Autoria de Lu Dias Carvalho
Roma foi o berço do Barroco. Era tida como o centro cultural do mundo civilizado. Ali chegavam artistas de todas as partes da Europa, participando das discussões, estudando os mestres do passado e buscando apreender todas as inovações artísticas. A cidade também oferecia o melhor lugar para observar a pintura nos países que se vinculavam ao catolicismo romano. Não era apenas os artistas estrangeiros que buscavam aquela cidade, mas também os artistas que viviam dentro da própria Itália.
Anthony van Dyck (1599-1641) foi discípulo e também ajudante de Peter Paul Rubens. Sendo 22 anos mais jovem do que seu mestre e muito dedicado, acabou alcançando toda a sua habilidade na representação da textura e superfície das figuras, contudo seus quadros muitas vezes não expressam o temperamento alegre de Rubens. Tornou-se o pintor da corte de Carlos I. Pintava seus personagens masculinos e femininos de uma forma muito vívida, do jeito como os via e também como era de seu gosto, muitas vezes pecando pela bajulação no que diz respeito à realeza. Suas mulheres eram gordas, pois em Flandres daquela época a esbelteza não se encontrava na moda.
Van Dyck, assim como seu mestre, vivia abarrotado de encomendas, principalmente de retratos, tendo que contar com a ajuda de assistentes que pintavam os trajes dos retratados, apresentados em manequins. Muitas vezes nem mesmo pintava toda a cabeça, o que não foi muito bom para a pintura dos retratos. Contudo, seus melhores retratos são admiráveis. Ele foi muito importante — mais do que qualquer outro artista — por sedimentar os ideais da nobreza e o garbo cavalheiresco. A sua obra intitulada Carlos I da Inglaterra (ilustração à esquerda) mostra o rei em toda a sua dignidade, acabando de desmontar de seu cavalo, imbuído de grande elegância, autoridade e cultura, patrono das artes e defensor do direito divino dos reis.
Diego Velázquez (1599-1660) era um jovem pintor quando Peter Paul Rubens encontrou-o na Espanha, trabalhando na corte de Filipe IV em Madri. Mesmo não tendo ido à Itália, já se sentia cativado com as descobertas e o estilo de Caravaggio — conhecido através de seus imitadores. Atendendo o conselho de Rubens, Velázquez conseguiu uma licença para ir a Roma estudar as obras dos grandes mestres. Voltou a Madri e depois fez uma segunda viagem à Itália. Assimilou o “naturalismo” do artista italiano e em sua arte entregou-se à observação imparcial da natureza, sem levar em conta as convenções.
Na corte de Filipe IV Velázquez tinha como principal trabalho pintar retratos do rei e de sua família, criando obras fascinantes. A sua obra denominada O Aguadeiro de Sevilha (ilustração à direita) é uma de suas primeiras criações. Embora se trate de uma pintura de gênero — tipo que os holandeses criaram para mostrar sua habilidade —, encontra-se muito próxima de Tomé, o Incrédulo, obra de Caravaggio. Apresenta um homem idoso e pobre, com uma bilha de barro, destacando-se o jogo de luz no copo de vidro. A sensação repassada pela obra, em que predominam os tons castanho, cinza e esverdeado, é a de que é possível poder tocar nos objetos. Deixando de lado o estilo de Caravaggio, após estudar a técnica de Rubens e Ticiano, passou a focar a natureza à sua maneira. As ilustrações das obras-primas desse genial pintor espanhol somente dão uma tênue noção do que elas realmente são.
O Professor E. H. Gombrich afirma em seu livro A História da Arte que “Ver e observar a natureza com olhos sempre novos, descobrir e deleitar-se nas harmonias sempre renovadas de cores e luzes passara a ser a tarefa essencial do pintor. E nesse novo e fervoroso empenho, os grandes mestres da Europa católica encontraram -se de pleno acordo com os pintores do outro lado da barreira política — os artistas dos Países Baixos Protestantes.
Exercício
1. Quem foi Anthony van Dyck?
2. Quem foi Diego Velázquez?
3. Onde trabalharam esses dois artistas?
Fonte de pesquisa
História da Arte/ E. H. Gombrich
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Lu
A ciência se faz em um eterno caminho de buscas, reconstruções, através dos mais diferentes legados de árduas pesquisas. Na arte, ainda que de forma mais criativa, o caminho não é tão diferente, como demonstra os seguidores dos grande mestres da pintura.
Antônio
É interessante notar, ao estudarmos a História da Arte, como o homem vai adicionando conhecimentos através dos tempos. Vemos isso em todos os campos da pesquisa humana.
Abraços,
Lu
Lu,
Bonitas obras de Van Dyck e Diego Velázquez. Na minha maneira de ver, os alunos não conseguiram superar o mestre Peter Paul Rubens. Quanto à obra O Aguadeiro de Sevilha, chamou minha atenção a transparência dos pingos de água que escorrem na bilha de barro e as corres utilizadas para destacar sua textura. E por falar em água, a tendência de alguns serviços públicos brasileiros é tratar esse bem vital para a vida como negócio. Como as populações de menor poder aquisitivo irão sobreviver dentro dessa onda de privatizar tudo, proposta por alguns governantes.
Adevaldo
A partir da próxima aula passaremos a estudar obras desses dois magistrais pintores, como “O Aguadeiro de Sevilha” e “As Meninas”. Quanto à privatização da água, isto é realmente preocupante, pois o ônus recairá sobre a população pobre, como sempre. Onde iremos parar com tanta maldade? Pobre país! Pobre povo!
Abraços,
Lu
Lu
Não podemos deixar de ressaltar a importância de Roma, cidade italiana, como celeiro da arte medieval e sua importância na trajetória de vários mestres da arte como um todo.
De acordo com o texto é interessante observar que Van Dick espelhou se em Rubens para desenvolver sua arte com muita maestria. Enquanto Velásquez se inspirou no grande artista barroco que foi o Caravaggio. Lembrando que tanto Van Dick quanto Velásquez basearam suas obras nos grandes mestres citados acima, mas vale ressaltar que tiveram suas marcas pessoais, ou seja, suas peculiaridades. São características do artista que mesmo se baseando num mestre, é capaz de deixar a sua alma materializada em obras de arte com originalidade própria.
Hernando
Os grandes mestres além de deixarem obras memoráveis para a posteridade, ainda deixam numerosos seguidores, capazes de estender o trabalho desses artífices ao longo dos tempos. Tanto Caravaggio quanto Rubens tiveram um sem conta de artistas que se apaixonaram pelo estilo desses, levando-o adiante, como foi o caso de Van Dick quanto Velásquez. Estudaremos a seguir obras de ambos.
Abraços,
Lu