Trechos de O CRISTO PANTOCRATOR

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Autoria de Wilma Steagall De Tommaso

1. Os artistas ocidentais (…) foram progressivamente privilegiando uma outra imagem: o rosto humano de Cristo, a figura carnal do Filho, Homem entre os homens. Assim se rompeu o difícil equilíbrio alcançado pelos bizantinos para revelar simultaneamente a miraculosa presença das duas naturezas, nem diferentes, nem confusas: Deus e Homem. A representação da humanidade de Jesus dá maior ênfase à sua natureza Divina na sua natureza Humana. Pintores, mosaicistas, escultores, na hora de afirmar, por meio de sua arte, que Deus se humilhou e se revestiu com a condição humana, passaram a representar sua Pessoa segundo uma realidade sempre mais próxima. Preferiram a imagem do Servo Sofredor pregado na cruz à glória do Soberano vitorioso. Nos cânones iconográficos bizantinos, a crucifixão não demonstrava uma situação final, mas sublinhava o estado real, porém transitório, que representava a morte de Cristo. De modo contrário, na Itália, ao final do século XIII e depois também no XIV, a cena do Gólgota se destacou, tornando-se a imagem mais importante através da qual se vê e se reconhece o Cristo. (…) A importância do Servo Sofredor de Isaías foi aumentando no Ocidente, junto ao Humanismo e o movimento Renascentista italiano, fato este que contribuiu para que a imagem do Crucificado se impusesse à do Majestas Domini. Foi o excesso de devocionismo que deu espaço para que aos poucos a arte sacra do Ocidente se tornasse cada vez mais subjetiva. A devoção aos santos vai tomando o lugar do Senhorio do Cristo. [pp. 105-110]

2. Não há um consenso entre os teóricos sobre a diferenciação entre arte sacra e arte religiosa, imagem de culto e imagem de devoção. Para um historiador, a imagem de culto pressupõe um estágio anterior de cultura, uma etapa primitiva, na qual não existia o indivíduo, e sim a consciência de comunidade, que era mais forte. (…) A arte sacra está ligada a imagens de culto, enquanto a arte religiosa está ligada a imagens de devoção. A imagem de devoção nasce da vida interior do indivíduo crente e, embora se refira a Deus, o faz com conteúdo humano. A imagem de culto dirige-se à transcendência, enquanto a imagem de devoção surge da imanência. Na imagem de culto, Deus se manifesta e o homem emudece, contempla, reza. (…) Uma imagem de culto não quer ser Cristo ou representar Cristo, mas quer representar o Mistério, a liturgia, o símbolo. (…) Há estudiosos da arte sacra que são críticos frente às considerações e os conceitos da história da arte e vice-versa. Os historiadores de arte, que aplicam o termo “arte sagrada” para designar toda e qualquer obra de tema religioso, esquecem-se de que a arte é essencialmente forma. Para que uma arte possa ser propriamente qualificada de “sagrada” não basta que seus temas derivem de uma verdade espiritual. É necessário, também, que sua linguagem formal testemunhe e manifeste essa origem. [pp. 163, 164]

3. De maneira geral, as expressões “arte sacra” e “arte religiosa” são usadas como sinônimas para classificar ou catalogar obras de cunho cristão. Mas, para a Igreja Católica, há duas vertentes: a arte sacra tem um destino litúrgico, é destinada ao culto, enquanto a arte religiosa, mais ligada ao subjetivo, reflete a vida religiosa do artista, é devocional. “A arte sacra é toda a arte realizada para o culto sagrado como meio para levar os homens até Deus.” Na concepção de Cláudio Pastro, a verdadeira arte sacra é de natureza não sentimental ou psicológica, mas ontológica e cosmológica; ultrapassa o pensamento do artista, seus sentimentos, suas fantasias, é a tradução de uma realidade que vai além dos limites da individualidade humana; é um veículo do Espírito que serve ao humano e não do humano que serve ao Espírito. [p. 215]

Informações sobre o livro:
Título: O Cristo Pantocrator: Da origem às igrejas no Brasil, na obra de Cláudio Pastr
Autor: Wilma Steagall De Tommaso
Prefácio: Luiz Felipe Pondé
Apresentação: Pe. Valeriano dos Santos Costa
Editora: Paulus

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Hans Baldung – O NASCIMENTO DE CRISTO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição O Nascimento de Cristo, também conhecido como A Natividade, é uma obra do pintor alemão Hans Baldung Grien. Em sua pintura, ele representa o tradicional episódio sobre o nascimento de Jesus, em que a cena concentra-se na parte exterior do estábulo. A Família Sagrada ocupa o extremo direito da tela, deixando metade igual para o estábulo, onde se encontram o boi e o burrinho, em maior escala, à esquerda, vistos num local mais alto. A coluna escura, centrada no meio da tela, serve de divisão para os dois cenários, postados um de frente para o outro.

A Virgem Mãe, com suas vestes azuis, encontra-se em postura de adoração, com o rosto voltado para o corpinho iluminado do Menino Jesus que está sendo suspenso num lençol por dois pequeninos anjos que compõem o grupo de cinco. O carpinteiro José, com sua túnica vermelha e pano marrom na cabeça e ombros, está sentado de costas para os animais, com seu cajado na mão esquerda, trazendo os olhos voltados para o filho adotivo. Uma luz miraculosa, que se expande através do corpo de Jesus, ilumina o ambiente, trazendo um clima de indizível beleza na Noite Santa.

A arquitetura do local em que se encontra a Sagrada Família está em visível degradação, com as paredes ruindo. As figuras apresentam-se pequenas em relação à altura da edificação. Através da porta, situada atrás de um baixo muro danificado e situada entre Maria e José, vê-se a paisagem lá fora. Como se fosse um reflexo do brilho que emana de Jesus, a lua brilha no céu escuro, na parte superior esquerda da pintura, formando um contraponto. Através da porta tem-se a visão do anjo que surge em meio a uma bola luminosa, alumiando o pastor, sentado num monte abaixo, e suas ovelhas. A fulgurância é tamanha que esse coloca a mão esquerda diante dos olhos, para diminuir sua intensidade e enxergar melhor.

Ficha técnica
Ano: 1520
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 106 x 71 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.wga.hu/html_m/b/baldung/2/08nativi.html

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Antonello da Messina – VIRGEM DA ANUNCIAÇÃO

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

                

A pintura denominada Virgem da Anunciação é uma obra do pintor italiano Antonello da Messina. Esta composição vem encantando as pessoas através dos tempos, sobretudo, pelo fato de o pintor usar uma reduzida paleta, formas bem simples e gestos comedidos e ainda assim transpor para sua obra um grande envolvimento emocional. Antonello estudou as obras de Piero della Francesca, o que fica aparente nesta composição, em relação à severidade da geometria empregada.

A Virgem usa um vestido azul-escuro, que pode ser visto através da gola e de seu braço esquerdo. Um manto azul cobre-lhe a cabeça, descendo pelos ombros, sendo que suas dobras convergem para suas mãos e para a dobra do livro. Abaixo do manto, ela usa uma touca fina que cobre seus cabelos. Seu olhar está direcionado para a esquerda, onde se encontra o Anjo da Anunciação. É esse o motivo de ter abandonado a leitura de seu livro de orações.

Um parapeito inclinado, forrado com uma faixa de damasco (tecido de seda encorpada de uma só cor com fundo fosco e desenhos acetinados) ampara o livro aberto, à direita, assim como um volume com capa vermelha, à esquerda, que repousa sobre o mármore amarelo. É possível que esta obra seja a metade de um díptico, sendo que o outro painel representava o Anjo da Anunciação. É uma pena que a superfície do quadro tenha perdido o esmalte, encontrando-se meio danificada.

Poucos anos depois desta obra, Antonello da Messina pintou a famosa “Virgem da Anunciação” (figura à direita), tida como uma das mais famosas pinturas da Sicília, Itália. Encontra-se na Galleria Regionale della Sicília, em Palermo, na Itália.

Ficha técnica
Ano: 1473
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 43 x 32 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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O CRISTO PANTOCRATOR

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Autoria de Matias José Ribeiro

“O Cristo Pantocrator”, de Wilma Steagall De Tommaso, lançamento da editora Paulus, leva o leitor a uma fascinante aventura pela história da arte no cristianismo. No livro, “o mundo que [se] cria é o mundo das representações de Cristo como Senhor do Mundo, mais especificamente, o famoso ícone bizantino do Cristo Pantocrator.” (Luiz Felipe Pondé)

No Brasil só os iniciados sabem o que é o “Cristo Pantocrator”, o tipo iconográfico mais propagado e um dos mais significativos para a fé cristã, aquele que apresenta Jesus Cristo como Mestre Soberano de todas as coisas. Da mesma forma, raros são os que fazem distinção entre “arte sacra” e “arte religiosa”. Entre nós, é como se fosse tudo uma coisa só.

  “O Cristo Pantocrator: Da origem às igrejas no Brasil na obra de Cláudio Pastro”, livro escrito pela pesquisadora Wilma Steagall De Tommaso, agora lançado pela Paulus, lança fortes luzes sobre essa questão. Em sua narrativa, a autora remonta às origens mais antigas da Igreja e do cristianismo. Percorre mais de dois mil anos de história para traçar um amplo apanhado de tudo que permeia as histórias da religião e da arte cristãs – até chegar ao Brasil contemporâneo através de análise da obra de Cláudio Pastro (1947-2016), o maior artista sacro brasileiro, aquele que, já nos anos 1980, realizava “Pantocrators” no Brasil.

 Com elevado rigor científico e precisão teológico-histórica, Wilma De Tommaso revela o significado do tipo iconográfico “Cristo Pantocrator” e sua função como arte sacra litúrgica. Ao mesmo tempo, explicita os diferentes caminhos que levaram à dicotomia “arte sacra” e “arte religiosa”. Conta que, em determinado momento da história, houve certo “esquecimento” do “Pantocrator” do tipo bizantino ou românico – que retrata Cristo como verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Este foi sendo substituído, na arte das igrejas do Ocidente, pela imagem do “Cristo Servo Sofredor”, o crucificado, tendência que se disseminou a partir do período renascentista e chegou ao Brasil através do barroco e do rococó, no período colonial.  Por outro lado, acrescenta a autora, desde o final do século XIX a arte do ícone vem despertando em todo o mundo um interesse cada vez maior. Inclusive, mais recentemente, também no Brasil.

 “O Cristo Pantocrator”, de Wilma Steagall De Tommaso, está estruturado em cinco partes: “A gênese da arte cristã”, “A arte românica”, “O Pantocrator”, “Da Contrarreforma Católica ao Concílio Vaticano II” e “Um Pantocrator brasileiro: a obra de Cláudio Pastro”.

 A obra tem prefácio de Luiz Felipe Pondé e texto de apresentação pelo Padre Valeriano dos Santos Costa. São substanciosas 296 páginas, ilustradas por 60 imagens e complementadas por centenas de notas explicativas, extensa bibliografia de referência e um utilíssimo glossário.

Informações sobre o livro:

Título: O Cristo Pantocrator: Da origem às igrejas no Brasil, na obra de Cláudio Pastro
Autor: Wilma Steagall De Tommaso
Prefácio: Luiz Felipe Pondé
Apresentação: Pe. Valeriano dos Santos Costa
Editora: Paulus

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Vitale de Bologna – MADONA E MENINO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O painel denominado Madona e Menino é obra do pintor italiano Vitale de Bologna (c.1300/1310 – 1360), que viveu no início do Renascimento. O artista vem sendo redescoberto no estudo da arte, num reconhecimento ao seu excepcional trabalho. O pintor foi educado na Universidade de Bologna, tendo mantido sua herança romanesca e recebido grande influência de Giotto. Também se interessou por outras correntes tendo, inclusive, adotado elementos góticos em seu maravilhoso trabalho.

A composição acima faz parte dos primeiros anos de maturidade do artista e lembra-nos os trabalhos de Simone Martini. A Virgem detém seu crescido Menino na altura de seus ombros,  segurando-o com a mão direita que mostra seus longos dedos envolta do tronco do pequenino, enquanto, com a esquerda, sustenta seu corpinho. Ela veste um manto azul-marinho, salpicado de estrelas douradas. Seu olhar está voltado para o observador. O Menino Jesus, com um pequeno manto a cobrir-lhe o corpo, deixando o tronco e barriga de fora, olha para a esquerda e levanta os dois dedinhos em postura de bênção.

Quatro devotos encontram-se à esquerda, em segundo plano. A presença de açoites nas mãos leva-nos a crer que sejam penitentes.

Ficha técnica
Ano: c.1355
Técnica: painel
Dimensões: 98,5 x 76,5 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Giovanni di Paolo – NATIVIDADE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O painel denominado Natividade é obra do pintor italiano Giovanni di Paolo (c.1403 – 1482) que viveu no início do Renascimento. Seu estilo era próprio da refinada Escola de Siena do século XV, sendo um dos mais importantes pintores dessa época. Era um narrador exótico de acontecimentos. Privilegiava não apenas o evento, mas o tempo, as pessoas e as coisas, descritos de uma maneira contrária à razão. Sua arte, muitas vezes fantasiosa, sem nenhuma preocupação com a perspectiva, tornava seus quadros meio expressionistas. Foi esquecido após sua morte, mas seu nome renasceu no século XX.

Na obra em questão, o artista criou uma penumbra e permitiu que todos os elementos da composição ali flutuassem. Ao ar livre, na parte central do painel, estão presentes os principais personagens. A Virgem Maria, ajoelhada diante de seu Menino e coberta por um manto azul, traz a cabeça ornada por um grande halo dourado.  O pequeno Jesus, deitado nu sobre um círculo dourado que parece suspenso pelo capim iluminado, divide a composição ao meio. À direita, José, esposo de Maria, dorme encostado a um arbusto. Seu manto e halo dourados contrastam com o cor-de-rosa de sua túnica que se assemelha à cor das rosas espalhadas pela painel, à direita e à esquerda. Sua mão direita retém o cajado que se prende ao tronco. Não há comunicação entre as figuras que se mostram isoladas.

Em segundo plano, dentro de uma gruta, um burro come numa manjedoura, tendo à frente um boi avermelhado, deitado na relva. Montes de rosas ultrapassam a edificação e parecem despencar sobre o frágil telhado, à esquerda, debaixo do qual se encontram duas mulheres sentadas. Na parte superior da composição, à direita, dois pastores recebem a visita de um anjo, envolto num círculo de luz, que lhes avisa sobre o nascimento de Jesus. Um cão branco acompanha o olhar dos pastores, levantando a cabeça em direção ao anjo. Montes escuros e um céu azul complementam a cena.

Ficha técnica
Ano: c.1436/40
Técnica: painel
Dimensões: 40,5 x 33 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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