COMO A DEPRESSÃO ACONTECE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A depressão (além da genética) consiste na convergência de uma ou mais das seguintes situações: a maneira de entender e lidar com a vida; algum(s) acontecimento(s) doloroso(s) ou mais intenso(s); dor crônica; uso continuo de certo tipo de medicamentos e doenças como hipotireoidismo. (Bayard Galvão)

 O transtorno de depressão, visto por uma questão neurológica e neuropsicológica, pode ser definido como um desequilíbrio de alguns neurotransmissores e de outras partes que compõem o sistema nervoso central. (Fábio Roesler)

A depressão, ao contrário do que os ignorantes no assunto imaginam, não se trata de “chilique” ou “frescura”, pois ela é tão complexa quanto tudo que diz respeito à área da mente e do cérebro, terreno ainda pouco conhecido pela Ciência. As causas de tal transtorno ainda não foram definidas, mas já existe um consenso entre os estudiosos do assunto de que a predisposição genética pode ser uma delas. As demais estão ligadas a outros possíveis fatores. O que leva ao entendimento de que a depressão tanto pode resultar de único fator assim como da convergência de muitos outros.

Segundo a psicanalista Cristiane Vilaça “Pessoas que passam por situações de estresse prolongado ou que estão sujeitas a situações de tensão constante e violência são as mais propensas a enfrentar este transtorno”. E o psicólogo Bayard Galvão acrescenta que a depressão também pode estar ligada ao excesso de acontecimentos negativos, como demissão, desemprego, falta de dinheiro, solidão e relações afetivas ruins, etc. Ele exemplifica: “Imaginemos que cada pessoa tem uma mochila que carrega todos os dias e que os problemas da vida não resolvidos são tijolos que vão sendo colocados dentro dela. Uns aguentarão 10 tijolos, outros 50, mas todos têm seus limites. Aí, um dia, ao colocar mais um tijolo, a pessoa cai exausta, dizendo: ‘foi pesado o último tijolo’, quando na realidade, foi apenas a gota d’água’.”.

Cérebro e Depressão

O sistema nervoso é o responsável por governar todas as atividades de nosso corpo, funcionando como uma central de comando, logo, não causa estranheza a sua relação com o transtorno depressivo. A microestrutura do cérebro é formada pelos neurônios. Os estudiosos do assunto, portanto, alegam que certos fatores neurológicos são responsáveis por fazer com que esta central entre em pane e a depressão ganhe vida.

O modo como os neurônios funcionam tem tudo a ver com o desenvolvimento do transtorno depressivo. Segundo a neurologista Vanessa Muller: “Estima-se que existam mais de 200 bilhões dessas células somente em um cérebro, utilizadas para processar todas as informações, sejam elas motoras, sensitivas, cognitivas ou psíquicas, portanto, para vermos, cheirarmos, sentirmos, tocarmos, andarmos, tomarmos decisão, memorizarmos, ficarmos tristes, felizes, com fome, com sede, com sono, enfim, precisamos das informações compartilhadas entre esses neurônios através de sinapses. Quando ela é química, dá-se através de neurotransmissores como dopamina, serotonina, norepinefrina, acetilcolina, d?entre outros”.

O sistema nervoso age com uma central que comanda todas as atividades corporais, portanto, está intimamente relacionado com a depressão. Além dos fatores genéticos e situações de perda, violência e grandes decepções, certos fatores neurológicos contribuem para que a depressão se instale.

Segundo o neurocientista Aristides Brito “A serotonina facilita as ligações neuronais e é ela que, por exemplo, deixa a pessoa saudável para reagir diante das situações adversas, o que ajuda ? e muito ? a evitar a depressão”. Ainda segundo Brito “A depressão é muito mais de que as mudanças químicas no cérebro já que se relaciona com as emoções ? e essas são afetadas pelo meio ambiente, principalmente nos dias de hoje, com tanta pressão na vida moderna”.

A revista especializada “Scientific American” divulgou um estudo feito por meio de imagens extraídas por eletroencefalografia e ressonância magnética das atividades cerebrais de um grupo de pessoas depressivas. O resultado foi comparado ao de outro grupo não portador do transtorno. O que se detectou é que, nos depressivos, as regiões cerebrais ligadas a pensamentos, humor e atenção possuíam uma enormidade de estímulos trocados (superconectados). Essa pane no nosso sistema cerebral é resultante de uma falha na neurotransmissão. Assim, o desequilíbrio bioquímico nesses neurotransmissores pode desencadear inúmeras consequências, como irritabilidade, impulsividade, baixa energia e… depressão.

Fonte de pesquisa
Revista Segredos da Mente, Cérebro e Meditação – nº 1

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Veronese – A DESCOBERTA DE MOISÉS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada A Descoberta de Moisés e também Moisés Salvo das Águas ou ainda Descoberta do Jovem Moisés é uma obra-prima do pintor maneirista italiano Paolo Veronese. Ela já mostra a opção do artista pelo uso da sombra. O crepúsculo que começa a aparecer em suas pinturas coincide com o ocaso de sua própria vida. Ele passa a trabalhar de uma nova maneira na distribuição de luz e sombra, mas, ainda que a claridade diminua, a qualidade de seu trabalho permanece imutável. Existem muitas versões desta obra, contudo, somente duas são tidas como autênticas: esta, pertencente à Galeria Nacional de Washington, nos EUA, e a do Museu do Prado, na Espanha. Ambas são praticamente idênticas.

A pintura refere-se a uma passagem bíblica, expressa no Antigo Testamento. A cena mostra o bebê Moisés, salvo das águas por uma jovem mulher que o entrega a uma criada idosa com um pano para enrolá-lo. A seu lado está a filha do faraó, ricamente vestida, segundo a moda veneziana da época do Renascimento, acompanhada de suas damas que contemplam a criança com curiosidade. O grupo, banhado pela luz crepuscular, encontra-se em uma das margens do rio Nilo. O movimento das figuras está em perfeita harmonia com a paisagem. Do outro lado da ponte vê-se uma cidade egípcia imaginária.

À direita e à esquerda, em suas extremidades inferiores, o quadro apresenta dois criados vestidos de vermelho.  O da direita é um anão que leva consigo um instrumento musical. O da esquerda é um pajem negro com uma cesta. À esquerda, em segundo plano, duas moças parecem preparar-se para um banho no rio. A composição é inteligentemente estruturada. Suas cores de belíssima gradação são suaves e bem distribuídas. As duas árvores em formato de V repetem a mesma posição da velha e da filha do faraó. A margem inclina-se para o rio, à esquerda, como mostram as duas mulheres que se encontram um pouco mais distantes.

A cena acontece em meio a tons crepusculares, inerentes ao pôr do sol, com a luz banhando a paisagem veneziana ao fundo. Nota-se uma grande harmonia entre as figuras e a paisagem. O efeito atmosférico crepuscular contribui para suavizar os contornos das figuras, como podemos observar nas jovens que se banham ou na garota entre a senhora idosa e a filha do faraó.

Ficha técnica
Ano: c.1575/1580
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 58 x 44,5 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Veronese/ Abril Cultural
Renascimento/ Edit. Taschen
1000 obras primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.artehistoria.com/v2/obras/1007.htm

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O QUE É A DEPRESSÃO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

No fundo, todas as depressões comunicam que o sujeito experimenta uma ausência de sentido para aquele momento da vida e uma dificuldade de sustentar seu desejo. (Valéria Lopes da Silva)

As pessoas ao redor de um deprimido precisam se sensibilizar e procurar tirá-lo desse poço. Uma atitude afetuosa simples tem um bom efeito num ser humano. (Juliana Bárany)

Ainda hoje é possível encontrar pessoas desinformadas que negam que a depressão seja uma doença. Isto porque veem cérebro como uma parte alheia ao corpo, pelo fato de este estar correlacionado com a mente. Tais indivíduos acreditam que: a insuficiência renal está ligada ao mau funcionamento dos rins, a cirrose hepática destrói o fígado,  as arritmias têm a ver com alterações no batimento do coração, o glaucoma é uma doença da visão, etc., mas não aceitam que os transtornos mentais tenham a ver com o mau funcionamento do cérebro, como se este fosse uma unidade isolada, um poderoso órgão que jamais adoece. Ledo engano! O mais ridículo é quando dizem que é falta de fé em Deus, como se o depressivo estivesse sendo castigado. A fé (seja ela qual for) é importante no tratamento de toda e qualquer doença, inclusive em relação às mentais.

A depressão é um sério transtorno mental que necessita de ajuda especializada, ao contrário do que muitos imaginam. O nosso país ainda necessita veicular na mídia maiores informações sobre esta doença que aumenta dia a dia, para que se possa compreender melhor o real risco que traz ao doente. A desinformação é ainda tamanha que um documento do Ministério da Saúde (2009) mostra que a depressão é vista por muitas pessoas como: fraqueza de caráter (frescura, fricote, bobagem, chilique); consequência do envelhecimento; sua cura encontra-se apenas na força de vontade; o estresse e a depressão são a mesma coisa, etc. Ainda assim, as informações continuam insuficientes, retardando o diagnóstico e o tratamento.

Caracteriza-se este transtorno por um quadro psicopatológico em que há a presença de humor triste, vazio e que afeta significativamente a capacidade funcional do indivíduo. Segundo a professora de psicologia Valéria Lopes da Silva “Encontra-se nos quadros depressivos uma dificuldade de atribuir sentido à vida ou de dar novos significados às experiências”, ou seja, a pessoa depressiva sente dificuldades para se conectar com a vida nos seus mais diferentes aspectos, como se não fizesse parte do mundo em que vive. Quando em sua fase aguda, esta doença simplesmente coloca o indivíduo de escanteio, como se fosse um mero espectador dos acontecimentos (mas sem demonstrar interesse algum por eles) em vez de sujeito de sua própria existência no mundo. E tudo isso com um elevado grau de sofrimento, pois ele se recusa a sentir-se assim, além dos problemas físicos que o acometem.

Um alerta em todo o mundo tem sido feito aos profissionais da saúde ao lidar com os sintomas depressivos. Esses não podem ser vistos como algo passageiro ou sem crédito. Devem ser olhados com seriedade, pois a depressão precisa de tratamento. Segundo os estudos feitos até agora, o melhor tratamento para este transtorno é a combinação de psicoterapia com medicação. No que tange às psicoterapias é bom que o psiquiatra oriente o seu paciente para a linha que ele deve buscar, pois, além de existirem muitas, as diferenças são significativas.

A depressão pode trazer em seu bojo outros transtornos. Os tipos mais comuns são: transtorno bipolar, distimia, depressão pós parto, depressão psicótica e depressão sazonal.

No transtorno bipolar, a pessoa passa por estágios de depressão e mania, diferentemente do que alguns  julgam ser uma acentuada alternância entre alegria e tristeza. No estágio da mania, ela apresenta momentos de extrema euforia, falta de concentração e possibilidades de alucinação, enquanto na fase depressiva mostra falta de esperança, isolamento e perda da vitalidade, sem nenhum apreço pela vida.

A distimia é uma depressão mais branda. A pessoa, embora trabalhe, saia com os amigos e aparente uma vida normal, sente-se triste e vazia, com certa indiferença pelos acontecimentos em derredor e pessimista em relação à vida.

A depressão pós-parto é um mistura de sentimentos que a mulher, após ganhar seu bebê, passa a enfrentar: baixa autoestima, angústia, medo e frustração.

A depressão psicótica envolve sintomas psicóticos, descritos pela psicanalista Beatriz Breves como “alucinações”: escuta de vozes ameaçadoras, delírios e a interpretação incoerente da realidade, como por exemplo: achar que está sendo perseguida por alguém. Entre outros sintomas, a pessoa apresenta disfunção cognitiva, incapacidade de sentir prazer e perda do interesse pelas coisas.

A depressão sazonal (ou depressão de inverno) é bem mais comum em países com invernos rigorosos. Com a chegada de tal estação, a pessoa sente-se triste, passa a comer e a dormir mais do que o comum, perde a motivação, apresenta um quadro de irritabilidade, cansaço e acaba se isolando das pessoas.

É errôneo imaginar que a depressão apresenta apenas sintomas psicológicos. Embora a sensação contínua de tristeza seja sua principal manifestação, os problemas físicos também fazem parte do pacote. Eles se encontram interligados, afetando o organismo como um todo. Entre os problemas de saúde que tal síndrome pode desencadear estão:

  • profunda tristeza;
  • baixa autoestima;
  • isolamento social;
  • perda de vigor físico e mental;
  • distúrbios do sono (insônia ou sono excessivo);
  • apetite alterado (falta ou excesso);
  • sistema imunológico fragilizado;
  • dores pelo corpo (como as de cabeça, lombar e muscular);
  • pensamentos suicidas (segunda Organização Mundial de Saúde, a cada 100 pessoas com depressão 15 tentam suicídio);
  • desconfortos intestinais (90% da serotonina do corpo é produzida na região gastrointestinal, sua queda tem efeito direto no funcionamento do órgão e pode levar à síndrome do intestino irritável), etc.

Obs.: Ver a “Escala de Zung para autoavaliar a depressão”:
https://pastormarcelosantos.files.wordpress.com/2014/03/depressao-questionariodiagnostico.

Nota: A Noite Estrelada, obra de Vincent van Gogh

Fonte de pesquisa
Revista Segredos da Mente, Cérebro e Meditação – nº 1

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Ticiano – VÊNUS COM UM ESPELHO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Vênus com um Espelho é uma obra do grande mestre italiano Ticiano Vecellio. O artista pintou várias telas com esta mesma temática, muitas delas com a ajuda de seus assistentes. Presume-se que esta seja a primeira delas e também a mais original e a mais popular, além de ter sido feita unicamente pelo pintor. O fato de ter sido vendida por seu filho e herdeiro Pomponio Vecellio — cinco anos após a morte do pai — faz crer que o artista era muito apegado a ela, pois permaneceu em sua oficina por mais de 20 anos. É provável que também servisse de modelo e inspiração para outras obras.

Vênus, a deusa do amor — cuja pose parece copiada de uma estátua clássica — tem cabelos dourados, pele clara e bochechas rosada, lábios vermelhos e sobrancelhas finas e arqueadas. Ela se encontra sentada em sua cama, semi coberta por um manto de veludo carmesim, orlado de pele bordada em ouro que, juntamente com o uso inteligente da luz, criam uma atmosfera de grande sensualidade. Sua mão direita descansa em seu colo, enquanto a esquerda apoia-se acima do peito. A sensual e opulenta deusa, adornada com belas joias, parece, através de sua imagem refletida no espelho, voltar sua atenção para fora do quadro, como se se mirasse o observador que a fita.  Por trás dela desdobra-se uma pesada cortina de seda.

Um Cupido e um querubim estão presentes na cena. O Cupido, com sua asa iridescente, segura um espelho retangular, aparentemente pesado, como mostra o gestual de seu corpo voltado para Vênus e que ali se reflete. O querubim, postado atrás do espelho, tenta coroar a deusa com uma guirlanda de flores, apoiando sua mãozinha esquerda no braço dela. Aos pés de Cupido está sua aljava vermelha cheia de setas.

Ficha técnica
Ano: c.1555
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 125 x 106 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/highlights/highlight41.html
https://ilsassonellostagno.wordpress.com/2014/11/18/tiziano-e-la-sua-venere-allo-specchio/

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ADOLESCÊNCIA E TRANSTORNO DE ANSIEDADE

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Autoria de Lucas Alves Assunção

Conheci este site quando estava procurando por informações sobre o oxalato de escitalopram que estou tomando e me identifiquei muito com as histórias e os comentários de todos aqui. Fiquei na dúvida se deveria ou não compartilhar minha experiência com vocês também, até que resolvi falar um pouco, pois talvez ajude alguém passando pelas mesmas situações.

Tenho 19 anos e acho que tenho ansiedade desde criança, pois me lembro de sentir muito medo, sem ataques de pânico naquela época, apenas medo. Achava normal, ainda mais depois que cresci, afinal, qual criança não sente medo? Até que quando tinha uns 13/14 anos tive meu primeiro ataque de pânico. Foi tão ruim que a única coisa que consegui fazer depois foi me deitar e dormir, pois não sabia o que estava sentindo, tudo era estranho para mim. Pouco tempo depois comecei a ter ataques de pânico regularmente, não entendia ainda o que tudo aquilo era, nem sabia o que era “ansiedade” e muito menos “um ataque de pânico”.

Fui diagnosticado com o transtorno de ansiedade. Por incrível que pareça, busquei ajuda médica achando que estava com câncer por causa das paranoias da ansiedade. Logo após, marquei consulta com um psicólogo. Fui duas vezes às consultas e pulei fora, achei uma coisa bem inútil. Não acho que falar da minha vida pra alguém ajude em alguma coisa, pra mim, no final das contas, não tenho nenhum trauma ou algo do tipo. Aprendi a controlar minha ansiedade aos poucos. Isso durou uns 3/4 anos e, quando tinha 17 anos, pararam completamente os ataques. Aprendi a controlar perfeitamente, tão bem que até conseguia me forçar a ter um ataque de pânico, caso quisesse, por mais que isso pareça loucura ou estupidez, mas, enfim, fiquei sem sentir nada de ansiedade até final do ano passado.

No último Natal eu, por estupidez própria, resolvi experimentar maconha. Estava sentindo tédio e achei que seria algo como ficar bêbado, ou sei lá. Tive um ataque de pânico instantâneo após usar a droga. Achei que era tudo efeito da maconha, pois depois do ataque vieram os efeitos dela mesmo (desculpe eu estar citando drogas aqui, mas para contar toda a história tenho que falar disso). Achei que nada mais aconteceria depois que o efeito passou, até que começou tudo de novo. Ataques de pânico fortíssimos, não conseguia comer, sentia o mesmo nó na garganta de quando tinha 14 anos, até que resolvi buscar ajuda médica.

Fui a uma psiquiatra que me receitou citalopram e alprazolam de 4 em 4 horas. Tive muitos efeitos colaterais com o citalopram. Tive o ataque de pânico mais forte da minha vida que durou das duas da tarde às 11 horas da noite. Comecei a sentir uma pressão na cabeça que virou uma dor fortíssima, parecia que minha cabeça iria explodir. Cheguei ao pico de tudo, eu acho. Não sabia que poderia durar tanto tempo, o medo de ficar louco, medo da morte, medo do medo. Foi insano, até que voltei à psiquiatra, contei a ela sobre o ataque e os efeitos e ela me passou o escitalopram no lugar do citalopram.

Desde que mudei a medicação, eu me sinto muito melhor, contando os dois remédios tomados, faz 14 dias que estou sob a medicação (cinco dias com o escitalopram). Não tive mais ataque de pânico e minha ansiedade quase que sumiu. Ainda sinto um pouco daquela pressão na cabeça, mas bem mais fraca, passa quando eu coloco gelo. Obviamente não disse à psiquiatra sobre o uso da droga (que não usarei novamente), não acho que é algo cabível de ser dito, pois sei que, no fundo, foi culpa minha tudo isso estar acontecendo, mas todos nós cometemos erros, o negócio é se aprendemos com eles ou não.

Eu sou um músico. Na verdade não me considero músico, eu mesmo e a própria ansiedade também me fazem buscar uma perfeição extrema quanto a isso. Eu vivo minha vida pela música, larguei tudo para estudá-la e tocá-la. Também escrevo, assim como você em seu blog, Lu, por isso, também me identifiquei com você. Não me considero um escritor também. Muitas pessoas já leram coisas que escrevi e todas dizem que tenho talento, mas eu sempre continuo na minha própria busca pela perfeição que eu sei que não existe, mas quem sabe um dia eu chegue lá. Assim é que eu me sinto feliz, vivendo por um único objetivo. Ironicamente eu escrevo sem nunca ter lido um livro em toda a minha vida. Acho que a vida em si é um livro em branco que aprendemos a ler e escrever ao mesmo tempo, sendo ele o mais importante.

Ainda tenho um pouco de medo de estar ficando louco e de morrer, mas deve ser por causa da medicação estar no começo, pois sei que causa esse efeito. Até brinco dizendo que tenho o melhor ofício para ser louco… ser guitarrista! Loucura faz parte do contrato, não que eu ache que o que eu faço é um trabalho, pois a arte vale muito mais que o ouro. Meu desejo é que as pessoas me escutem e possam se sentir felizes, nem que seja apenas por um breve momento.

Acho que já escrevi demais! Deixo aqui meu relato, espero que ajude alguém e não cometam o mesmo erro que eu, que, para dizer a verdade, não me arrependo de tê-lo cometido, mas não o faria de novo.

Nota: Guitarra e Violino, obra de Leonid Afremov

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Perugino e Pinturicchio – CIRCUNCISÃO DO FILHO DE MOISÉS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Os pintores italianos Pietro Perugino e Pinturricchio são responsáveis pela criação do afresco Circuncisão do Filho de Moisés, que faz parte da ornamentação da Capela Sistina, em Roma, Itália, cujo objetivo era fazer um paralelo entre a vida do profeta Moisés (Antigo Testamento) e a de Jesus Cristo (Segundo Testamento). Presume-se que Pinturicchio tenha sido o responsável pela paisagem e cenas menores.

No primeiro plano da obra encontra-se a família de Moisés que parte em direção ao Egito. O grande líder de Israel nesta pintura, como nos demais afrescos da Capela Sistina, veste uma túnica amarela e um manto verde. Um anjo com vestes brancas, postado no centro da composição, de costas para o observador, divide a cena em duas:

  • à esquerda, com seu cajado escorado no chão, Moisés recebe o pedido do anjo para que faça a circuncisão de seu filho Eliezer, como sinal da aliança entre Javé e os israelitas;
  • à direita, com o cajado escorado em seu ombro direito, Moisés acompanha a circuncisão do filho.

Em segundo plano, mais ao fundo, na parte central da obra, Moisés e sua esposa Zípora despedem-se de Jetro (sogro do profeta) e de seu povo antes de partirem. Mais acima, na colina, dois pastores dançam acompanhados por um homem que toca gaita de foles. Três outros, escorando-se nos cajados, observam a cena. Talvez os pastores dançando sejam uma alusão a Moisés que também fora pastor, tendo trabalho a serviço de seu sogro.

Uma maravilhosa paisagem serve de cenário, num perfeito equilíbrio e simetria com os dois grupos em primeiro plano. Muitas árvores espalham-se pelo local, incluindo uma palmeira que representa o sacrifício cristão. Também são vistos inúmeros animais: aves, cães, ovelhas, burros e dois camelos. Dentre as aves que esvoaçam pelo céu, vê-se um acasalamento em pleno voo, numa alusão à renovação dos ciclos da natureza. Três formações rochosas são vistas no centro, à esquerda e à direita. Bem distante, ao fundo, descortinam-se montanhas azuladas, dentre as quais é possível ver as edificações de uma cidade.

Ficha técnica
Ano: 1481/1482
Técnica: afresco
Dimensões: 350 x 572 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirado
http://www.wga.hu/html_m/p/perugino/sistina/egypt.html

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