
Matisse/ Coleção Folha

4 comentaram em “Matisse – MULHER COM CHAPÉU

  1. Edward

    LuDias

    Muitas vezes, o artista está mais adiantado que o seu tempo.
    Matisse adoeceu, porque não compreendeu que a sociedade, na época, não percebia que a pintura não era uma foto, mas sim, uma revelação dos sentimentos mais íntimos que habita a alma do artista. E inclusive não percebeu o belo que havia na sua obra. Hoje ela tem grande valor.

    Penso que o sucesso ou fracasso, seja do artista, seja do profissional, não podem ser medidos tão somente durante uma existência. Podem até chegar muito tempo depois, durante a sua vida ou até depois dela. Os fracassados de hoje podem ser o sucesso de amanhã. O sucesso de hoje pode ser considerado um fracasso no amanhã. O mundo não é imutável. Está em constante transformação e, por isso, não podemos nos impressionar com as críticas.

    É importante a consciência do que somos e do que estamos fazendo. Temos que ter humor para enfrentar as turbulências da vida. E isto, posso lhe dizer, entendi. Nada é imutável, reitero. Podemos até errar, mas os nossos equívocos, com o tempo, podem abrir as portas de outras observações e até descobertas importantes, como os experimentos de cientistas que um dia abrem as portas, v. gratia, para a cura de doença. Quantos livros somente foram achados depois da existência do autor?

    E falando em pintura, que tal Van Gogh, cujas telas não valiam nada ao tempo de sua vida, eram até insuficientes, conforme li, até para a sua sobrevivência. Porém, elas se tornaram fortunas para aqueles que as adquiriram.
    Garanto que Van Gogh, no momento da sua criação artística, estava feliz e exultante, mesmo sendo um doente mental, o que o levou inclusive ao suicídio. Foi um gênio da pintura que o mundo, durante a sua vida, desconheceu e nunca lhe deu importância. Hoje é um grande e extraordinário sucesso. Coisas da vida!

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Ed

      O artista não pode pautar seu trabalho apenas nos aplausos. Como bem diz, muitos estão bem além de sua época, e, por isso, são incompreendidos num determinado tempo, restando-lhes o reconhecimento da posteridade.

      É realmente triste ter conhecimento das agruras pelas quais passou Van Gogh, passando as mais primárias necessidades, e ver que colecionadores ganham hoje milhões de dólares com seu trabalho. Mas, como diz, são coisas da vida, e não há como remediar o passado.

      A maior riqueza do verdadeiro artista é o prazer advindo da execução de sua arte. Nada compra esse momento. Não me refiro àqueles que se vendem, em prol daquilo que é vendável num determinado momento, ainda que seja uma porcaria o que produz.

      O tempo é o responsável por fazer justiça. Unicamente ele.

      Grande abraço,

      Lu

      Responder
      1. Guilherme Miranda

        Lu

        Eu realmente nunca vi um matemático que não soubesse calcular, interpretar… Nunca vi um motorista que não soubesse dirigir. Nunca vi um músico que não soubesse tocar um instrumento. Nunca vi um eletricista que não faça um trabalho de instalação elétrica. Porém estou cansado de ver indivíduos serem chamados de pintores sem o ser. Gostaria de ver se um desses faria uma copia razoável de uma pintura de Almeida Junior, uma natureza morta de Pedro Alexandrino. Muitos fazem qualquer porcaria e depois os outros que se virem para justificar o que foi feito e, olha que tem gente que fica cinco horas falando, observando, analisando. É uma brincadeira! Os otários que nada entendem não querem parecer ignorantes, então olham e fazem cara de conteúdo. Basta dizer que muitos que são conhecidos na tv, como Jô Soares, se dizem pintor, fazem qualquer porcaria e são pintores. O sucesso está ligado muitas vezes ao dinheiro da família, colônia, etnia, oportunismo. Existem, sim, os que realmente são pintores e temos que admirar pelas cores, composição, etc.

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        1. LuDiasBH Autor do post

          Guilherme

          Você tem toda a razão. Vemos isso na música, onde filhos de cantores tentam pegar carona no talento dos pais. Veja meu texto neste site intitulado TALENTO OU OPORTUNISMO.

          Hoje virou lugar comum achar que tudo é arte. Qualquer um pode colocar um vaso sanitário sobre dois tijolos e dizer que é arte, mas a verdade é bem outra. O bom é que esses arremedos de artista não sobrevivem ao tempo, pois somente os grandes mestres perpetuam. A eles devemos a verdadeira magia da arte.

          Obrigada pelo seu comentário. Volte sempre!

          Abraços,

          Lu

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